A VERDADE SOBRE “THE WHITE LIE” (A MENTIRA BRANCA)
Introdução
No final de 1980, uma
pesquisa foi realizada por especialistas para descobrir, entre outras coisas,
as diferenças entre a atitude e o comportamento cristãos de adventistas dos
sétimo dia que leem regularmente os livros de Ellen G. White e daqueles que não
os leem.1 Os resultados foram muito reveladores. Daqueles que leem os livros de
Ellen White, 85% indicaram que têm um relacionamento íntimo com Cristo,
comparado a 59% dos que não leem. Dos leitores, 82% têm a certeza de estarem
“em paz com Deus”, enquanto que apenas 59% dos não leitores afirmaram isso. O
estudo pessoal e diário da Bíblia foi apontado como sendo um hábito por 82% dos
que leem regularmente os livros de Ellen White, enquanto que apenas 47% dos que
não liam Ellen White estudavam a Bíblia regularmente. E assim prossegue
categoria após categoria. Aqueles que regularmente tomavam tempo para ler os
escritos de Ellen White sentiam-se melhor preparados para o testemunho cristão,
envolviam-se mais no testemunho, sentiam-se mais à vontade com os demais
membros da igreja, oravam mais, doavam mais para o trabalho evangelístico
local, estavam mais dispostos a auxiliar seus vizinhos com problemas pessoais e
também faziam o culto familiar mais regularmente. Resumindo, sua experiência
religiosa era mais forte, mais ativa e mais positiva.
Os resultados dessa
pesquisa apresentam um quadro totalmente diferente daquele descrito por Walter
Rea em seu livro The White Lie (A Mentira Branca).2 Na contracapa da edição
encadernada, o autor compara o respeito dos adventistas do sétimo dia pelo dom
profético de Ellen White ao trágico fascínio dos habitantes de Jonestown pelo
seu demoníaco líder, Jim Jones. O livro passa então a descrever o que chama de
“as profundezas das extensas ramificações daquela seita (o adventismo) ao longo
dos últimos 140 anos e os milhões de almas que ela tem afetado.” De fato, o
livro diz ser “exatamente tão chocante no que iria expor quanto a horrível
tragédia de Jonestown, onde apenas algumas centenas de pessoas estavam
envolvidas e morreram.” Como esta, muitas das afirmações do autor são tão
carentes de consistência, ou tão rudes e sarcásticas que não têm peso algum.
Ellen White não é o único alvo de ataque em The White Lie. Ministros de todas
as denominações são repetidamente caracterizados como “super-vendedores” ou
“vendedores do sobrenatural.” Esse tema permeia o livro: Todos os
super-vendedores vendem as vantagens das marcas que representam. No caso dos
cultos e seitas é a marca do santo deles e o que é requerido por esse santo
para a salvação. Nas maiores e mais antigas formas de religião, é o Plano da
Cúpula, a religião da mãe, a fé dos pais, a verdadeira luz.3 Crenças cristãs
são ridicularizadas: Quem nos etiquetou com o pecado? Teria sido Deus, ou
aquela serpente que veio até Adão quando ele estava no paraíso? Ou o herdamos
de nossos ancestrais de eras passadas? Ou será que o diabo, como Papai Noel, é
nosso pai?4 O Céu é ridicularizado no trecho: Em religião não se lida com muita
frequência (se é que alguma vez se lida) com a verdade pura, seja ela pequena
ou grande. Lida-se com a verdade da forma que ela é filtrada, expandida,
diminuída, limitada ou definida pelos “eu vi” de todas as Ellens da cristandade
com uma grande ajuda dos líderes religiosos. O que emerge de tudo isso é que o
mapa para essa vida e para a vindoura, se é que ela virá, é traçado pela cúpula
– e assim se torna o Plano da Cúpula. O Céu torna-se o portão principal para o
isolamento, onde tudo o que é mau, segundo o nosso conceito (o que, no caso da
humanidade, significa os outros) é deixado de fora, e só nós, os bonzinhos,
entramos. Assim formamos nosso próprio gueto.5 A religião é avaliada como sendo
um pouco mais que um jogo de palavras: Em muitas bibliotecas, a Religião está
inserida na seção de Filosofia – e é isso o que ela é, a definição e
redefinição de termos e ideias que têm desafiado as definições por séculos.6 A
maneira como Deus trata com Seu povo é também desprezada: Livres-pensadores
sempre se meteram em apuros. No tempo de Moisés, se alguém fizesse uma fogueira
por conta própria para preparar uma xícara de chá quente no sábado, era
apedrejado, mas não no sentido moderno da palavra. Se perambulasse pela feira
local no sábado nos dias de Neemias, corria o risco de ter sua barba arrancada
ou sua cabeleira danificada. Mesmo nos tempos do Novo Testamento, se Ananias
guardasse algumas moedas do dízimo para pagar o aluguel, o líder religioso
local lhe diria que caísse morto – o que de fato ocorreu.7 Todavia, a despeito
dos ataques de cunho emocional contra Ellen White, contra a Igreja Adventista
do Sétimo Dia e contra as crenças cristãs de forma geral, o livro provê uma
oportunidade para iluminar alguns recantos interessantes da história do
adventismo do sétimo dia. Por causa do rápido crescimento da Igreja Adventista
do Sétimo Dia, sempre há muitos novos membros que não estão bem familiarizados
com a vida de Ellen White. Eles apreciarão ter respostas precisas para as
perguntas levantadas pelo livro. E também, visto que o livro recebeu atenção na
mídia secular dos Estados Unidos, nossos irmãos de outras denominações merecem
uma calma e justa avaliação do livro. Aqueles que conhecem Ellen White através
de uma ampla leitura de suas obras geralmente não precisarão mais do que provar
um pouquinho da amargura de The White Lie para perceber quão distante ele é do
espírito de Cristo, que tanto permeia os escritos de Ellen White. E, contudo,
eles também poderão tirar proveito de informações adicionais sobre a vida e obra
dela. Não é nossa intenção aqui defender os atuais líderes da igreja, embora
muitos deles tenham sido difamados no livro. E em relação a defender Ellen
White, sugerimos que seus próprios escritos oferecem a melhor defesa. Mas
aproveitamos essa ocasião para discutir as questões mais importantes levantadas
pelo livro The White Lie e relatar os resultados de pesquisas feitas em vários
campos que estão relacionados a estas questões.
O
uso de fontes literárias – Um olhadela em The White Lie revela muitas páginas
com paralelismos entre os escritos de Ellen White e obras de outros autores. O
quanto Ellen White emprestou de outras fontes?
Em 1982, quando The
White Lie foi publicado, havia mais de 70 livros de Ellen White impressos,
somando-se mais de 35.000 páginas.8 Embora haja algumas repetições nos livros,
há também 50.000 páginas datilografadas de cartas, sermões, diários e
manuscritos arquivados no Patrimônio White e nos oito centros de pesquisa ao
redor do mundo. Assim, em comparação com o volume total dos escritos de Ellen
White, a quantidade de material que ela emprestou ainda parece ser bem pequena.
Por outro lado, representantes da igreja declararam que a quantidade de
empréstimos era maior do que tinham tido conhecimento anteriormente.9 No
Patrimônio White, pesquisas sistemáticas têm sido feitas sobre esse assunto, e
de tempos em tempos, mais paralelismos são encontrados. A revista Ministry
(Ministério), uma publicação voltada para o corpo ministerial da igreja,
recentemente dedicou um número especial para um resumo amplo e honesto sobre a
questão do uso de fontes por Ellen White.10 No entanto, a quantia de
empréstimos não é a questão mais importante. Um paralelo esclarecedor é
encontrado na relação entre os evangelhos. Mais de 90% do evangelho de Marcos tem
paralelismo com passagens de Mateus e Lucas. Mesmo assim, estudiosos
contemporâneos de crítica bíblica têm chegando à conclusão de que embora
Mateus, Marcos e Lucas tenham usado materiais em comum, cada um pode com
justiça ser considerado um autor distinto dos outros.11 Desse modo, até os
expoentes da “alta crítica” têm uma abordagem mais analítica do estudo de
fontes literárias do que o livro The White Lie. Numa certa época, na infância
da crítica textual, os expoentes da alta crítica achavam que os escritores dos
evangelhos não passavam de meros plagiadores que copiavam e colavam uns dos
outros. Agora os estudiosos da crítica textual percebem que o estudo literário
não está completo até que eles ultrapassem a mera catalogação de passagens
paralelas e passem para a questão mais significativa de como o material
emprestado foi utilizado por cada autor para fazer seu próprio relato singular.
Esperamos que o estudo dos empréstimos literários de Ellen White vá além da
mera anotação de paralelos literários e da discussão de que quantidade de
empréstimos literários é aceitável, para a questão mais importante dos usos
singulares que a Srª White, sob a direção do Espírito Santo, deu aos materiais
que ela adaptou.
As
pessoas do século 19 teriam concordado com a opinião do livro The White Lie
sobre os empréstimos literários de Ellen White constituírem num roubo “por
atacado”?12
Alguns teriam, especialmente os críticos. Por
exemplo, em 1889, os pastores protestantes de Healdsburg, Califórnia,
convidaram D. M. Canright, um ministro adventista recém-apostatado, para ir ao
Michigan e fazer algumas palestras contra os adventistas e Ellen White. Nessas
palestras, Canright levantou a acusação de plágio contra Ellen White; os
pastores adventistas William Healey e J. N. Loughborough responderam à
acusação, mostrando onde Canright tinha exagerado em sua exposição. Quando o
debate terminou, os pastores opositores publicaram sua versão da história no
jornal local, acusando Ellen White de plágio.13 Mas esses pastores dificilmente
agiram como juízes imparciais. Por séculos, a acusação de plágio tem sido a
arma favorita contra líderes religiosos – John Bunyan e John Wesley foram ambos
vigorosamente acusados.14 No século 19, o plágio era conhecido e condenado, mas
a paráfrase sem dar o crédito do autor era amplamente utilizada. O humorista
americano Mark Twain certa vez cogitou se haveria “em qualquer pronunciamento
humano, oral ou escrito, algo além de plágio!”15 Edgar Allan Poe não agiu tão
calmamente sobre esse assunto. Ele causou um alvoroço considerável ao acusar
Longfellow de plágio. Ironicamente, estudiosos modernos descobriram que o
próprio Poe também plagiou.16 Empréstimos literários são muito mais facilmente
definidos e condenados na teoria do que evitados na prática real. Ainda mais
próximo de Ellen White estava Urias Smith, que condenou o plágio do poema de
sua irmã Annie,17 enquanto em seus próprios escritos sobre profecias fez livre
uso de palavras parafraseadas de George Storrs e Josias Litch.18 Smith não
estava com isso sendo hipócrita. Ele, assim como outros escritores do século
19, simplesmente traçavam a linha entre o plágio e o legítimo empréstimo
literário num ponto diferente do que muitos traçariam hoje em dia.
Há
rumores de que Ellen White foi ameaçada de processo por causa de seus
empréstimos literários do livro de Conybeare e Howson, Life and Epistles of the
Apostle Paul. O que há de real nisso?19
Apesar da lembrança equivocada de A. G.
Daniells em relação a isso, Ellen White nunca foi acusada de plágio pelos autores
ingleses Conybeare e Howson, não foi ameaçada de processo, nem seu livro foi
recolhido por causa das críticas sobre o uso de fontes. Na década de 1890, uma
carta foi escrita para a editora Review and Herald por uma das muitas editoras
norte-americanas de Conybeare e Howson, a T. Y. Crowell Co. de Nova Iorque,
perguntando sobre a obra Sketches From the Life of Paul. Grandes quantias do
livro de Conybeare e Howson tinham sido adquiridos anteriormente da Crowell Co.
para serem dadas como prêmio para aqueles que fizessem assinaturas da revista
Signs of the Times. W. C. White, a única fonte de informação a respeito dessa
carta, ressaltou que ela foi escrita com um “espírito amigável”, e não continha
“nenhuma ameaça de processo nem qualquer reclamação sobre plágio”.20 Quando a
companhia Crowell foi interpelada sobre a questão 30 anos depois, eles
responderam: Publicamos o livro de Conybeare Life and Epistles of the Apostle Paul, mas o mesmo não é protegido
por direitos autorais, portanto não teríamos nenhuma base legal para mover uma
ação contra seu livro, e não achamos que jamais tenhamos levantado qualquer
objeção ou feito qualquer alegação como essa que vocês mencionam.21 Assim como
muitos livros de Ellen White, Sketches From the Life of Paul ficou esgotado por
algum tempo enquanto ela trabalhava na ampliação da obra para formar o livro
The Acts of the Apostles (Atos dos Apóstolos), mas colocando de lado
especulações maldosas e lembranças equivocadas, não há evidências de que isso
tenha algo a ver com qualquer suposta crítica do uso por Ellen White de
Conybeare e Howson. Sobre a questão da legalidade do empréstimo literário, o
advogado Vincent Ramik, que não é adventista do sétimo dia, investigou o uso de
fontes por Ellen White de acordo com as leis e casos relacionados a direitos
autorais no século 19. Ele concluiu que o uso por Ellen White não constituiria
pirataria literária, mesmo que todos os livros de onde ela extraiu trechos
tivessem legalmente direitos autorais.22
E
sobre similaridade entre a estrutura e títulos de capítulos da obra de Ellen
White Patriarcas e Profetas e a de Alfred Edersheim, Old Testament Bible
History?23
É fácil criar uma falsa
impressão olhando para similaridades superficiais. Um exame mais detido mostra
que de 73 títulos de capítulos de Patriarcas e Profetas, apenas nove deles são,
ou idênticos aos do livro de Edersheim, ou apenas diferem pelo acréscimo ou
exclusão do artigo “o”/“a”. Além disso, nesses nove incluem-se títulos muito
comuns, como “A Criação”, “O Dilúvio”, “A Destruição de Sodoma”, “O casamento
de Isaque” e “A Morte de Saul”. A natureza enganosa da comparação é até mais
óbvia quando se descobre que no livro de Edersheim não existem títulos de
capítulos como tais. Em vez disso, há até meia dúzia ou mais frases de resumo indicando
o assunto de cada capítulo. E é a partir dessas frases de resumo que foram
tirados os supostos “títulos” paralelos. Além disso, a ordem dos capítulos é
realmente estabelecida pela ordem em que as histórias aparecem no Antigo
Testamento.
E
quanto às ilustrações da obra de Wylie, History of Protestantism, que a Pacific
Press publicou sem dar crédito à Companhia Cassell?24
Este é um caso em que
The White Lie recicla uma acusação feita na década de 1930 pelo ex-adventista
E. S. Ballenger em seu periódico, The Gathering Call.25 Na época, a acusação
foi sepultada ao se salientar que W. C. White trocou extensa correspondência
com a companhia britânica Cassell, Petter e Galpin, a fim de adquirir os
direitos autorais das ilustrações em questão. Uma carta escrita para Henry
Scott em 7 de abril de 1886 mostra o típico cuidado de W. C. White com relação
a esse assunto. Ele aconselhou Scott, que estava publicando literatura
adventista na Austrália, a entrar em contato com o agente da Companhia Cassell
em Melbourne, a fim de comprar os direitos das ilustrações pertencentes àquela
companhia. “Quando se coloca os créditos de onde as ilustrações foram tiradas,
como tem sido feito pela Present Truth (o periódico adventista britânico), eles
dão um desconto de 40%”. No entanto, ele continuou dizendo, “Eu não gosto da
ideia de prometer colocar crédito em cada figura.” Fica claro, dessa forma, que
ele era a favor da compra definitiva dos direitos autorais das ilustrações.
Embora todos os registros das negociações da Pacific Press com os editores
tenham sido destruídos pelo incêndio de 1906, eles certamente estavam dentro
dos seus direitos se seguiram a preferência de W. C. White a respeito desse
assunto. Não podemos chegar a conclusão alguma partindo do fato de que as
iniciais do artista aparecem em algumas ilustrações da obra de Wyllie e não
constarem no livro O Grande Conflito, porque não sabemos de que maneira a
Pacific Press recebeu as gravuras da Companhia Cassel. É perfeitamente possível
que a Companhia tenha removido as iniciais do artista em razão de algum acordo
prévio com o próprio artista antes do envio do material à Pacific Press.26
E
quanto ao uso que Tiago e Ellen White fizeram dos escritos de J. N. Andrews e
Urias Smith?27
W. C. White sintetizou
habilmente o ponto de vista dos pioneiros sobre esse assunto: Todos sentiam que
as verdades a serem apresentadas eram de propriedade comum, e no que um pudesse
auxiliar o outro ou obter auxílio do outro na expressão das verdades bíblicas,
era considerado algo correto fazer isto. Consequentemente, houve muitas
declarações excelentes da verdade presente copiadas de um autor por outro. E
ninguém dizia que o que ele escreveu era exclusivamente seu.28 Ellen White
explicou seu próprio uso de outros autores adventistas na introdução da obra O
Grande Conflito, onde ela diz que “narrando a experiência e perspectivas dos
que levam avante a obra da Reforma em nosso próprio tempo” ela havia feito uso
dos escritos deles de uma maneira semelhante ao uso feito com a linguagem dos
historiadores.29 Dessa forma, Tiago White utilizou Urias Smith, assim como
Ellen White utilizou Tiago White. Fora do círculo adventista, o famoso escritor
histórico Charles Adams utilizou o historiador Merle D’Aubigne, assim como
Ellen White utilizou Charles Adams.30
Ellen
White fazia alguma tentativa de esconder dos adventistas seu empréstimo
literário?31
Não, pelo contrário,
ela incentivava livremente a leitura dos mesmos livros dos quais ela fazia
empréstimos: Considero The Life of St.
Paul de Conybeare e Howson uma obra de grande mérito e de extrema utilidade
para o sério estudante da História do Novo Testamento.32 Em outra ocasião ela
escreveu: Forneça algo para ser lido durante estas longas noites de inverno.
Para quem puder obter, a obra History of
the Reformation de D’Aubigne será tanto interessante quanto vantajosa.33
Fica claro que a Srª White não tentou esconder nada, ou não teria recomendado
os próprios livros de onde, na época, ela estava escolhendo material.
Por outro lado, ela em
geral não chamava atenção especial para seu uso de outros autores, exceto no
periódico da década de 1870 Health Reformer, onde, ao escrever sua coluna
mensal e selecionar material para republicação destinado a um público
não-adventista, ela regularmente citava outros autores, dava crédito a eles e
até recomendava que os leitores lessem esses livros.34
A
Srª White achava que lhe era permissível parafrasear a linguagem de outros?
Sim, de fato, em uma
carta a sua secretária, Fannie Bolton, ela uma vez deu uma ilustração
esclarecedora de seu conceito sobre a posse da verdade. Fannie, de tempos em
tempos, sentia que a Srª White não lhe havia dado o devido crédito pelo
trabalho que ela havia feito editando os materiais da Srª. White no processo de
prepará-lo para publicação. Em visão, Ellen White viu “Fannie apanhando frutas,
algumas maduras, as melhores, algumas ainda verdolengas. Ela as punha em seu
avental e dizia ‘Isso é meu. É meu’. Eu disse, ‘Fannie, certamente você está
reivindicando a posse daquilo que não é seu. Essas frutas pertencem àquela
árvore. Qualquer um pode apanhá-las e desfrutar delas, mas elas pertencem
àquela árvore.’”35 Esse conceito da árvore sugere que Deus é o autor e
proprietário de toda a verdade, assim como a árvore é a autora e proprietária
de seus frutos. Deus indistintamente provê a verdade a todos que irão recebê-la
e utilizá-la. A Srª White explicou o uso
similar que Cristo fazia de conceitos familiares: Ele foi o originador de todas
as antigas gemas da verdade. Através da obra do inimigo, essas verdades haviam
sido deslocadas do engaste…. Cristo as resgatou do entulho do erro, deu-lhes
uma nova força vital e ordenou-lhes que brilhassem como joias, e ficassem
firmes para sempre. Cristo poderia utilizar ele mesmo qualquer uma dessas
antigas verdades sem emprestar a menor partícula, pois Ele as havia originado a
todas.36 Nos últimos anos de sua vida, quando ela soube que estavam sendo
levantadas questões quanto a se o fato de ela ter copiado de outros autores era
uma infração dos direitos autorais deles, ela perguntou: “Quem foi
prejudicado?37 Significativamente, essa era a mesma pergunta que era feita
pelos tribunais de seu tempo para determinar se o empréstimo era correto.38 Se
ela estivesse escrevendo nos dias de hoje, talvez sua abordagem fosse
diferente, mas ela deve ser julgada pelos conceitos de propriedade literária e
legalidade correntes em seus dias.
E
quanto às declarações onde a Srª White parece reivindicar uma fonte divina
exclusiva para o que ela escreveu?39
Essa é uma pergunta
pertinente e muito importante. Em 1867 ela escreveu: “Minhas visões foram
escritas independentemente de livros ou da opinião de outros.”40 Mas quando a
declaração é colocada dentro de seu contexto, encontrado na Review and Herald
de 8 de outubro de 1867, descobre-se que ela estava se referindo a seus
escritos iniciais sobre saúde. Após esses escritos, ela nos diz, neste mesmo
artigo, que leu livros de vários reformadores da saúde e então começou a
publicar trechos deles no Health: or How to Live. Por quê? Ela diz que foi para
mostrar como as informações dadas a ela em visão foram também compreendidas por
outros hábeis escritores do assunto. Foi também no contexto daqueless escritos
iniciais sobre saúde que ela disse: Embora eu seja tão dependente do Espírito do
Senhor para escrever minhas visões como para recebê-las, todavia as palavras
que emprego ao descrever o que vi são minhas…41 Nesse trecho fica claro que ela
está fazendo uma distinção entre as palavras que ela tem de arranjar e as que
são divinamente ditadas. Uma vez que ela descreveu sua visão a respeito do
comprimento apropriado para roupas femininas com diferentes linguagens em
diferentes ocasiões, algumas mulheres questionaram sua visão. Ela teve então de
explicar que, com exceto em raros casos, as visões não forneciam as palavras
exatas para ela descrever o que havia visto. Em outra parte ela escreveu: Não
escrevo um artigo sequer, na revista, expressando meramente minhas próprias
idéias. Eles são o que Deus me revelou em visão – os preciosos raios de luz que
brilham do trono.42 Essa declaração foi feita em um longo artigo em resposta a
acusações procedentes de Battle Creek de que suas advertências à igreja eram
meramente opiniões baseadas em boatos que ela havia ouvido. A Srª White negou
essa acusação de forma franca e direta. Ela afirmou sua profunda convicção de
que as mensagens que dava eram mensagens do Céu. Isto não exclui o fato de que
elas ocasionalmente poderiam conter conceitos ou palavras provenientes daquilo
que ela lia; mas mesmo em tais casos, era o Espírito Santo que a convencia da
verdade e do valor daquilo que ela estava lendo. Ainda em outra ocasião ela
escreveu: Não tenho tido o hábito de ler qualquer artigo doutrinário publicado
na revista, para que minha mente não tenha qualquer compreensão das idéias e
conceitos de ninguém, e para que o molde das teorias de qualquer homem não
tenha conexão alguma com aquilo que escrevo.43 Mais uma vez, o contexto é
essencial para a compreensão. Essa carta foi escrita no período em que G. I.
Butler e E. J. Wagonner estavam engalfinhados num debate acirrado a respeito do
significado de “lei” em Gálatas. Nesse ponto crucial, em que ela deveria
aconselhar a ambos, Ellen White evitava ler os artigos de natureza doutrinária
na revista [The Signs of the Times] para que seu conselho não tivesse o molde
nem das teorias de Wagonner nem das de Butler. As declarações da Srª White
sobre a fonte de seus escritos referem-se consistentemente à autoridade última
por quem ela fala, e não às “muitas maneiras” pelas quais o Senhor se comunicou
com ela, nem à ajuda que recebeu para expressar as verdades divinas. Por que
ela não disse mais sobre seu uso de fontes? Talvez porque tenha percebido o
quanto as pessoas eram inclinadas a ver os elementos humanos em seus escritos
como prova de que esses escritos eram apenas a opinião dela, e não mensagens
divinas. The White Lie é um testemunho eloquente da dificuldade contínua que
muitas pessoas têm em reconhecer a união dos elementos humano e divino nos
escritos inspirados.
Como
pode ser que a Srª White tenha empregado palavras de outros autores ao
descrever o que ela via em suas visões?44
Provavelmente a Srª
White lia uma passagem impressiva num livro e mais tarde, enquanto em visão, o
Senhor chamava sua atenção para a mesma verdade, aplicando essa verdade a uma
necessidade específica em sua própria vida ou na vida da igreja. Em tais casos,
ela poderia facilmente expressar uma parte do que lhe foi mostrado utilizando
uma linguagem parafraseada de outro autor. Sabemos de cerca de seis casos onde
isso parece ter ocorrido.45 Uma experiência semelhante ocorreu ligada à visão
do “iceberg”. A Srª White leu a respeito do acidente de um navio que se chocou
com um iceberg. Então, vários anos depois, durante uma visão, um navio
tornou-se o símbolo da igreja e o iceberg o símbolo da oposição e das heresias
do Dr. John Harvey Kellogg e de seus partidários.46 Assim como nos casos em que
a Srª White utilizou palavras de outros autores para descrever, em parte, o que
havia visto em visão, aqui um evento dramático sobre o qual ela havia lido
proporcionou ao Senhor um veículo simbólico para transmitir a ela a verdade.
É
válida a comparação entre o uso de fontes literárias na Bíblia e nos escritos
de Ellen White?47
Sim, se discernimos o
que está em questão. O empréstimo literário que autores bíblicos faziam não tem
nenhuma relação com o fato de os empréstimos literários serem ou não eticamente
apropriados no século 19, pois os conceitos de propriedade literária eram
diferentes nos tempos bíblicos. No entanto, o empréstimo literário na Bíblia
refere-se à questão da inspiração. Em outras palavras, se a pergunta é se
escritores genuinamente inspirados podem empregar fontes literárias
não-inspiradas, então podemos olhar para a Bíblia em busca de resposta para essa
pergunta. E quando o fazemos, descobrimos que os escritores bíblicos usaram
fontes ao escreverem sob a direção do Espírito Santo.48 The White Lie argumenta
invalidamente que se os escritores dos evangelhos tivessem feito tantos
empréstimos literários quanto Ellen White eles teriam emprestado cada um dos
versos escritos nesses livros. Esse argumento é baseado na declaração de que o
leitor encontraria “mais de 400 referências a 88 escritores no livro O Grande
Conflito”.49 Quando W. C. White forneceu esses dados, ele estava se referindo à
edição revisada de 1911 de O Grande Conflito. Na época, Ellen White instruiu
suas assistentes literárias a procurar na referida obra citações de outros
autores e colocar as referências correspondentes. As assistentes literárias não
tentaram com isso especificar a origem das citações utilizadas pela Srª White,
mas sim onde os leitores mais recentes poderiam encontrá-las. Na realidade, a
Srª White extraiu de menos autores do que o número de referências parece
sugerir, pois em muitos casos, um único autor utilizado por ela já havia ele
mesmo utilizado diversas outras fontes anteriormente.50
OS
PIONEIROS E A PROFETISA
Que
tipo de autoridade os pioneiros da igreja adventista atribuíam a Ellen White?
Eles acreditavam que ela era inspirada?51
Em realidade, os
próprios pioneiros deveriam falar por si mesmos. Dos 16 “testemunhos” trazidos
por The White Lie, dois são declaração feitas por outros indivíduos (Andrews e
Clough), um não tinha conhecimento direto a respeito do que estava falando
(House) e muitos não expressam ou sequer deixam implícita alguma descrença na
inspiração de seus escritos (Starr, Lacey e Tiago e Ellen White). Um estava
simplesmente errado (Colcord) e quanto aos porta vozes da Associação
Ministerial de Healdsburg, eles se demonstraram oponentes hostis desde o
princípio. Fannie Bolton fez diversas declarações conflitantes e A. G. Daniells
e Urias Smith são mal representados porque seus “testemunhos” consistem apenas
de comentários isolados. Contrariamente à afirmação do livro The White Lie de
que esses indivíduos foram “na maioria dos casos” cortados da igreja após terem
feito estas declarações, não mais que três dos 16 foram excluídos por razões
relacionadas às suas crenças.
Nem os pioneiros, nem
qualquer outra pessoa jamais afirmou que cada linha escrita por Ellen White era
inspirada. Ela mesma disse que o “sagrado” e o “comum” deveriam ser
distinguidos e que havia ocasiões em que precisava escrever sobre assuntos
cotidianos e relacionado a negócios.52 De forma consistente com a declaração da
Srª White de que estava escrevendo, somente com base em sua memória, o esboço
autobiográfico, Spiritual Gifts, vol. 2, já foi dito que a Srª White “não
afirmou ter recebido auxílio divino ao tentar reconstruir a história da sua
vida ou ao recontar os acontecimentos que tiveram lugar em sua casa ou durante
as suas viagens”.53
Urias
Smith teve alguns períodos de dúvida quanto ao dom profético de Ellen White?
Sim. Um deles é
refletido numa carta escrita a D. M. Canright.54 Mas mesmo enfrentando algumas
lutas ao ser reprovado, ele levou a sério as advertências e logo tomou firme
posição sobre a integridade e valor dos escritos da Srª. White. Em uma ocasião
ele explicou aos adventistas de toda parte como ele quase resvalou, mas
conseguiu se firmar: Tem sido bastante comentado, creio, em alguns lugares, o
fato de que o editor da Review tem estado perturbado com a questão das visões,
não está seguro sobre o assunto, e certa vez chegou bem perto de rejeitá-las.
Isso me parece pouca coisa para ser tido em muita conta – “chegou bem perto de
rejeitá-las” – mas não o fez! Eu também, em certa ocasião, cheguei bem perto de
ser atropelado pelos carros e me transformar em gelatina; mas não fui, e por
isso estou vivo até hoje. Alguns passaram por esta catástrofe. A diferença
entre eles e eu é que eles foram atropelados, e eu, não. Alguns rejeitaram as
visões. A diferença entre eles e eu é a mesma – eles rejeitaram, e eu, não.55
Smith reconheceu que houve épocas em que as “circunstâncias pareciam muito
confusas”, mas o peso da evidência em sua mente nunca “pendeu para o lado da
rejeição” e ele afirmou sua posição de confiança nas visões.
Dizem
que J. N. Andrews duvidou do dom profético de Ellen White porque ele percebeu
algumas similaridades entre o poema épico de Milton, Paradise Lost (O Paraíso
Perdido) e os escritos dela. Teria Ellen White feito empréstimos dessa obra? E
J. N. Andrews duvidou do dom profético?56
Em 1858, após ouvir um
relato de Ellen White sobre sua visão do grande conflito, J. N. Andrews
perguntou se ela já tinha lido o poema épico de Milton. Ela assegurou que não,
e então ele a presenteou com uma cópia do livro. Isso não era uma atitude
incomum. Em diversas ocasiões o intelectual Andrews ofereceu livros como
presente à família White. Significativamente, embora o livro The White Lie
alegue vez após vez que Ellen White fez empréstimos de Milton, o livro não
provê evidência palpável para tal afirmação. Estudos de especialistas notaram
alguns pensamentos similares, mas nenhuma dependência literária.57 Quanto a J.
N. Andrews, logo no início de sua experiência ele percebeu que seus pais e os
familiares de sua esposa eram críticos de Tiago e Ellen White, e, numa confissão
comovente, disse: Minha influência contra as visões não tem consistido numa
multiplicidade de palavras contra elas. … Mas confesso que não as tenho
defendido e dado testemunho em seu favor.58
Mais tarde, após ter
passado algum tempo no lar da família White e visto a angústia e as lágrimas
com as quais eram escritos os conselhos e advertências, ele escreveu: Minhas
convicções de que os Testemunhos da irmã White são de origem celeste foram
fortalecidas pela oportunidade que tive de observar a vida, a experiência e os
labores desses servos de Cristo.59 Pouco tempo depois ele escreveu sobre a
importante contribuição dada pelos testemunhos: A obra deles é unir o povo de
Deus num mesmo pensamento e numa mesma compreensão sobre o significado das
Escrituras. O simples julgamento humano, sem instrução direta do Céu, nunca
pode trazer à superfície a iniquidade escondida, nem resolver as sombrias e
complicadas dificuldades da igreja, nem impedir interpretações diferentes e
conflitantes das Escrituras. Seria realmente muito triste se Deus não pudesse
mais conversar com Seu povo.60 Como todos nós, os pioneiros eram pessoas que,
em sua fraqueza humana, às vezes lutavam com o orgulho e a dúvida, assim como
fazemos hoje, mas, com raras exceções, aqueles que conheceram melhor Ellen
White passaram a crer firmemente em sua inspiração.
A.
G. Daniells aparentemente foi criticado em seu tempo por não ter sido um
defensor muito forte do ministério de Ellen G. White. Qual era a atitude
dele?61
A fé e a confiança do
Pr. Daniells permaneceram inabaláveis até a hora de sua morte. Na Assembléia da
Associação Geral de 1922 ele foi de fato criticado por alguns que acreditavam
que a inspiração de Ellen White era verbal e inerrante, mesmo nos menores
detalhes.62 Daniells não tinha esta visão rígida. Ele ficou muito magoado pelo
que consideravam ser críticas falsas e infundadas sobre sua posição com relação
a Ellen G. White. Pouco antes de sua morte em 1935, ele relembrou a experiência
que ocorreu em março de 1903, um dia ou dois antes da abertura da Sessão da
Conferência Geral em Oakland, Califórnia. Ele se referiu à crise em Battle
Creek e a sua agonia de alma ao orar a Deus em busca de evidências de Seu apoio
na “terrível batalha que estava diante de nós”. Ele relatou a luta mental pela qual
passou naquela noite: Finalmente, caíram sobre mim essas palavras: “Se você
permanecer ao lado da Minha serva até que o sol dela se ponha num céu
brilhante, Eu estarei ao seu lado até a última hora do conflito. …” Eu virei
para o lado e não pude mais falar com Deus. Eu estava vencido. E embora eu
tenha cometido erros, Deus tem permanecido ao meu lado, e eu nunca rejeitei
aquela mulher ou questionei sua lealdade, que eu saiba, daquela noite até hoje.
Oh, essa foi para mim uma feliz experiência, que me ligou ao maior caráter que
já viveu nesta dispensação. Isso é tudo o que posso dizer.63
Qual
foi o papel de H. Camden Lacey na preparação do livro O Desejado de Todas as
Nações?64
Lacey começou a afirmar
que ele foi o primeiro adventista a advogar enfaticamente a idéia de que o
Espírito Santo era uma pessoa, e que foi por meio de sua influência que Ellen
White passou a se referir ao Espírito Santo como “He” (ele, usado para pessoas)
ao invés de “it” (ele, usado para objetos, animais, seres inanimados). Lacey
estava errado nesse ponto, pois a Srª. White usou o pronome pessoal “He” para
referir-se ao Espírito Santo na primeira edição do Caminho a Cristo, publicado
em 1892, ocasião em que Lacey ainda era um estudante em Battle Creek e bem
antes da Srª White ou suas assistentes literárias se familiarizarem com ele.65
Na época em que o Desejado de Todas as Nações estava sendo preparado, Lacey
estava com 25 anos; ele estava na Escola de Avondale como professor, não de
Bíblia, mas de matemática, ciências naturais e elocução.66 Ele próprio, em
resposta a uma pergunta, escreveu que sua única contribuição na preparação de O Desejado de Todas as Nações foi
ajudar no arranjo das sentenças ou parágrafos, ou na escolha de alguma palavra
mais apropriada nos primeiros dois ou três capítulos: Nunca, em tempo algum,
ocorreu alguma alteração do pensamento, ou a inserção de alguma ideia que já
não estivesse expressa no texto original. O texto resultante era sempre
submetido à irmã White para que ela desse sua aprovação final. O texto total de
O Desejado de Todas as Nações como
está agora impresso, afirmo que é, portanto, produto da mente e do coração da
irmã White, guiada pelo bom Espírito de Deus. E a “edição” foi meramente
técnica.67 Em outro trecho da carta ele deixa claro seu entendimento a respeito
do livro: Alegremente e de todo o meu coração aceito O Desejado de Todas as
Nações como um livro inspirado; de fato, eu o considero a mais espiritual
biografia de Cristo, fora dos evangelhos, que já foi dada à Sua igreja… Tenho
dezenas de trechos extraídos desse maravilhoso livro e de outros escritos da
Srª White. Eu os avalio como sendo produto do mesmo “Espírito de Profecia”
indicado nas Escrituras. E milhares dos meus ouvintes nas igrejas e salas de
aula podem dar testemunho disto.68
Será
que a falha em compreender a verdadeira natureza da inspiração foi uma das
razões pelas quais algumas pessoas no passado questionaram se era correto o uso
que Ellen White fez de fontes literárias e o fato de ela haver feito revisões
em seus escritos?69
Cristãos conservadores
têm mantido duas visões gerais em relação à natureza da inspiração. A mais
comumente utilizada – chamada de inspiração verbal – prende-se ao princípio de
que o Espírito Santo inspira as palavras exatas da mensagem enviada por Deus.
Para muitos, isso significaria que um escritor verdadeiramente inspirado não
recorreria a fontes não-inspiradas nem teria a necessidade de fazer revisões na
mensagem, pois, no conceito deles, uma mensagem ditada pelo Espírito estaria na
forma exata preferida por Deus. Outros cristãos acreditam que o conteúdo da
Bíblia indica que o Espírito Santo inspira a pessoa, e só em algumas ocasiões
especifica as palavras que ela deve usar. O Espírito Santo imbui a mente do
escritor com os pensamentos ou mensagens que deseja transmitir (2Pe 1:21). Este
ponto de vista é às vezes descrito como inspiração de ideias. Sob a guia
contínua do Espírito, o profeta fala ou escreve com suas próprias palavras, de
acordo com sua habilidade, o que lhe foi comunicado (cf. 1Sm 3:11-18) ou
mostrado (cf. Ap 1:10-11). Dessa forma, ele pode ser levado a extrair de
escritos de outras pessoas para expressar de maneira mais eficiente o
significado da mensagem (cf. Tt 1:12, 13). Às vezes ele pode até reescrever ou
reformular uma mensagem anterior para torná-la mais clara e mais vigorosa (cf.
Jr 36:32). Este ponto de vista sobre o processo da revelação-inspiração era
defendido pelos pioneiros da Igreja Adventista do Sétimo Dia. No entanto, uma
falha em captar as implicações desta posição levou alguns obreiros posteriores
a entender mal os procedimentos utilizados por Ellen White na produção de seus
escritos. Uma visão mais ampla da doutrina bíblica da inspiração teria evitado
a perplexidade deles naquela época, e a evitará hoje, para os membros atuais da
igreja. Declarações de W. C. White, que auxiliava sua mãe no trabalho de
publicação, expressam tanto a posição de Ellen White quanto a da igreja, sobre
inspiração: Minha mãe nunca fez reivindicações à inspiração verbal, e não vejo
que meu pai, ou o Pastor Bates, Andrews, Smith ou Waggoner as fizessem. Caso
houvesse inspiração verbal ao ela escrever seus manuscritos, por que haveria de
sua parte o trabalho de acréscimo ou de adaptação? Verdade é que Mamãe muitas
vezes toma um de seus manuscritos e o lê atentamente, fazendo acréscimos que
desenvolvem ainda mais o pensamento.70 Você se refere à declaração que lhe
enviei relacionada com a inspiração verbal. Essa declaração [p. 7] feita pela
Conferência Geral de 188371 estava em perfeita harmonia com as crenças e
posições dos pioneiros em relação a esse assunto, e era, imagino, a única
posição defendida por nossos ministros e professores até que o Prof. [W. W.]
Prescott, diretor do Battle Creek College [1885-1894], apresentou vigorosamente
outra idéia – a ideia mantida e apresentada pelo Prof. Gausen [provavelmente
Louis Gaussen, um clérigo suíço (1790-1863) que defendia que a Bíblia foi
verbalmente inspirada.] A aceitação dessa ideia pelos estudantes do Battle
Creek College e por muitos outros, incluindo Haskell, trouxe para nós
questionamentos e perplexidades sem fim e que estão sempre aumentando. A irmã
White jamais aceitou a teoria de Gausen acerca da inspiração verbal, quer da
maneira aplicada a sua própria obra, quer da maneira aplicada à Bíblia.72
Onde
podemos encontrar um bom exemplo do ponto de vista dos pioneiros a respeito do
dom profético de Ellen White?
No Adventist Book
Center (www.adventistbookcenter.com) está disponível o livro The Witness of the
Pioneers Concerning the Spirit of Prophecy, uma reimpressão fac-símile de
artigos de periódicos e panfletos escritos pelos contemporâneos de Ellen G.
White.
ELLEN
WHITE E A BÍBLIA
Os
adventistas do sétimo dia fazem de Ellen White o padrão final e infalível de
toda fé e prática adventista?73 A Igreja mudou sua posição sobre o assunto em
anos mais recentes?
A Igreja não mudou sua
posição, a despeito da imprecisão de alguns indivíduos na tentativa de explicar
a posição da Igreja. A Igreja hoje mantém a mesma posição defendida pelos
pioneiros. Na Sessão da Conferência Geral de Dallas em 1980, foi adotada uma
Declaração de Crenças Fundamentais que diz o seguinte: Um dos dons do Espírito
Santo é a profecia. Este dom é um sinal identificador da Igreja remanescente, e
foi manifestado no ministério de Ellen G. White. Como a mensageira do Senhor,
seus escritos são uma contínua e autorizada fonte de verdade que proporciona
conforto, orientação, instrução e correção à Igreja. Eles também tornam claro
que a Bíblia é a norma pela qual deve ser provado todo ensino e experiência.
(ênfase acrescentada)
A declaração acima
coloca claramente a Bíblia como o padrão e norma da fé e prática adventista. Os
escritos de Ellen White devem ser julgados por esse padrão.
Os
adventistas consideram Ellen White “canônica”?
Não. O “cânon” é a
coleção de livros que compõe a Bíblia. Os adventistas do sétimo dia creem que o
cânon foi encerrado com o último livro do Novo Testamento. Ellen White se
expressou muito claramente sobre o assunto:
1. Durante os primeiros
vinte e cinco séculos da história humana não houve nenhuma revelação escrita.
2. O preparo da Palavra
escrita iniciou-se no tempo de Moisés.
3. Esse trabalho
prosseguiu durante o longo período de mil e seiscentos anos.
4. Esse trabalho
prosseguiu . . . até João, que registrou as mais sublimes verdades do
evangelho.
5. A conclusão do
Antigo e Novo Testamentos marca o encerramento do cânon das Escrituras.74
Em conexão com as
declarações acima, Ellen White também observa como o Espírito Santo fala fora
do Cânon Sagrado: Durante os séculos em que as Escrituras do Velho Testamento
bem como as do Novo estavam sendo dadas, o Espírito Santo não cessou de
comunicar luz a mentes individuais, independentemente das revelações a serem
incorporadas no cânon sagrado. A Bíblia mesma relata como mediante o Espírito
Santo, os homens receberam advertências, reprovações, conselhos e instruções,
em assuntos de nenhum modo relativos à outorga das Escrituras. E faz-se menção
de profetas de épocas várias, de cujos discursos nada há registrado.
Semelhantemente, após a conclusão do cânon das Escrituras, o Espírito Santo
deveria ainda continuar a Sua obra, esclarecendo, advertindo e confortando os
filhos de Deus.75 Podemos dizer de maneira inequívoca que a Igreja nunca
considerou os escritos de Ellen White como canônicos e não acredita nisso hoje.
Afirmamos, por outro lado, que ela falou sob a mesma inspiração do Espírito
Santo que os escritores da Bíblia tiveram. Os pioneiros falaram a respeito
desse ponto repetidas vezes:
Tiago
White: A Bíblia é uma revelação perfeita e completa. É
nossa única regra de fé e prática. Mas isso não é razão para que Deus não
mostrasse o cumprimento passado, presente e futuro de Sua palavra nestes
últimos dias por meio de sonhos e visões, de acordo com o testemunho de Pedro.
Visões verdadeiras são dadas para nos guiar a Deus e à Sua Palavra escrita.76
Urias
Smith: O princípio protestante de “A Bíblia, e a Bíblia
somente” é em si mesmo bom e verdadeiro; e estamos fundamentados nele tão
firmemente quanto podemos; mas quando ele é reiterado em conexão com denúncias
abertas das visões, tem uma aparência enganosa para o mal. Assim usado, ele
contém uma insinuação dissimulada, eficientemente calculada para torcer a
opinião dos incautos, fazendo-os acreditar que crer nas visões é abandonar a
Bíblia, e que apegar-se à Bíblia é descartar as visões. … Quando afirmamos
estar fundamentados na Bíblia e na Bíblia somente, nos comprometemos a receber,
inequívoca e plenamente, tudo o que a Bíblia ensina.77
A
inspiração de Ellen White é igual à da Bíblia?
Sua inspiração é igual
em qualidade [p. 8] à inspiração da Bíblia, mas a função e propósito da
inspiração de Ellen White são diferentes dos da Bíblia. Um paralelo é
encontrado nas Escrituras. O profeta Natã era tão completamente inspirado
quanto o rei Davi, mas a inspiração de Natã tinha uma função diferente da de
Davi. Os escritos inspirados de Davi tornaram-se parte do cânon das Escrituras.
A inspiração de Natã não resultou em algum escrito canônico.
Alguém pode não fazer
diferença na qualidade da inspiração porque a inspiração ou está presente ou
ausente, dessa forma várias manifestações dela não podem ser distinguidas por
graus. O Espírito Santo foi tão cuidadoso na superintendência das mensagens
inspiradas de Natã quanto dos escritos de Davi, mesmo que, em harmonia com o
propósito divino, apenas estes últimos fossem incorporados ao cânon. Os
escritos de Ellen White não funcionam como um padrão ou norma de doutrina. A
Bíblia exerce essa função. Nesse sentido, Ellen White não tem autoridade
doutrinária igual à da Bíblia.
A
QUESTÃO DA INFABILIDADE
Diz-se
que Ellen White cometeu vários erros. Nós afirmamos que ela é infalível?
Não, e nem Ellen White
reivindicou ter “infalibilidade”. Por exemplo, quando ele foi criticada por ter
falado o número errado de quartos em um sanatório – 40 ao invés de 38 – ela
disse: Nunca me foi revelado o número exato de quartos de qualquer de nossos
sanatórios; e o conhecimento que tenho obtido dessas coisas, tive indagando dos
que se esperava que soubessem. Em minhas palavras, quando falando acerca desses
assuntos comuns, não há nada que leve os espíritos a crer que recebo meu
conhecimento em visão do Senhor e o estou declarando como tal.78
Ellen White também
reconheceu que não era infalível em seu comportamento pessoal. Ela escreveu
certa vez a seu esposo: Quero que o eu esteja oculto em Jesus. Quero que o eu
seja crucificado. Não reivindico infalibilidade ou mesmo perfeição de caráter
cristão. Não estou livre de erros e equívocos em minha vida. Se eu tivesse
seguido meu Salvador mais de perto, não precisaria lamentar tanto minha falta
de semelhança com Sua querida imagem.79
Relacionada a isto,
encontramos na Bíblia uma experiência digna de nota em Atos 21. O apóstolo Paulo
foi especialmente chamado a pregar entre os gentios. Pelo fato de ele não
incluir a lei cerimonial judaica em sua pregação, havia alguns cristãos judeus
que olhavam para ele com suspeita. Ao retornar a Jerusalém após uma
bem-sucedida viagem missionária entre os gentios, ele foi persuadido a
emprestar sua influência para a observância de certos ritos cerimoniais que não
eram mais requeridos, a fim de apaziguar seus críticos. Ellen White fez o
seguinte comentário significativo, que ela sem dúvida aplicaria também a si
mesma:
Ele não foi autorizado
por Deus para fazer tal concessão. Essa atitude não estava em harmonia com seus
ensinos, nem com a firme integridade de seu caráter. Seus conselheiros não
foram infalíveis. Embora alguns desses homens escrevessem sob a inspiração do Espírito
de Deus, quando não estavam sob sua influência direta, às vezes cometiam
erros.80
W. C. White não
reivindicou infalibilidade para sua mãe em relação a detalhes históricos e
datas: Nalgumas das questões históricas, como as que são realçadas em Patriarcas e Profetas, Atos dos Apóstolos
e em O Grande Conflito, as partes
principais foram tornadas muito claras e evidentes para ela, e quando passou
a escrever sobre esses assuntos, teve de
estudar a Bíblia e a História, a fim de obter datas e relações geográficas e
completar sua descrição dos pormenores.81 W. C. White também escreveu: Quanto
aos escritos de minha mãe e seu uso como autoridade sobre pontos de História e
cronologia, Mamãe nunca desejou que nossos irmãos os considerassem como
autoridade no tocante a pormenores da História ou de datas históricas.82 Em
suma, Ellen White não reivindicou estar acima de erros ao escrever sobre
assuntos comuns ou de negócios que não envolviam conselhos e mensagens do
Senhor. Ela reconheceu que não era infalível em sua vida pessoal e seu filho
não pensava que ela deveria ser usada como uma autoridade sobre detalhes
incidentais em seus escritos históricos. É verdade evidentemente que ela nunca
usou o termo “infalível” para referir-se a si mesma ou a seus escritos em qualquer
contexto, mas reivindicava que as mensagens que dava lhe eram dadas pelo
Senhor.83 Que dizer de erros que se diz que ela teria cometido, não apenas em
história, mas em ciências, saúde, teologia e exegese?84 Dificilmente
compreendemos como era a situação mais de cem anos atrás, quando Ellen White
escreveu nas áreas de saúde, ciência e nutrição.85 Quando ela falou de
malignidade em relação ao fumo em 1864, alguns reformadores de saúde
concordaram com ela, mas alguns médicos estavam receitando, para moléstias do
pulmão, que se fumassem charutos. Como ela soube que posição tomar? Quando ela
falou sobre os profundos efeitos da influência pré-natal em termos semelhantes
aos pronunciamentos da ciência hodierna, a ciência sabia pouco ou nada sobre o
assunto. Enquanto ela estava enfatizando a prática de exercícios físicos e ar
puro para os inválidos, muitos médicos estavam receitando quartos fechados e
repousos prolongados. Seus conselhos em relação à poluição do ar, ao efeito da
dieta na circulação sanguínea, ao uso do sal, ao álcool, à relação mente-corpo
e a outros assuntos, têm sido vindicados pelas pesquisas modernas. Todas estas
declarações foram consideradas por alguns críticos como erros quando ela os
escreveu. Por causa de dificuldades e discrepâncias, há aqueles que se opõe à
moderna voz profética. E há também aqueles que procuram “erros” na Bíblia.
Sobre este assunto, Ellen White encontrou uma valiosa gema da verdade num
sermão de Henry Melvill. Sob a guia do Espírito Santo, ela resgatou aquela gema
e a preservou para nós: Mesmo todos os erros não causarão dificuldade a uma
alma, nem farão tropeçar os pés de alguém que não fabrique dificuldades da mais
simples verdade revelada.86 Tentar provar que todos os supostos “erros” nos
escritos de Ellen White não são realmente erros, não é um exercício muito
proveitoso. Se um crítico a acusa de dez erros, e se prova que esses dez não
são erros, o crítico encontrará outras 15 alegações. Cada um deve decidir por
si mesmo se o peso da evidência sustenta ou derruba a reivindicação que Ellen
White faz de possuir o dom profético. No estudo de passagens difíceis, tanto da
Bíblia quanto de outros escritos inspirados pelo Espírito Santo, é bom fazer as
seguintes perguntas: Realmente compreendo o contexto, significado e importância
da declaração do autor inspirado? Compreendo plenamente as evidências que estão
em aparente conflito com a declaração inspirada? Podem as duas informações ser
harmonizadas? Posso razoavelmente [p. 9] esperar que virá uma compreensão
melhor a partir de mais estudos, experiências ou iluminação divina? A questão
pode ser deixada sem solução? Para aqueles que escutam, o Espírito Santo fala
claramente por meio dos escritos inspirados, a despeito de ocasionais
dificuldades que podem parecer surgir.87
AS
VISÕES
A
Srª White sofreu um ferimento na cabeça na infância e ataques de enfermidades
durante toda a sua vida. Suas visões poderiam estar relacionadas com seus
ferimentos ou doenças? Elas poderiam ter sido causadas por hipnose, mesmerismo
ou epilepsia?88
A tentativa de
desacreditar a obra do Espírito Santo atribuindo as visões a causas naturais é
tão antiga quanto a própria Bíblia. Afinal de contas, os milagres do
Pentecostes foram atribuídos à embriaguez. Se alguém rejeita a crença numa
fonte divina para as visões, é de se esperar que sejam buscadas explicações
naturais. Cedo na experiência de Ellen White, alguns acharam que suas visões
eram resultado de mesmerismo, uma forma primitiva de hipnotismo. Ela estava
apenas começando seu trabalho como mensageira do Senhor, e a próxima vez que
ela sentiu o poder de Deus vindo sobre ela, ela começou a duvidar e resistir à
visão. Ela foi reprovada e ficou muda por 24 horas. Na visão seguinte foi-lhe
mostrado seu “pecado de duvidar do poder de Deus”, e lhe foi dito que esta era
a razão de ela ter ficado muda. “Após isso”, diz ela, “nunca mais duvidei ou
por um momento resisti ao poder de Deus, não importasse o que outros pensassem
a meu respeito”.89 Alguns que questionaram suas visões, começando com D. M.
Canright em 1887, atribuíram-nas a ataques epiléticos, notando que havia
similaridade entre ambos. Quando as visões começavam, ela perdia a força; mais
tarde, no decorrer da visão, ela a recuperava, exibindo às vezes força
sobre-humana. Durante as visões ela não respirava. Seus olhos ficavam abertos,
mas ela não reconhecia as pessoas ao redor. Porque essas experiências físicas
lembram remotamente ataques epiléticos, os críticos têm sugerido que suas
visões não eram realmente visões.
F. D. Nichol, em seu
livro Ellen G. White and Her Critics, faz a seguinte pergunta: “Como um profeta
deve se comportar em visão?” Ele nota que, pelo fato de os profetas serem
pessoas, possuem sistema físico e nervoso, e como uma visão não é um estado
normal, é de se esperar que certas experiências fora do normal ocorram.90
Daniel experimentou uma perda de força, e depois uma grande força. Ele ficou
mudo e não havia fôlego nele (Dn 10). Balaão entrou em um “transe”, tendo seus
“olhos abertos” (Nm 24). O efeito sobre João foi que ele “caiu como morto” (Ap
1:17). Quando Saulo de Tarso teve sua primeira visão ele “[caiu] por terra” (At
9). Após uma visão, Zacarias, pai de João Batista, ficou “mudo” (Lc 1). Às
vezes os críticos da Bíblia também têm tentado explicar as visões como sendo o
resultado de doença mental.
Um aspecto
característico de ataques epiléticos contínuos é a chamada “diminuição da
capacidade mental”. Simplificando, a mente fica enfraquecida com essas
ocorrências repetidas. Estima-se que Ellen White teve por volta de 200 visões
públicas e cerca de 1800 sonhos proféticos. As visões públicas nos primeiros
anos foram acompanhadas por fenômenos físicos. Se não fossem visões, mas
ataques epiléticos, esperaríamos uma deterioração mental ao longo dos anos. Não
encontramos nenhuma evidência desse tipo. Pelo contrário, houve um
desenvolvimento observável das capacidades dela. Ela fala de saúde melhor em
anos posteriores do que na sua juventude. Milhares de páginas de material
manuscrito não contêm nenhuma evidência de um declínio progressivo de sua
capacidade.
Além disso, onde
encontramos um único exemplo de alguém cujos frequentes ataques epiléticos o
habilitaram a guiar uma igreja tão sabiamente e aconselhar as pessoas de
maneira tão útil? O que realmente importa, afinal de contas, é a mensagem
transmitida pelas visões, não a maneira específica na qual Deus transmite a
mensagem.
Qual
a relação entre as primeiras visões de Ellen White e as que foram dadas a
William Foy e Hazen Foss?91
William Ellis Foy
(1818-1893) e Hazen Little Foss (1819-1893) também receberam visões antes do
Desapontamento de 1844. Ambos viveram para ouvir Ellen White relatar suas
primeiras visões e reconheceram que o que ela descreveu eles haviam visto
também. Ellen White, quando jovem, tinha ouvido um sermão de Foy em Portland,
Maine, em algum ponto entre 1842 e 1844. Não se sabe muito sobre ele, embora
pesquisas recentes confirmem que ele foi um negro criado próximo de Augusta,
Maine. Ele é freqüentemente confundido com Foss, mas, diferentemente de Foss,
Foy contou suas visões e publicou as duas primeiras num panfleto. Ele nunca
sentiu que havia ofendido o Espírito de Deus, e continuou a trabalhar como um
ministro da Igreja Batista Livre por muitos anos. Uma pequena biografia pessoal
foi publicada junto com o relato das duas primeiras visões em 1845, em um
panfleto intitulado The Christian Experience of William E. Foy Together with
the Two Visions He Received in the Months of Jan. and Feb. 1842. De acordo com
J. N. Loughborough, foi uma terceira visão, em 1844, que Foy não conseguiu
compreender, e que ele mais tarde ele ouviu Ellen White relatar. Tanto quanto
se sabe, essa terceira visão nunca foi publicada. Hazen Foss, de forma similar,
recebeu uma visão antes do Desapontamento, mas se recusou a relatá-la. Quando
lhe foi dito que a visão lhe fora tirada, ele temeu as consequências e convocou
uma reunião na qual tentou recordar a visão, mas não conseguiu. Ele ouviu Ellen
White relatar a mesma visão em princípio de 1845 e declarou a ela sua
experiência. Embora se tenha pensado por muitos anos que Foss era parente do
cunhado de Ellen White,92 foi apenas por volta de 1960 que a exata relação
tornou-se conhecida por meio de registros genealógicos.93 Hazen era o irmão
mais jovem de Samuel Hoyt Foss, que se casou com a irmã mais velha de Ellen
White, Mary, em 1842. Tanto Hazen Foss como William Foy reconheceram as visões
dadas a Ellen White como sendo as mesmas que eles receberam, e desde que o
Senhor pretendia originalmente que um desses homens fosse Seu mensageiro
profético para a igreja remanescente, haveria, com certeza, paralelos entre as
visões deles e as de Ellen White. Embora algumas dessas semelhanças possam ser
vistas entre as visões publicadas de Foy sobre o céu, e as de Ellen White,
existem tantas diferenças marcantes que a alegação do livro The White Lie de
que suas visões são “quase uma cópia carbono” das de Foy é um grande exagero.
A
Srª White prometeu responder às perguntas dos Drs. Stewart, Sadler e outros, e
então, após receber as perguntas, “convenientemente” teve uma visão
instruindo-a a não fazer isso?94
Em 30 de março de 1906,
a Srª White [p. 10] escreveu um testemunho dirigido “Àqueles que Estão
Perplexos Quanto aos Testemunhos Relacionados à Obra Médico-missionária”.95
Nele, ela diz que foi dirigida pelo Senhor a solicitar àqueles que tivessem
perplexidades e objeções em relação aos testemunhos, que os escrevessem e os
entregassem àqueles que desejavam remover as perplexidades.
Em 3 de junho de 1906,
a Srª White escreveu a respeito de uma visão que tinha recebido alguns dias
antes, na qual estava falando perante um grupo de pessoas, respondendo a
perguntas sobre sua obra e escritos. Ela declarou: Fui instruída por um
mensageiro celestial para não assumir o fardo de acolher e responder a todas as
questões e dúvidas que estão sendo colocadas em muitas mentes.96
Essas duas declarações,
escritas com mais ou menos dois meses de diferença, são utilizados como
evidência de que as “revelações” da Srª White poderiam com frequência ser
convenientemente arranjadas com o propósito de proteger seus interesses. Um
exame dos eventos daquele período, no entanto, lança uma luz considerável sobre
a aparente reversão do convite da Srª White para que fizessem perguntas. Após
receberem o testemunho da Srª White, muitas pessoas reagiram à solicitação dela
e enviaram suas perguntas ao seu escritório. Uma revisão da correspondência de
Ellen White nos meses seguintes dá evidências de que ela realmente levou essas
perguntas a sério. As perguntas variavam do ridículo e trivial àquelas que
mereciam uma resposta cuidadosa e estudada. Em uma carta dirigida a amigos em
15 de junho de 1906 ela escreveu: Cartas cheias de perguntas estão
continuamente se abarrotando sobre nós. … Se eu puder apresentar às pessoas os
fatos do caso, como são, isso pode salvar alguns de naufragarem na fé. As mais
frívolas perguntas me têm sido enviadas em relação aos Testemunhos dados a mim
por Deus.97 Os arquivos do Patrimônio White contêm mais de 30 cartas escritas
por Ellen White entre abril e outubro de 1906, lidando com questões levantadas
a respeito das várias fases de sua obra. Além destas, foram publicados artigos
na Review and Herald.98 Algumas das cartas e declarações feitas são aqui
relacionadas: Carta 170, 13 de junho de 1906, em relação às palavras “eu”,
“nós”, etc., nos testemunhos; Carta 206, 14 de junho de 1906, sobre o que é
inspirado (cada palavra? Cada letra?); Palestra (DF 247, 26 de junho de 1906,
sobre o relacionamento de W. C. White para com a obra de Ellen White; Carta de
28 de junho de 1906, sobre o título “profetisa”; Carta 225, 8 de julho de 1906,
sobre a redação e envio dos testemunhos. Pode-se notar que todas essas
respostas, de fato, 80 por cento das que estão no arquivo, foram escritas após
a visão de 25 de maio, na qual ela foi instruída a não responder a tudo o que
se dizia e às dúvidas.99 A Srª White outra vez recapitulou a questão dos
prédios de Chicago,100 embora já tivesse tratado deste assunto em 1903. Nem
todas as perguntas foram respondidas pela Srª White. Algumas foram encaminhadas
para sua equipe, a quem ela orientou que procurassem declarações passadas sobre
os assuntos para responder às críticas. W. C. White escreveu em 13 de julho de
1906:
Por muitos dias o irmão
Crisler tem estado vasculhando o que foi escrito em anos passados em relação a
contratos e acordos. Penso que ele será capaz de submeter à minha mãe sua
coleção de manuscritos no início da próxima semana.101 Isso estava em plena
harmonia com o convite original da Srª White onde ela pede que “tudo seja
escrito e enviado àqueles que desejam remover as perplexidades.”102 (ênfase
acrescentada). Duas pessoas que enviaram um grande número de perguntas foram o
Pr. William S. Sadler e o Dr. Charles E. Stewart. As perguntas do Dr. Stewart
acabaram sendo publicadas sob o título A Response to an Urgent Testimony from
Mrs. Ellen G. White, mais tarde mencionado como “O Livro Azul.” Escrevendo ao
Dr. Stewart sobre seu conjunto de objeções, W. C. White explicou a razão pela
qual algumas perguntas não receberam resposta pessoal da Srª White:
Mas aquela porção do
documento dirigida a ela que toma a forma de um ataque à sua integridade e
obra, ela encaminhará aos irmãos para que a respondam, porque por muitos anos
ela tem sido instruída de que não é parte legítima de seu trabalho responder
aos inúmeros e violentos ataques que têm sido feitos a ela por seus críticos e
pelos inimigos de sua obra.103 Essa foi a atitude consistente da Srª White
desde o início de seu ministério.104 Uma razão pela qual algumas questões nunca
foram respondidas pelo escritório de Ellen White é que a Comissão da Associação
Geral havia publicado recentemente (maio de 1906) uma refutação das acusações
feitas por A. T. Jones contra o Espírito de Profecia, detalhando as respostas a
muitas das mesmas questões.105 O fato de que a Srª White se ocupou em responder
a objeções após receber a visão de 25 de maio, indica que aquela instruções não
cancelavam sua solicitação anterior. O que então quer dizer a segunda visão?
Exatamente o que ela diz: Fui instruída por um mensageiro celestial para não
assumir o fardo de acolher e responder a todas
as questões e dúvidas que estão sendo colocadas em muitas mentes. (ênfase
acrescentada.) Ellen White não devia sentir que era seu dever se esforçar para
responder às infindáveis perguntas de questionadores que não aceitariam
respostas. Referindo-se ao mesmo conselho divino, ela escreveu em 17 de julho
de 1906: Fui agora instruída de que não devo ser atrapalhada em minha obra por
aqueles que se envolvem em suposições relacionadas à natureza desta, cujas
mentes estão lutando com tantos problemas intrincados relacionados à suposta
obra de um profeta. Minha tarefa inclui a obra de um profeta, mas não termina
aí. Inclui muito mais que as mentes daqueles que estão semeando as sementes da
descrença podem compreender. Em resposta ao trabalho do inimigo na mente
humana, devo semear a boa semente. Quando forem levantadas perguntas sugeridas
por Satanás, eu as removerei se puder. Mas aqueles que se apegam a coisas sem
importância fariam melhor em educar a mente e o coração para se apegar as
grandes e salvadoras verdades que Deus deu por meio da humilde mensageira, em
vez de se tornar canais por onde Satanás pode comunicar dúvidas e
questionamentos.
Permitir que sejam
criados espantalhos que têm de ser atacados é uma das coisas mais inúteis que
alguém pode fazer. É possível alguém se educar para tornar-se agente de
Satanás, passando adiante suas sugestões. Tão logo uma dessas sugestões é
afastada, outra é proposta. Fui instruída a dizer: “O Senhor não deseja que
minha mente seja assim empregada.”106 Ellen White finalizou a carta com uma
declaração sugerindo que os problemas que cercavam sua obra eram resultado da
concentração nas palavras, em vez de na mensagem de seus escritos – a mesma
dificuldade em relação ao uso dos escritos inspirados que é vista em nossos
dias: “Cada vez mais quero apresentar a mensagem ao povo na linguagem das
Escrituras. Então, se alguém apresentar objeções, o problema dessa pessoa vai
ser com a Bíblia.”107 [p. 11]
A
PORTA FECHADA
Por
um período os pioneiros acreditaram que a porta da graça tinha sido fechada em
1844. Foi mostrado à Ellen White uma visão específica de que isso era
verdade?108
O período conhecido
como da porta fechada na história adventista é ao mesmo tempo fascinante e
complexo. Para compreendê-lo realmente é necessário um conhecimento completo
dos eventos de 1844 e dos anos seguintes a essa data. O fato de que os
primeiros adventistas a princípio concluíram que a porta da graça tinha se
fechado para o mundo em 22 de outubro de 1844 e que a primeira visão de Ellen
White parecia sustentar este conceito tem sido utilizada por mais de cem anos
contra ela por pessoas que procuram prejudicar a confiança em seu trabalho.
Imediatamente após a
passagem da data em 1844, os adventistas que acreditavam que a profecia tinha
se cumprido só puderam concluir que o período de graça para o mundo tinha se
encerrado em 22 de outubro. As zombarias sacrílegas e o sarcasmo das pessoas
mundanas deram credibilidade a essa conclusão. Mesmo que a jovem Ellen Harmon
aparentemente cresse a princípio que suas visões confirmavam a posição da porta
fechada, ela mais tarde percebeu que este não era o caso. No entanto, ela
continuou afirmando consistentemente que a porta fora fechada para aqueles que
resistiram às suas convicções honestas rejeitando a mensagem de advertência.
Enquanto isso, referências feitas aos 144.000 logo em sua primeira visão deram
ampla pista sobre um avanço evangelístico ainda futuro.
Em 1874, em reposta às
acusações feitas a esse respeito, ela declarou: “Nunca, porém tive uma visão de
que não se converteriam mais pecadores.”109 Os escritores pioneiros também
foram claros a esse respeito. Dessa forma, Uriah Smith escreveu dois anos
depois: As visões nunca ensinaram o fim do tempo da graça no passado ou o
encerramento do dia da salvação para os pecadores, chamado por nossos oponentes
de doutrina da porta fechada.110 O raiar
da luz, no princípio de 1845, a respeito da mudança no ministério sacerdotal de
Cristo no santuário celestial ocorrido em 1844, proveu uma solução para o
problema. Os pioneiros da Igreja Adventista do Sétimo Dia, procurando a luz,
viram uma porta que se fechou e outra que se abriu quando Cristo assumiu seu
ministério no Lugar Santíssimo do santuário celestial. Esta verdade que se
desdobrava permitiu que nossos precursores mantivessem sua confiança na
liderança de Deus em sua experiência passada, captando o conceito da grande
missão que ainda estava à sua frente. Ellen White, que passou pela experiência,
explicou esta transição da compreensão no seu livro de 1844, The Spirit of
Prophecy, vol. 4, no capítulo intitulado “Uma porta aberta e uma fechada” e em
O Grande Conflito, publicado alguns anos mais tarde, no capítulo intitulado “No
Santo dos Santos”. Ler o capítulo 22, “Profecias Alentadoras”, e no capítulo
23, “O Santuário Celestial, Centro de Nossa Esperança” nos fornece um contexto
esclarecedor a respeito do tema. Ellen White também deu explicações úteis em
1883 num documento reproduzido em Mensagens Escolhidas, livro 1, capítulo 5,
“Explicação de Antigas Declarações”.
ASSISTENTES
LITERÁRIOS
Com
mais de 1000 livros em sua biblioteca na época de seu falecimento, como poderia
ter a Srª White lido e feito empréstimos de todos eles? Não teriam seus
assistentes literários feito alguns dos empréstimos por ela?111
O fato é que neste
estágio da pesquisa sobre este projeto, há menos de 100 livros dos quais
existam evidências sólidas de empréstimo literário. Em muitos casos a evidência
envolve apenas uma única breve passagem. The White Lie fornece ou alega
paralelos com apenas cerca de 35 fontes específicas. Porém, não há simplesmente
nenhuma razão para supor que Ellen White fosse incapaz de ler todos os livros
dos quais se alega que ela fez empréstimos. É fato que ela era muito ocupada,
mas fazia bom uso do seu tempo. Além do mais, não existe nenhuma evidência de
que os assistentes literários tenham sido responsáveis por colocar materiais de
outros autores nos escritos de Ellen White. “Existe uma coisa que nem mesmo o
mais competente editor pode fazer,” escreveu Marian Davis, “e é preparar um
manuscrito antes que seja escrito”.112 É verdade que algumas sentenças de James
Wylie aparecem no capítulo sobre Huss no livro O Grande Conflito, que não se
encontram no rascunho manuscrito. Ellen White extraiu extensivamente de Wylie
naquele rascunho manuscrito, mas não sabemos quantos estágios escritos a mais
foram feitos naquele capítulo. Além disso, o manuscrito editado foi enviado
imediatamente a Ellen White para sua aprovação.
Ellen
White faleceu antes que o livro Profetas e Reis fosse completado. Não seria
esse livro um exemplo de onde os assistentes literários fizeram empréstimos por
ela?
De maneira alguma. Em
seu artigo “A história de Profetas e Reis113 Arthur L. White cita extensivos
trechos da correspondência de Clarence Crisler, que prestou assistência
literária a Ellen White para o livro Profetas e Reis. Essas cartas, escritas na
ocasião em que a obra estava em andamento, indicam que nestas questões espirituais
a mente da Srª White permaneceu lúcida até o fim. Os dois últimos capítulos que
ainda não estavam totalmente terminados por ocasião de seu falecimento, foram
completados, não recorrendo a outros autores, mas a partir de manuscritos que a
própria Srª White havia escrito anteriormente e deixado arquivados.
Alguns
dos assistentes literários de Ellen White voltaram-se contra ela e a
criticaram?114
A única assistente
literária a criticá-la foi Fannie Bolton. Todos os documentos e cartas
conhecidas relacionadas a sua experiência com Ellen White estão agora
publicadas sob o título The Fannie Bolton Story: A Collection of Source
Documents. Ellen White ficou preocupada com a imaturidade espiritual da Srta.
Bolton desde a primeira vez que a empregou. Durante o período em que
trabalharam juntas, sua experiência foi muito instável. Fannie criticou a Srª
White e depois, em mais de 12 ocasiões, escreveu “confissões” sobre seu
procedimento errado. Apesar de tudo isso, a paciência da Srª White era tão
grande que ela continuou empregando Fannie durante muitos desses ciclos de
críticas e confissões, e nas ocasiões em que de fato a despediu, acabou
contratando-a de novo. Até que por fim, Fannie deixou de trabalhar com a Srª
White por sua própria escolha.
A alegação de que a Srª
White também foi criticada por Mary Clough, outra de suas assistentes
literárias, não tem fundamento em documentos da época, mas é baseada unicamente
numa declaração de memória feita por G. B. Starr muitos anos depois do
ocorrido. Mary Clough era sobrinha de Ellen White, mas [p. 12] não era
adventista do sétimo dia. Ela deixou o trabalho com Ellen White não por causa
de qualquer crítica, mas porque escolheu não seguir as normas da casa na
observância do sábado.
Marian
Davis foi uma das mais importantes assistentes literárias de Ellen White. Como
ela via essas questões?
Marian ouviu certa vez
que Fannie Bolton disse haver recebido instruções para “preencher lacunas” num
testemunho de Ellen White, de forma que o testemunho era virtualmente da Srta.
Bolton. Marian respondeu: Não posso imaginar que alguém que tenha estado ligado
ao trabalho da Srª. White pudesse fazer tal declaração. Não consigo imaginar
que alguém familiarizado com a maneira de escrever da Srª White possa acreditar
nisso. O peso que ela sente quando o caso de uma pessoa lhe é apresentado, a
pressão intensa sob a qual trabalha, muitas vezes levantando-se à meia-noite
para escrever as advertências que lhe são dadas, e muitas vezes por dias,
semanas, ou até mesmo meses, escrevendo vez após vez a esse respeito, como se
não pudesse se libertar do senso de responsabilidade por aquela alma – ninguém
que tenha conhecido algo dessas experiências poderia acreditar que ela
confiaria a outra pessoa a tarefa de escrever um testemunho. Por mais de 20 anos
tenho estado ligada ao trabalho da Srª White. Durante esse tempo ela nunca me
pediu nem para escrever um testemunho a partir de instruções orais, nem parra
preencher lacunas no que ela já havia escrito.115
Qual
era o trabalho dos assistentes literários? Eles simplesmente corrigiam a
ortografia e a pontuação?
W. C. White respondeu a
essa questão numa carta de uma mulher que estava em dúvida quanto a se os
pensamentos e expressões que ela lia nas obras publicadas de Ellen White eram
realmente de sua autoria: As secretárias e copistas que preparam os escritos de
Mamãe para o prelo removem repetições para que o conteúdo possa caber no espaço
designado. Corrigem a gramática e acertam o texto para publicação. Algumas
vezes também deslocam os melhores pensamentos de um parágrafo para outro, mas
não introduzem seus próprios pensamentos ao conteúdo. Os pensamentos e
expressões que você menciona são realmente de Mamãe.116 Certa vez a Srª White
se referiu a Marian Davis como a sua “compiladora de livros” e então explicou:
Ela realiza seu trabalho desta maneira: Toma meus artigos que são publicados
nas revistas e cola-os em livros em branco. Também possui uma cópia de todas as
cartas que escrevo. Ao preparar um capítulo para um livro, Marian se lembra de
que eu escrevi alguma coisa sobre esse ponto especial, que talvez torne o
assunto mais convincente. Ela começa a procurá-lo, e se, ao encontra-lo,
percebe que isso tornará o capítulo mais claro, acrescenta-o a ele. Os livros
não são produções de Marian, porém minhas, tirados de todos os meus
escritos.117 Contrariamente ao que diz The White Lie, a Srª White estava no
controle de seus escritos e do que era publicado em seu nome. Ela disse: Leio
do princípio ao fim tudo que é copiado [de seus rascunhos escritos a mão], para
cuidar que tudo esteja como deve estar. Leio todo o original do livro antes de
ele ser enviado para o prelo.118 As muitas cartas pessoais trocadas entre os
assistentes literários, W. C. White, e Ellen White, não deixam dúvidas de que
essa era de fato a maneira como as obras da Srª White eram preparadas para
publicação. 119
NORMAS
DE PESQUISA DO PATRIMÔNIO WHITE
The
White Lie está repleto de críticas a respeito das normas restritivas de
pesquisa do Patrimônio White. O que tem sido feito para facilitar a pesquisa e
quais as restrições impostas?120
Em 1982, quando da
publicação de The White Lie, a pesquisa em materiais não publicados de Ellen
White era orientada pelas normas dos “manuscritos liberados”. Essas normas
cumpriam três propósitos: Familiarizavam os líderes da igreja com os materiais
que entravam em circulação geral; Davam a certeza de que a carta ou a porção
dela requisitada para liberação fosse acompanhada de um contexto suficiente
para tornar claro o seu significado; Protegiam a privacidade dos pioneiros da
obra e membros da igreja cujos erros ou pecados pudessem estar revelados nas
mensagens confidenciais que Deus deu a Sua mensageira para ser transmitidas a
eles. Trabalhando sob essas normas, a pesquisa nas cartas e manuscritos de
Ellen White era realizada por centenas de estudantes a cada ano. Todo mês a
Comissão de Depositários do Patrimônio White aprovava a “liberação de
manuscritos” a pedido de estudantes do seminário e de outros ao redor do mundo.
Seis Centros de Pesquisas Ellen G. White operavam em várias partes do mundo,
encorajando o estudo nos materiais não-publicados de Ellen White. Ao longo de
todos estes anos, desde 1930, quando pela primeira vez educadores adventistas
iniciaram cursos de pós-graduação, a equipe de trabalho do Patrimônio White tem
encorajado e auxiliado as pesquisa daqueles que estão desenvolvendo suas
dissertações de mestrado e teses doutorais. O reconhecimento disto pode ser
encontrado nas páginas introdutórias de dezenas de tais documentos. A partir de
1982, mais nove Centros de Pesquisas Ellen G. White foram estabelecidos em
várias partes do mundo e uma terceira filial do White Estate foi aberta no
Oakwood College em Huntsville, Alabama. (O Centro de Pesquisas da Universidade
de Loma Linda tornou-se uma filial do White Estate em 1985.) Para facilitar a
pesquisa nos materiais não-publicados, o White Estate está em vias de
disponibilizar todas as cartas e manuscritos em CDROM, assim como foi feito com
todas as suas obras publicadas.
Por
que o estudo de McAdams sobre Huss não foi liberado? E quanto ao estudo similar
de Ron Graybill sobre o material que a Srª White escreveu a respeito de
Martinho Lutero?121
A obra de Ron Graybill,
Analysis of E. G. White’s Luther Manuscript, foi anunciada no catálogo de
documentos disponíveis do Patrimônio White e foi publicado para distribuição
geral bem antes de The White Lie ser publicado. O estudo feito pelo Dr. McAdams
do capítulo sobre Huss no livro O Grande Conflito também está disponível. O que
não foi liberado para publicação foram várias das páginas do rascunho escrito por
Ellen White do manuscrito de Huss que foi transcrito pelo Dr. McAdams. [p. 13]
Esse material foi enviado a todos os Centros de Pesquisa Ellen G. White, onde
podem ser examinados por qualquer pesquisador responsável. A razão pela qual
não foi publicado é que ele foi preparado às pressas por Ellen White num
período em que ela definitivamente não estava bem. Esse rascunho à mão é talvez
o pior exemplar disponível de seus documentos escritos à mão. Se publicado,
poderia dar uma visão distorcida da qualidade do seu trabalho. O trabalho dela
no manuscrito sobre Lutero é mais representativo e assim foi publicado tanto em
fac-símile como em transcrição datilografada no estudo de Graybill.
Alega-se
que o Patrimônio White e a igreja tentaram “encobrir” o empréstimo literário da
Srª White. O que era conhecido no passado sobre esse assunto e o que tem sido
compartilhado com a igreja?
Em 1933, W. C. White e
D. E. Robinson, do White Estate, prepararam o documento “Brief Statements
Regarding the Writings of Ellen G. White” (Breves Declarações Sobre os Escritos
de Ellen G. White), que falava francamente sobre o uso de fontes por parte de
Ellen White, até onde estas fontes eram conhecidas na época. Na Escola Bíblica
Avançada, em 1935, W. C. White novamente discutiu o assunto, mencionando várias
fontes. É interessante que foi realizada uma pesquisa entre os ministros e
professores que estiveram presentes a esta sessão de 1935.122 Foi perguntado a
eles que críticas feitas a Ellen White na época pareciam mais importantes. Quase
todos eles queriam respostas para a acusação de que alguns de seus primeiros
escritos haviam sido “tirados de circulação”123 e também quase o mesmo número
estava preocupado com a predição de 1856 de que alguns dos que estavam vivos na
ocasião seriam transladados.124 Só metade do grupo achava que seria importante
responder à acusação de plágio. Se estas atitudes representavam a tendência
geral, elas indicam que a questão dos empréstimos literários de Ellen White não
constituíam uma prioridade tão elevada na igreja como hoje em dia.
Centenas de ministros
que assistiram às aulas de Orientação Profética dadas por A. L. White no
Seminário Teológico Adventista entre 1956 e 1971, e por Paul Gordon desde esse
tempo ouviram o assunto discutido em classe. Mais recentemente o panfleto de
1933, “Brief Statements,” foi largamente distribuído como suplemento da
Adventist Review e atualmente se encontra à disposição através do White Estate;
o mesmo ocorre com as palestra de W. C. White dadas na Escola Bíblica Avançada.
Três volumosos
capítulos sobre “Empréstimos Literários” foram publicados em 1951 no livro de
F. D. Nichol, Ellen G. White and Her Critics. Até recentemente, contudo, a
extensão dos empréstimos literários não era conhecida dos depositários do
Patrimônio White. Embora o assunto não fosse enfatizado, de tempos em tempos o
que era conhecido era comunicado à igreja, e novas informações continuarão a
ser colocadas à disposição.
AS
QUESTÕES BÁSICAS
Como
uma pessoa deve decidir se crê no livro The White Lie ou se aceita Ellen G.
White como uma genuína receptora do dom profético?
Quando a Majestade do
Universo criou os homens e as mulheres, dotou-os do poder de escolha. O que
está em jogo é: como eles fazem essa escolha? A escolha deve estar baseada, não
numa exibição passageira de retórica, mas no peso da evidência. No assunto em
consideração enfrentamos, por um lado, alguns fatos misturados com muitas
afirmações e acusações sem fundamento; por outro lado, temos o quadro bem
documentado do desenvolvimento de uma igreja fundamentada na Palavra de Deus e
nutrida, guiada e protegida pelo Espírito Santo através do dom de profecia
manifestado na obra de Ellen G. White, que fez parte do grupo de seus
fundadores e pioneiros. Todo adventista do sétimo dia, do passado ou do presente,
já teve de lidar com a seguinte pergunta: Ellen White realmente falou da parte
de Deus, como ela própria e a igreja afirmam? Aceitar esta afirmação nem sempre
é fácil. Afinal de contas, há preceitos e conselhos nos livros de Ellen White
que conclamam a uma mudança na maneira de viver e pensar. Há diretrizes para
uma boa saúde. Há conselhos sobre como desenvolver um caráter que represente
corretamente o Cristo que nos salvou e nos prometeu o poder transformador de
Seu Santo Espírito. O pecado é apontado e reprovado. Não é fácil ou agradável
mudar nosso modo de vida. Mas os profetas de Deus, ao comunicarem Suas
mensagens, também não reprovavam sempre o pecado e chamavam Seu povo a um
padrão de vida mais elevado?
Da mesma forma que com
a Bíblia, há coisas nos Escritos de Ellen White que são “difíceis de entender”!
Mas as evidências da inspiração de Ellen White brilham por toda parte.
Que
evidências há da inspiração de Ellen White?
A Palavra de Deus nos
chama a examinar as reivindicações de alguém que professe falar da parte de
Deus, e estabelece vários testes. Entre os principais está: “Pelos seus frutos
os conhecereis” (Mat. 7:16). Ao olharmos para os frutos do ministério de Ellen
White, o que vemos na vida dela e na vida dos que levaram a sério as reivindicações
dela? Quais são os frutos? Vemos um povo, no início da experiência da igreja,
que recebeu certeza, foi estabilizado e unificado na compreensão de profecias
cumpridas e em posições doutrinárias – posições baseadas na Palavra de Deus,
mas atestadas pelo Espírito. Através da visões o Senhor esclareceu a verdade e
apontou o erro. Vemos um povo levado a compreender o grande conflito dos
séculos entre Cristo e Satanás e a ver o lugar que ocuparão nas cenas finais e
a recompensa que herdarão por sua fé e lealdade a Cristo. Vemos uma igreja
emergindo com ensinos e organização unificados em todo o mundo, e um acelerado
senso de responsabilidade em atividades de publicação, médicas e educacionais,
culminando com uma distinta visão de responsabilidade na pregação do evangelho
e uma dedicação financeira incomparável para cumpri-la. Vemos um povo feliz em
seu conhecimento maduro do plano da salvação, confiante de sua aceitação em
Cristo, e ciente do significado do ministério de nosso Senhor em nosso favor no
santuário celestial.
O
que motivou Ellen White a servir como mensageira de Deus? Foi riqueza ou fama?
Não. Ela viveu uma vida
de abnegação. Conquanto se mantivesse e mantivesse sua obra com o salário de um
ministro e com os modestos royalties de seus escritos, não considerava sua
renda como lhe pertencendo. Tudo o que não era usado para suas necessidades,
ela colocava na causa à qual servia. Por ocasião de sua morte não deixou grande
patrimônio. Até hipotecou a renda potencial de suas produções literárias, que
somava quase cem mil dólares, a fim de ter meios para publicar seus últimos
livros e promover a causa de Deus. De sua experiência financeira, ela escreveu
certa vez: “O Senhor viu que podia nos confiar seus recursos. Ele continuou
vertendo, e nós continuamos deixando extravasar.”125 Era notoriedade ou fama
que ela buscava? Não. Ela achava a vida pública difícil. Sobrecarregada com a
responsabilidade de apresentar testemunhos pessoais de advertência e
reprovação, ela declarou certa vez: “Tem sido difícil para mim o dar as
mensagens que Deus me deu para aqueles que amo.”126 Em outro momento de seu
ministério ela declarou que se fosse dada a escolha de ter outra visão ou ir
para a sepultura, ela escolheria a sepultura. Ela provou a experiência
mencionada pelo Mestre, de que “não há profeta sem honra senão na sua terra”
(Mat. 13:57). Qual então era sua motivação? Era seguir o mandado do Senhor e
servir como Sua mensageira, sem considerar custos ou recompensas, sempre
ansiosa para salvar almas para o reino de Deus. Era ouvir afinal as palavras:
“Bem está.”
E
o que dizer das produções literárias de Ellen White, suas qualidades e seus
frutos?
Elas se encontram no
mais alto plano. Sobre este ponto, Urias Smith, um editor e companheiro de
obra, declarou: 1. Eles se inclinam para a mais pura moralidade. Desabonam todo
vício, e exortam à prática de toda virtude. 2. Eles levam a Cristo. Como a
Bíblia, apresentam-no como a única esperança e o Salvador da humanidade 3. Eles
nos levam à Bíblia. Apresentam esse Livro como a inspirada e inalterável
Palavra de Deus. 4. Têm trazido conforto e consolo a muitos corações. Têm
fortalecido os fracos, encorajado os débeis, despertado os desanimados. Têm
trazido ordem à confusão, retificado os caminhos tortuosos, e lançado luz no que
era sombrio e obscuro.127
Como é que centenas têm
sido levados ao Salvador através da leitura de O Desejado de Todas as Nações,
Caminho a Cristo e O Grande Conflito? Como é que o livro A Ciência do Bom
Viver, publicado em 1905, nunca teve de ser revisado, enquanto que os livros
médicos sobrevivem apenas uma década ou duas? Por ocasião da morte de Ellen
White, o sério jornal semanal, The Independent, publicado na cidade de Nova
Iorque, traçou os pontos altos da experiência de Ellen White num artigo intitulado
“Uma Profetisa Americana”. Então, falando dos frutos de seu ministério da
igreja adventista do sétimo dia, o jornal declarou: Estes ensinos foram
baseados na mais exata doutrina das Escrituras. O Adventismo do Sétimo Dia não
podia ser obtido de nenhuma outra forma. E o dom de profecia devia ser esperado
conforme fora prometido à “igreja remanescente” que se havia apegado firmemente
à verdade. Esta fé deu grande pureza de vida e zelo incessante. Nenhuma corpo
de cristãos os excede em caráter moral e fervor religioso.128
Que
dizer do ministério público de Ellen White?
Os registros mostram
que ela era uma oradora pública muito requisitada, tanto dentro quanto fora das
fileiras adventistas. Ela era frequentemente a oradora do sábado de manhã nas
sessões da Associação Geral, dirigindo-se a milhares de pessoas, colocando-se
diante delas sem anotações, e era uma oradora favorita nas reuniões campais,
sessão após sessão. Em reuniões evangelísticas na América e além-mar ela
conservava o auditório, frequentemente composto em grande parte por
não-adventistas, encantado por uma hora ou uma hora e meia, quase sempre
falando sem anotações. Em 1876, antes da era dos microfones, ela se dirigiu a
cerca de vinte mil pessoas que se reuniram numa reunião campal em Groveland,
Massachussets, e conseguiu que o auditório a ouvisse. No encerramento da
reunião, ela foi convidada a ir a uma cidade próxima na noite seguinte para
falar numa reunião de temperança num auditório público.
Que
dizer de Ellen White como conselheira requisitada?
Dirigentes da igreja,
desde o presidente da associação local e os diretores de instituições até o
presidente da Associação Geral, por carta ou pessoalmente, vinham a ela em
busca de conselhos e orientações para o cumprimento de suas responsabilidades e
para a tomada de importantes decisões. Ela não tinha nenhum livro para
consultar. Os assuntos discutidos variavam grandemente. Mas eles nunca foram
desapontados nos resultados de seguirem o conselho que receberam da pena ou dos
lábios dela. Após narrar novamente uma experiência de prosperidade que veio à
obra ao serem seguidos os conselhos do Senhor dados através de Ellen White, A.
G. Daniells, que foi por muitos anos presidente da Associação Geral, exclamou:
Em tudo isto vemos o grande valor do Espírito de Profecia às pessoas na causa
de Deus. Ele dá luz e compreensão que vão muito além da compreensão humana.
Leva-nos a grandes empreendimentos dos quais fugiríamos porque não vemos o
futuro nem a plena importância do que somos chamados a fazer.129
O Pastor Daniells,
próximo ao final de sua vida, deu este solene testemunho: Neste presente ano do
Senhor de 1935, a Srª White já está no repouso há vinte anos, enquanto eu
continuo labutando. Passei 23 anos observando diretamente a obra de sua vida.
Desde sua morte tenho tido 20 anos a mais para cuidadosa reflexão e estudo daquela
vida e de seus frutos. Agora, em idade avançada, tendo a obrigação de expressar
apenas a verdade sóbria e honesta, posso dizer que tenho a profunda convicção
de que a vida da Srª White transcende em muito a vida de qualquer pessoa que eu
já tenha conhecido ou com quem tenha estado associado. Ela era uniformemente
agradável, alegre e corajosa. Nunca era descuidada, frívola, ou de alguma forma
vulgar em sua conversa ou maneira de viver. Ela era a personificação do sério
fervor quanto às coisas do reino. Nem uma só vez a vi gabar-se do Grã cioso dom
que Deus havia conferido a ela, ou dos maravilhosos resultados de seus
esforços. Ela com certeza se regozijava nos frutos, mas dava toda a glória
Àquele que operava através dela.130
A
ESCOLHA É NOSSA
E assim, tendo o poder
de escolha que Deus nos concedeu e as evidências diante de nós, precisamos,
como adventistas do sétimo dia, fazer nossa decisão. O Senhor dá evidência
suficiente para todos os que desejam conhecer a verdade, mas nunca irá compelir
ninguém a crer. Devemos ponderar cuidadosamente as palavras: Deus não Se propõe
a remover toda ocasião para descrença. Ele dá evidências, que devem ser
cuidadosamente investigadas com uma mente humilde e espírito disposto a
aprender, e todos devem decidir a partir do peso das evidências. Deus dá
evidências suficientes para que a mente honesta creia; mas aquele que volta as
costas para o peso das evidências porque há algumas coisas que não estão claras
a seu entendimento finito será deixado na fria e enregelante atmosfera da
descrença e dos questionamentos duvidosos, e naufragará na fé.131 George I.
Butler resumiu a influência positiva das visões de Ellen White na igreja: Elas
sempre foram tidas em alta estima pelos mais zelosos e humildes dentre nosso
povo. Elas têm exercido uma influência orientadora sobre nós desde o princípio.
Elas chamaram primeiro a atenção, antecipadamente, para todos os avanços
importantes que fizemos. Nossa obra de publicações, o movimento de saúde e
temperança, o Colégio e a causa da educação avançada, o empreendimento
missionário, e muitos outros pontos importantes, devem sua eficiência em grande
parte a esta influência. Descobrimos através de uma longa, variada e, em alguns
casos, triste experiência, o valor do conselho proporcionado por elas. Quando
demos ouvidos a elas, prosperamos; quando fizemos pouco caso delas, sofremos
grande perda.132
Referências:
1 Des Cummings, Jr. and Roger L. Dudley, “A
Comparision of the Christian Attitudes and Behaviors Between Those Adventist
Church Members Who Regularly Read Ellen White Books and Those Who Do Not,”
abril de 1982. Disponível no Patrimônio White. ↑
2 Walter T. Rea, TheWhite Lie (Turlock, CA: M & R
Publications, 1982), 409 pp. ↑
3 Ibid., p. 191. ↑
4 Ibid., p. 32. ↑
5 Ibid., p. 35. ↑
6 Ibid., p. 38. ↑
7 Ibid., p. 45. ↑
8 Ver “Ellen G.White Book and Pamphlet Titles,” abril
de 1982. Disponível no Patrimônio White. ↑
9 Ver Neal C. Wilson, “This I Believe About Ellen G.
White,” Adventist Review, 20 de março de 1980, pp. 8-10. ↑
10 Ministry, junho de 1982, pp. 4-19. ↑
11 Ver Robert M. Fowler, “Using Literary Criticism on
the Gospels,” The Christian Century, 26 de maio de 1982, pp. 626-629. ↑
12 The White Lie, p.
136. ↑
13 The White Lie, p.
203, menciona a acusação, mas não o contexto histórico. Ver Ron Graybill, “D. M. Canright in Healdsburg: The
Genesis of the Plagiarism Charge,” Insight, 21 de outubro de 1980, pp. 7-10. ↑
14 Com relação a Bunyan, ver William York Tindall,
John Bunyan: Mechanick Preacher (New York: Russell & Russell, Inc., 1964),
pp. 194ff. Com relação a Wesley, ver Donald H. Kirkham, “John Wesley’s ‘Calm
Address’: The Response of the Critics,” Methodist History, outubro de 1975, pp.
13-23. ↑
15 Citado em Joseph P. Lash, Helen and Teacher (New
York: Delacorte Press/Seymour Lawrence, 1980), p. 146. ↑
16 Ver George Hatvary, “Notes and Queries,” American
Literature, novembro de 1966, pp. 365-372. ↑
17 The White Lie, p. 224. Ver [Uriah Smith], Review
and Herald, 6 de setembro de 1864, p. 120. ↑
18 Ver Merwin R. Thurber, “Uriah Smith and the Charge
of Plagiarism,” Ministry, junho de 1945, pp. 15, 16. ↑
19 The White Lie, pp. 110, 112. ↑
20 D. E. Robinson e W. C. White, “Brief Statements
Regarding the Writings of Ellen G. White” (St. Helena, CA, escritório de “Elmshaven”,
agosto de 1933, reimpresso, 1981), p. 11. Reimpressão disponível no Patrimônio
White. ↑
21 Citado em Francis D. Nichol, Ellen G. White and Her
Critics (Washington, D.C.: Review and Herald, 1951), pp. 455-457. ↑
22 Ver “Was Ellen G.
White A Plagiarist?” uma reimpressão de artigos publicados na Adventist Review
de 17 de setembro de 1981. Disponível no Patrimônio White. Ver também nota 38
abaixo. ↑
23 The White Lie, pp.
77-81. ↑
24 Ibid., pp. 147-161. ↑
25 E. S. Ballenger, ed., The Gathering Call, setembro
de 1932, pp. 19, 20. ↑
26 Ver Ron Graybill, “Did The Great Controversy
Contain Stolen Illustrations?” Disponível no Patrimônio White. ↑
27 The White Lie, pp. 136, 137, 200, 222-224, 363-365,
371-373. ↑
28 “Brief Statements,” p. 7. ↑
29 Ellen G.White, O
Grande Conflito, p. xiv. ↑
30 Ron Graybill, “Analysis of E. G.White’s Luther
Manuscript,” p. 1. Disponível no Patrimônio White. ↑
31 The White Lie, pp. 112, 120, 127, 167, 200. ↑
32 Ellen G.White, “Testimonials,” Signs of the Times,
22 de fevereiro de 1883, p. 96. ↑
33 Ellen G. White, “Holiday Gifts,” Review and Herald,
26 de dezembro de 1882, p. 789. ↑
34 Ver por exemplo
Ellen G. White, “Proper Education,” The Health Reformer, julho de 1873, p. 221,
onde ela diz: “Fico satisfeita em encontrar o seguinte na inestimável obra do
Rev. Daniel Wise, intitulada The Young Lady’s Counselor, A.M.; e pode ser
obtida em qualquer livraria metodista [sic].” ↑
35 Carta 7, 1894. ↑
36 Manuscrito 25, 1890. ↑
37 Brief Statements,” p. 8. ↑”
38 Ver Vincent L. Ramik, “Memorandum of Law: Literary
Property Rights, 1790-1915,” pp. 5-7. Em Greene versus Bishop
(1858) a decisão da corte declarou que todas as autoridades … afirmam a
doutrina de que, se for extraída uma porção tal que faça com que o valor do
original seja sensível e materialmente diminuído, ou se os esforços do autor
original forem substancialmente apropriados por outra pessoa num grau
prejudicial, tal extração ou apropriação é suficiente, do ponto de vista legal,
para manter a ação judicial. O relatório completo de Ramik pode ser obtido no
Patrimônio White. ↑
39 The White Lie, pp. 50, 70, 115. ↑
40 Manuscrito 7, 1867, ver também Ellen G. White,
“Questions and Answers,” Review and Herald, 30 (8 de outubro de 1867), p. 260. ↑
41 Ibid. ↑
42 Ellen G.White,
Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, p. 67. ↑
43 Carta 37, 1887. ↑
44 The White Lie, pp. 53, 391. ↑
45 Ron Graybill, “The ‘I Saw’ Parallels in Ellen
White’s Writings,” Adventist Review, 29 de julho de 1982, pp. 4-6. ↑
46 Arthur L. White, Ellen G. White: The Early
Elmshaven Years (Washington, D.C.: Review and Herald, 1981), p. 301. ↑
47 The White Lie, pp. 46, 139. ↑
48 Ver The Seventh-day Adventist Bible Commentary,
vol. 7, pp. 706, 708; Robert W. Olson, One Hundred and One Questions on the
Sanctuary and on Ellen White, pp. 105-107. ↑
49 The White Lie, p. 139. ↑
50 Ver W. C. White, “O Grande Conflito – Edição de
1911,” em Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 3, pp. 433-440; Ron
Graybill, “How Did Mrs. White Choose and Use Her Historical Sources,” Spectrum,
verão de 1972, pp. 49-53. ↑
51 The White Lie, pp. 200-204. ↑
52 Ellen G.White, Mensagens Escolhidas, vol. 1, p. 39.
↑
53 Arthur L. White, The Ellen G. White Writings
(Washington, D.C.: Review and Herald, 1973), pp. 46, 47; Comprehensive Index to
the Writings of Ellen G. White, vol. 1 (Mountain View, Calif.: Pacific Press,
1962), p. 182. ↑
54 The White Lie, pp. 200-201. ↑
55 Uriah Smith, “Personal,” Review and Herald Extra,
22 de novembro de 1887, p. 15. ↑
56 The White Lie, pp. 33, 66, 133, 200. ↑
57 Elizabeth Burgeson, “A Comparative Study of the
Fall of Man as Treated by John Milton and Ellen G. White” (Dissertação de
Mestrado, Pacific Union College, 1957). Burgeson notou a
similaridade entre Ellen White e John Milton a respeito de informação
extra-bíblica, e se perguntou como dois autores que teriam vivido com cem anos
de diferença um do outro, poderiam concordar entre si. Mas mesmo sendo
demonstrada uma dependência literária direta, não se pode dizer que a Srª White
realmente tenha lido o poema de Milton. As idéias de Milton, o grande poeta
puritano, permeou a teologia da Nova Inglaterra por gerações. O fato de a Srª White
utilizar uma frase de Milton em sua obra Educação, p. 150 [como notado por A.
L. White, “Supplement to the Reprint Edition: Ellen G. White’s Portrayal of the
Great Controversy Story,” em Ellen G. White, Spirit of Prophecy, vol. 4
(Washington, D.C.: Review and Herald, 1969 reimpresso), p. 536], não faz disso
um indicativo de dependência literária, uma vez que frases memoráveis de Milton
eram tão correntes em seu tempo quanto as de Shakespeare. ↑
58 J. N. e Angeline
Andrews para James e Ellen White, 2 de fevereiro de 1862, citado em Ron
Graybill, “John Nevins Andrews as a Family Man,” p. 16. ↑
59 J. N. Andrews, “The Labors of Bro. and Sr. White,”
Review and Herald, 3 de março de 1868, p. 184. ↑
60 J. N. Andrews, “Our Use of the Visions of
Sr.White,” Review and Herald, 15 de fevereiro de 1870, p. 65. ↑
61 The White Lie, pp. 114, 202. ↑
62 Ver “Veteran Chief of Adventist Attacks Foes,” e
“Acrid Debate Change [sic] Leader,” San Francisco Chronicle, c. 23 de maio de
1922; Claude Holmes para A. G. Daniells, 1o de maio de 1922 (carta aberta); “An
Interview With J. S. Washburn,” 4 de junho de 1950, Document File #242; J. S.
Washburn para A. L. White, 7 de outubro de 1948; “General Conference
Proceedings: Seventeenth Meeting,” Review and Herald, 24 de maio de 1922, p.
228. ↑
63 “Parting Interview Between W. C. White and A. G.
Daniells,” 20 de março de 1935, Document File #312-C. ↑
64 The White Lie, pp.
119, 203. ↑
65 O Espírito Santo
exalta e glorifica o Salvador. Sua missão é apresentar a Cristo. . . . Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 91.
↑
66 The White Lie, p.
203, identifica Lacey como um professor de Bíblia em cinco escolas adventistas.
No entanto, ele não era o professor de Bíblia em Avondale na ocasião em que
esses fatos ocorreram. ↑
67 H. C. Lacey to
Samuel Kaplan, 24 de julho de 1936. ↑
68 Ibid. ↑
69 The White Lie, p.
199. ↑
70 Uma declaração feita
por W. C. White antes do Concílio da Associação Geral em 30 de outubro de 1911,
citado em Ellen G.White, Mensagens Escolhidas, vol. 3, p. 437. ↑
71 Acreditamos que a
luz dada por Deus a Seus servos é pela iluminação da mente, comunicando assim
os pensamentos, e não (exceto em raros casos) as próprias palavras nas quais as
ideias devem ser expressas…. Review and Herald, 27 de novembro de 1883, p. 741.
↑
72 W. C. White para L.
E. Froom, 8 de Janeiro de 1928, citado em Mensagens Escolhidas, vol. 3, pp.
454, 455. ↑
73 The White Lie, pp. 124, 34, 59, 96. ↑
74 Ellen G.White, O Grande Conflito, pp. V, VII. ↑
75 Ibid., p. x. ↑
76 Tiago White, A Word to the Little Flock (1846), p.
13. ↑
77 Urias Smith, “Do We Discard the Bible by Endorsing
the Visions?” Review and Herald, 13 de janeiro de 1863, p. 52.
Smith passa então a provar que a Bíblia ensina a continuação dos dons nos
últimos dias, obrigando-nos a aceitar tais manifestações genuínas se desejamos
realmente nos firmar sobre a Bíblia e a Bíblia somente. ↑
78 Ellen G.White, Mensagens Escolhidas, vol. 1, p. 38.
↑
79 Carta 27, 1876. ↑
80 Ellen G.White, Sketches from the Life of Paul, p.
214. ↑
81 W. C White como
citado em Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 3, p. 462. ↑
82 W. C.White, Ibid.,
p. 446 ↑
83 Ellen G.White,
Mensagens Escolhidas, vol. 3, pp. 48-86. ↑
84 The White Lie, pp.
32, 34, 37, 57, 138, 141, 164, 271. ↑
85 Ver a Ciência Médica
e o Espírito de Profecia (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1973),
para mais informações sobre esse assunto. ↑
86 Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 1, p.
16; cf. Henry Melvill, Sermons (New York: Stanford and Swords, 1844), p. 131. ↑
87 Ron Graybill, “Ellen G.White’s LiteraryWork: An
Update,” pp. 31, 32. ↑
88 The White Lie, pp. 170, 208, 211-213. ↑
89 Ellen G.White, Life Sketches, p. 89. ↑
90 Nichol, op. cit., pp. 57, 58. ↑
91 The White Lie, p. 47. ↑
92 Ver W. C. White, “Sketches and Memories of James
and Ellen G. White,” Review and Herald, 14
de março de 1935, p. 10; A. W. Spalding, Origin and
History of Seventh-day Adventists, vol. 1
(Washington, D.C.: Review and Herald, 1961), p. 78,
nota 13. ↑
93 George Thomas Little, The Descendants of George
Little (Auburn, Me.: The Author, 1882), pp. 290, 291. ↑
94 The White Lie, pp. 60, 170. ↑
95 Carta 120, 1906. ↑
96 Manuscrito 61, 1906. ↑
97 Carta 180, 1906. ↑
98 Ver Ellen G.White, “A Messenger,” Review and
Herald, 26 de julho de 1906, pp. 8, 9; “Hold Fast
the Beginning of Your Confidence,” Ibid., 9 de agosto
de 1906, p. 8; “Correct Views Concerning the Testimonies,” Ibid., 30 de agosto
de 1906, pp. 8, 9, e 6 de setembro de 1906, pp. 7, 8. ↑
99 Manuscrito 61, 1906.
↑
100 Manuscrito 33,
1906. ↑
101 Carta deW. C. White
para os pastores Daniells, Prescott and Irwin, 13 de julho de 1906. ↑
102 Carta 120, 1906. ↑
103 Carta de W. C.
White para C. E. Stewart, 9 de junho de 1907. ↑
104 Ver Ellen G.White, “Our Present Position,” Review
and Herald, Aug. 28, 1883, pp. 1, 2. ↑
105 “A Statement Refuting Charges Made by A. T. Jones
Against the Spirit of Prophecy and the Plan of Organization of the Seventh-day
Adventist Denomination” (Washington, D.C.: General Conference Committee, maio
de 1906). ↑
106 Carta 224, 1906. ↑
107 Ibid. ↑
108 The White Lie, pp. 37-43. ↑
109 Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, livro 1, p.
74. ↑
110 Uriah Smith, “‘Wroth with the Woman.’ Rev. 12:17.”
Review and Herald, 17 de agosto de 1876, p. 60. ↑
111 The White Lie, p. 281. ↑
112 Carta de Marian
Davis para W. C.White, 9 de agosto de 1897. ↑
113 Arthur L.White, “The Story of Prophets and Kings,”
Adventist Review, 25 de junho de 1981, pp. 10-13. ↑
114 The White Lie, pp.
116, 201, 202. ↑
115 Carta de Marian
Davis para G. A. Irwin, 23 de abril de 1900. ↑
116 Carta deW. C. White
para Julia Malcolm, 10 de dezembro de 1894. ↑
117 Ellen G.White, Mensagens
Escolhidas, livro 3, p. 91. 118 Ibid., p. 90. ↑
119 Veja “How The
Desire of Ages wasWritten,” para uma extensa coleção de tais correspondências. Disponível pelo Patrimônio White. ↑
120 The White Lie, pp. 32, 59, 84, 87, 163, 197, 198,
200, 205, 218. ↑
121 The White Lie, pp. 84, 85, 164. ↑
122 Tim Poirier, “Results of a Survey Conducted at the
1935 Advanced Bible School.” Disponível pelo Patrimônio White. ↑
123 As acusações sobre
tirar de circulação, na década de 1930, estavam particularmente relacionadas a
Spiritual Gifts, vol. 1, e A Word to the Little Flock. Estas duas publicações
antigas foram desde então reimpressas e estão à disposição nos Adventist Book
Centers. ↑
124 Ellen White fornece
uma solução para esta dificuldade em Mensagens Escolhidas, livro 1, pp. 66-69. ↑
125 Manuscrito 3, 1888. ↑
126 Carta 59, 1895. ↑
127 Uriah Smith, “The Visions–Objections Answered,”
Review and Herald, 12 de junho de 1866, p.9. ↑
128 The Independent, 23 de agosto de 1915, pp. 249,
250. ↑
129 A. G. Daniells, The Abiding Gift of Prophecy
(Washington, D.C.: Review and Herald, 1936), p. 321. ↑
130 Ibid., p. 368. ↑
131 Ellen G. White,
Testemunhos para a Igreja, vol. 5, pp. 675, 676. ↑
132 George I. Butler, “The Visions,” suplemento da
Review and Herald de 14 de agosto de 1883, pp. 11, 12, citado em Witness of the
Pioneers Concerning the Spirit of Prophecy (Washington, D.C.: Review and
Herald, 1961), p. 48. ↑
Fonte: Este documento
foi preparado pela equipe do Patrimônio White em cooperação com o Instituto de
Pesquisas Bíblicas e a Associação Ministerial da Associação Geral dos
Adventistas do Sétimo Dia.
Primeira publicação em
agosto de 1982, revisado em janeiro de 1999.
FONTE: www.centrowhite.org.br
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