Teologia

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

QUANTO TEMPO MAIS TEREMOS QUE ESPERAR PELA VINDA DE JESUS?




Ricardo André

Quando aproximava-se da hora da Sua crucificação, Jesus falou muitas coisas importantes aos Seus discípulos. Entre elas, a promessa de seu retorno à Terra. “Virei outra vez”, prometeu Jesus. Ao longo de todos os tempos os cristãos sempre têm mantido os olhos voltados para essa grande promessa feita por Jesus para os Seus discípulos, mas todos admitimos que ela se estende a todos que, ao longo da história da humanidade, aceitaram o plano de salvação através de Jesus.

O retorno de Jesus em glória e majestade é a “bendita esperança” de todo crente (Tito 2:13), pois marca o fim da história deste mundo, de todo o mal, angústia, dor e morte, e o início de uma nova forma de vida que nunca terá fim. Essa esperança iluminava cada perspectiva do cristão primitivo. Ela é a bendita esperança da igreja Remanescente. Para os primeiro adventistas as palavras “bendita esperança” proviam um brado arrebatador. Enchiam seus corações de alegria. Enchiam seus sermões, eles as escreviam em seus hinos, até mesmo assinavam suas cartas “vós na bendita esperança”. O próprio nome “Adventista” traduz a nossa esperança e é a mensagem-chave da igreja em todo o mundo. Vale ressaltar que o movimento adventista surgiu com a expectativa da iminente vinda de Cristo e, mesmo depois do desapontamento de 1844, seus pioneiros continuaram aguardando esse evento. Partilhando fervorosamente dessa esperança (Ellen G. White, Eventos Finais, p. 36, 37) foi que, em 1851, Ellen G. White escreveu: “Vi que o tempo para Jesus permanecer no lugar santíssimo estava quase terminado e esse tempo podia durar apenas um pouquinho mais; que o tempo disponível que temos deve ser gasto em examinar a Bíblia, que nos julgará no último dia.” (Primeiros Escritos, p. 58).

Entretanto, não tendo vindo Jesus, passadas três décadas, ela foi acusada de ter feito uma declaração falsa. Em resposta, ela argumentou que essa acusação também poderia ter sido feita a Cristo e aos apóstolos, que também chamaram a atenção para a urgência do tempo: “… o tempo é curto” (1Co 7:29). “Vai alta a noite e vem chegando o dia” (Rm 13:12). (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 67).

Obviamente, eles não estavam enganados. “Os anjos de Deus em suas mensagens aos homens, apresentam o tempo como muito breve. Assim ele me tem sido sempre apresentado. É verdade que o tempo tem prosseguido mais do que esperávamos nos primeiros tempos desta mensagem. Nosso Salvador não apareceu tão depressa como esperávamos. Falhou, porém, a palavra do Senhor? Nunca! Devemos lembrar que as promessas e ameaças de Deus são igualmente condicionais.” (Idem). A demora da segunda vinda acontece, como veremos mais a frente, porque os filhos de Deus têm falhado em cumprir as condições estipuladas por Deus. (ver Ellen G. White, Maranata: O Senhor Vem! [MM 1977], p. 53).

Já se passaram mais de dois mil anos desde que Cristo prometeu voltar, e Ele ainda não voltou. Neste ano fará 35 anos que ouvi e abracei a mensagem adventista ainda na minha tenra idade, aos 11 anos de idade, numa igreja da cidade de Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco, e nela fui batizado em 17 de agosto de 1985. Eu tenho essa fé de ver face a face o meu Salvador, vindo na glória do céu. Tenho esperança de vê-Lo com meus olhos, enquanto vivo. Como os apóstolos e muitos outros crentes, creio na iminência da volta de Cristo, isto é, creio que Ele virá nos meus dias de vida. Esta mensagem preencheu a minha vida com fé e esperança. Desde 1984 tenho pregado acerca da volta gloriosa de Cristo. Não é muito se comparado com milhões ao redor do mundo que esperam a 40, 50, 60 ou mais tempo o cumprimento da profecia. Diante dessa realidade somos levados a perguntar: Por que Jesus ainda não voltou? Quanto tempo mais temos que esperar até que O encontremos na Sua volta? Que justificativa temos para continuar dizendo que a segunda vinda de Cristo ocorrerá em breve?

As Sagradas Escrituras e o Espírito de Profecia nos oferecem pelo menos quatro abordagens para a compreensão da aparente tardança.

1. O Evangelho Eterno precisa ser pregado em todo o mundo.

O Senhor deu a Seu povo uma missão a ser cumprida, antes de Sua vinda, ou seja, proclamar as mensagens dos três anjos (Ap 14:6-12), pregando o evangelho eterno, chamando a atenção do mundo para o Juízo final, santuário celestial e o ministério intercessor de Cristo e restaurando a observância do verdadeiro dia de repouso. A Bíblia afirma: “E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações, e então virá o fim” (Mateus 24:14, NVI). A pregação do evangelho em todo mundo habitado precede a volta de Jesus. De acordo que estas palavras de Jesus, Ele virá quando o evangelho alcançar todas as pessoas.

Ellen White declara inequivocamente que a volta do Senhor “não será retardada para além do tempo em que a mensagem for levada a todas as nações, línguas e povos” (Evangelismo, p. 697). Sendo que a pregação do evangelho é algo que pode ser feito com grande visão e dedicação total, ou com indiferença, e provavelmente nem ser feito de maneira nenhuma, resulta que a escolha humana implica em quanto tempo tardará. Por isso, Mateus 24:14 parece ser o sinal mais importante da proximidade da volta de Cristo.

Disse Ellen G. White: “Houvessem os adventistas, depois da grande decepção de 1844, ficado firmes na fé, e seguido avante em união no caminho aberto pela providência de Deus, recebendo a mensagem do terceiro anjo e proclamando-a ao mundo (…), a obra se haveria completado, e Cristo teria vindo antes para receber Seu povo para lhe dar o galardão.” (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 68). Em vez disso, muitos crentes vacilaram na fé e se tornaram oponentes da verdade. Mas, “não era a vontade de Deus que a vinda de Cristo fosse assim retardada” (Ibid.)

Ellen White comparou a demora da vinda de Jesus com a postergação da entrada dos israelitas em Canaã. Não era plano de Deus que vagueassem 40 anos no deserto; porém, por causa da falta de fé, retardaram a entrada na terra prometida (Hb 3:19). “Por quarenta anos a incredulidade, murmurações e rebelião excluíram o antigo Israel da terra de Canaã. Os mesmos pecados têm retardado a entrada do moderno Israel na Canaã celeste. Em nenhum dos casos as promessas de Deus estiveram em falta. É a incredulidade, o mundanismo, a falta de consagração e a contenda entre o professo povo do Senhor que nos têm conservado neste mundo de pecado e dor por tantos anos.” (Ibid., p. 69).

Para os israelitas, Deus era culpado pela longa peregrinação. Semelhantemente, os cristãos laodiceanos correm o perigo de lançar a culpa em Deus pela demora da segunda vinda. Ellen White indica: “Talvez tenhamos de permanecer muitos anos mais neste mundo por causa de insubordinação, como aconteceu com os filhos de Israel; mas por amor de Cristo, Seu povo não deve acrescentar pecado a pecado, responsabilizando Deus pela consequência de seu procedimento errado.” (Ellen G. White, Evangelismo, p. 696).

Ellen White ainda afirmou que “como as estrelas no vasto circuito de sua indicada órbita, os desígnios de Deus não conhecem adiantamento nem tardança” (O Desejado de Todas as Nações, p. 32). Essa fala dela parece estar em contradições as suas próprias palavras mencionadas acima. Mas não há contradições suas falas. O contexto da citação do O Desejado de Todas as Nações focaliza profecias de tempo específico, especialmente a das 70 semanas de Daniel 9, que tem cumprimento com data precisa. Outras profecias são muitas vezes condicionais. Mais adiante, no mesmo livro, Ellen White declara: “Dando o evangelho ao mundo, está em nosso poder apressar a volta de nosso Senhor. Não nos cabe apenas aguardar, mas apressar o dia de Deus. (II Ped. 3:12.)” (p. 633, 634). Deus está mais ansioso do que nós para pôr fim à batalha entre o bem e o mal e deter a violência do pecado – mas só quando a guerra for ganha. Terminar a guerra em um prazo cósmico arbitrário antes de ganhar o conflito seria conceder a vitória ao inimigo.

É preciso que se entenda que Jesus voltará quando nós, como Seu povo, decidirmos levar Cristo a todo o mundo. Precisamos entender que a incumbência de pregar o evangelho eterno não foi dada apenas aos pastores, mas a todos os membros que integram o corpo de Cristo, que é Sua igreja.  O Plano de Deus é que todos preguem.

Ellen G. White adverte: “A disseminação da verdade de Deus não se limita a alguns poucos pastores ordenados. A verdade deve ser difundida por todos os que professam ser discípulos de Cristo. ... É um erro fatal supor que a obra de salvação de almas depende só do ministério.” (Serviço Cristão, p. 68).

“A obra de Deus na Terra nunca poderá ser terminada a não ser que os homens e as mulheres que constituem a igreja concorram ao trabalho e unam os seus esforços aos dos pastores e oficiais da igreja.” (Ellen G. White, Obreiros Evangélicos, p. 352).

A parte mais animadora é que a mensagem adventista está sendo proclamada em 215 países e 1002 diferentes idiomas e dialetos (https://www.adventistas.org/pt/institucional/os-adventistas/adventistas-no-mundo/). Desde 1990, os pioneiros da Missão Global Adventista já deram início à obra missionária em 2.000 grupos não-penetrados anteriormente. Em 2016, a igreja chegou a 20.008.779 membros no mundo (https://noticias.adventistas.org/pt/noticia/institucional/igreja-adventista-chega-20-milhoes-de-membros-em-todo-o-mundo/). O desafio é que ainda existem 900 grupos populacionais de mais de um milhão de habitantes cada um, nos quais a mensagem ainda não foi ouvida.11

2. A ceara precisa estar madura (Marcos 4:26-29 e Apocalipse 14:14-20).

Esses textos indicam que a Segunda Vinda não ocorrerá até que a seara esteja totalmente madura. O amadurecimento da seara refere-se ao desenvolvimento do caráter. Acerca de Marcos 4:29, Ellen White comenta que “Cristo aguarda com fremente desejo a manifestação de Si mesmo em Sua igreja. Quando o caráter de Cristo se reproduzir perfeitamente em Seu povo, então virá para reclamá-los como Seus.” (Parábolas de Jesus, p. 69). Isso também está relacionado com o tema do grande conflito. A vitória de Cristo sobre Satanás envolve não só uma profissão de fé por parte de Seu povo, mas uma união amorosa diária com Jesus que persistentemente o molda à Sua semelhança. Como um lembrete de que pregar o evangelho jamais pode substituir viver o evangelho, esta abordagem, embora sujeita a muito mal-entendido, é um importante complemento para a primeira abordagem.

Em outras palavras, ainda não estamos preparados para ir ao Céu com Jesus. Esse preparo inclui algo mais que o desenvolvimento de um caráter semelhante ao de Cristo. Envolve ajuda para que outros também se preparem. Desenvolvimento do caráter cristão e pregação do evangelho andam de mãos dadas; são dois aspectos de uma realidade. “O objetivo da vida cristã é a frutificação – a reprodução do caráter de Cristo no crente, para que Se possa reproduzir em outros.” (Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 67).

Portanto, não é por indiferença ou esquecimento que o Senhor ainda não veio. É por misericórdia que Ele retarda Sua vinda (2Pe 3:9). “A longa noite de tristeza é árdua, mas a manhã é adiada em misericórdia, porque se o Mestre viesse, muitos seriam achados desprevenidos. A recusa de Deus em permitir que Seu povo pereça tem sido a razão de tão longa demora.” (Ellen G. White, Evangelismo, p. 694).

3. A misericórdia de Deus retarda a Sua vinda

Assim como Deus tem misericórdia de Seu povo, também é compassivo para com os descrentes. “Jesus retarda a Sua vinda, para que pecadores possam ter oportunidade de ouvir a advertência, e encontrar nEle refúgio antes que a ira de Deus seja derramada.” (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 458).


4. Para cada ser humano vivo, Jesus voltará durante sua existência – ou imediatamente ao fim da mesma.

O ensino bíblico de que a morte é um estado inconsciente de sono significa que mesmo aqueles que morrerem experimentarão a volta de Jesus em seu próximo momento consciente (Ecles. 9:5, 6; Sl 146:4; Jo 11:11-14, 40; 1Ts 4:13-18). Logo, aqueles que morreram esperando pela vinda do Senhor não terão noção da passagem de tempo, se demorou séculos ou até milênios, pois entre o momento em que fecharam os olhos na morte e a sua ressurreição para a vida eterna quando Jesus voltar, terá passado somente um milésimo de segundo! (Filipenses 1:21-24; I Coríntios 15:51-52). A despeito de quando na História Jesus vai voltar, cada indivíduo tem apenas uma vida na qual se preparar para a eternidade. Por isso, mesmo no Novo Testamento, Deus sempre apresentou o tempo como “em breve”. Por essa mesma razão, é tão perigoso definir quando, porque ninguém sabe quanto durará a vida de uma pessoa.

A única vida da qual podemos estar certos é o momento presente. Mesmo que alguém esperasse a Segunda Vinda dentro de seis meses, ninguém pode garantir que vai viver até então. O segredo de estar preparado para a volta de Jesus não está na intenção de ser fiel no futuro, mas na decisão de ser fiel no presente momento. Voltará Jesus em breve? Sim! Quando quer que Sua volta ocorra cronologicamente, será “em breve” para mim. O máximo de tempo que qualquer pessoa pode esperar pela volta de Cristo é o período de uma vida inteira. Para muitos de nós Ele provavelmente virá bem mais cedo.

A certeza da Sua vinda

Retomamos a pergunta feita no início deste artigo: “Quanto tempo mais teremos que esperar para O encontrar em Sua vinda? Felizmente, não nos compete saber. É da alçada divina. Deus sabe quando Seu Filho deverá voltar para nos buscar. O que me concerne é estar preparado, vigilante, hoje. É isso que o Senhor espera de mim e de qualquer que ama a Sua vinda. A verdade é que, independentemente de quanto tempo tenhamos que esperar, é certo que Jesus virá, pois Ele mesmo deu Sua palavra de honra ao prometer: “Virei outra vez” (Jo 14:3; Ap 22:20). Seu segundo advento é um certeza divina! O apóstolo Paulo sabendo que, no tempo do fim, os que houvessem aceitado o evangelho eterno seriam tentados a perder a confiança nele por causa da aparente demora da volta de Jesus, ele escreveu: “Porque ainda um pouquinho de tempo, e o que há de vir virá, e não tardará” (Hebreus 10:37, ACF). Deus mantém conta certa do tempo. A Bíblia permanece verdadeira. As mensagens transmitidas por visões proféticas a João e Daniel estão tendo seu cumprimento no presente, e muitas outras no futuro bem próximo. As mensagens dadas à Igreja Remanescente pela inspirada profetisa Ellen G. White nos guiarão até ao fim. Muitos luminares brilhantes poderão apagar-se, tornando-se trevas, mas a luz profética brilhará e mais à medida que se aproximar do glorioso dia da volta de Jesus.

Vislumbrando aquele grande dia Ellen White escreveu: “Dentro de pouco tempo Jesus virá para salvar Seus filhos e dar-lhes o toque final da imortalidade. Este corpo corruptível se revestirá da incorruptibilidade, e este corpo mortal se revestirá da imortalidade. As sepulturas se abrirão, e os mortos sairão vitoriosos, clamando: "Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?" I Cor. 15:55. Os nossos queridos, que dormem em Jesus, sairão revestidos da imortalidade. E, ao ascenderem os remidos aos Céus, abrir-se-ão os portais da cidade de Deus de par em par, e neles entrarão os que observaram a verdade. Ouvir-se-á uma voz mais bela que qualquer música que já soou aos ouvidos mortais, dizendo: "Vinde, benditos de Meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo." Mat. 25:34. Então os justos receberão sua recompensa. Sua vida correrá paralela à vida de Jeová. Lançarão suas coroas aos pés do Redentor, tangerão as harpas de ouro e encherão todo o Céu de bela música. Signs of the Times, 15 de abril de 1889” (Ellen G. White, Conselhos Sobre Mordomia, p. 350).

Que dia será aquele, quando Ele abrir todos os cemitérios do mundo! Erguerá os mortos e nos unirá pela eternidade como os nosso queridos. Jesus promete tanto aos ressuscitados quantos aos vivos: “(...) voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver” (João 14:3, NVI). Vidas solitárias e frustradas despertarão para a amizade com Jesus através dos tempos eternos.

Querido amigo, como está a sua fé e esperança na volta de Jesus? Esperando-O cada dia, preparado? Não me é tão importante que eu esteja esperando meu Senhor por 35 anos e quanto mais terei de esperar. O que me preocupa é meu preparo, da minha família e o da minha igreja nestes dias tão importante nos quais esperamos nosso Senhor. A vinda dEle é certa. Nunca percamos a fé e a esperança na Sua vinda. Ele é o Senhor do Advento. Nos preparemos e ajudemos a outros também a se prepararem para o glorioso encontro com Senhor. “Todo o que pretende ser um servo de Deus é convidado a realizar Seu serviço como se cada dia fosse o último.” (Ellen G. White, Maranata: O Senhor Vem![MM 1977], p. 106). Se fizermos dEle o Senhor do nosso coração, nós O receberemos alegremente por ocasião de Seu retorno à Terra.

Agora, convido você a orar a Deus. Na sua oração de consagração confirme ao Senhor o seu desejo de estar preparado quando Ele chegar e que deseja vê-Lo vindo naquela nuvem com glória e majestade! Não deixe esta decisão para mais tarde, pode ser tarde demais.

Que assim seja, é minha oração. “Amém. Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22:20).



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