O TRISTE FIM DO FILÓSOFO DO “DEUS ESTÁ MORTO”
Ricardo André
Cresce cada ano no
mundo o número de ateus, daqueles que adotam uma postura de indiferença ou até
de contraposição à religião. Parece que falar contra Deus e a religião virou
moda. Muitos se declaram ateus com orgulho. Declarar “não creio em Deus” parece
sofisticado, evoluído, progressista e científico. O que mais me impressiona é
perceber hoje um estranho fenômeno: o ateísmo militante, fundamentalista. Os cientistas
ateus escrevem livros, artigos e realizam palestras defendendo “religiosamente”
a improbabilidade de Deus, e tais materiais são reproduzidos pelos seus devotos
seguidores. Nas redes sociais se multiplicam perfis ateístas questionando e
zombando de Deus e dos cristãos.
Ao abeberar-se de
pensadores do passado e da atualidade, estudantes e professores - grupos onde
particularmente o ateísmo obtém sucesso - ficam irados com Deus e determinados
a vê-lo morto e sepultado. Contudo, ao negarem a existência de um Deus,
rejeitam Aquele que os criou, que os sustenta e é capaz de salvá-los. Eliminam
a Deus de todas as coisas e pretendem resolver todos os problemas do mundo
atual.
Os pensadores filosofaram
tanto, que chegaram a dizer que Deus morreu, a exemplo de Friedrich
Wilhelm Nietzsche (1844-1900). Ele foi um homem de uma inteligência
privilegiada e um dos mais relevantes e influentes filósofos do século XIX. Mas,
foi também o filósofo mais satírico em relação a Deus e ao sistema de valores
cristãos. Vários de seus textos critica duramente a religião. Curiosamente, seu
pai, Ludwig Nietzsche, era um pastor luterano e filho de pastor, assim como sua
mãe. Seu avô por parte de pai escreveu diversos livros cristãos. A família de
Nietzsche era extremamente envolvida com a religião.
Em 1864 ele entra, a
pedido da mãe, para o curso de teologia e filologia clássica na Universidade de
Bonn, entretanto, em 1865 ele abandona teologia se mudando para Leipzig. Rejeitou
a crença religiosa durante sua adolescência e o seu contato com a filosofia afastou-o
da carreira teológica. Ele despertou para a filosofia através do filósofo
alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860). Ele disse que: “Schopenhauer foi, como
filósofo, o primeiro ateísta confesso e inflexível que nós alemães tivemos”. Aos
dezessete anos já era professor na Universidade de Basileia (Alemanha).
Tornou-se um filósofo muito famoso e o primeiro filósofo moderno que ousou
declarar que Deus morreu. Ao afirmar que “Deus está morto”, obviamente, queria
enfatizar que “na civilização Ocidental, a religião em geral e o cristianismo,
em particular, estão em um declínio irreversível. Está perdendo ou já perdeu o
lugar central que ocupou nos últimos dois mil anos” (Site Filosofia
na Escola). Para além da ênfase da perda da influência da religião na nossa
cultura, expressa seu pensamento ateísta, bem como sua decisão de zombar de
Deus e dos cristãos que creem Nele.
À semelhança dos
pensadores iluministas do século XVIII, Nietzsche considerava a razão e a
liberdade como valores supremos. Crendo que a democracia e o cristianismo
tornava as pessoas em escravos, pois estes estavam sob o domínio ideológico
criado por eles, dizia que estes estavam procurando impor ao mundo uma ordem
fixa, entretanto, em seu pensamento, há uma constante mudança no pensamento,
portanto, a degradação das antigas verdades fez com que o Deus do cristianismo
viesse a morrer, então proclama a célebre frase: “Deus está morto!” (ROHMANN,
Chris. O Livro das Ideias [Rio de
Janeiro: Campus. 2000], p. 292).
Como consequência, os
homens deveriam buscar valores que transcendessem a moral convencional
divulgada pelo cristianismo. A grande preocupação de Nietzsche foi criar um
super-homem, tão forte e inteligente que não dependesse de ninguém. Era a ideia
da necessidade da formação de uma nova elite - não contaminada pelo
cristianismo e pelo liberalismo - e que ao mesmo tempo os transcendesse.
Nietzsche afirmava
ainda que os conceitos de Deus, pecado, paraíso e tantos outros conceitos
cristãos não teriam nenhum significado especial se não fosse a definição dada
pelos líderes religiosos. Desta forma, todos os crentes estariam subordinados à
crença cristã. “O cristianismo é um absurdo da linguagem, uma aberração linguística,
mera invenção humana, e a pretensa interpretação que ele faz da realidade é na
verdade uma maneira de avaliar, valorar e impor de forma específica os signos
linguísticos”, disse ele. (SALLES, Walter Ferreira. “Deus está Morto! Nietzsche e o “Fim” da Teologia”, Revista Reflexão
[No. 83/84. 2003], p. 43).
Assim como para Freud,
Nietzsche dizia que Deus é simplesmente uma ilusão sem fundamento criada na
mente das pessoas. Para ele, as pessoas só poderiam crescer por meio da razão,
sem esta, todas estavam em regime de escravidão.
Ele escreveu: “Nunca
mais rezarás, nunca mais adorarás, nunca mais descansarás na confiança sem fim
– te proíbes de parar diante de uma sabedoria última, bondade última, potência
última, e desemparelhar teus pensamentos – não tens nenhuma constante vigia e
amigo para tuas sete solidões – vive sem a vista de uma montanha que traz neve
sobre a fronte e brasa no coração – não há mais para ti nenhum pagador, nenhum
revisor para dar a última mão – não há mais nenhuma razão naquilo que acontece,
nenhum amor naquilo que te acontecerá – para teu coração não está mais aberto
mais nenhum abrigo, onde ele só tenha o que encontrar e nada mais para procurar
– tu te defendes contra qualquer paz última, queres o eterno retorno de guerra
e paz: – homem da renúncia, a tudo isso quereis renunciar? Quem te dará força
para isso? Ninguém aqui teve essa força!” – Há um lago, que um dia recusou a
escoar, e levantou um dique ali, por onde até agora escoava: desde então esse
lago sobe cada vez mais alto. Talvez precisamente aquela renúncia nos
emprestará também a força com que a própria renúncia poderá ser suportada; o
homem, talvez, subirá cada vez mais alto, desde que deixar de desaguar em um
deus.” (NIETZSCHE,
Friedrich. A Gaia Ciência (In: NIETZSCHE,
Friedrich. Obras Incompletas. [Abril Cultural, 1974], §285).
Nietzsche se tornou a
base para todo pensamento ateísta, seu desenvolvimento do pensamento acerca do
funeral de Deus tem permeado a compreensão ateísta da divindade.
Para nós, cristãos, não
há, é óbvio, nenhum argumento final e racional que possa provar, por si mesmo,
a existência de qualquer coisa no âmbito espiritual. Daí em diante, é a fé! Nós
depositamos a nossa confiança nas Sagradas Escrituras – não na mera observação
humana – como a expressão máxima da verdade. “Pela fé entendemos que o universo
foi formado pela palavra de Deus, de modo que o que se vê não foi feito do que
é visível” (Hb 11:3).
Particularmente,
acredito que se a ciência se abre para algo mais do que aquilo que é meramente
materialista, então as respostas invisíveis para as principais questões começam
realmente a entrar no foco. Foi nestas palavras que o apóstolo Paulo escreveu:
“Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o
que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno” (2 Co 4:18, NVI).
Podemos, então, provar
a existência de Deus? Não, somos incapazes de prová-la. Mas, também a ciência
não pode refutá-la. A questão de capital importância é: Para onde apontam as
evidências? Temos evidências suficientes para crer em Deus. O rei Davi
declarou: “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das
suas mãos” (Sl 19:1, NVI). E o próprio Deus nos desafia: “Ergam os olhos e
olhem para as alturas. Quem criou tudo isso?” (Is 40:26, NVI). Se “os céus
declaram a glória de Deus e o firmamento proclama a obra das Suas mãos”, como
canta o salmista, então o estudo do Céu [no sentido espiritual], dos céus e da
natureza, iluminará a nossa compreensão do próprio Deus, de Seu caráter,
bondade e poder.
Por exemplo, nos
últimos 20 anos, cada vez mais evidências da astronomia, da astrofísica e de
diferentes campos da biologia sugerem fortemente que muitas estruturas
complexas no universo físico e biológico devem ter sido projetadas. A complexidade
do Universo e da vida, bem como a exata adequação do nosso Universo para a vida
ganhou admiração de cientistas e levou muitos deles a comentar que ele parece
ter sido projetado por um ser inteligente. O mundo também deve ter sido
planejado sabiamente para que a vida existisse. A variação de temperaturas deve
ser compatível com a vida. Por isso, a distância do Sol, a velocidade de
rotação e a composição da atmosfera devem estar em equilíbrio. Muitos outros
detalhes do mundo devem ter sido cuidadosamente projetados. Na verdade, a
sabedoria de Deus é revelada no que Ele criou.
A convicção de que Deus
é o Autor da criação e a crença na racionalidade de Deus levaram muitos
cientistas em séculos passados – e ainda levam muitos no presente – à cuidadosa
observação e experimentação, a fim de compreenderem a estrutura e o
funcionamento do mundo criado. A revista Diálogo
Universitário v. 7, Nº 3, de 1995, traz uma interessante matéria sobre
diversos cientistas do passado e do presente que foram e são cristãos, a
exemplo de Werner von Braun. Ele era “alemão, o engenheiro de foguetes, foi
diretor do Centro Marshall de Voo Espacial na década de 60. No prefácio de um
livro ele diz: “Acho tão difícil compreender um cientista que não reconhece a
presença de uma razão superior atrás da existência do Universo como compreender
um teólogo que nega os avanços da ciência. E certamente não há razão científica
pela qual Deus não pode reter a mesma relevância em nosso mundo moderno que Ele
tinha antes de começarmos a perscrutar sua criação com telescópio, ciclotron e
veículos espaciais”. [...] Num livro recente, 60 cientistas de renome,
incluindo 24 que receberam o prêmio Nobel, responderam a perguntas sobre
ciência e Deus. Um deles é Arthur Schawlow, professor de física na Universidade
de Stanford, e detentor do prêmio Nobel em 1981. Ele diz: ‘Parece-me que quando
confrontado com as maravilhas da vida e do Universo, a gente precisa perguntar
por que e não apenas como. As únicas respostas possíveis são religiosas....
Acho necessidade de Deus no Universo e em minha própria vida’” (p. 8-10).
As descobertas na
natureza levam os ateus a concluírem que o acaso, os longos períodos de tempo e
a seleção natural são capazes de produzir qualquer coisa, ao passo que os
cristãos podem concluir que a causa final de tudo é o Deus Criador.
I
- O LEGADO TRÁGICO DE NIETZSCHE PARA SEUS SEGUIDORES
Qual o resultado da
influência do niilismo de Nitzsche, dos outros filósofos sobre as pessoas da
atualidade? Com base na perspectiva de Nietzsche, a vida não tem nenhum
significado, propósito ou valor intrínseco. Que quadro desolador! Nietzsche,
com o seu ateísmo severo pôde ver o que o modernismo faria ao sentido de
propósito e significado da humanidade. Sua famosa (ou infame) citação “Deus
está morto” foi um alerta sobre o vazio que a moderna visão de mundo
antimetafísica deixaria dentro das almas dos humanos. E isso poderia facilmente
incluir alguns dos seus próprios seguidores.
Numa frase
frequentemente citada do seu livro Os
Primeiros Três Minutos, o físico teórico estadunidense vencedor do Prémio
Nobel, Steven Weinberg (1933-2021), escreveu: “Quanto mais o universo parece
compreensível, mais também parece inútil” (Steven Weinberg, Sonhos de uma teoria final [Nova York:
Vintage Books, 1993], 255). Respondendo à dura resposta negativa da frase,
Weinberg, noutro livro, Dreams of a Final Theory, explicou que a sua declaração
“precipitada” não significava que a ciência pensava que o universo era inútil,
mas simplesmente que “o próprio universo não sugere nenhum sentido.” (Ibdem).
Já a astrônoma de
Harvard, Margaret Geller, por exemplo, escreveu: “Por que deveria [o universo]
ter um ponto? Que ponto? É apenas um sistema físico, qual é o sentido disso?
Sempre fiquei intrigado com essa afirmação.” (Ibdem).
Esse é o legado trágico
de Nietzsche para a geração atual: A dureza fria de uma visão de mundo que
transformou tudo em “apenas um sistema físico”, que reduziu toda a realidade,
toda a existência, apenas ao mundo natural, que contribuiu para que milhões de
pessoas mergulhassem no niilismo (a visão de que a própria vida não tem sentido
e – como o universo de Weinberg e Geller – é inútil). Uma cosmovisão que não
existe lugar para qualquer transcendência, muito menos para um Deus pessoal
como Yahweh. Uma cosmovisão que mantém milhões de pessoas nas garras da
mentalidade modernista na qual a ciência e o método científico continua a ser a
fonte de verdade mais confiável, se não a última ou mesmo a única, mas deixando
essas mesmas pessoas com o vazio no coração, sem ver sentido e propósito para a
existência e sem esperança, infelizes, enfim!
De fato, se não há
Deus, e viemos do nada e para o nada iremos, como pregou Nietzsche e tantos
filósofos e cientistas, então a vida não tem significado, não tem valor, nem
propósito. Se a morte está de braços abertos no final da trilha da vida, então,
qual é o objetivo da vida? É tudo por nada? Não há motivo para a vida? E quanto
ao universo? É totalmente inútil? Se o destino do ser humano é uma sepultura
fria nos recessos do espaço exterior, então a resposta deve ser 'sim, é
inútil'. Não há objetivo, não há propósito para o universo. A lixeira de um
universo morto continuará se expandindo para sempre. Portanto, é impossível as
pessoas viverem verdadeiramente felizes sustentando essa visão de mundo
ateísta. Se tentarmos viver de forma consistente no contexto da visão de mundo
ateísta, nos encontraremos profundamente infelizes. Se, ao contrário,
conseguirem viver felizes, é apenas para dar a mentira à sua visão de mundo. O
ateísmo, portanto, não pode sustentar uma vida feliz e consistente.
É importante dizer
também que, essas questões filosóficas e metafísicas têm consequências práticas
nas nossas vidas. Veja só, a vida já é bastante difícil, mesmo para os cristãos
que experimentaram o amor de Deus e que, mesmo que através de um “vidro
escuro”, conhecem algo da maravilhosa riqueza dos seres feitos à imagem de um
Deus que não apenas criou mas nos redimiu. E ainda assim, mesmo os crentes em
Deus, nos momentos mais difíceis, não se perguntaram se tudo vale a pena? (Eclesiastes
1:14). Imagine, então, a vida daqueles que não conhecem a Deus ou negam Sua
existência, que não experimentaram a esperança proposital encontrada no plano
de salvação, mas acreditam, em vez disso, que esta existência é isso, ponto
final - com nada além? É simplesmente devastador!
Insistimos com a
pergunta que fizemos acima: Qual o resultado da influência desses filósofos
sobre as pessoas da atualidade? Associado com diversos fatores, a contínua
campanha de descrédito à fé tem contribuído fortemente para sedimentar o
espírito de desesperança no coração de muitos, e isso leva as pessoas a
perderem a paz e a alegria, e leva também muitos a tomar atitudes extremas
contra a própria vida. É o caso de Mitchell Heisman, um universitário e
intelectual, de 35 anos que, tendo perdido a fé em Deus, em qualquer coisa
transcendente, e mergulhado no niilismo se suicidou, em setembro de 2010, no
campus da Universidade de Harvard com um tiro na cabeça, na frente de uma
igreja em Harvard Yard, deixando uma carta de suicídio mais longa da história
conhecida: 1905 páginas, na qual expressava aonde seu niilismo o havia levado:
“Cada palavra, cada
pensamento e cada emoção”, escreveu ele, “voltam a um problema central: a vida
não tem sentido. A experiência do niilismo consiste em procurar e expor todas
as ilusões e todos os mitos, onde quer que nos levem, aconteça o que acontecer,
mesmo que nos mate.”
O
TRISTE FIM DE NIETZSCHE
Nietzsche teve um
triste fim. Durante toda a sua vida, ele sempre estava sofrendo de alguma
doença. Em janeiro de1889, com quarenta e quatro anos de idade, andando de
cavalo nas ruas de Turim (Itália), Nietzsche se sente mal e cai. Ele sofreu um
colapso e uma perda completa de suas faculdades mentais. A partir do colapso em
Turim, Nietzsche viveu um período de loucura incoerente, onde ele não conseguia
mais escrever ou se expressar de forma coerente. Enlouqueceu. Passou a ser
cuidado por sua mãe e, posteriormente, por sua irmã. A causa exata do seu
declínio mental é tema de debate, com teorias que vão desde a sífilis
(apontados por alguns especialistas) à outras causas. Permaneceu desta maneira
até o dia de sua morte, ocorrida em 25 de agosto de 1900.
O site Aventuras na História
afirma que Nietzsche ficou “famoso por ter morrido afundado na loucura, tendo
confusões mentais desde o ápice de sua doença, durante o episódio do Cavalo de
Turim”. [...] Suas últimas palavras foram “Mãe, eu sou um idiota”, uma década
antes de sua morte. Isso porque evento na Itália levou sua mente ao colapso.
Nietzsche passou 10 anos em silêncio profundo.” Este foi o fim de um homem que tentou fugir de
Deus.
A partir da compreensão
que Nietzsche tinha acerca de Deus e da religião podemos afirmar que, como a
vida não tem significado e propósito cada um de nós, individualmente, temos que
criar nosso próprio significado. Cada vida precisa, argumentou Nietzsche,
tornar-se uma obra de arte dedicada à auto-superação e à criatividade. Não
devemos ficar presos ou limitados, disse ele, por um meta-esquema de suposta
verdade que nos diz em que acreditar e como devemos viver.
Evidentemente que (se
quiséssemos ser satíricos como Nietzsche foi com Deus e a religião), poderíamos
perguntar humildemente: como a sua filosofia funcionou para o próprio
Nietzsche? Simplesmente não funcionou para ele tão pouco funciona para o
adeptos de sua filosofia. Tanto é assim, que nunca se casou (e nunca,
aparentemente, teve um relacionamento romântico duradouro), e como já dissemos
acima, desmaiou numa rua da Itália aos 44 anos e passou seus últimos anos em
uma loucura semicatatônica. Morreu sem Deus e sem esperança de vida eterna.
Embora a triste vida de
Nietzsche não refute a sua filosofia, nos remete à questão fundamental: como
construir um sentido para a vida quando a própria estrutura da vida e tudo o
que ela tem para trabalhar é “apenas um sistema”, um “inútil”?
Meu amigo ateu depois
de ter lido meu texto “É
possível um ateu ser feliz?”, falou-me: “Ricardo, a vida
realmente não tem propósito. Mas, a gente cria nosso propósito. O meu, por
exemplo, é ganhar dinheiro”. Será que depois que ele fizer fortuna poderá dizer
que é um homem plenamente realizado, completo e feliz? Possivelmente, não! Após
conquistar fortuna, se ele for honesto consigo mesmo, dirá que foi debalde seu
esforço por acumular dinheiro, que tudo foi inútil. O vácuo da alma permanecerá
lá, porque o vazio que sentimos no âmago da alma não é preenchido com dinheiro,
diversões e fama, mas com a conexão com o compassivo Deus.
A fala de Paul
McCartney, um dos integrantes da famosa banda os Beatles é emblemática e
reforça aquilo que estamos defendendo. Note o que ele disse: “Acho que
estávamos meio exaustos espiritualmente. Éramos os Beatles, o que era
maravilhoso. Mas acho que havia aquele sentimento de ‘É ótimo ser famoso, é
incrível ser rico - mas qual o sentido disso?’” (Site Rolling
Stone Brasil, 28 de junho de 2019). Paul descreve a época em que era
membro dos Beatles como "maravilhosa", reconhecendo o impacto e a
alegria que a banda proporcionou. Reconhece que, apesar de ser famoso e rico, a
questão principal era encontrar um propósito mais profundo e significativo para
a vida, que transcenda a riqueza e a fama. Sua fala revela um
sentimento de vazio que, segundo Paul, era comum entre os membros da banda. Ele
menciona que, embora a fama e a riqueza fossem positivas, a questão central
era: "mas para que serve tudo isso?"
É uma ilusão achar que
se pode ser feliz divorciado de Deus. Viver sem desenvolver a espiritualidade. Uma
pessoa alienada de Deus possui um vazio na alma. O ser humano procura preencher
esse vácuo se atirando nas aventuras mais extravagantes. Tenta fazer carreira,
planeja sua vida até nos mínimos detalhes e busca segurança de todas as formas.
Mas em seu coração continua infeliz. O caminho para uma vida plena de
felicidade e alegria se chama Jesus Cristo e consiste naquilo que Ele realizou
na cruz por nós, que é o perdão dos pecados. “Pois o Reino de Deus não é comida
nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo.” (Rm 14:17) Viver em
comunhão com Deus significa ser feliz. Jesus Cristo diz a todos os que creem.
Salmo 1.1: “Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita
a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores!” (Salmos 1:1).
Enquanto o homem viver acreditando que nunca precisará de Deus para ser feliz
sua vida não será verdadeiramente completa. Só aquele que tem autoridade para
restaurar um coração aflito pelas dores da vida pode promover a verdadeira
felicidade. Diz as Escrituras Sagradas: “Assim acontece com vocês: agora é hora
de tristeza para vocês, mas eu os verei outra vez, e vocês se alegrarão, e ninguém
lhes tirará essa alegria” (Jo 16:22, NVI).
ETERNIDADE
EM NOSSOS CORAÇÕES
Compare isto, no
entanto, com o Cristianismo, com a visão de mundo que ele representa, que teria
dado a Mitchell Heisman o significado que ele tão desesperadamente procurou,
mas não conseguiu encontrar, num cosmos ímpio cheio apenas de “átomos e o
vazio”.
Em vez disso, as
Escrituras postulam o universo como a criação proposital de um Deus amoroso
(João 1:1-3; Hb 1:2; 11:3), e a humanidade como cuidadosamente criada à Sua
imagem (Gên. 1:26, 27), uma abordagem radicalmente diferente do massacre
estúpido da evolução darwiniana. De acordo com a Bíblia, este Deus nos criou,
nos sustenta (Dn 5:23; Hb 1:3; At 17:28) e, mais importante ainda, nos redimiu
através de Seu próprio sacrifício na pessoa de Jesus em a cruz (Gálatas 1:4; 1
Timóteo 2:6).
A redenção é crucial
porque ser meramente criado por Deus, por si só, não é suficiente para nos dar
sentido – não quando todos enfrentamos a morte, o ácido insidioso que corrói
todos os propósitos últimos. O que a vida pode significar quando ela – e todas
as pessoas que conhecemos nela, todas as pessoas que já impactamos, quando
todas as influências que já tivemos – desaparecerão no esquecimento, sem
qualquer tipo de consciência para lembrar que alguma vez existimos?
Em Eclesiastes 3:11,
Salomão fala de forma enfática que “Tudo
fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do
homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até
ao fim”. Segundo o texto bíblico, na criação, Deus colocou no coração do
homem a eternidade, algo eterno, algo maior do que tudo que pensamos ou fazemos
ou planejamos. O que significa isso? Isso quer dizer que, como Deus pôs no
coração do homem o anseio pelo infinito, logo as coisas finitas não podem em
toda a sua plenitude preencher o coração do homem. Isto é notório na sociedade
como um todo. De acordo com as Sagradas Escrituras, fomos feitos à imagem de
Deus (Gn 1:26, 27). Logo, fomos dotados por Deus de uma faculdade espiritual. Nós,
então, não apenas somos capazes de contemplar a eternidade, mas fomos
programados para isso. No entanto, é precisamente aqui que falhamos
dolorosamente, até mesmo infinitamente. Se não cultivarmos nossa natureza
espiritual, se não buscarmos nos conectarmos com Deus haverá sempre um vazio em
nossa alma, uma incompletude.
É por isso que, é central
para a cosmovisão cristã, o ensino de que o Senhor, o Criador de tudo o que foi
feito (Jo 1:3), morreu por nós para que pudéssemos ter a promessa da eternidade
que Ele havia colocado em nossos corações. “Quem come a minha carne e bebe o
meu sangue tem a vida eterna” (Jo 6:54). “E eu lhes dou a vida eterna” (Jo
10:28). “Quem não receberá muito mais neste tempo presente e no mundo vindouro
a vida eterna” (Lc 18:30). “Estas coisas vos escrevi a vós que credes no nome
do Filho de Deus; para que saibais que tendes a vida eterna” (1 Jo 5:13).
A MORTE NÃO É O PONTO FINAL
A
glória da fé cristã é que Jesus responde às perguntas universais: As pessoas
que já morreram poderão viver novamente? Encontrar-nos-emos de novo? Como
cristãos, temos a promessa gloriosa: “Felizes os mortos que morrem no Senhor de
agora em diante". Diz o Espírito: "Sim, eles descansarão das suas
fadigas, pois as suas obras os seguirão" (Ap 14:13, NVI). Quem são esses
mortos que “morrem no Senhor”? “São os que morreram com a fé fixa em Jesus” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo
Dia, v. 7, p. 924).
Neste
texto sacro somos lembrados de uma verdade profunda e reconfortante: os mortos
que morreram em Cristo são felizes. Esse pensamento bíblico da morte, soa como
um paradoxo. Parece estranho considerar "felizes" aqueles que morrem.
Porém, quando analisamos o que a Bíblia diz sobre este assunto chegamos a uma
conclusão diferente. Por que são felizes os que “morrem no Senhor”? Porque os
que têm fé em Jesus ao morrer têm um brilhante futuro ao qual aguardar. Eles
são "felizes" por causa da recompensa que receberão. Sobre isso,
Ellen G. White escreveu: “Nossos corpos mortais podem morrer e ser colocados na
sepultura. No entanto, a bendita esperança vive até a ressurreição, quando a
voz de Jesus invoca os que dormem reduzidos ao pó da terra. Desfrutaremos então
da plenitude da bendita e gloriosa esperança. Sabemos em quem nós cremos. Não
corremos nem trabalhamos em vão. Um rica e gloriosa recompensa está diante de
nós; é o prêmio pelo qual corremos e, se perseverarmos com coragem, certamente
o obteremos” (As Três Mensagens
Angélicas [CPB, 2023], p. 131).
Sobre
isso, a nota de rodapé da Bíblia King James afirma: “Os cristãos [os santos] que perseveram em obedecer aos mandamentos de Deus e permanecem fiéis
a Jesus serão abençoados com a
recompensa de suas obras piedosas” (BKJ
Fiel 1611, p. 2021).
Portanto,
a fé cristã se projeta desta vida para a eternidade. Isso porque Jesus venceu a
morte, deixando a tumba vazia (Mt 28:5-7; 1 Co 15:3-8). A mensagem Dele para
nós é: Ainda não acabou. Confie em Mim. “Eu sou a ressurreição, e a vida; quem
crê em mim, ainda que esteja morto, ele viverá.” (Jo 11:25, BKJ 1611).
O
apóstolo cristão Paulo, em sua inspirada carta escrita aos tessalonicenses,
traz uma outra palavra de encorajamento e de fé aos que creem em Jesus. Diz-nos
o apóstolo: “Irmãos, não queremos que
vocês sejam ignorantes quanto aos que dormem, para que não se entristeçam como
os outros que não têm esperança. Se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, cremos
também que Deus trará, mediante Jesus e juntamente com ele, aqueles que nele
dormiram. Dizemos a vocês, pela palavra do Senhor, que nós, os que estivermos
vivos, os que ficarmos até a vinda do Senhor, certamente não precederemos os
que dormem. Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de
Deus, o próprio Senhor descerá do céu, e os mortos em Cristo ressuscitarão
primeiro. Depois disso, os que estivermos vivos seremos arrebatados juntamente
com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos
com o Senhor para sempre. Consolem-se uns aos outros com estas palavras. (1
Ts 4:13-18, NVI).
Os
Tessalonicenses haviam recebido o Evangelho há bem pouco tempo. Após esta
experiência maravilhosa, alguns de seus parentes e amigos "dormiram no
Senhor"... Como esperavam
permanecer vivos até o retorno do Senhor, e alguns "dormiram em
Jesus", eles estavam extremamente perplexos. A fim de neutralizar esta
tendência ao aborrecimento e tristeza imoderados, o apóstolo, os consola com a
agradável esperança de uma reunião feliz e eterna com aqueles que morreram
quando o Senhor Jesus aparecer em glória. Esse magnífico clímax da História é a
última esperança do cristão. Diz o apóstolo Paulo: “Aguardamos a bendita
esperança: a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e Salvador, Jesus
Cristo. Ele Se entregou por nós a fim de nos remir de toda a maldade e
purificar para Si mesmo um povo particularmente Seu, dedicado à prática de boas
obras” (Tito 2:13, 14).
Na
ocasião, ocorrerão dois dos acontecimentos mais esperados pelos cristãos de
todas as eras: a ressurreição dos santos mortos e a transformação dos santos
vivos. Como é bom ser cristão adventista e crer na volta de Jesus. O quadro
pintado por Paulo será a concretização de todos os que creram e que creem em
Jesus e que, vivos ou mortos, aguardam ansiosos por Sua segunda vinda à Terra.
Para eles, a morte não é o fim de todas as coisas; é simplesmente um sono de
espera pela ressurreição e a vida eterna.
Esse
evento é o grande clímax da história! É o cumprimento de toda espera e
esperança do povo de Deus desde Adão até a última geração que estará vivendo na
Terra. Por isso, o nosso foco permanente está no retorno de Jesus, Aquele que
suportou a cruz “para tirar os pecados de muitos”, e que aparecerá pela segunda
vez “para aqueles que esperam ansiosamente por Ele” (Hebreus 9:28).
Aqueles
que "dormiram no Senhor", não pereceram... Esta separação que nos
causa tanta dor não será eterna. Eles também contemplarão o Senhor retornando
em glória. Nós, os vivos "não precederemos os que dormem" v.15. Ou
como diz a Nova Tradução na Linguagem de Hoje: “não iremos antes daqueles que
já morreram”. Tanto nós quanto eles "seremos arrebatados" nas nuvens
(v. 17).
Portanto,
o apóstolo Paulo “assegura aos leitores que os cristãos vivos não se unirão ao
Senhor antes daqueles que dormiram. [...] Assim, os santos vivos não terão
prioridade sobre os que morreram no Senhor. Este ensino deixa claro o
verdadeiro estado daqueles que morreram “em Cristo”. Eles estão adormecidos,
aguardando a vinda do Senhor. Ainda não foram unidos ao Senhor, mas, como os
cristãos vivos, aguardam o segundo advento para a tão esperada união com o
Mestre (Jo 11:23-25). Nenhuma classe tem precedência sobre a outra; ambas serão
levadas juntas em glória ao Senhor na Sua vinda” (Comentário Bíblico Adventista, v. 7, p. 249).
Nesse
momento a história humana dará um salto para alcançar a eternidade, cuja porta
estará aberta quando Jesus, o Criador e Redentor estenderá a mão para dar as
boas-vindas aos fiéis, com as mais doces palavras jamais ouvidas: “Venham, […].
Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado” (Mateus 25:34). É a
herança final que estamos aguardando com esperança!
Caro amigo leitor, você
gostaria de ter uma vida feliz e com propósito? Gostaria de ter a esperança e a
certeza de um dia entrar no reino eterno de Deus? Então você precisa crer que
Jesus existe, aceita-Lo como Salvador e Senhor da sua vida (At 16:31).
Vá a Cristo agora mesmo
e abra-Lhe o coração e se entregue sem reservas a Ele, e encontrarás a
felicidade, o significado para a sua vida, e o mais importante, a certeza de
vida eterna no novo mundo de Deus.
Comentários
Postar um comentário