ALÉM DAS LUZES
Wellington
Barbosa*
Resgatando
o verdadeiro significado do Natal
Aos poucos, o cenário
vai se transformando. Lâmpadas coloridas iluminam a fachada de casas e prédios,
as vitrines dos shopping centers e dos centros populares de compras são
decoradas com caixas de presente vermelhas fechadas com laços dourados e, em
lugar de destaque, pinheiros decorados de diferentes tamanhos quase se tornam
onipresentes. Mesmo em meio a uma onda histórica de calor no Brasil, imitações
de flocos de neve e pelúcias de ursos polares e renas ocupam com naturalidade
os espaços públicos. Como protagonista da festa, surge a figura de um senhor
idoso, simpático e com um saco de presentes, que cativa a atenção de crianças e
adultos dispostos a enfrentar filas para tirar fotos ou receber, ao menos,
alguma guloseima. Diante desse quadro festivo, alguns suspiram com ar de
nostalgia: “Ah, o Natal!”
Discretamente, ou nem
tanto, luzes, cores, cheiros e sabores encobriram o sentido da data comemorada
em dezembro. Recursos periféricos e coadjuvantes criados ao longo do tempo
assumiram o centro das festividades, e o verdadeiro Protagonista da história,
para muitos, ficou relegado ao segundo plano. E isso, para mim, é sintomático.
Se Jesus tem sido esquecido no período em que tradicionalmente as pessoas
deveriam relembrar Seu nascimento, o que dizer dos demais meses do ano? Isso
ajuda a explicar as condições em que a humanidade se encontra. O apóstolo Paulo
afirmou que nos últimos dias viveríamos tempos difíceis, pois os seres humanos
seriam “egoístas, avarentos, orgulhosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes
aos pais, ingratos, ímpios, sem afeição natural, implacáveis, caluniadores, sem
domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, convencidos, mais
amigos dos prazeres do que amigos de Deus, tendo forma de piedade, mas negando
o poder dela” (2Tm 3:1-5). Um retrato diametralmente oposto àquilo que
representa a pessoa de Cristo e que descreve em essência aquilo que vemos no
cotidiano.
O problema é que de
tanto ver notícias que espelham essa descrição, ou até mesmo conviver com elas,
temos sido anestesiados. Para muitos, o que deveria ser anormal para um cristão
já não é mais, e a vida segue seu curso indiferente às condições estranhas aos
planos de Deus. A mensagem do Salvador tem sido apreciada como peça literária
que satisfaz por sua beleza e profundidade, mas isso não significa que lhe
tenha sido permitido transformar o coração. O apelo apostólico em Romanos 12:2
é enfático: “E não vivam conforme os padrões deste mundo, mas deixem que Deus
os transforme pela renovação da mente, para que possam experimentar qual é a
boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
Mente renovada. Quando
isso acontece, logo já não somos nós que vivemos, mas Cristo vive em nós (Gl
2:20), e agora, nossa vida naturalmente passa a demonstrar publicamente as
virtudes do Salvador. Tornamo-nos verdadeiros imitadores de Deus (Ef 5:1) e
encarnamos os valores de Seu reino. Humildade, mansidão, justiça, misericórdia,
pureza e coragem contrastam com soberba, ira, injustiça, intolerância, impureza
e covardia. Em um mundo insosso e escuro, nossa presença dá sabor e ilumina (Mt
5:3-16).
Longe da
superficialidade com que muitos encaram as festividades do fim de ano,
precisamos nos voltar para o motivo da principal comemoração. É tempo de
refletir sobre o que significa o nascimento de Cristo em uma perspectiva
pessoal. Ele nasceu para que tivéssemos vida plena (Jo 10:10) e reproduzíssemos
essa plenitude na vida de outros (Jo 7:38). Se as pessoas e a comunidade ao
nosso redor não são impactadas com nossa presença nem abençoadas com nosso
testemunho, algo está errado. Que o Natal seja um ponto de virada em nossa
jornada, e o novo ano se torne a oportunidade de continuar escrevendo uma
história melhor.
*WELLINGTON
BARBOSA é editor da Revista Adventista
FONTE: Editorial da
Revista Adventista de dezembro/2023
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