HÁ VIDA APÓS A PERDA DE UM FILHO?
Ricardo André
De acordo com o Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, Cafarnaum está cerca de 40 km a sudoeste do sítio da antiga Cafarnaum” (v. 5, p. 833). Sim, 40 km hoje não é mais nada. Fazemos uma viagem de 40 km em poucos minutos em um carro. Viagem rápida. Nos dias de Jesus, porém, não era tão depressa assim. Tinha-se que fazer estes 40 km a pé ou de animal. O único carro existente na época era o carro de boi. Naquela época, para se andar 40 km a pé gastava-se mais ou menos de 6 a 7 horas de viagem. E Jesus decidiu fazer esta viagem a pé. Certamente saíram pela manhã e chegaram à tarde. Havia um grande trabalho a ser realizado em Naim, e Ele resolveu fazer esta viagem.
Quando vão chegando à porta da cidade, para surpresa de todos, outra multidão vinha saindo. As duas multidões se encontram na entrada da vila de Naim. Havia um grande contraste entre o povo da multidão que estava entrando e a outra multidão que estava saindo. O povo que acompanhava Jesus estava contente, cantando, alegre, feliz pelo que vira no caminho. Eles viram Jesus realizar muitos milagres! Paradoxalmente, a outra multidão que saía da cidade estava triste. Havia um motivo para estarem tristes. Eles estavam levando um defunto para o cemitério. Um jovem havia morrido. Pela multidão que acompanhava o enterro, era um rapaz querido. Ali estavam os seus parentes, colegas e amigos. Só não estava ali uma pessoa: seu pai. A Bíblia informa que ele era filho de uma viúva. Certamente era uma cena muito triste. Era um espetáculo de cortar qualquer coração. Todos chorando e levando para o cemitério o filho único de uma viúva, que por uma razão desconhecida, o registro sagrado omite o seu nome, mas que nos emociona e nos motiva a termos mais fé no Deus Criador, de que Ele está no controle de tudo.
A morte de um filho é uma morte fora de lugar, uma “exceção
à regra da vida”, porque a regra (ou a ordem) natural é os pais morrerem
primeiro, e o filho enterrá-los. Ela é descrita pelos pais como algo
dilacerante, capaz de desequilibrar até o mais equilibrado dos seres humanos. Não
se imagina, nem nos piores pesadelos. Logo, o luto vivido pelos pais é
particularmente severo.
Perder um filho é algo que marca e muda para sempre a vida dos pais. E não há quem não concorde: a dor de perder um filho é a pior que existe. Não é possível imaginar o tão forte é a dor dessa perda, e por isso, o luto pela perda de um filho é um processo que talvez nunca se encerre completamente. É um capítulo de muita dor, sofrimento e emoções difíceis de expressar. “A morte de um filho deixa cicatriz indelével, uma dor eterna”, explicou o psicanalista e psiquiatra Jorge Forbes, presidente do Instituto da Psicanálise Lacaniana. O extinto apresentador e humorista Jô Soares falando a respeito da morte de seu filho, afirmou: “Eu sofri a dor que é o pesadelo de todo pai, a inversão da ordem natural das coisas: perda de um filho”.
Além da dor causada pela morte, a viúva sentia a dor da separação, do silêncio, do abandono, talvez pensando como seria agora sua vida, qual sentido teria viver, as lágrimas deviam estar escorrendo em seu rosto, certamente muitos amigos vieram para lhe consolar, quantos certamente tentaram lhe dizer que isto acontece, faz parte da vida, a vida continua..., mas eram como palavras sem sentido, não tinham condições de acalmar o coração ferido.
A viúva e mãe estava desesperada. Em uma cultura
onde a mulher não trabalhava e dependia totalmente do marido, o dela já morto,
teria agora que depender única e exclusivamente do filho mais velho, porém esta
mulher não tinha primogênito e sim unigênito, pois só tinha um filho e a morte
acabará levar. Seu filho era sua única esperança de dias melhores, pois seria
através dele que teria a condição de sobreviver naquela sociedade. Mas agora
ele se fora. A perda de seu único filho, juntamente com o futuro incerto da
vida na solidão, transformava a viúva numa figura de tristeza e desesperança
absolutas. Talvez estivesse pensando: Onde viver? Como adquirir o pão de cada
dia? A mãe chora!
Nem sempre são fáceis, belos e agradáveis os caminhos que o homem deve palmilhar em sua breve existência terrena. Para uns é difícil o caminho para se estabelecer no mercado de trabalho. Para outros é muito longo o caminho para a formação acadêmica. Contudo, o caminho mais triste, espinhoso, doloroso e desesperador é aquele que conduz ao cemitério. Rios e lagos seriam formados, caso fosse possível juntar todas as lágrimas da história, derramadas no caminho da sepultura. É que o caminho do cemitério é o caminho da dor, da separação – da morte! E o homem sente repulsa por cemitérios e necrotérios, porque tem amor e apego à vida, e repugna a morte, afinal de contas ele foi criado por Deus para viver para sempre. A morte é uma intrusa, veio em decorrência da queda do homem no pecado (Rm 5:12).
Jesus está perto. Jesus está parado junto à porta da cidade. Quando Ele se aproxima daquela mulher mãe alquebrada pelo sofrimento, vê seu desespero, sua tristeza, contempla suas lágrimas, Jesus sente compaixão e lhe disse: “não chore!” (Lc 7:12, 13). Palavras estranhas para serem ditas em tal ocasião. Esta é uma frase que “humanamente falando” é a pior frase que alguém pode dizer num momento como este, principalmente a uma mãe que perde o filho que ama. Note que eu disse humanamente falando. Tente imaginar você indo a um funeral de uma mãe que perdeu o filho e dizendo a ela: “Não Chore” (v.13). Será que tuas palavras farão com que ela pare de chorar? É óbvio que não! A viúva de Naim poderia pensar: como não chorar? Olha a situação que estou passando. O pedido para que ela não chorasse teria sido sem sentido caso não tivesse vindo de Jesus, o Senhor da vida. Mas Jesus não se limita a apenas dizer para ela não chorar. Ele disse isso porque sabia o que ia fazer.
Quando vamos a um velório de uma pessoa, geralmente, a nossa tendência é dizer aos familiares enlutados “Não chores”, não é verdade? Você sabia que isto é errado? A escritora cristão Ellen G. White explicou: “Não é direito dizer aos que estão de luto: “Não chore! Não é direito chorar.” Estas palavras pouca consolação encerram. Não há pecado em chorar. Embora o falecido tenha sofrido por anos, devido à fraqueza e dor, isso não enxuga de nossos olhos as lágrimas” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 264).
Os psicólogos ensinam que o indivíduo que está
sofrendo uma dor assim, deve chorar, chorar... Porque chorar faz bem.
Caro amigo leitor que perdeu um filho ou um outro ente querido, se você ainda tem vontade de chorar, chore. Isso só vai lhe fazer bem. Dizem os africanos em seus provérbios: “As lágrimas que descem pelo nosso rosto não tiram a nossa visão”. Dizem mais: “Lagrimas são melhor enxutas com nossas próprias mãos”. Chorando, o sofrimento passa mais depressa. Geralmente, as pessoas que não choram sofrem muito mais.
Eu lhe asseguro que Jesus, o grande mestre, ao pedir para a mulher não chorar não errou. Ele não fugiu das regras dos psicólogos. Até porque Ele foi o maior psicólogo que o mundo já conheceu. Ele conhecia a fundo a psicologia humana, porque Ele foi o criador do homem.
O fato de Jesus dizer à viúva “não chores” é diferente do nosso caso. Nós dizemos: “não chores”, passamos a mão na cabeça, se é uma criança; colocamos a mão no ombro ou abraçamos, se é um amigo íntimo, e vamos embora, sem poder resolver a dor da pessoa, porque não temos o poder de dar a vida. Diante da morte, a única coisa que podemos dizer é: “Não chores”, e nada mais. Mas com Jesus, o caso foi bem diferente. Quando Jesus disse não chores, Ele tinha certeza de que, dali para frente aquela mulher iria sorrir e pular de alegria!
Na verdade, o que Jesus disse para aquela viúva foi: “Não chores mais!” Jesus estava certo em dizer não chores mais, pois a tristeza daquela viúva estava chegando ao fim.
III – O IMPRESSIONANTE MILAGRE
Ao tocar Jesus o caixão, o cortejo lutuoso parou. O ambiente ficou tenso. As duas multidões se reúnem. Agora é uma só multidão em torno do ataúde. Jesus fixa os seus olhos naquele jovem inerte e pálido. Então, em meio ao silêncio, ouviu-se a poderosa voz de Cristo: “Jovem, eu lhe digo, levante-se!”. A voz potente e poderosa de Jesus penetra nos ouvidos do morto, e ele obedece, levantando-se. Ele estava novamente vivo!
O verso 15 aponta para um fato curioso: “E começou a conversar”. O que foi que ele falou? Eu não sei. A Bíblia não registra o que ele disse. Na minha curiosidade, eu gostaria de saber o que ele falou. Quando chegar lá no céu eu vou perguntar para ele.
O fato é que o "bom consolador" traz a existência o que já não existia, restaura vida daquele menino e o devolveu aos braços da mãe. A procissão fúnebre não existia mais. Então, a cena muda, a multidão ficou arrepiada de espanto e certamente aquela tristeza, aquelas lágrimas de tristeza se converteram em lágrimas de alegria e gratidão. “Segundo Lucas, a notícia desse milagre se espalhou por toda parte, por toda a Judeia e todas as áreas vizinhas (Lc 7:17), o que era de se esperar” (Comentário Bíblico Andrews [CPB, 2024], v. 3, p. 293).
CONCLUSÃO
Caro amigo leitor, certamente também já percorreste o caminho do cemitério várias vezes. Certamente, já levaste os restos mortais de um ente querido até à sepultura. Eu já vivi momentos assim, quando minha mãe faleceu no ano de 2004. E como é triste, doloroso, espinhoso e desesperador baixar o caixão para as entranhas da terra alguém que amamos tanto! Parece que o mundo quer ruir por terra! Parece que não há mais consolo. Parece, mas não é. Jesus está perto. E Jesus consola. É o consolo e o milagre do cristianismo. Certamente Cristo não te devolverá logo o teu filho ou outro ente querido, mas um dia o poderás encontrar na eternidade. Esta certeza poderás alimentar se o teu filho, esposa, esposo, mãe, pai, avó, avô, irmão e amigo morreram com fé no Salvador e se tu conservas o que tens. Não chores! Aqui está o consolo do Salvador: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (João 11:25). É essa preciosa promessa e a presença de Jesus em nossa vida que nos dão vida, esperança e forças para superar a perda do desejo de seguir em frente. É somente acreditando nessa promessa que percebemos que há vida após a perda de um filho ou de um outro ente querido.
Acredito profundamente que um dia abraçarei a minha mãe, meu avós, minha querida sogra! E isso acontecerá quando Jesus voltar em glória e majestade: os que dormiram em Cristo se erguerão as sepultura para abraçar os entes queridos e juntos viverão para sempre, pois a morte não mais existirá. (João 14:1-3; I Ts 4:16-18; I Co 15:22). Essa é realmente a única certeza que pode dar sentido à vida, encher-nos de alegria e paz, em um mundo em que tudo muda rapidamente e morre. Essa é a grande motivação para vivermos hoje em obediência, serviço e celebração.
O pensamento de que esta hora se aproxima, enche o meu coração de um reverente temor. Jamais o mundo testemunhou semelhante acontecimento. Com milhões de anjos, o Senhor Jesus se manifestará. Ele chamará os mortos, e a terra abrirá o seu ventre e o mar as suas entranhas, devolvendo à vida os seus mortos, prisioneiros do silêncio. Graças a Deus por tão consoladora certeza!
“Pois em breve, muito em breve ‘Aquele que vem virá, e não demorará’” (Hebreus 10:37).
Querido amigo, talvez você esteja chorando neste momento, não pela perda de um filho, mas por outras perdas que teve durante a sua vida, talvez um problema moral, psicológico, de saúde ou mesmo de relacionamento, durante algum tempo muitos disseram pra você não chorar mas nada adiantou até o exato momento. Por mais que você tenha motivos pra chorar, mas hoje aquele mesmo Jesus que restaurou a vida daquele menino, também te diz: “Não Chore!” e Ele tem motivo pra dizer isso pois Ele é “o Deus de toda a consolação”, somente Ele pode te consolar e acalmar o teu coração aflito. A Bíblia nos diz:
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda consolação, que nos consola em todas as nossas tribulações, para que, com a consolação que recebemos de Deus, possamos consolar os que estão passando por tribulações” (2 Coríntios 1:3,4).
Se você está caído no pecado e morrendo espiritualmente, Jesus está dizendo-lhe: “Jovem, eu lhe digo, levante-se!”. Se a voz de Jesus penetrar em seus ouvidos, você não ficará como está! Cristo teve poder para levantar um morto. Será que Ele não tem poder para levantar um vivo? Claro que tem! Pode ser esse o seu caso.
Ele te diz: não te preocupes com a situação que parece não ter mais soluções, não existe nada impossível para Mim (Lucas 1:37) e agindo Eu ninguém pode impedir (Is 43:13), trago a existência aquilo que já não existe, restauro sonhos, renovo aquelas promessas que tenho em sua vida, simplesmente se entregue a Mim e aceite-Me como Salvador e Senhor da sua vida, e verás o que vou fazer em sua vida, assim como aquela multidão ficou espantada quando o menino voltou a vida, muitos ficarão espantados do que farei em sua vida, muitos olharam e na acreditarão, e através de sua vida muitas almas serão salvas, sabe, aquelas pessoas que não te dão valor, saberão através da tua vida que "Eu sou Deus" o grande " Eu Sou" e agindo Eu quem impedira?
Por mais que temos motivos pra chorar em algumas circunstâncias e adversidades que enfrentamos na nossa vida cristã e secular. Jesus têm muito mais motivos para nos consolar, nos abençoar e nos dar vitória. E é por esses motivos que têm, que Ele é compelido à nos dizer: “Não Chores”, e quando Ele diz esta frase Ele se responsabiliza para sermos de fato consolados, restaurados e mais do que vitoriosos por Ele que nos amou.
Amigo, se você chora hoje, sorrirá amanhã. “O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” (Sl 30:5)
Oração: Querido Deus e bom Pai que estás no Céu, nós te agradecemos por tudo o que Teu Filho fez em favor do homem. Nós te agradecemos porque nos consola em nossas perdas. Agradecemos-te porque ainda hoje o Salvador continua levantando aqueles que se encontram mortos no pecado, mortos espiritualmente. Senhor, queiras abençoar os pais que perderam seus filhos para a morte. Ajuda-os a superarem a dor e o luto. É em nome de Jesus que te pedimos. Amém!
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