HAZEN FOSS – PRECURSOR DE ELLEN G. WHITE QUE “ENDURECEU O CORAÇÃO”
Ricardo
André
Deixar para fazer amanhã
o que se pode ser feito hoje é um traço característico comum da natureza
humana. Todas as pessoas, em maior ou menor grau, têm um lado procrastinador.
Lembro-me que quando estudava, pra mim o maior problema eram os infinitos
trabalhos da faculdade. Quem trabalha e estuda sabe como é difícil ter gás para
sentar à frente do computador após um dia cheio. Algumas vezes tinha que sentar
para preparar os trabalhos acadêmicos, a fim de não deixar para depois e perder
prazos. Outras vezes protelava a realização desses trabalhos. O ato de
procrastinar pode trazer uma série de problemas para quem sofre com o costume
de deixar tudo para depois. No entanto, em assuntos espirituais é fatal adiar a
decisão de aceitar o oferecimento da salvação, ou rejeitar o chamado do
Espírito de Deus. Por isso é que a Palavra de Deus afirma: “Hoje, se vocês
ouvirem a sua voz, não endureçam o coração” (Hebreus 3:7,8, NVI). “Ou seja, não
rejeiteis nem negligencieis o apelo misericordioso da voz de Deus” (Comentário Bíblico Adventista, v. 7, p. 442).
A palavra chave aqui é
“hoje” e não amanhã ou outro dia. O que significa o “hoje” desse texto sacro? Hoje
é o agora
de Deus. Isso pressupõe a ideia de que, quando chamados a aceitarmos a
graça divina ou o chamado para fazermos algo para Deus, não devemos
procrastinar nossa decisão, tampouco rejeitar seu convite de amor. Nossa
decisão não deve ser adiada para uma “ocasião conveniente” (At 24:25). Hoje
denota urgência e é um desafio para imediata consideração e resposta. Portanto,
“hoje” se constitui ao mesmo tempo uma advertência e um convite.
Endurecer
o coração traz consequências eternas
As Sagradas Escrituras
estão repletas de exemplos de pessoas que permitiram que seus corações fossem
endurecidos ante a voz do Espírito Santo. O autor do livro de Hebreus ao alertar
para a necessidade de ouvirmos a voz de Deus e sermos obedientes a ela. Ele
cita o exemplo dos hebreus no deserto, que ouviram a voz do Senhor mas
preferiram seguir o pecado. Judas, um dos Doze apóstolos do Senhor, é um outro
exemplo clássico dessa rejeição a voz do Espírito. Durante três anos Cristo
ensinou-lhe com terno amor os princípios do evangelho, afim de transformar o
caráter de Judas. “Cristo estava diante dele, exemplo vivo do que se devia
tornar, caso colhesse o benefício da mediação e ministério divinos; mas lição
após lição caiu desatendida aos ouvidos de Judas” (O Desejado de Todas as Nações, p. 295). Nesse texto do Espírito de
Profecia fica claro que a razão que levou Judas ceder à tentação de trair conscientemente
o Senhor Jesus foi não dar ouvidos a voz do Espírito Santo, permanecendo com
seu egoísmo e cobiça. O livro de Atos refere-se a sua ação infeliz como à
iniquidade de Judas (At 1:18). Por sua permissão, “entrou nele Satanás” (Jo
13:27).
Sobre isso, Ellen G.
White escreveu: “O Salvador lia o coração de Judas; sabia as profundezas de
iniquidade a que, se o não livrasse a graça de Deus, havia ele de imergir.
Ligando a Si esse homem, colocou-o numa posição em que poderia ser dia a dia
posto em contato com as torrentes de Seu próprio abnegado amor. Abrisse ele o
coração a Cristo, e a graça divina baniria o demônio do egoísmo, e mesmo Judas
se poderia tornar um súdito do reino de Deus”.
Quando o ser humano
rejeita o apelo de Deus, não há absolutamente nada que Deus possa fazer Seu
imenso poder torna-se paralisado diante da rejeição. A história de Judas é o
gélido e sinistro exemplo de que todo aquele que rejeita a oferta da graça
caminha para a própria destruição.
Hazen
Foss – o homem que naufragou em sua experiência cristã por ter rejeitado o
chamado divino
Encontramos na história
inicial do adventistmo do sétimo dia o nome de Hazen Little Foss, que,
tragicamente sucumbiu no encapelado mar da incredulidade, por ter resistido a
voz de Deus.
Hazen Foss era um visionário
milerita. Estava entre aqueles que esperaram a volta de Jesus em 22 de outubro
de 1844. Antes dessa data, ele fora chamado por Deus para ser Seu mensageiro
mediante uma visão. Nela, Deus mostrou-lhe os mileritas caminhando rumo à Terra
Prometida, bem como diversas advertências para o povo de Deus. Ele foi instruído
a tornar conhecida essa visão juntamente com mensagens específicas de
advertência. Todavia, “entendendo que qualquer um que alegasse ter uma visão de
Deus seria desprezado, Foss se recusou a comunicar o que havia visto” (Enciclopédia Ellen G. White, p. 413).
Após o Desapontamento de 1844, Deus concedeu-lhe uma segunda visão, em que foi
instruído “que não se recusasse a relatar a mensagem do Senhor; pois se o
fizesse, o dom lhe seria tirado e dado a alguém menos capaz, para a mais fraca
dentre as fracas” (Ibdem). Não obstante ser um privilégio tornar-se um mensageiro
do Senhor e falar por Ele, temendo ser ridicularizado e rejeitado por seus
companheiros mileritas, Foss se recusou novamente a dar testemunho da parte de
Deus. Ele rejeitou o chamado de Deus e quando tentou relatar sua experiência
sentiu que o Espírito Santo o havia deixado.
A Enciclopédia Ellen G. White destaca que, por conta da sua recusa em
obedecer a voz de Deus, “sobrevieram-lhe imediatamente sensações estranhas, e
uma voz disse: ‘Entristeceste o Espírito do Senhor’. Horrorizado, convocou uma
reunião para relatar a visão. Contou sua experiência; mas, ao tentar descrever
o que havia vista, não conseguiu se lembrar de nada. Tentou várias vezes
comunicar a revelação, mas tudo o que pode dizer foi: ‘Desapareceu. Não consigo
dizer nada. O Espírito do senhor me abandonou’. Os que presenciaram o fato
afirmaram que essa foi a reunião mais terrível da qual haviam participado” (p.
413).
A advertência de Deus a
ele se cumpria. Pouco tempo depois dessa terrível experiência, em dezembro de
1844, a adolescente Ellen G. Harmon recebeu sua primeira visão. Em janeiro de 1845,
Ellen fora convidada para falar na casa da Sra. Mary Foss (sua irmã mais velha
e casada com o irmão de Hazen Foss, Samuel Foss) em Poland, Maine. Ali, numa
reunião milerita, ela deu seu testemunho a respeito do que tinha vista na visão
de dezembro. Embora não estivesse participando da reunião, Foss, de um quarto
próximo, ouviu atentamente Ellen Harmon contar sua primeira visão e
percebeu que as coisas maravilhosas que Deus tinha mostrado a ela, tinham sido
mostradas a ele em primeiro lugar. No dia seguinte lhe disse “haver recebido um
sonho semelhante ao dela”, porém tinha se recusado a relatá-lo. Em seguida
confessou:
“De agora em diante,
serei como um morto para as coisas espirituais. [...] Creio que as visões foram
tiradas de mim e dadas a você. Não se recuse a obedecer a Deus, pois isso seria
colocar em perigo a própria alma. Sou um homem perdido. Você é a escolhida de
Deus; seja fiel ao realizar a obra do Senhor, e a coroa que eu poderia ter
tido, você receberá” (Ibdem).
Foi um momento de
partir o coração, mas também de medo. Depois desse triste episódio, Foss perdeu
a esperança em Jesus. Até o dia da sua morte, ocorrida em 1893, ele não mais mostrou
nenhum interesse nas coisas espirituais. Isso aconteceu porque ele ouviu a voz
do Espírito Santo, endureceu seu coração, se recusando a compartilhar o que ele
havia sido mostrado em visão.
As palavras – “não se
recusasse a relatar a mensagem do Senhor; pois se o fizesse, o dom lhe seria
tirado e dado a alguém menos capaz, para a mais fraca dentre as fracas” – cumpriram-se
com assombrosa precisão.
Conclusão:
As histórias de Judas e
de Hazen Foss são exemplos melancólicos de que todo aquele que rejeita o
chamado divino caminha para a própria destruição. A palavra de Deus é clara
para você ao falar que é HOJE e não amanhã o dia de você ouvir a voz de Deus
que está te chamando. Hoje é o melhor dia de todo o restante de sua vida para
aceitar o Salvador Jesus, e começar uma caminhada de nova aliança com Ele, de
decidir fazer o melhor para Deus. Há um velho e belo hino do Hinário
Adventista, nº 168, cujo coro diz: "Meu amigo, hoje tu tens a escolha:
vida ou morte, qual vais aceita? Amanhã pode ser muito tarde, hoje Cristo te
quer libertar". Devemos aproveitar o momento, o dia de hoje para decidir
ser fiel ao chamado que Deus colocou em nossa vida, pois não sabemos se teremos
um amanhã. Lembre-se de Hazen Foss.
Caro amigo leitor, sabemos
que se calarmos até as pedras clamarão (Lucas 19:40). Espero que possamos nós,
a sua igreja, ser fiéis a Deus em nossa missão e dizer como o profeta Samuel
"Fala Senhor que o teu servo ouve", a fim de que em breve possamos
ouvir as palavras: “Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco; eu o
porei sobre o muito. Venha e participe da alegria do seu senhor” (Mateus 25:21,
NVI). Que saibamos aproveitar os últimos momentos da história do mundo antes
que seja tarde demais. Não endureça o seu coração a fim de que a palavra
pregada da salvação te alcance!
Comentários
Postar um comentário