O TRISTE FIM DO FILÓSOFO DO “DEUS ESTÁ MORTO”


 Ricardo André

Cresce cada ano no mundo o número de ateus, daqueles que adotam uma postura de indiferença ou até de contraposição à religião. Parece que falar contra Deus e a religião virou moda. Muitos se declaram ateus com orgulho. Declarar “não creio em Deus” parece sofisticado, evoluído, progressista e científico. O que mais me impressiona é perceber hoje um estranho fenômeno: o ateísmo militante, fundamentalista. Os cientistas ateus escrevem livros, artigos e realizam palestras defendendo “religiosamente” a improbabilidade de Deus, e tais materiais são reproduzidos pelos seus devotos seguidores. Nas redes sociais se multiplicam perfis ateístas questionando e zombando de Deus e dos cristãos.

Ao abeberar-se de pensadores do passado e da atualidade, estudantes e professores - grupos onde particularmente o ateísmo obtém sucesso - ficam irados com Deus e determinados a vê-lo morto e sepultado. Contudo, ao negarem a existência de um Deus, rejeitam Aquele que os criou, que os sustenta e é capaz de salvá-los. Eliminam a Deus de todas as coisas e pretendem resolver todos os problemas do mundo atual.

Os pensadores filosofaram tanto, que chegaram a dizer que Deus morreu, a exemplo de Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900). Ele foi um homem de uma inteligência privilegiada e um dos mais relevantes e influentes filósofos do século XIX. Mas, foi também o filósofo mais satírico em relação a Deus e ao sistema de valores cristãos. Vários de seus textos critica duramente a religião. Curiosamente, seu pai, Ludwig Nietzsche, era um pastor luterano e filho de pastor, assim como sua mãe. Seu avô por parte de pai escreveu diversos livros cristãos. A família de Nietzsche era extremamente envolvida com a religião.

Em 1864 ele entra, a pedido da mãe, para o curso de teologia e filologia clássica na Universidade de Bonn, entretanto, em 1865 ele abandona teologia se mudando para Leipzig. Rejeitou a crença religiosa durante sua adolescência e o seu contato com a filosofia afastou-o da carreira teológica. Ele despertou para a filosofia através do filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860). Ele disse que: “Schopenhauer foi, como filósofo, o primeiro ateísta confesso e inflexível que nós alemães tivemos”. Aos dezessete anos já era professor na Universidade de Basileia (Alemanha). Tornou-se um filósofo muito famoso e o primeiro filósofo moderno que ousou declarar que Deus morreu. Ao afirmar que “Deus está morto”, obviamente, queria enfatizar que “na civilização Ocidental, a religião em geral e o cristianismo, em particular, estão em um declínio irreversível. Está perdendo ou já perdeu o lugar central que ocupou nos últimos dois mil anos” (Site Filosofia na Escola). Para além da ênfase da perda da influência da religião na nossa cultura, expressa seu pensamento ateísta, bem como sua decisão de zombar de Deus e dos cristãos que creem Nele.

À semelhança dos pensadores iluministas do século XVIII, Nietzsche considerava a razão e a liberdade como valores supremos. Crendo que a democracia e o cristianismo tornava as pessoas em escravos, pois estes estavam sob o domínio ideológico criado por eles, dizia que estes estavam procurando impor ao mundo uma ordem fixa, entretanto, em seu pensamento, há uma constante mudança no pensamento, portanto, a degradação das antigas verdades fez com que o Deus do cristianismo viesse a morrer, então proclama a célebre frase: “Deus está morto!” (ROHMANN, Chris. O Livro das Ideias [Rio de Janeiro: Campus. 2000], p. 292).

Como consequência, os homens deveriam buscar valores que transcendessem a moral convencional divulgada pelo cristianismo. A grande preocupação de Nietzsche foi criar um super-homem, tão forte e inteligente que não dependesse de ninguém. Era a ideia da necessidade da formação de uma nova elite - não contaminada pelo cristianismo e pelo liberalismo - e que ao mesmo tempo os transcendesse.

Nietzsche afirmava ainda que os conceitos de Deus, pecado, paraíso e tantos outros conceitos cristãos não teriam nenhum significado especial se não fosse a definição dada pelos líderes religiosos. Desta forma, todos os crentes estariam subordinados à crença cristã. “O cristianismo é um absurdo da linguagem, uma aberração linguística, mera invenção humana, e a pretensa interpretação que ele faz da realidade é na verdade uma maneira de avaliar, valorar e impor de forma específica os signos linguísticos”, disse ele. (SALLES, Walter Ferreira. “Deus está Morto! Nietzsche e o “Fim” da Teologia”, Revista Reflexão [No. 83/84. 2003], p. 43).

Assim como para Freud, Nietzsche dizia que Deus é simplesmente uma ilusão sem fundamento criada na mente das pessoas. Para ele, as pessoas só poderiam crescer por meio da razão, sem esta, todas estavam em regime de escravidão.

Ele escreveu: “Nunca mais rezarás, nunca mais adorarás, nunca mais descansarás na confiança sem fim – te proíbes de parar diante de uma sabedoria última, bondade última, potência última, e desemparelhar teus pensamentos – não tens nenhuma constante vigia e amigo para tuas sete solidões – vive sem a vista de uma montanha que traz neve sobre a fronte e brasa no coração – não há mais para ti nenhum pagador, nenhum revisor para dar a última mão – não há mais nenhuma razão naquilo que acontece, nenhum amor naquilo que te acontecerá – para teu coração não está mais aberto mais nenhum abrigo, onde ele só tenha o que encontrar e nada mais para procurar – tu te defendes contra qualquer paz última, queres o eterno retorno de guerra e paz: – homem da renúncia, a tudo isso quereis renunciar? Quem te dará força para isso? Ninguém aqui teve essa força!” – Há um lago, que um dia recusou a escoar, e levantou um dique ali, por onde até agora escoava: desde então esse lago sobe cada vez mais alto. Talvez precisamente aquela renúncia nos emprestará também a força com que a própria renúncia poderá ser suportada; o homem, talvez, subirá cada vez mais alto, desde que deixar de desaguar em um deus.” (NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência (In: NIETZSCHE, Friedrich. Obras Incompletas. [Abril Cultural, 1974], §285).

Nietzsche se tornou a base para todo pensamento ateísta, seu desenvolvimento do pensamento acerca do funeral de Deus tem permeado a compreensão ateísta da divindade.

Para nós, cristãos, não há, é óbvio, nenhum argumento final e racional que possa provar, por si mesmo, a existência de qualquer coisa no âmbito espiritual. Daí em diante, é a fé! Nós depositamos a nossa confiança nas Sagradas Escrituras – não na mera observação humana – como a expressão máxima da verdade. “Pela fé entendemos que o universo foi formado pela palavra de Deus, de modo que o que se vê não foi feito do que é visível” (Hb 11:3).

Particularmente, acredito que se a ciência se abre para algo mais do que aquilo que é meramente materialista, então as respostas invisíveis para as principais questões começam realmente a entrar no foco. Foi nestas palavras que o apóstolo Paulo escreveu: “Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno” (2 Co 4:18, NVI).

Podemos, então, provar a existência de Deus? Não, somos incapazes de prová-la. Mas, também a ciência não pode refutá-la. A questão de capital importância é: Para onde apontam as evidências? Temos evidências suficientes para crer em Deus. O rei Davi declarou: “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos” (Sl 19:1, NVI). E o próprio Deus nos desafia: “Ergam os olhos e olhem para as alturas. Quem criou tudo isso?” (Is 40:26, NVI). Se “os céus declaram a glória de Deus e o firmamento proclama a obra das Suas mãos”, como canta o salmista, então o estudo do Céu [no sentido espiritual], dos céus e da natureza, iluminará a nossa compreensão do próprio Deus, de Seu caráter, bondade e poder.

Por exemplo, nos últimos 20 anos, cada vez mais evidências da astronomia, da astrofísica e de diferentes campos da biologia sugerem fortemente que muitas estruturas complexas no universo físico e biológico devem ter sido projetadas. A complexidade do Universo e da vida, bem como a exata adequação do nosso Universo para a vida ganhou admiração de cientistas e levou muitos deles a comentar que ele parece ter sido projetado por um ser inteligente. O mundo também deve ter sido planejado sabiamente para que a vida existisse. A variação de temperaturas deve ser compatível com a vida. Por isso, a distância do Sol, a velocidade de rotação e a composição da atmosfera devem estar em equilíbrio. Muitos outros detalhes do mundo devem ter sido cuidadosamente projetados. Na verdade, a sabedoria de Deus é revelada no que Ele criou.

A convicção de que Deus é o Autor da criação e a crença na racionalidade de Deus levaram muitos cientistas em séculos passados – e ainda levam muitos no presente – à cuidadosa observação e experimentação, a fim de compreenderem a estrutura e o funcionamento do mundo criado. A revista Diálogo Universitário v. 7, Nº 3, de 1995, traz uma interessante matéria sobre diversos cientistas do passado e do presente que foram e são cristãos, a exemplo de Werner von Braun. Ele era “alemão, o engenheiro de foguetes, foi diretor do Centro Marshall de Voo Espacial na década de 60. No prefácio de um livro ele diz: “Acho tão difícil compreender um cientista que não reconhece a presença de uma razão superior atrás da existência do Universo como compreender um teólogo que nega os avanços da ciência. E certamente não há razão científica pela qual Deus não pode reter a mesma relevância em nosso mundo moderno que Ele tinha antes de começarmos a perscrutar sua criação com telescópio, ciclotron e veículos espaciais”. [...] Num livro recente, 60 cientistas de renome, incluindo 24 que receberam o prêmio Nobel, responderam a perguntas sobre ciência e Deus. Um deles é Arthur Schawlow, professor de física na Universidade de Stanford, e detentor do prêmio Nobel em 1981. Ele diz: ‘Parece-me que quando confrontado com as maravilhas da vida e do Universo, a gente precisa perguntar por que e não apenas como. As únicas respostas possíveis são religiosas.... Acho necessidade de Deus no Universo e em minha própria vida’” (p. 8-10).

As descobertas na natureza levam os ateus a concluírem que o acaso, os longos períodos de tempo e a seleção natural são capazes de produzir qualquer coisa, ao passo que os cristãos podem concluir que a causa final de tudo é o Deus Criador.

I - O LEGADO TRÁGICO DE NIETZSCHE PARA SEUS SEGUIDORES

Qual o resultado da influência do niilismo de Nitzsche, dos outros filósofos sobre as pessoas da atualidade? Com base na perspectiva de Nietzsche, a vida não tem nenhum significado, propósito ou valor intrínseco. Que quadro desolador! Nietzsche, com o seu ateísmo severo pôde ver o que o modernismo faria ao sentido de propósito e significado da humanidade. Sua famosa (ou infame) citação “Deus está morto” foi um alerta sobre o vazio que a moderna visão de mundo antimetafísica deixaria dentro das almas dos humanos. E isso poderia facilmente incluir alguns dos seus próprios seguidores.

Numa frase frequentemente citada do seu livro Os Primeiros Três Minutos, o físico teórico estadunidense vencedor do Prémio Nobel, Steven Weinberg (1933-2021), escreveu: “Quanto mais o universo parece compreensível, mais também parece inútil” (Steven Weinberg, Sonhos de uma teoria final [Nova York: Vintage Books, 1993], 255). Respondendo à dura resposta negativa da frase, Weinberg, noutro livro, Dreams of a Final Theory, explicou que a sua declaração “precipitada” não significava que a ciência pensava que o universo era inútil, mas simplesmente que “o próprio universo não sugere nenhum sentido.” (Ibdem).

Já a astrônoma de Harvard, Margaret Geller, por exemplo, escreveu: “Por que deveria [o universo] ter um ponto? Que ponto? É apenas um sistema físico, qual é o sentido disso? Sempre fiquei intrigado com essa afirmação.” (Ibdem).

Esse é o legado trágico de Nietzsche para a geração atual: A dureza fria de uma visão de mundo que transformou tudo em “apenas um sistema físico”, que reduziu toda a realidade, toda a existência, apenas ao mundo natural, que contribuiu para que milhões de pessoas mergulhassem no niilismo (a visão de que a própria vida não tem sentido e – como o universo de Weinberg e Geller – é inútil). Uma cosmovisão que não existe lugar para qualquer transcendência, muito menos para um Deus pessoal como Yahweh. Uma cosmovisão que mantém milhões de pessoas nas garras da mentalidade modernista na qual a ciência e o método científico continua a ser a fonte de verdade mais confiável, se não a última ou mesmo a única, mas deixando essas mesmas pessoas com o vazio no coração, sem ver sentido e propósito para a existência e sem esperança, infelizes, enfim!

De fato, se não há Deus, e viemos do nada e para o nada iremos, como pregou Nietzsche e tantos filósofos e cientistas, então a vida não tem significado, não tem valor, nem propósito. Se a morte está de braços abertos no final da trilha da vida, então, qual é o objetivo da vida? É tudo por nada? Não há motivo para a vida? E quanto ao universo? É totalmente inútil? Se o destino do ser humano é uma sepultura fria nos recessos do espaço exterior, então a resposta deve ser 'sim, é inútil'. Não há objetivo, não há propósito para o universo. A lixeira de um universo morto continuará se expandindo para sempre. Portanto, é impossível as pessoas viverem verdadeiramente felizes sustentando essa visão de mundo ateísta. Se tentarmos viver de forma consistente no contexto da visão de mundo ateísta, nos encontraremos profundamente infelizes. Se, ao contrário, conseguirem viver felizes, é apenas para dar a mentira à sua visão de mundo. O ateísmo, portanto, não pode sustentar uma vida feliz e consistente.

É importante dizer também que, essas questões filosóficas e metafísicas têm consequências práticas nas nossas vidas. Veja só, a vida já é bastante difícil, mesmo para os cristãos que experimentaram o amor de Deus e que, mesmo que através de um “vidro escuro”, conhecem algo da maravilhosa riqueza dos seres feitos à imagem de um Deus que não apenas criou mas nos redimiu. E ainda assim, mesmo os crentes em Deus, nos momentos mais difíceis, não se perguntaram se tudo vale a pena? (Eclesiastes 1:14). Imagine, então, a vida daqueles que não conhecem a Deus ou negam Sua existência, que não experimentaram a esperança proposital encontrada no plano de salvação, mas acreditam, em vez disso, que esta existência é isso, ponto final - com nada além? É simplesmente devastador!

Insistimos com a pergunta que fizemos acima: Qual o resultado da influência desses filósofos sobre as pessoas da atualidade? Associado com diversos fatores, a contínua campanha de descrédito à fé tem contribuído fortemente para sedimentar o espírito de desesperança no coração de muitos, e isso leva as pessoas a perderem a paz e a alegria, e leva também muitos a tomar atitudes extremas contra a própria vida. É o caso de Mitchell Heisman, um universitário e intelectual, de 35 anos que, tendo perdido a fé em Deus, em qualquer coisa transcendente, e mergulhado no niilismo se suicidou, em setembro de 2010, no campus da Universidade de Harvard com um tiro na cabeça, na frente de uma igreja em Harvard Yard, deixando uma carta de suicídio mais longa da história conhecida: 1905 páginas, na qual expressava aonde seu niilismo o havia levado:

“Cada palavra, cada pensamento e cada emoção”, escreveu ele, “voltam a um problema central: a vida não tem sentido. A experiência do niilismo consiste em procurar e expor todas as ilusões e todos os mitos, onde quer que nos levem, aconteça o que acontecer, mesmo que nos mate.”

O TRISTE FIM DE NIETZSCHE

Nietzsche teve um triste fim. Durante toda a sua vida, ele sempre estava sofrendo de alguma doença. Em janeiro de1889, com quarenta e quatro anos de idade, andando de cavalo nas ruas de Turim (Itália), Nietzsche se sente mal e cai. Ele sofreu um colapso e uma perda completa de suas faculdades mentais. A partir do colapso em Turim, Nietzsche viveu um período de loucura incoerente, onde ele não conseguia mais escrever ou se expressar de forma coerente. Enlouqueceu. Passou a ser cuidado por sua mãe e, posteriormente, por sua irmã. A causa exata do seu declínio mental é tema de debate, com teorias que vão desde a sífilis (apontados por alguns especialistas) à outras causas. Permaneceu desta maneira até o dia de sua morte, ocorrida em 25 de agosto de 1900.

O site Aventuras na História afirma que Nietzsche ficou “famoso por ter morrido afundado na loucura, tendo confusões mentais desde o ápice de sua doença, durante o episódio do Cavalo de Turim”. [...] Suas últimas palavras foram “Mãe, eu sou um idiota”, uma década antes de sua morte. Isso porque evento na Itália levou sua mente ao colapso. Nietzsche passou 10 anos em silêncio profundo.”  Este foi o fim de um homem que tentou fugir de Deus.

A partir da compreensão que Nietzsche tinha acerca de Deus e da religião podemos afirmar que, como a vida não tem significado e propósito cada um de nós, individualmente, temos que criar nosso próprio significado. Cada vida precisa, argumentou Nietzsche, tornar-se uma obra de arte dedicada à auto-superação e à criatividade. Não devemos ficar presos ou limitados, disse ele, por um meta-esquema de suposta verdade que nos diz em que acreditar e como devemos viver.

Evidentemente que (se quiséssemos ser satíricos como Nietzsche foi com Deus e a religião), poderíamos perguntar humildemente: como a sua filosofia funcionou para o próprio Nietzsche? Simplesmente não funcionou para ele tão pouco funciona para o adeptos de sua filosofia. Tanto é assim, que nunca se casou (e nunca, aparentemente, teve um relacionamento romântico duradouro), e como já dissemos acima, desmaiou numa rua da Itália aos 44 anos e passou seus últimos anos em uma loucura semicatatônica. Morreu sem Deus e sem esperança de vida eterna.

Embora a triste vida de Nietzsche não refute a sua filosofia, nos remete à questão fundamental: como construir um sentido para a vida quando a própria estrutura da vida e tudo o que ela tem para trabalhar é “apenas um sistema”, um “inútil”?

Meu amigo ateu depois de ter lido meu texto “É possível um ateu ser feliz?”, falou-me: “Ricardo, a vida realmente não tem propósito. Mas, a gente cria nosso propósito. O meu, por exemplo, é ganhar dinheiro”. Será que depois que ele fizer fortuna poderá dizer que é um homem plenamente realizado, completo e feliz? Possivelmente, não! Após conquistar fortuna, se ele for honesto consigo mesmo, dirá que foi debalde seu esforço por acumular dinheiro, que tudo foi inútil. O vácuo da alma permanecerá lá, porque o vazio que sentimos no âmago da alma não é preenchido com dinheiro, diversões e fama, mas com a conexão com o compassivo Deus.

A fala de Paul McCartney, um dos integrantes da famosa banda os Beatles é emblemática e reforça aquilo que estamos defendendo. Note o que ele disse: “Acho que estávamos meio exaustos espiritualmente. Éramos os Beatles, o que era maravilhoso. Mas acho que havia aquele sentimento de ‘É ótimo ser famoso, é incrível ser rico - mas qual o sentido disso?’” (Site Rolling Stone Brasil, 28 de junho de 2019).  Paul descreve a época em que era membro dos Beatles como "maravilhosa", reconhecendo o impacto e a alegria que a banda proporcionou. Reconhece que, apesar de ser famoso e rico, a questão principal era encontrar um propósito mais profundo e significativo para a vida, que transcenda a riqueza e a fama. Sua fala revela um sentimento de vazio que, segundo Paul, era comum entre os membros da banda. Ele menciona que, embora a fama e a riqueza fossem positivas, a questão central era: "mas para que serve tudo isso?"

É uma ilusão achar que se pode ser feliz divorciado de Deus. Viver sem desenvolver a espiritualidade. Uma pessoa alienada de Deus possui um vazio na alma. O ser humano procura preencher esse vácuo se atirando nas aventuras mais extravagantes. Tenta fazer carreira, planeja sua vida até nos mínimos detalhes e busca segurança de todas as formas. Mas em seu coração continua infeliz. O caminho para uma vida plena de felicidade e alegria se chama Jesus Cristo e consiste naquilo que Ele realizou na cruz por nós, que é o perdão dos pecados. “Pois o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo.” (Rm 14:17) Viver em comunhão com Deus significa ser feliz. Jesus Cristo diz a todos os que creem. Salmo 1.1: “Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores!” (Salmos 1:1). Enquanto o homem viver acreditando que nunca precisará de Deus para ser feliz sua vida não será verdadeiramente completa. Só aquele que tem autoridade para restaurar um coração aflito pelas dores da vida pode promover a verdadeira felicidade. Diz as Escrituras Sagradas: “Assim acontece com vocês: agora é hora de tristeza para vocês, mas eu os verei outra vez, e vocês se alegrarão, e ninguém lhes tirará essa alegria” (Jo 16:22, NVI).

ETERNIDADE EM NOSSOS CORAÇÕES

Compare isto, no entanto, com o Cristianismo, com a visão de mundo que ele representa, que teria dado a Mitchell Heisman o significado que ele tão desesperadamente procurou, mas não conseguiu encontrar, num cosmos ímpio cheio apenas de “átomos e o vazio”.

Em vez disso, as Escrituras postulam o universo como a criação proposital de um Deus amoroso (João 1:1-3; Hb 1:2; 11:3), e a humanidade como cuidadosamente criada à Sua imagem (Gên. 1:26, 27), uma abordagem radicalmente diferente do massacre estúpido da evolução darwiniana. De acordo com a Bíblia, este Deus nos criou, nos sustenta (Dn 5:23; Hb 1:3; At 17:28) e, mais importante ainda, nos redimiu através de Seu próprio sacrifício na pessoa de Jesus em a cruz (Gálatas 1:4; 1 Timóteo 2:6).

A redenção é crucial porque ser meramente criado por Deus, por si só, não é suficiente para nos dar sentido – não quando todos enfrentamos a morte, o ácido insidioso que corrói todos os propósitos últimos. O que a vida pode significar quando ela – e todas as pessoas que conhecemos nela, todas as pessoas que já impactamos, quando todas as influências que já tivemos – desaparecerão no esquecimento, sem qualquer tipo de consciência para lembrar que alguma vez existimos?

Em Eclesiastes 3:11, Salomão fala de forma enfática que “Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim”. Segundo o texto bíblico, na criação, Deus colocou no coração do homem a eternidade, algo eterno, algo maior do que tudo que pensamos ou fazemos ou planejamos. O que significa isso? Isso quer dizer que, como Deus pôs no coração do homem o anseio pelo infinito, logo as coisas finitas não podem em toda a sua plenitude preencher o coração do homem. Isto é notório na sociedade como um todo. De acordo com as Sagradas Escrituras, fomos feitos à imagem de Deus (Gn 1:26, 27). Logo, fomos dotados por Deus de uma faculdade espiritual. Nós, então, não apenas somos capazes de contemplar a eternidade, mas fomos programados para isso. No entanto, é precisamente aqui que falhamos dolorosamente, até mesmo infinitamente. Se não cultivarmos nossa natureza espiritual, se não buscarmos nos conectarmos com Deus haverá sempre um vazio em nossa alma, uma incompletude.

É por isso que, é central para a cosmovisão cristã, o ensino de que o Senhor, o Criador de tudo o que foi feito (Jo 1:3), morreu por nós para que pudéssemos ter a promessa da eternidade que Ele havia colocado em nossos corações. “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna” (Jo 6:54). “E eu lhes dou a vida eterna” (Jo 10:28). “Quem não receberá muito mais neste tempo presente e no mundo vindouro a vida eterna” (Lc 18:30). “Estas coisas vos escrevi a vós que credes no nome do Filho de Deus; para que saibais que tendes a vida eterna” (1 Jo 5:13).

A MORTE NÃO É O PONTO FINAL

A glória da fé cristã é que Jesus responde às perguntas universais: As pessoas que já morreram poderão viver novamente? Encontrar-nos-emos de novo? Como cristãos, temos a promessa gloriosa: “Felizes os mortos que morrem no Senhor de agora em diante". Diz o Espírito: "Sim, eles descansarão das suas fadigas, pois as suas obras os seguirão" (Ap 14:13, NVI). Quem são esses mortos que “morrem no Senhor”? “São os que morreram com a fé fixa em Jesus” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 7, p. 924).

Neste texto sacro somos lembrados de uma verdade profunda e reconfortante: os mortos que morreram em Cristo são felizes. Esse pensamento bíblico da morte, soa como um paradoxo. Parece estranho considerar "felizes" aqueles que morrem. Porém, quando analisamos o que a Bíblia diz sobre este assunto chegamos a uma conclusão diferente. Por que são felizes os que “morrem no Senhor”? Porque os que têm fé em Jesus ao morrer têm um brilhante futuro ao qual aguardar. Eles são "felizes" por causa da recompensa que receberão. Sobre isso, Ellen G. White escreveu: “Nossos corpos mortais podem morrer e ser colocados na sepultura. No entanto, a bendita esperança vive até a ressurreição, quando a voz de Jesus invoca os que dormem reduzidos ao pó da terra. Desfrutaremos então da plenitude da bendita e gloriosa esperança. Sabemos em quem nós cremos. Não corremos nem trabalhamos em vão. Um rica e gloriosa recompensa está diante de nós; é o prêmio pelo qual corremos e, se perseverarmos com coragem, certamente o obteremos” (As Três Mensagens Angélicas [CPB, 2023], p. 131).

Sobre isso, a nota de rodapé da Bíblia King James afirma: “Os cristãos [os santos] que perseveram em obedecer aos mandamentos de Deus e permanecem fiéis a Jesus serão abençoados com a recompensa de suas obras piedosas” (BKJ Fiel 1611, p. 2021).

Portanto, a fé cristã se projeta desta vida para a eternidade. Isso porque Jesus venceu a morte, deixando a tumba vazia (Mt 28:5-7; 1 Co 15:3-8). A mensagem Dele para nós é: Ainda não acabou. Confie em Mim. “Eu sou a ressurreição, e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, ele viverá.” (Jo 11:25, BKJ 1611).

O apóstolo cristão Paulo, em sua inspirada carta escrita aos tessalonicenses, traz uma outra palavra de encorajamento e de fé aos que creem em Jesus. Diz-nos o apóstolo: “Irmãos, não queremos que vocês sejam ignorantes quanto aos que dormem, para que não se entristeçam como os outros que não têm esperança. Se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, cremos também que Deus trará, mediante Jesus e juntamente com ele, aqueles que nele dormiram. Dizemos a vocês, pela palavra do Senhor, que nós, os que estivermos vivos, os que ficarmos até a vinda do Senhor, certamente não precederemos os que dormem. Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá do céu, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois disso, os que estivermos vivos seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos com o Senhor para sempre. Consolem-se uns aos outros com estas palavras. (1 Ts 4:13-18, NVI).

Os Tessalonicenses haviam recebido o Evangelho há bem pouco tempo. Após esta experiência maravilhosa, alguns de seus parentes e amigos "dormiram no Senhor"...  Como esperavam permanecer vivos até o retorno do Senhor, e alguns "dormiram em Jesus", eles estavam extremamente perplexos. A fim de neutralizar esta tendência ao aborrecimento e tristeza imoderados, o apóstolo, os consola com a agradável esperança de uma reunião feliz e eterna com aqueles que morreram quando o Senhor Jesus aparecer em glória. Esse magnífico clímax da História é a última esperança do cristão. Diz o apóstolo Paulo: “Aguardamos a bendita esperança: a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo. Ele Se entregou por nós a fim de nos remir de toda a maldade e purificar para Si mesmo um povo particularmente Seu, dedicado à prática de boas obras” (Tito 2:13, 14).

Na ocasião, ocorrerão dois dos acontecimentos mais esperados pelos cristãos de todas as eras: a ressurreição dos santos mortos e a transformação dos santos vivos. Como é bom ser cristão adventista e crer na volta de Jesus. O quadro pintado por Paulo será a concretização de todos os que creram e que creem em Jesus e que, vivos ou mortos, aguardam ansiosos por Sua segunda vinda à Terra. Para eles, a morte não é o fim de todas as coisas; é simplesmente um sono de espera pela ressurreição e a vida eterna.

Esse evento é o grande clímax da história! É o cumprimento de toda espera e esperança do povo de Deus desde Adão até a última geração que estará vivendo na Terra. Por isso, o nosso foco permanente está no retorno de Jesus, Aquele que suportou a cruz “para tirar os pecados de muitos”, e que aparecerá pela segunda vez “para aqueles que esperam ansiosamente por Ele” (Hebreus 9:28).

Aqueles que "dormiram no Senhor", não pereceram... Esta separação que nos causa tanta dor não será eterna. Eles também contemplarão o Senhor retornando em glória. Nós, os vivos "não precederemos os que dormem" v.15. Ou como diz a Nova Tradução na Linguagem de Hoje: “não iremos antes daqueles que já morreram”. Tanto nós quanto eles "seremos arrebatados" nas nuvens (v. 17).

Portanto, o apóstolo Paulo “assegura aos leitores que os cristãos vivos não se unirão ao Senhor antes daqueles que dormiram. [...] Assim, os santos vivos não terão prioridade sobre os que morreram no Senhor. Este ensino deixa claro o verdadeiro estado daqueles que morreram “em Cristo”. Eles estão adormecidos, aguardando a vinda do Senhor. Ainda não foram unidos ao Senhor, mas, como os cristãos vivos, aguardam o segundo advento para a tão esperada união com o Mestre (Jo 11:23-25). Nenhuma classe tem precedência sobre a outra; ambas serão levadas juntas em glória ao Senhor na Sua vinda” (Comentário Bíblico Adventista, v. 7, p. 249).

Nesse momento a história humana dará um salto para alcançar a eternidade, cuja porta estará aberta quando Jesus, o Criador e Redentor estenderá a mão para dar as boas-vindas aos fiéis, com as mais doces palavras jamais ouvidas: “Venham, […]. Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado” (Mateus 25:34). É a herança final que estamos aguardando com esperança!

Caro amigo leitor, você gostaria de ter uma vida feliz e com propósito? Gostaria de ter a esperança e a certeza de um dia entrar no reino eterno de Deus? Então você precisa crer que Jesus existe, aceita-Lo como Salvador e Senhor da sua vida (At 16:31).

Vá a Cristo agora mesmo e abra-Lhe o coração e se entregue sem reservas a Ele, e encontrarás a felicidade, o significado para a sua vida, e o mais importante, a certeza de vida eterna no novo mundo de Deus.

 

 

 

 

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