Teologia

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

UM LINDO FUNERAL


Ricardo André

Você alguma vez já viu alguém chegar de um funeral e exclamar: “Olha, aquele funeral foi ótimo, muito lindo! Você não sabe o que perdeu”? Penso que não. Comumente os funerais são sempre tristes, deprimentes. Principalmente quando o morto é uma criança ou jovem. As Sagradas Escrituras, contudo, registram o caso de um funeral maravilhoso, que começou mal, mais terminou muito bom. Vejamos:

Logo depois, Jesus foi a uma cidade chamada Naim, e com ele iam os seus discípulos e uma grande multidão. Ao se aproximar da porta da cidade, estava saindo o enterro do filho único de uma viúva; e uma grande multidão da cidade estava com ela. Ao vê-la, o Senhor se compadeceu dela e disse: "Não chore". Depois, aproximou-se e tocou no caixão, e os que o carregavam pararam. Jesus disse: "Jovem, eu lhe digo, levante-se!" Ele se levantou, sentou-se e começou a conversar, e Jesus o entregou à sua mãe” (Lucas 7:11-15, NV).

Note que o funeral começara mal, como sempre, isto é, com pranto e lamentação, especialmente por parte da mãe, viúva, que perdera o único filho. E não há nada mais doloroso do que perder um filho, especialmente se é o único.

A viúva e mãe estava desesperada. Já era a segunda vez que passava por essa experiência. Anos antes sepultara o marido, e fora com grande sacrifício que criara o filho. Mas valera a pena, pois ele se tornara um excelente rapaz. Era sua única esperança de dias melhores. Mas agora ele se fora. Quem proveria o sustento da velha mãe?

Essa viúva não chorava apenas por que o seu filho estava morto. Mas chorava também porque o seu marido estava morto, ela chorava porque sabia que agora estaria sozinha, ela chorava porque já tinha enterrado o marido e já sabia exatamente como esse velório iria terminar.

Ela chorava por antecipação da dor que ainda iria sentir; chorava quando pensava no dia de amanhã, chorava quando pensava que um dia a vida dela era perfeita… Já que para o Judeu, se casar e ter um filho homem é o maior sonho de todos, e essa mulher conseguiu isso, achou um bom marido, foi abençoada com um filho e agora… Estava sozinha de novo.

Filho nos tempos bíblicos, representa sonho e promessa. No caso, o sonho que um dia ela sonhou, a promessa que havia se cumprido, agora deixou de existir, se pelo menos o seu marido estivesse vivo, nem tudo estaria perdido, pois eles poderiam tentar outro filho. Mas o marido já havia morrido a muito tempo e já não existe esperança nenhuma. Todo o futuro daquela mulher estava comprometido e fadado ao fracasso, não havia solução possível.

Como preparativo para o sepultamento, enrolaram o jovem em um lençol de linho e o depositaram numa espécie de padiola de vime. À tardinha, saiu o cortejo. Haviam acabado de atravessar o portão da cidade, quando se encontraram com outra multidão, alegre, animada, por ter conseguido a Jesus, o Doador da vida. E assim a morte se encontrou com a vida naquele entardecer.

Ao ver aquela mãe alquebrada pelo sofrimento, Jesus se compadeceu dela e lhe disse: “Não chore”. Palavras estranhas para serem ditas em tal ocasião. Mas Jesus disse isso porque sabia o que ia fazer. Ao tocar Ele o esquife, o cortejo parou. O ambiente ficou tenho. Então, em meio ao silêncio, ouviu-se a poderosa voz de Cristo: “Jovem, Eu lhe digo, levante-se!”

A multidão ficou arrepiada de espanto. O morto piscou os olhos e se levantou. Mãe e filho se abraçaram. As lágrimas de aflição se converteram em lágrimas de alegria e gratidão.

“Todo cristão que lamenta a perda de um ente querido encontra consolo na compaixão que Jesus sentiu pela viúva de Naim, e tem o privilégio do conforto no fato de que o mesmo Jesus ainda ‘vela ao pé de todo enlutado, à beira de um esquife’ (DTN, p. 319)” (Comentário Bíblico Adventista, v. 5, p. 834).

Caro amigo leitor, não foi este um lindo funeral? Começou com chorou e tristeza, mas terminou com alegria e riso. E assim será quando Jesus voltar: os que dormiram no Senhor Jesus se erguerão da sepultura para abraçar seus entes queridos.

Neste mundo estamos de passagem, não é aqui o nosso lugar de descanso. Precisamos cada dia olhar para cima e para o alto e ansiar o dia da nossa redenção. Deseja você que Jesus volte logo? O apóstolo Paulo afirma: “Se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, cremos também que Deus trará, mediante Jesus e juntamente com ele, aqueles que nele dormiram” (1 Tessalonicenses 4:14, NVI). Neste texto Paulo fala que como cristãos não devemos ter medo da morte. Ela é um doce sono, para quem morre em Cristo. Jesus morreu na cruz e ressuscitou, dando prova do Seu poder sobre ela. Assim quem morre em Cristo, ressuscitará.

Alguns queridos meus já partiram, tragados pela morte: Minha querida mãe, dia 25 de junho de 2004, aos 53 anos. Depois, no mesmo ano, minha vozinha Deutrudes Cordeiro. E mais recentemente minha sogra Janilda Matos de Santana, no dia 23 de novembro de 2016. Infelizmente, tivemos que dizer adeus à mãe, avó e sogra mais fortes e maravilhosas que conheci. As imagens delas permanecerão em minha memória para sempre, evocando muitas boas lembranças.Tenho a certeza que elas foram recolhidas e dormem até aquele dia, quando Cristo voltar e os anjos com toque de clarim de trombetas, chamarem todos os que dormem em Cristo, inclusive, minha mãe, avó e sogra (Mt 25:31; I Ts 4:13-18).

Tenho a esperança bíblica de que um dia nos encontraremos, não muito longe, no Novo Céu e na Nova Terra. Caminharemos pelas ruas de ouro da Santa Cidade que Deus preparou para aqueles que O amam (Ap 21). Estaremos juntos por toda eternidade sem fim com o nosso compassivo Salvador Jesus e todos os remidos do Senhor.

Esta separação que nos causa tanta dor não será eterna. Quando nosso querido Jesus voltar em glória e Majestade poderemos reencontrar todos os nossos queridos que morreram em Cristo, se crermos em Jesus. Esta ESPERANÇA está baseada sobre um sólido e indestrutível fundamento... Sim, ela se baseia na realidade de um Cristo vivo (I Co 15:4). A ressurreição do Senhor é o fundamento de nossa esperança (I Ped. 1:3; I Co 15:12-19). Assim como Deus, o Pai, trouxe Jesus, nosso Salvador, dentre os mortos na manhã de Sua ressurreição no jardim, fora dos muros de Jerusalém, assim com Ele também trará nossos queridos mortos à vida novamente, quando voltar a segunda vez. Ela também está fundamentada no prometido e esperado retorno do Senhor à Terra (I Tes. 1:10; Atos. 1:10, 11).

Haverá, então, uma feliz e eterna reunião! Viveremos por toda a eternidade sem fim com todos os remidos de todos os tempos. No Mundo do Amanhã que Deus trará para todos os que crerem nele não haverá mais morte. Ele nos promete: “Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas." (Ap 21:4).


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