Teologia

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

ELE VEM EM MINHA GERAÇÃO


Vanderlei Dorneles*

Os fiéis de Deus que dormiram na fé esperavam Jesus em sua geração. Desde os apóstolos até os pioneiros adventistas, entre eles, Ellen G. White, todos aguardavam com grande expectativa a manifestação de Cristo, em seus dias.

Estiveram eles equivocados? Em que se fundamentavam suas esperanças: na especulação profética ou na viva Palavra de Deus?

Os sinais do fim se estendem ao longo da história como uma cadeia de eventos que permite aos estudiosos das profecias alimentar uma esperança viva de que o reino de Deus está às portas. Mas, hoje, seria nossa esperança na breve vinda de Cristo apenas uma esperança ou uma fé consciente?

A esperança tem que ver com a expectativa e a ansiedade de ver o reino de Deus. Já a fé se reveste, nesse caso, de certa dose de razão, passando a indicar aquilo em que se acredita ou que se sabe. A expectativa de Cristo vir em nossa geração é apenas uma esperança ou uma fé fundamentada em fatos e profecias cumpridas?

“Dentro em pouco”

 No mês de dezembro de 1844, aos 17 anos de idade, Ellen G. White recebeu a visão da caminhada do povo de Deus em direção ao Céu. Eles tinham uma luz intensa atrás de si, a qual iluminava todo o caminho até a entrada da cidade santa. A visão despertou nos poucos remanescentes do movimento do advento, iniciado por Guilherme Miller, a certeza de que os crentes fiéis na volta de Cristo não seriam desapontados, mas chegariam finalmente à nova Jerusalém.

O relato dessa visão, em Primeiros Escritos (p. 13-20) é marcado pela convicção da iminência da segunda vinda de Jesus. Na narrativa, é predominante a primeira pessoa do plural (“nós”), que evidencia a esperança da jovem Ellen de que presenciaria toda a jornada do povo de Deus e de que Jesus viria em sua geração. Ela usou o advérbio “logo” três vezes e afirmou que o próprio Cristo lhe disse que, se ela permanecesse fiel, “dentro em pouco” entraria na nova Terra e comeria do fruto da árvore da vida.

Quase seis anos depois, em setembro de 1850, ela teve uma visão dos lugares celestiais, em que viu Jesus e o Pai no trono da Majestade. A visão tinha que ver com o juízo investigativo, no fim do qual Jesus viria. O assunto se desdobrou sobre o dever dos servos de Deus na Terra enquanto Jesus ministra por eles no lugar Santíssimo. Ela afirmou, então, que viu “que o tempo para Jesus permanecer no lugar Santíssimo estava quase terminando e esse tempo podia durar apenas um pouquinho mais” (Primeiros Escritos, p. 58). Novamente, Ellen G. White expressou uma clara convicção de que Jesus viria muito breve, ficando implícita sua crença de que Ele viria em sua geração.

O advérbio “logo” é empregado 44 vezes em Primeiros Escritos, boa parte delas com conotação de um lapso de tempo curto para a vinda de Cristo: “logo apareceu a grande nuvem branca” (p. 35); “logo será estendida” a proteção de Deus sobre os salvos para o grande dia final (p. 44); os salvos “logo serão recebidos” para tomar posse do “novo reino para todo o sempre” (p. 47); a obra de Deus na Terra “logo” será abreviada (p. 50); “o tempo do selamento é curto e logo passará” (p. 58). Nesse livro, logo é uma expressão recorrente que fala da expectativa de Ellen G. White na realmente breve manifestação de Cristo. Isso foi pouco depois do desapontamento de 1844.

Estaria Ellen G. White equivocada em sua expectativa, ou estaria ela ainda sob a influência da ansiedade do período pré-1844?

Mais tarde, em 1883, já com a maturidade de seus 56 anos, ela lamentou que a vinda de Cristo poderia ter ocorrido havia tempo. Se os adventistas, “depois do grande desapontamento de 1844”, tivessem mantido firme sua fé na vinda de Cristo e “seguido avante unidos”, Deus teria aberto o caminho e, no poder do Espírito Santo, “a obra teria sido concluída” e Cristo já “teria vindo”. Apoiada na experiência do Êxodo, ela diz que “não era a vontade de Deus que a vinda de Cristo houvesse sido assim adiada”, da mesma forma que Deus não pretendia que Israel vagueasse pelo deserto por 40 anos (Evangelismo, p. 695, 696).

Em diversos outros contextos, Ellen G. White expressou a convicção de que Jesus já poderia ter vindo e Seus servos poderiam não mais estar neste mundo. Para ela, o atraso se devia ao fato de que a igreja não estava firme na fé e na esperança da breve vinda de Cristo.

Para alguns, as palavras dela podem significar apenas sua inocente fé e a expectativa de ver Jesus voltar em seus dias, mas não necessariamente uma convicção produzida pelo Espírito Santo. No entanto, ela afirmou que foi o próprio Jesus quem lhe disse em 1844 que, “dentro em pouco” ou “logo”, ela estaria na cidade santa.

“Sem demora”

É preciso reconhecer que Ellen G. White não foi a única serva de Deus a alimentar uma expectativa escatológica marcada pela certeza da brevidade. Escrevendo aos tessalonicenses, Paulo afirmou que, no momento da vinda de Cristo, os justos ressuscitarão e, então, “nós os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados” (1Ts 4:17). Na primeira carta aos coríntios, ele também narrou os eventos finais em primeira pessoa (“nós”), expressando sua expectativa de que Jesus viria em sua geração: “nós seremos transformados” (1Co 15:52).

O apóstolo Pedro, ao pregar no Pentecostes, citou o profeta Joel e interpretou a descida do Espírito Santo sobre eles como o cumprimento dos “últimos dias” (At 2:17). Cerca de 30 anos mais tarde, ao dizer que “nos últimos dias” haveria escarnecedores questionando a aparente demora da vinda de Cristo, ele reafirma que “os últimos dias” estavam em andamento (ver 2Pe 3:3).

Como entender a expectativa de Paulo para seus dias e os “últimos dias” de Pedro que, na verdade, se têm transformado em últimos séculos e milênios?

A mesma expectativa foi mantida também por João. Por duas vezes ele disse que as coisas que havia escrito no Apocalipse em “breve” deveriam ocorrer (Ap 1:1; 22:6). João escreveu cinco vezes a expressão “sem demora” em relação à vinda de Cristo (Ap 2:16; 3:11; 22:7; 22:12; 22:20).

Teria João também se equivocado em sua estimativa da vinda de Cristo para “breve”, em seus dias? É preciso notar que, assim como a Ellen G. White, foi o próprio Jesus que afirmou cinco vezes a João que viria “sem demora”.

Além dos autores inspirados, outros servos de Deus também tiveram a mesma expectativa. Na alta Idade Média, o estudioso do Apocalipse Joaquim de Fiori (1131-1202) estava convencido de que o reino de Deus era chegado, em seu tempo. Em sua obra O Evangelho Eterno, ele dividiu a história em três eras: a do Pai (lei), do Filho (evangelho) e do Espírito (liberdade). Para ele, esta última seria o estabelecimento do reino de Deus na Terra, em que haveria perfeita liberdade no Espírito.

O reformador Martinho Lutero (1483-1546) não foi indiferente ao tempo do fim. Ele também acreditava que Jesus estava às portas, em sua geração. “Estou seguro de que o dia do juízo está muito perto, não importa que não saibamos o dia preciso. Talvez alguém o poderá precisar. Mas, sem dúvida, o fim do tempo está chegando” (citado em Ed. Peter Newman Brooks, Reformation Principle and Practice, p. 169). “Em Daniel 11, ele enxergou uma detalhada descrição do anticristo papal. Lutero estava certo de que seus dias eram o ‘tempo do fim’ referido em Daniel 12” (Robin Bruce Barnes, Prophecy and Gnosis: Apocalypticism in the Wake of the Lutheran Reformation, p. 40).

Tal era a convicção de Lutero da proximidade da vinda de Cristo que ele foi considerado entre seus seguidores como o “terceiro Elias”, comissionado a preparar o caminho do Senhor (Ibid., p. 242, 281).

João Calvino concordava com Lutero que “o anticristo papal exibia a marca da grande apostasia que deveria ocorrer antes do fim do tempo, e que a reforma da igreja estava exatamente trazendo o fim do tempo para o mundo”. Apesar disso, ele não acreditava que o juízo pudesse ser definido para um tempo específico, “mas estava convencido de que o fim seria breve” (Frederic J. Baumgartner, Longing for the End: A History of Millennialism in Western Civilization, p. 96).

E quanto a esses notáveis servos de Cristo, foram eles sensacionalistas e sectários porque acreditavam na segunda vinda de Jesus para seus dias? Estiveram equivocados em sua análise das profecias e dos tempos?

Possivelmente, essas perguntas é que estejam equivocadas para esse contexto. Na verdade, o que deveríamos indagar é acerca de qual era o segredo deles. Como eles puderam viver com tanta certeza e tão repletos de esperança?

Antes de tentar responder a essa pergunta, é importante frisar que a expectativa da iminente vinda de Cristo em nada os tornou sensacionalistas nem indiferentes para com o mundo. Pedro e Paulo trabalharam arduamente para lançar os fundamentos da igreja cristã. Lutero e Calvino dedicaram a vida ao estudo dos mistérios da Palavra de Deus, resultando seus esforços em traduções bíblicas e obras importantes para a igreja. Ellen G. White escreveu dezenas de livros, fundou igrejas, hospitais e escolas. A esperança os tornou ainda mais produtivos para Deus e para o mundo.

Qual seria então o segredo da esperança viva desses servos de Deus?

Evento inevitável

À luz das Escrituras, podemos dizer que a segunda vinda de Cristo é o desdobramento de uma cadeia de eventos, cujo fluxo é absolutamente irreversível. Essa cadeia tem na encarnação o seu primeiro fato concreto. No Antigo Testamento, os servos de Deus tinham apenas as promessas. A encarnação, porém, representa o início do cumprimento do plano de Deus. Quando tomou Jesus em seus braços, Simeão exclamou: “Os meus olhos já viram a Tua salvação” (Lc 2:29). Para os judeus, salvação não era uma experiência etérea, mas o reinado do Messias.

O nascimento de Cristo no mundo significou a interferência direta de Deus no reino de Satanás. Seu território passou a estar sob interferência do Céu, com a presença do próprio Príncipe das hostes celestiais. Ciente dessa realidade, ele tentou por todos os meios eliminar o menino Jesus.

Mais tarde, com a propagação da obra libertadora do evangelho, Cristo afirmou que via “Satanás caindo do Céu como um relâmpago” (Lc 10:18). Cada etapa da presença de Cristo no mundo patenteia ainda mais a realidade do reino de Deus. Sua morte e ressurreição puseram fim às chances de Satanás de interromper o plano divino. Quando apareceu a João nas visões de Patmos, Cristo declarou: Eu “tenho as chaves da morte e do inferno” (Ap 1:18), indicando que Ele tinha conquistado o reino do pecado e subjugado seu príncipe.

Paulo refletiu sobre a implicação da ressurreição de Cristo e sentenciou: “Todos serão vivificados em Cristo” (1Co 15:22). Considerando que para ele a ressurreição ocorrerá no último dia, a segunda vinda de Jesus se tornou, portanto, certa e inevitável. Esse devia ser um dos segredos dos apóstolos: eles estavam cientes dos resultados da morte e ressurreição de Cristo, e Sua segunda vinda se apresentava para eles como um evento garantido.

Ressurreto e glorificado, Cristo subiu ao Céu levando o troféu de Sua vitória. Muitos santos que dormiam no pó da terra ressurgiram com Ele e foram levados ao Céu como as primícias de Seu sacrifício (ver Mt 27:51-53; cf. Sl 68:18; Ef 4:8; O Desejado de Todas as Nações, p. 786). Jesus foi morto na Páscoa e após a ressurreição permaneceu na Terra por 40 dias (At 1:3). Sua entrada no Céu se deu poucos dias antes do Pentecostes. Os eventos desses 10 dias são da maior importância no desdobramento dos planos de Deus e os apóstolos estavam cientes disso. No sermão do Pentecostes, Pedro afirmou que o Jesus que os judeus haviam crucificado foi “exaltado” “à destra de Deus” e empossado como “Senhor e Cristo” (At 2:32-36). Paulo assegurou que o Cristo feito Servo ressurgiu e Se assentou nos “lugares celestiais”, tendo então completo domínio sobre todo “principado e potestade” (Ef 1:20-23) “nos céus, na Terra e debaixo da terra” (Fp 2:10; cf. Êx 20:4; Ap 5:13); ou seja, agora, Ele tem em Suas mãos o controle de tudo.

A entronização de Cristo junto à Majestade do Céu e a inauguração do santuário celestial ocorrem nos dias seguintes ao da Sua ascensão. Uma grande cerimônia celestial estava preparada para recebê-Lo após Sua estada na Terra. O Salmo 24 fala dessa recepção nas cortes celestiais e as visões de Apocalipse 4 e 5 retratam as cerimônias de Sua coroação como Rei e unção como Sacerdote. Ciente desses eventos, o escritor de Hebreus diz que “possuímos tal sumo sacerdote, que Se assentou à destra do trono da Majestade nos céus” (Hb 8:1-2). A entronização de Cristo como rei e sacerdote é a garantia de que o plano da salvação alcançará sua consumação e de que Sua segunda vinda é certa e inevitável.

O profeta de Patmos viu a entronização de Cristo no Céu, numa visão que reportou o evento que já fazia cerca de 60 anos. O conteúdo de Apocalipse 4 e 5, sem dúvida, estava na base da certeza de João de que Cristo viria “sem demora”. As visões destacam a dignidade de Deus por Sua obra criadora (Ap 4) e enfatizam a dignidade de Cristo por Sua obra redentora (Ap 5). Ao redor do trono de Deus, os anjos, os 24 anciãos e os seres viventes representam diferentes segmentos do mundo criado e redimido. Eles exaltam a Cristo como digno de abrir o livro selado, ou seja, de consumar o plano da redenção, porque com Seu sangue Ele comprou para Deus pessoas “de toda tribo, língua, povo e nação” (Ap 5:9). A unção de Cristo como sacerdote coincide exatamente com o momento em que o Espírito Santo foi enviado sobre os apóstolos, quando foram conquistadas para Deus pessoas de “todas as nações debaixo do céu” (At 2:5). Pedro relacionou a entronização de Cristo com a descida do Espírito Santo (At 2:33).

Os eventos reportados nas visões de Apocalipse 4 e 5, portanto, são da maior importância na compreensão da natureza irreversível do plano de Deus. Em seu comentário do Apocalipse, o teólogo adventista Ranko Stefanovic diz que essas visões descrevem “um evento decisivo na história do Universo”, quando Deus entrega todo o poder, o domínio e a autoridade (Mt 28:18) do Universo nas mãos dAquele que foi crucificado pela ira de malfeitores. O período que separa a entronização de Cristo de Sua segunda vinda é um tempo necessário para consumar a obra salvífica, mas deve ser breve, considerando-se Sua pressa de “reger as nações com cetro de ferro” (Ap 2:27; 12:5; 19:15). Ele tem pressa de vir para buscar os Seus queridos (Jo 14:1-3), mas não se pode ignorar que Ele tenha pressa de Se vingar de Seus inimigos. João descreve o “Verbo de Deus”, em Sua segunda vinda, dessa perspectiva. Ele disse que Seus olhos são como “chama de fogo” (Ap 19:12), de Sua boca sai “uma espada para ferir [do grego patásso: atacar, castigar, ferir] as nações” (v. 15), um exército O segue, ao pisar Ele, pessoalmente, o “lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso” (v. 15). Essa visão é compartilhada por Isaías, que registrou a fala do Guerreiro: “O dia da vingança Me estava no coração, e o ano dos Meus redimidos é chegado” (Is 63:4). Essas palavras destacam o dia do Senhor, como dia de ira sobre os povos, mas de salvação para os justos.

Uma vez que o Cristo crucificado e ressurreto passou a ser Senhor nos Céus e sobre a Terra, quanta pressa deve ter Ele de vir e encerrar Sua obra! Duvidar de Sua vinda ou questionar Sua tardança é ignorar essa cadeia de eventos ou imaginar que, depois de tudo que Ele já fez e alcançou, pudesse desistir do último evento que, na verdade, é a culminação de toda a Sua obra.

Esta deveria ser a compreensão dos apóstolos, dos reformadores e de Ellen G. White acerca da segunda vinda de Jesus: eles a viam como o evento clímax de uma cadeia de acontecimentos da história da salvação que, desde a encarnação, assumiu um fluxo irreversível e que, a partir da entronização de Cristo no Céu, se tornou revestida da maior urgência e certeza. Por isso, Cristo fala desse evento sempre com a conotação de pressa e brevidade. Ao dizer que vinha “sem demora”, a João, talvez Cristo indicasse que viria o mais rapidamente possível, dada Sua pressa de terminar a tarefa.

O segredo dos servos de Deus que creram na iminência da segunda vinda consistia em ter uma visão clara desse fluxo irreversível de eventos dos quais Jesus Cristo é o protagonista.

No entanto, poderíamos também nós ter a mesma esperança, e, como ocorreu com eles, a segunda vinda de Cristo demorar tanto para nós quanto já demorou para eles? Ou seja, mesmo que Jesus tenha pressa de vir, poderia haver ainda mais séculos de espera?

O calendário profético

Devemos reconhecer que, se na geração dos apóstolos, Jesus não poderia vir porque diversas profecias de tempo ainda não tinham alcançado cumprimento (1.260 e 2.300 anos), hoje isso não é impedimento. No tempo de Ellen G. White, não havia condições para uma rápida e definitiva propagação do evangelho no mundo. No entanto, neste início de século, nenhuma situação pode ser considerada impeditiva para a propagação do evangelho, a não ser a falta de pressa do povo de Deus.

O planeta está interligado pelas redes de comunicação instantânea. Um evento pode captar as atenções do mundo em questão de horas. Basta que haja uma motivação adequada para tanto. Desde a década de 1990, o capitalismo ocidental e a ideologia da liberdade individual e da emancipação encontraram espaço para sua ampla difusão no mundo. Mesmo nos países islâmicos, as novas gerações lutam por liberdade e por governos ao modelo ocidental. Os jovens querem liberdade para ter celular, internet e redes de comunicação. E poderá ser por esses meios que eles encontrarão a verdadeira liberdade no Espírito.

O próprio Cristo disse à profetisa Ellen G. White que ela estaria no Céu “dentro em pouco”. Isso implica que, neste período pós-cumprimento de todas as profecias de tempo, o fim pode chegar a qualquer momento. E se Cristo não veio ainda é porque uma única condição precisa ser satisfeita: o término da missão em todo o mundo. Essa conclusão da missão será, sem dúvida, uma realização do Espírito Santo. De posse de uma geração de crentes fiéis, ainda que poucos, Ele pode fazer isso, de fato, em pouco tempo.

Devemos considerar que, hoje, a igreja de Deus está estabelecida na maior parte do mundo e a Palavra de Deus está disponível no globo a um clique de mouse, ou a um toque na tela de um iPad. No momento em que o povo de Deus se tornar a notícia em todos os meios de comunicação e houver motivação para que as pessoas busquem conhecer a verdade, o restante do mundo poderá ser advertido em pouco tempo.

A condição para que os últimos eventos tomem lugar é que uma geração de fiéis se levante e resplandeça (Is 60:1), como instrumento do Espírito Santo, realizando obras poderosas e assumindo sua posição de forma clara diante do mundo e proclamando a terceira mensagem angélica (Ap 14:9-10). Então, essa geração dominará a cena do mundo através de todos os meios de comunicação. Assim, o Senhor que tem pressa em vir e que deseja vir “sem demora” cumprirá Sua promessa e assumirá o controle do mundo inteiro em Suas mãos.

A luz do caminho

A visão da jovem Ellen aos 17 anos assegurou aos crentes no advento que, não importando o que ocorresse, Jesus viria, e isso era um fato irrevogável. Além dessa garantia feita pelo próprio Deus, a visão é muito instrutiva em diversos aspectos. E faria bem lê-la atentamente.

Entre outras coisas, devemos perceber a importância atribuída à luz que clareia o caminho do povo de Deus até o Céu. Ela mesma diz que a luz “colocada” por trás deles no “começo do caminho” representa o “clamor da meia-noite”, que brilha ao longo de todo o caminho e não deixa que os pés tropecem (Primeiros Escritos, p. 14).

Isso significa que a experiência dos adventistas, pouco antes de 1844, quando eles tiveram certeza de que Cristo viria, não pode ser perdida de vista. A experiência do “clamor da meia-noite”, que lembra o aviso às virgens de Mateus 25, destaca o espírito de completa entrega para a proclamação da breve vinda de Cristo. Essa atitude deve ser como uma luz que brilha ao longo do nosso caminho até o encontro com o Senhor.

Temos muito mais razões do que os apóstolos, os reformadores e Ellen G. White para crer que Ele pode vir em nossa geração.

Ellen G. White disse que os dias que antecederam 22 de outubro de 1844 foram os mais felizes de sua vida. A ansiedade de ver Cristo pessoalmente é um sentimento que precisa ser sustentado no coração. Assim, a esperança será como uma luz na vida de todo adventista.

 *VANDERLEI DORNELES é editor de livros na Casa Publicadora Brasileira.

FONTE: Revista Adventista, Novembro de 2012, p. 8-12.

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