Joe
Crews
Introdução
Clérigos e leigos,
muitas vezes têm tropeçado sobre alguns dos escritos do Apóstolo Paulo.
Dispersos entre as cartas que Paulo endereçou as igrejas, estão alguns versos,
que quase parecem contrariar o que ele escreveu em outras Epístolas. Pelo menos
elas têm sido interpretadas como se houvessem contradições. Mas será que o
grande, espiritual e verdadeiro pensamento de Paulo escrevia coisas confusas?
Ou a contradição só existe na forma como leitores têm torcido suas palavras?
Um exemplo perfeito do
problema aparece nos primeiros versos de 2 Coríntios 5 onde Paulo fala sobre a
vida e a morte. Sua linguagem tem sido entendida por muitos para ensinar que a
recompensa dos justos é oferecida no momento da morte e que uma alma imortal
deixa o corpo para receber de imediato a recompensa ou o castigo. Se este é o
verdadeiro significado das palavras do Paulo, somos confrontados com algumas
incoerências graves dentro das suas Epístolas. Vamos examinar os versos em 2
Coríntios 5:1-8 e descobrir o que Paulo realmente ensina sobre esta questão
fundamental.
“Porque
sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de
Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus. Pois neste
tabernáculo nós gememos, desejando muito ser revestidos da nossa habitação que
é do céu se é que, estando vestidos, não formos achados nus. Porque, na
verdade, nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos oprimidos, porque não
queremos ser despidos, mas sim revestidos, para que o mortal seja absorvido
pela vida. Ora, quem para isto mesmo nos preparou foi Deus, o qual nos deu como
penhor o Espírito. Temos, portanto, sempre bom ânimo, sabendo que, enquanto
estamos presentes no corpo, estamos ausentes do Senhor (porque andamos por fé,
e não por vista); temos bom ânimo, mas desejamos antes estar ausentes deste
corpo, para estarmos presentes com o Senhor”.
Para obtermos uma clara
compreensão, vamos analisar os versos ponto por ponto:
Vs.
1 – Paulo começa falando de uma casa terrena e uma casa celestial,
e afirma: “Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se
desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos
céus”
Vs.
2 – Ele declara nossa condição na casa terrena.
“Nisto nós gememos” e “gememos oprimidos”
Vs.
2, 3 – Ele diz o que nós desejamos nesse estado.
“Desejando muito ser revestidos da nossa habitação que é do céu se é que,
estando vestidos, não formos achados nus”.
Vs.
4 – Paulo repete esses fatos mais uma vez. “Porque, na
verdade, nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos oprimidos, porque não
queremos ser despidos, mas sim revestidos”
Vs.
4 – Ele então declara o resultado de estar vestido com a casa do céu que tanto
desejava. “Revestidos, para que o mortal seja absorvido pela
vida”.
Vs.
5 –
O Espírito é uma promessa de que a
mortalidade será eventualmente engolida da vida. “O qual nos deu como
penhor o Espírito”
Vs.
6 – Paulo declara os motivos de sua confiança.
“Temos, portanto, sempre bom ânimo, sabendo que, enquanto estamos presentes no
corpo, estamos ausentes do Senhor”.
Vs.
7 – Um comentário entre parênteses sobre a vida cristã bem-sucedida.
“(porque andamos por fé, e não por vista)”.
Vs.
8 – Ele repete a disposição de estar ausente do corpo e de estar com o Senhor.
“Mas desejamos antes estar ausentes deste corpo, para estarmos presentes com o
Senhor”.
Com o tema exposto,
vamos determinar o significado dos termos que Paulo usa no texto. O que ele
quer dizer com a “casa terrena” e a “casa celeste”? Por ser “revestido” e
“despido”? Pela “mortalidade” ser “absorvida pela vida”? Por estar “ausente do
corpo” e “estarmos presentes com o Senhor”?
O apóstolo responde todas
estas questões para nós. No versículo 6, ele define “a nossa casa terrena” como
estando “presentes no corpo.” A característica principal da casa é que ela pode
ser “desfeita”. Em outras palavras, é mortal. Esta casa é terrena, portanto, o
nosso corpo é mortal ou a nossa atual condição mortal. Este fato parece óbvio
demais para mais comentários.
A casa do céu é
“eterna” ou imortal, e representa o estado de imortalidade que aguarda os
remidos para além da ressurreição. Aqui é onde entra o maior equívoco de todo o
quadro. Alguns têm pensado que a “casa do céu” é dada no momento da morte. Mas
o apóstolo enuncia claramente o momento em que Deus vai nos dar a imortalidade.
O
Tempo da Mudança
Observe como ele
explica, quando a “mortalidade é absorvida pela vida”, em Romanos 8:22, 23:
“mas até nós, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos,
aguardando a nossa adoção, a saber, a redenção do nosso corpo”. Este versículo
em Romanos é perfeito, e faz um impressionante paralelo com os versículos de 2
Coríntios 5:1-8 esclarecendo quando é que seremos revestidos com a
imortalidade. Repare na semelhança da linguagem e pensamento:
Para
os coríntios Paulo escreveu:
“Neste tabernáculo nós
gememos”
“O qual nos deu como
penhor o Espírito”
“Desejando muito ser
revestidos da nossa habitação que é do céu”
Aos
romanos, Paulo escreveu:
“Também gememos em nós
mesmos”
“Temos as primícias do
Espírito”
“Aguardando a nossa
adoção, a saber, a redenção do nosso corpo”
Estas duas escrituras
estão falando da mesma experiência. O objetivo último é, em ambos os casos,
mudar este corpo mortal para o corpo imortal e mudar essa “casa terrena”, para
entrar na “casa eterna nos céus.” Por favor note que em um versículo Paulo estava
“desejando muito ser revestido” para a casa do céu, e no outro versículo estava
“aguardando” a “redenção do corpo”
A comparação revela que
este revestimento para céu tem lugar na “redenção do corpo”. Paulo acrescenta o
esclarecimento definitivo em 1 Coríntios 15:51-53 quando novamente ele descreve
o momento que esta mudança vai se realizar: “…mas todos seremos transformados,
num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta; … que isto
que é mortal se revista da imortalidade”.
Em outras palavras,
mesmo que a morte deva dissolver esse corpo mortal, Paulo torna muito claro que
não seremos revestidos da nossa habitação que é do céu (imortalidade), até a
vinda de Jesus e a redenção do corpo. Isto também é estabelecido por repetidas
referências ao estado “nu” ou “despido”.
Despidos
na Morte
O que se entende pelo
termo “despido”? Repare que Paulo especificamente declara que ele não tinha
vontade de estar nu ou despido. Podemos estar certos, então, que o estado
despido não envolvia estar com o Senhor, uma vez que Paulo não deseja estar
despido [e ele desejava estar com o Senhor]. De fato, o apóstolo fez referência
a estar vestido em apenas duas casas, a terrena e a celeste. No estado despido,
ele não estava nem vestido com o corpo terreno e nem com o celeste. Isso deixa
apenas uma explicação possível. Estar “despido” ou “nu” é a condição de morte
que é o intervalo entre a dissolução da casa terrena e a entrada na celestial.
Somente
Duas Casas
Alguns afirmam que a
casa “eterna dos céus” é a alma imortal com o qual imediatamente entramos no
Céu quando a casa é dissolvida. Mas isto não pode ser. Repare na
impossibilidade de tal fato. Se a alma habita na “casa” celestial imediatamente
após a morte, o que acontece quando ele tem de habitar o corpo imortalizado
quando acontecer a ressurreição? É na ressurreição de corpos glorificados que
os justos habitam com Deus na eternidade. Isto envolveria aquelas almas que
deixaram a “casa eterna” nos céus”, que eles habitaram ao morrer, e foram para
os corpos redimidos na ressurreição. Então o que acontece com a suas casas
desocupadas? Estão os santos com “casas para alugar”? Além disso, essa visão
introduz algo que Paulo nunca mencionou, porque neste caso temos TRÊS CASAS,
mas a linguagem de Paulo permite apenas duas. E uma teria que ser abandonada de
acordo com a opinião popular. Ela iria esperar ser abandonada para cair em
ruínas? Tudo isto é não bíblico e absurdo. Este ponto de vista, é uma
impossibilidade.
O fato é que Paulo não
está falando sobre a alma. Ele não menciona sequer uma vez a alma no versículo
ou no seu contexto. Ele está simplesmente contrastando a vida atual com a muito
mais gloriosa vida para entrar no céu. Ele não está ansioso para o sono da
morte (sendo “despidos”) quando ele não estaria com o Senhor, mas ele está
esperando pela redenção do corpo quando ele ia ser revestido com a “casa eterna
nos céus.” Nesta vida ele estaria vestido com um corpo mortal, e depois a
mortalidade seria “absorvida pela vida”, e ele teria um celestial corpo
imortal. Mas tanto no tabernáculo terreno quanto no celestial ele continua a
ter um corpo. Paulo não faz referência à uma alma separada do corpo. Ou ele
possui um corpo neste planeta e está ausente do Senhor, ou ele possui um corpo
redimido no céu, e está presente com o Senhor.
O
Penhor do Espírito
Aqui é mais uma prova
positiva de que Paulo estava referindo-se a ressurreição como o tempo para que
seria posto na casa eterna. Tanto em Coríntios e em Romanos, Paulo enfatiza que
o Espírito foi uma promessa de que eles seriam revestidos com a imortalidade. O
que isso significa? O que o Espírito Santo pôs nos nossos corações como penhor
ou promessa? Trata-se de uma prova ou garantia de que temos almas imortais que
vão viver quando nosso corpo estiver morto? É o que Paulo dizia? Não. O
apóstolo diz muito claramente que o Espírito nos deu uma promessa da redenção
dos nossos corpos na ressurreição. “…fostes selados com o Espírito Santo da
promessa, o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de
Deus, para o louvor da sua glória”. Efésios 1:13, 14.
Não perca o ponto que o
“penhor, garantia do Espírito” aponta para o tempo em que recebemos totalmente
a nossa herança e a redenção do corpo ocorre. Paulo usou a mesma expressão em 2
Coríntios 5:5 ao falar sobre nos ser dada um tabernáculo celeste: “Deus, o qual
nos deu como penhor o Espírito”. Esse Espírito é a promessa ou garantia da
ressurreição do corpo. Outro texto elimina todas as dúvidas: “E, se o Espírito
daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos
ressuscitou a Cristo Jesus há de vivificar também os vossos corpos mortais,
pelo seu Espírito que em vós habita”. Romanos 8: 11. Este versículo fornece
prova inegável que o Espírito que vive dentro de nós é uma garantia (penhor) de
que os nossos corpos mortais serão transformados na ressurreição.
“Absorvido” Quando?
Agora vamos ver que
Paulo utilizou um argumento que para sempre se opõe à doutrina de que a alma
vai para o céu por ocasião da morte. Em uma simples afirmação, Paulo abalar a
tese popular da imortalidade natural do homem. Ele disse: “gememos angustiados,
… para que o mortal seja absorvido pela vida”. 2 Coríntios 5:4. Obviamente, a
mortalidade só pode ser “absorvida” pela imortalidade, ou a vida eterna. É esta
a ida da alma do corpo mortal na hora da morte? Vejamos isso. Segundo a opinião
comum, o que existe no homem que é mortal? O corpo. Além disso, o que é
imortal? A alma. Assumindo por um momento que isto seja verdade, então o que
acontece por ocasião da morte? Na morte, o corpo, que é mortal, não se torna
imortal, mas perde toda a sua vida e volta ao pó na sepultura. Além disso, a
alma, que antes era imortal, não é mais do que imortal depois. Existe um
“absorver a mortalidade pela vida” aqui? Só o inverso! Mortalidade, ou a parte
mortal, é “absorvida” pela morte! Aqui não há mais vida do que havia era antes,
porque depois da morte a alma vive, enquanto o corpo que estava vivo antes,
agora está morto. Esse argumento está em contradição com o que a Palavra de
Deus realmente diz. Devemos rejeitá-lo.
Paulo sabia que o
Corintios não iriam ser confundidos por seu idioma em 2 Coríntios 5 sobre a
mortalidade ser “absorvida” pela imortalidade, porque ele já havia escrito sua
primeira epístola para lhes explicar quando seria colocada a imortalidade. “…
num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta… que o corpo mortal
se revista da imortalidade … se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada
foi a morte pela vitória. 1 Coríntios 15:52-54.
Quando a morte ou
mortalidade vai ser “absorvida” ?” Quando é então? “Num abrir e fechar de
olhos, ao ressoar da última trombeta. Como pode alguém esbarrar na linguagem
destes versos?
Paulo ansiava por
aquela mudança do corpo mortal para o glorioso corpo imortal. Ele afirmou que a
mudança terá lugar no dia da ressurreição – trasladação. Sua principal
esperança era ser trasladado sem nunca ser “despido” na morte. Ele almejava
“ser revestido” pela trasladação por ocasião da vinda de Jesus, para que ele
não seja encontrado “nú” (na sepultura). A transladação significaria que a
mortalidade seria “absorvida pela vida.”
No entanto, ele se
apressou em expressar confiança, como acabamos de assinalar, na certeza da
ressurreição quando a morte seria “absorvida” na vitória (1 Coríntios 15:54).
Em ambos os casos, seja por meio da trasladação ou ressurreição, ele seria
“revestido” com o corpo imortal. Ou a mortalidade seria “absorvida”, por ser
trasladados ou a morte seria “absorvida” pela ressurreição.
Paulo não perderia
tempo com o estado de “despido” porque a sua esperança repousava no novo corpo
que receberia pela Volta de Cristo. Ele não pôde estar “eternamente com o
Senhor” até que a mudança ocorresse “num abrir e fechar de olhos.” O sono da
morte no túmulo não tinha nenhum apelo para Paulo, visto que parece que por um
segundo, ele se esquece de falar dos que morreram [em 2 Coríntios 5:1-8].
Olhando para além da não convidativa nudez da morte, para a terra da vida
eterna, Paulo excluía qualquer possibilidade de um estado intermediário entre a
morte e a ressurreição quando desincorporados espíritos poderiam estar
presentes com o Senhor.
Feitos
Para Quê?
O apóstolo faz um outra
consideração em 2 Coríntios 5, que destrói a ideia de uma alma desincorporada.
No versículo 5, ele afirma que “foi o próprio Deus quem nos preparou para isto”
Para que? Para que finalidade Deus fez o homem? As respostas de Paulo são dadas
para que possamos nos alegrar pelo fato de que a “mortalidade será absorvida
pela vida”. Será que esta é condição da existência de uma alma imortal
separada? Impossível! Porque se o homem não tivesse pecado, ele teria alcançado
esse estado sem ver a morte. O propósito de Deus em fazer o homem teria se
realizado sem ter existido a morte e a ideia de uma alma imortal nunca teria
existido. Com certeza que ninguém pode acreditar que Deus “nos forjou” propondo
que devemos pecar, morrer e deixar o corpo em alguma forma de alma invisível.
A
maior expectativa de Paulo
Um texto relacionado
que Paulo escreveu aos Filipenses, foi torcido e mal interpretado com 2
Coríntios 5. Aqui, novamente Paulo fala do sua “ardente expectativa.”
Filipenses 1:20-24:
“Segundo
a minha ardente expectativa e esperança de que em nada serei envergonhado;
antes, com toda a ousadia, como sempre, também agora, será Cristo engrandecido
no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte. Porquanto, para mim, o viver é
Cristo, e o morrer é lucro. Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o
meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado, estou
constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente
melhor. Mas, por vossa causa, é mais necessário permanecer na carne”.
Primeiro, vamos
esclarecer o que a “ardente expectativa” de Paulo realmente quer dizer no que
se refere a estar com Cristo. Paulo espera estar com Ele na morte? Não é um
texto da Bíblia que ensina uma coisa dessas. Deixe que o próprio apóstolo
responda sobre sua “ardente expectativa. “A ardente expectativa da criação
aguarda a revelação [manifestação na King James] dos filhos de Deus” Romanos
8:19. Quando a manifestação dos filhos de Deus seria revelado? O Versículo 23
responde: “gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção
do nosso corpo”. A esperança e ardente expectativa de Paulo era para o tempo em
que seu corpo seria redimido.
Ele não disse uma
palavra em Filipenses 1:20-24 sobre o tempo que ele iria estar com o Senhor.
Alguns tentaram interpretar esse texto como se Paulo dissesse que queria se
afastar e estar com Cristo imediatamente, mas a palavra imediatamente não
consta na escritura. Nestes versos, Paulo não determina especificamente quando
ele vai estar com o Senhor.
Ele apenas determina a
sua “ardente expectativa” de estar lá. Nós encontramos em outras escrituras que
sua expectativa centraliza-se na ressurreição do corpo ou trasladação em vida.
Outras passagens esclarecem ainda mais, sem qualquer ambiguidade, quando o
grande apóstolo tem a expectativa de estar com Cristo.
Romanos
8:23: a Redenção do nosso Corpo.
1
Coríntios 5:5: No dia do Senhor Jesus.
1
Coríntios 15:51-55: Na última trombeta.
Colossenses
3:4:
Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar.
1
Tessalonicenses 4:16: O Senhor mesmo descerá do céu com
grande brado.
2
Tessalonicenses 2:1: Na vinda do Senhor.
2
Timóteo 4:7, 8: No “Naquele dia” (Paulo fala do segundo
advento de Cristo).
Paulo tinha duas
condições em vista: viver ou morrer. Ele estava colocado contra a parede. Deus
o chamou para causa dEle na terra, mas ele estava fatigado de espancamentos,
apedrejamentos, e sofrimento corporal. Ele quase sentia que a morte seria
desejável durante as lutas da vida. Então havia um equilíbrio das influências
chamando-o em ambas as direções. Dificilmente ele sabia qual caminho preferir.
No entanto, ele sabia que era mais necessário para a igreja que ele
permanecesse aqui para lhes dar o benefício do seu conselho e trabalho.
Como
estaremos com o Senhor
Paulo positivamente
refutou a ideia de um espírito imortal que sai do corpo por ocasião da morte
quando ele assinalou o único meio de estar com o Senhor. Em 1 Tessalonicenses
4:16,17 ele disse: “Porque o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, à
voz do arcanjo, ao som da trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo
ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos seremos arrebatados
juntamente com eles, nas nuvens, ao encontro do Senhor nos ares, e assim
estaremos para sempre com o Senhor”.
Observe o significado
da palavra “ASSIM”. Significa “desta forma”, “deste modo”, “por esse meio.”
“ASSIM”, desta maneira, por este meio, “nós estaremos com a Senhor”. “Ao
detalhar, sem qualquer limitação, a forma e os meios pelos quais nós vamos
estar com o Senhor, Paulo exclui todos os outros meios. Se existe outra maneira
de conseguir estar com o Senhor, depois vermos a clara linguagem de Paulo, é um
estupenda falsidade. Se nós vamos estar com o Senhor, através do nosso espírito
imortal quando morrermos, então não vamos estar com Ele por meio da vinda
visível de Jesus, a ressurreição dos mortos, e a transformação para a vida. As
palavras de Paulo, então não seriam verdade. Não existe uma forma possível de
evitar tal conclusão, salvo, afirmando que a descida do Senhor do céu, o
poderoso brado, o trombeta, a ressurreição dos mortos, e a transformação para a
vida, TODOS OCORRERIAM QUANDO A PESSOA MORRE – uma posição demasiado absurda
para ser considerada.
Considerando que Paulo
cuidadosamente define a forma de ir estar com o Senhor, por que o homem deveria
tentar interpretar Filipenses 1:23 para dizer alguma coisa contrária à
explicação do próprio escritor? Como acabamos de notar, em 1 Tessalonicenses
4:16,17 Paulo sabia de apenas duas maneiras de estar com o Senhor: pela
trasladação ou pela ressurreição.
Viver
ou Morrer?
Paulo expressou a
esperança de que “Cristo deve se manifestar no meu corpo, quer seja pela vida
ou pela morte.” Paulo se prendia a noção da vida e da morte para um corpo
físico, e não alguma alma ou espírito. As alternativas que ele chamou ou eram
“para viver” ou “para morrer.” Ele estava entre estes dois. Se ele vivesse,
Cristo seria honrado, e se ele morresse como mártir, a causa de Cristo seria
honrada. Seria um “ganho” de qualquer forma, tanto para si, como para Cristo.
Mas considerando as
duas alternativas, sobre a qual ele não pôde completar sua ideia (para viver ou
para morrer), Paulo é subitamente surpreendido com uma terceira opção, a qual
ele declara rapidamente de ser “muito melhor” do que os outras duas. Ele
descreveu-a como “ter um desejo de ir estar com o Senhor”, que é muito melhor.
Melhor do que aquilo? Como é óbvio, do que qualquer um dos dois que ele
mencionou (viver ou morrer). Mais uma vez, somos lembrados do esmagador desejo
de Paulo de ser trasladado sem passar pelo estado “despido” da morte. Esse era
o seu desejo mais profundo. Uma vez mais, estamos constrangidos a perguntar:
Quando é que Paulo esperava ocorrer esta trasladação? Além disso, quando ele
esperava a transformação da mortalidade para a imortalidade? Ele responde:
“Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis
com ele em glória”. Colossenses 3:4. Quando é então? Na Sua segunda vinda. Os
salvos têm aparecido com Ele na glória já? Não. Isso só acontecerá então,
quando Ele aparecer.
João concorda com
Paulo, “Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele;
porque assim como é, o veremos” 1 João 3:2. Pense por um momento sobre as
implicações dessa afirmação.
João não poderia ter
acreditado que os justos mortos já estavam na presença do Senhor. Se for assim,
eles foram capazes de vê-lo “como ele é” e naquele momento eles já teriam sido
transformados para serem “semelhantes” a Cristo. No entanto, ele refuta a ideia
de que qualquer um já O tenha visto e declara inequivocamente que tudo vai
acontecer “quando ele se manifestar”.
Trasladação
ou Ressurreição?
Finalmente, voltemo-nos
a lembrar que no caso de Paulo não foi permitido abdicar desta vida através da
trasladação em vida e ele teve que partir pela morte, não esperando estar com
Cristo até a ressurreição. Ele esclarece isso em 2 Timóteo 4:6-8: “Quanto a
mim, já estou sendo derramado como libação, e o tempo da minha partida está
próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a
coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará NAQUELE
DIA; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.
Na linguagem mais clara
possível, não só explica Paulo, mas também enfatiza que a sua recompensa será
dada na vinda de Cristo. Apesar da partida “estar próxima”, ele não esperava
estar com Cristo imediatamente. Ele disse que “desde agora” a coroa da justiça
“me está guardada”. Ele iria recebê-la “naquele dia” com outros que iriam “amar
a sua vinda.” Certamente, nós que vivemos nos dias de hoje devemos esperar
aquele glorioso aparecimento quando nós também receberemos, com Paulo, a coroa
da justiça, que pela fé cremos que não está distante.
FONTE: Livreto “Ausente
do Corpo” do Site Amazing Facts
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