DEUS ATERRISOU EM BELÉM, NA PALESTINA, HÁ DOIS MIL ANOS
Ricardo André
Quando chega o mês
de novembro, aos poucos, o cenário das fachadas de casas e prédios, as vitrines
dos shopping centers e dos centros populares de compras vão se transformando.
Lâmpadas coloridas iluminam esses espaços, ao mesmo tempo são decoradas com
caixas de presente vermelhas fechadas com laços dourados e, em lugar de
destaque, pinheiros decorados de diferentes tamanhos quase se tornam
onipresentes. Como protagonista da festa, surge a figura de um senhor idoso,
simpático e com um saco de presentes (chamado papai Noel), que cativa a atenção
de crianças e adultos dispostos a enfrentar filas para tirar fotos ou receber,
ao menos, alguma guloseima. Milhões de pessoas vão às compras! Tudo isso para esperar
a chegada do Natal.
Infelizmente, luzes,
cores, papai Noel, consumo, bebidas, cheiros e sabores encobriram o sentido
verdadeiro do Natal, comemorado tradicionalmente em 25 de dezembro, e o
verdadeiro Protagonista da história, para muitos, ficou relegado ao segundo
plano.
É imprescindível
salientar que, o Natal é muito mais do que presentes, decorações e celebrações.
Ele nos convida a refletir sobre a verdade mais profunda da fé cristã: Deus se
fez carne e veio habitar entre nós. Este é o grande mistério e o maior presente
de todos os tempos. O dia de Natal portanto celebra a chegada de um bebê que
veio a este mundo como um presente do Céu. Seu nascimento trouxe esperança ao
ser humano e deu novo significado à vida.
As Sagradas Escrituras
nos dizem que no passado longínquo Deus criou o Universo e todos os seres que
nele habitam (Gn 1:1-27). “Em nosso planeta, houve uma criação especial da
vida, e o mais especial dessa criação foi a humanidade. E o propósito de Deus
ao criar a humanidade era que vivêssemos em harmonia amorosa com Ele e uns com
os outros” (Lição da Escola Sabatina, 4º Trim. de 2024 [ed. de Professor], p. 118). Entretanto, por causa do pecado
trazido a este mundo pelo inimigo de Deus, Satanás, o relacionamento entre
Deus, o Criador, e os seres humanos criados foi rompido.
Para concretizar a
restauração do relacionamento quebrado, Jesus, uma das três Pessoas da
Divindade encarnou como ser humano. O apóstolo João diz-nos que, “no princípio
era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus. [...] E a
Palavra se fez carne, e habitou entre nós, (e nós contemplamos sua glória, como
a glória do unigênito do Pai), cheio de graça e verdade” (Jo 1:1, 14, BKJ Fiel
1611). Na “Palavra”, descobrimos o verdadeiro significado do Natal: dar! Deus
deu a Si mesmo tornando-Se carne, uma pessoa como nós. Jesus deixou o Céu para
fazer parte deste mundo corrupto e regatar-nos do pecado, degradação e morte
eterna. Portanto, aquela criancinha que nasceu num estábulo, em Belém, há dois
mil anos, era o próprio Deus encarnado. Ele demonstrou seu incomensurável amor
pela humanidade quando fez uma aterrissagem em Belém, na Palestina, há 2 mil
anos, por meio do nascimento de Jesus. “Porque Deus tanto amou o mundo que deu
o Seu Filho unigênito, para que todo o que Nele crer não pereça, mas tenha a
vida eterna” (Jo 3:16, NVI). Entregando Seu Filho, Ele derramou sobre nós todo
o Céu nesse único Dom. A vida, morte e intercessão do Salvador, o ministério
dos anjos, o trabalho do Espírito, o Pai operando acima de tudo e por tudo, o
interesse constante dos seres celestiais – tudo se empenha em favor da salvação
do homem” (Ellen G. White, Caminho a
Cristo em linguagem atualizada [CPB, 1996], p. 21).
Maria concebeu e “deu à
luz um filho” (Mt 1:25, NVI). Não era um filho comum. Jesus Cristo era mais que
um profeta santo. Ele era mais que um grande Mestre. Era a Palavra encarnada.
Um com o Pai desde a eternidade no passado, o Unigênito do Pai se tornou carne
humana na pessoa de Jesus de Nazaré. Ao ser encarnado, Jesus tornou-Se
plenamente humano, mas continuou sendo Deus (Rm 9:5). Era Emanuel, Deus conosco
(Is 7:14; Mt 1:23), um “Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2:11, NVI).
Quando João diz que “o
Verbo se fez carne”, ele está nos lembrando que Jesus, a Palavra eterna de
Deus, escolheu entrar em nossa humanidade. Ele não veio apenas como um
visitante, mas como um de nós. Jesus experimentou nossas dores, enfrentou as
mesmas tentações com as quais lutamos, só que com muito mais intensidade. Teve
fome, sede e foi tentado por Satanás a ser alguém, a progredir na vida. Cristo
passou pelo trauma de ver morrer um de Seus melhores amigos. Junto do seu
sepulcro, “Jesus chorou” (Jo 11:35). O sofrimento O tocava profundamente, assim
como acontece conosco. Ele compreendeu nossas fraquezas e tomou sobre si os
nossos pecados. A encarnação é a expressão mais clara do amor de Deus por nós.
Mas não nos devemos
esquecer nunca de que o Cristo humano era Deus conosco, “um Salvador”. Essa é a
mensagem de Natal, as “boas novas de grande alegria” (Lc 2:10).
“Ao dizer que o Verbo
"habitou” (gr. eskenosen, aoristo de skenoo, verbo traduzido variadamente
como “fazer morada”, “fixar residência”, “fazer seu lar”) entre nós, João faz
uma alusão explicita ao tabernáculo no deserto (gr. skene), o protótipo
portátil do templo e a antiga morada de Deus em Israel. Como no passado, quando
Deus passou a residir entre Seu povo no tabernáculo (Êx 25:8), que estava cheio
de Sua glória (Êx 40:34-35; 1Rs 8:10-11; 2 Cr 7:1-3), agora Jesus mesmo se
tornou a realidade da presença de Deus entre nós, e Sua glória se tornou visível
para todos (Jo 1:14) por meio dos milagres que Jesus realizou e que
testificavam da presença e do poder de Deus na Terra” (Comentário Bíblico Andrews [CPB, 2024], v. 3, p. 380).
A glória de Deus foi
revelada em Jesus, não como uma demonstração de poder, mas em humildade, graça
e verdade. Ele nasceu em uma simples manjedoura, viveu entre os humildes e
morreu por nós. Sua glória está no amor que salva, na graça que perdoa e na
verdade que liberta. Ele pode mudar o coração das pessoas, ressuscitar os mortos
e salvar-nos da destruição eterna. Mas fazer isso custou-Lhe a vida. Devemos
sempre contemplar Belém à luz do Calvário – contemplar a esperança que a
manjedoura e a cruz nos dão.
Caro amigo leitor, que
tal resgatar o significado mais profundo do Natal com algumas atitudes
diferentes? Celebre este Natal de forma completa. Primeiro, agradecendo por ter
recebido o melhor Presente, pois “um menino nos nasceu, um filho nos foi dado,
e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso
Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz” (Is 9:6). Lembre-se de
que Deus escolheu habitar conosco. Tire um tempo para estar em Sua presença,
agradecendo pelo Seu amor e cuidado. Assim como vimos a glória de Deus em
Jesus, procure refletir essa glória em sua vida. Seja um exemplo de graça,
verdade e amor para aqueles ao seu redor. Depois, ofereça presentes a pessoas
carentes. Tudo o que você der a elas estará dando ao próprio Jesus, o
verdadeiro motivo da celebração (Mt 25:40).
O Natal é uma oportunidade
para compartilhar com outras pessoas a mensagem da encarnação. Fale sobre como
Jesus transformou sua vida e convide outros a experimentarem a mesma esperança.
Ao fazer isso, você resgata a essência do Natal, repetindo a atitude dos anjos,
que proclamaram aos pastores a maior notícia da história da humanidade: nasceu
o Salvador (Lc 2:11).
Neste Natal, que a
mensagem de João 1:14 renove sua fé e traga esperança ao seu coração. Feliz
Natal para todos e todas!!!
Oração:
Querido Deus e bom Pai
que estás no Céu, obrigado por teres enviado Teu Filho para habitar entre nós.
Obrigado porque, em Jesus, podemos conhecer Teu amor, Tua graça e Tua verdade.
Neste Natal, ajuda-nos a reconhecer Tua presença, refletir Tua glória e compartilhar
Tua esperança com o mundo. Que nossas vidas sejam um reflexo da luz de Cristo.
Amém.
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