QUEM É JESUS CRISTO?
Adolfo
Suárez
Jesus Cristo é uma
pessoa fascinante, tanto por sua personalidade, quanto por Seu caráter e obras.
Mas, será que, de fato, Ele existiu? Ou é apenas um produto da imaginação e do
sentimentalismo piedoso, e não dos registros históricos? O que a Bíblia fala
sobre Ele? Como devemos aceitá-lo em nossa vida?
A
historicidade de Cristo: ele esteve entre nós!
Há diversos documentos
extra-bíblicos antigos, os quais atestam a historicidade de Jesus Cristo.[1]
Plínio, o Jovem, foi um dos maiores escritores de cartas do mundo antigo, as
quais alcançaram a condição de clássicos literários. Há uma carta de Plínio ao
imperador Trajano sobre os cristãos da sua província; foi escrita cerca de 112
d.C., enquanto Plínio era governador da Bítínia na Ásia Menor. Essa carta dá
informações sobre o cristianismo primitivo de um ponto de vista não cristão.
Eis alguns trechos dela:
É uma regra, senhor,
que eu observo invariavelmente, dirigir-me ao senhor em todas as minhas
dúvidas. Pois, quem é capaz de guiar minha incerteza ou informar minha
ignorância? Jamais tenho estado em quaisquer julgamentos de cristãos,
desconheço o método e os limites a serem observados, quer em examina-los ou
puni-los, quer alguma diferença deva ser feita em vista da idade, ou nenhuma
distinção permitida entre o mais jovem e o adulto; quer o arrependimento leve
ao perdão, ou se no caso de alguém já ter sido cristão, de nada vale
retratar-se; se a simples confissão de cristianismo, embora crimes não tenham
sido cometidos, ou apenas as acusações associadas a ela são passíveis de
punição — em todos esses pontos me encontro em considerável perplexidade…
…Os que negaram ser ou
terem jamais sido cristãos, e que repetiram comigo uma invocação aos deuses,
oferecendo adoração formal com libação e incenso diante da vossa estátua que eu
ordenara fosse levada ao tribunal com esse propósito, juntamente com as dos
deuses, e que finalmente amaldiçoaram Cristo — nenhum desses atos, segundo se
diz, os que são realmente cristãos podem ser forçados a praticar — esses
julguei, então, apropriado libertar. Outros que foram nomeados pelo informante
anônimo, a princípio se confessaram cristãos, e depois negaram. É verdade que
afirmam ter participado dessa seita, mas a tinham deixado, alguns há três anos,
outros há muitos anos, e uns poucos já há vinte e cinco anos. Todos eles
adoraram a vossa estátua e as imagens dos deuses e amaldiçoaram Cristo.
O historiador Tácito é
considerado confiável, um homem em quem a sensibilidade e a imaginação não
poderiam prejudicar o senso crítico e a honestidade documental. Tácito se
tornou senador no reinado de Vespasiano; posteriormente ocupou o cargo de
cônsul, procônsul e governador. Além disso, foi orador respeitado e amigo
íntimo de Plínio, o Jovem. Escrevendo em cerca de 116 d.C., o historiador
descreve a reação do imperador Nero ao grande incêndio que varreu Roma em 64
d.C. Circulava um rumor persistente de que o próprio Nero era o incendiário e
ele teve, então, de agir, a fim de interromper a história. Tácito fala dos atos
de Nero para impedir que o rumor se espalhasse:
“…Nem a ajuda humana,
nem a munificência [generosidade] imperial, nem todos os meios de aplacar os
céus puderam sufocar o escândalo ou dispensar a crença de que o incêndio fora
provocado a mando de alguém. Por conseguinte, Nero, para se livrar dos rumores,
acusou de crime e castigou com torturas exageradas aquelas pessoas, odiosas por
causa de práticas vergonhosas, a quem o vulgo chama cristãos. Cristo, autor
desse nome, foi castigado pelo procurador Pôncio Pilatos, no reinado de
Tibério…”.
Em aproximadamente 50
d.C., o apóstolo Paulo chegou a Corinto. Atos 18:2 registra que “lá, encontrou
certo judeu chamado Áquila, natural do Ponto, recentemente chegado da Itália,
com Priscila, sua mulher, em vista de ter Cláudio decretado que todos os judeus
se retirassem de Roma”. De modo interessante, Suetônio, outro historiador
romano e cronista da Casa Imperial, escreveu em 120 d.C. aproximadamente, o que
lembra o texto de Atos: “Desde que os judeus estavam promovendo distúrbios
constantes por instigação de Chrestus, eles os expulsou de Roma”.
Existem várias pistas
indicando que Chrestus era provavelmente Cristo (grego “Christus”), soletrado
erradamente. Primeiro, Chrestus é um nome grego. Segundo, Chrestus deveria ter
um som muito semelhante a Cristo; o qual, com o seu significado de ungido seria
pouco familiar no mundo gentio, de modo que a substituição pelo nome grego
familiar Chrestus não teria dificuldade em ser feita.
Ao escrever por volta
de 170 d.C., o satirista grego Luciano de Samosata mencionou os primeiros
cristãos e seu “legislador”. A natureza hostil do seu testemunho torna-o ainda
mais valioso: “Os cristãos, como todos sabem, adoram um homem até hoje — o
distinto personagem que iniciou seus novos rituais — e foi crucificado por
causa disso… Vejam bem, essas criaturas mal orientadas começam com a convicção
geral de que são imortais para sempre, o que explica o desprezo pela morte e a
dedicação voluntária de si mesmos, tão comuns entre eles. Foi também impresso
sobre eles, pelo seu legislador original, que são todos irmãos, a partir do
momento em que são convertidos; e negam os reis da Grécia, adoram o sábio
crucificado, e vivem segundo as suas leis. Tudo isto eles aceitam pela fé, com
o resultado de desprezarem todos os bens materiais, considerando-os
simplesmente como propriedade comum”.
Entendemos que os
escritores acima mencionados não teriam nenhuma razão de fé ou religiosa para
testemunhar a historicidade de Cristo. O testemunho deles, portanto, é
imparcial e muito importante, legitimando a historicidade de Jesus Cristo a
partir de documentos não bíblicos.
Jesus
Cristo nos EVANGELHOS: as quatro faces do messias
Certamente a Bíblia é o
melhor documento para compreender quem é Jesus Cristo. Especificamente, os
quatro evangelhos descrevem quatro faces diferentes dEle.[2] O evangelho de
Mateus apresenta Jesus como o Messias, o Salvador que Deus havia prometido enviar
ao mundo. Marcos, considerado o mais antigo dos quatro evangelhos, anuncia a
boa nova a respeito de Jesus Cristo, com especial atenção à Sua constante
atividade e à Sua autoridade. Lucas, por sua vez, apresenta Jesus não apenas
como o Messias prometido por Deus, mas também como o Salvador de toda a
humanidade. Finalmente, João apresenta-O como a Palavra de Deus que existiu
desde a eternidade com Deus; para João, Jesus Cristo é o Deus do AT, que, por
amor, veio à terra para estar ao nosso lado a fim de salvar-nos de nosso
pecado.
OS
OFÍCIOS DE JESUS CRISTO: o que ele fez e faz em nosso favor
No judaísmo, os ofícios
do profeta, do sacerdote e do rei eram de caráter único; a Bíblia os relaciona
à pessoa de Jesus Cristo, para descrever Seus ofícios aqui na Terra e diante do
Pai.[3]
Cristo
Profeta
Deus revelou a Moisés o
ofício profético de Cristo: “Suscitar-lhes-ei um profeta do meio de seus
irmãos, semelhante a ti, em cuja boca porei as minhas palavras, e Ele lhes
falará tudo o que Eu lhes ordenar” (Deuteronômio 18:18). Os contemporâneos de
Cristo reconheceram que nEle se cumpriu esta profecia (João 6:14; 7:40; Atos 3:
22 e 23). Além disso, Jesus referiu-Se a Si próprio como “profeta” (Lucas
13:33) e revelou o futuro (Mateus 24:1-51; Lucas 19:41-44).
Cristo
Sacerdote
Um juramento divino
estabelecera firmemente o sacerdócio do Messias. “O Senhor jurou e não se
arrependerá: ‘Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque
(Salmos 110:4). Cristo não era descendente de Arão. À semelhança de Melquisedeque,
Seu direito ao sacerdócio advinha da indicação divina’” (Hebreus 5:6 e 10). Seu
sacerdócio mediador constitui-se de duas fases: uma terrestre e outra
celestial. Como sacerdote terrestre, Cristo tornou-se o elo entre Deus e o ser
humano, assim como foi o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (2
Coríntios 5:21; 1 João 1:7; 1 Coríntios 15:3). Então, durante seu ministério
terrestre, Cristo foi tanto o sacerdote como a oferta. Como sacerdote
celestial, intercede em favor da humanidade desde Sua ascensão. (Hebreus 7:25;
Romanos 8:34; João 16:23).
Cristo
Rei
Deus estabeleceu nos
Céus “o Seu trono, e o Seu reino domina sobre tudo” (Salmo 103:19). É evidente
que o Filho de Deus, como integrante da Divindade, compartilha do governo de
todo o Universo (Salmo 2:6 e 7; Hebreus 1:5; Lucas 1:33).
A
PESSOA DE CRISTO: sua divindade e humanidade[4]
Jesus era uma pessoa
especial. Nunca existiu, nem existirá, outra pessoa igual a Ele. A palavra
grega monogenês (unigênito), aplicada a Cristo no Novo Testamento mostra que
Ele era único da Sua espécie. Por que? Além de não ter pecado e ser o Salvador
era, ao mesmo tempo, divino e humano; ou seja, 100% Deus e 100% homem. É
difícil explicar como o Deus infinito e o ser humano finito podem se unir em
uma só pessoa, mas, após muita discussão, os principais teólogos cristãos
chegaram ao consenso, no século V, de que Cristo é uma pessoa com duas
naturezas: uma totalmente divina e outra totalmente humana, as quais não devem
ser confundidas nem separadas. Só na eternidade este mistério será plenamente
esclarecido.
A divindade de Jesus
Cristo aparece de forma muito clara na Bíblia:
·
Jesus
tem os mesmos atributos de Deus. Ele é onipotente (tem
o poder em todo o Universo; João 17:2), onisciente (tem toda a sabedoria e o
conhecimento; Colossenses 2:3), é onipresente (pode estar em todos os lugares
ao mesmo tempo; Mateus 28:20), é imutável (nunca muda em seu caráter; Hebreus
13:8), é auto-existente (tem vida em si mesmo; João 1:4), é santo (não tem
pecado; Lucas 1:35) é misericordioso, amorável e eterno (1 João 3:16; Isaías
9:6).
·
Jesus
exerce os poderes de Deus. Cristo é identificado na Bíblia
como Criador e Sustentador do Universo; é a fonte da vida e o Juiz do mundo.
Ele perdoou pecados, coisa que só Deus pode fazer (João 1:3; Colossenses 1:16 e
17).
·
Jesus
tem nomes divinos. É chamado de Emanuel (Deus conosco) e
Filho de Deus (Mateus 1:23; 8:29).
·
Jesus
foi reconhecido como divino. “Ele estava com Deus e
era Deus” (João 1:1).
·
Jesus
identificou-se como divino. “O Pai e Eu somos um”, disse Jesus
(João 10:30; 20:17).
·
Jesus
é descrito como divino. Em várias passagens, Ele é
apresentado indiretamente em igualdade com o Pai e o Espírito Santo: no batismo
(Mateus 28:19), na bênção apostólica (2 Coríntios 13:13) e na apresentação dos
dons espirituais (1 Coríntios 12:4-6).
·
Jesus
é adorado como Deus. Os anjos deveriam adora-Lo; os
discípulos O adoraram, e Ele aceitou a adoração (Hebreus 1:6; Mateus 28:17).
Por outro lado, quanto
à humanidade de Cristo, as evidências são igualmente claras:
·
Jesus
nasceu como ser humano. Embora Jesus fosse singular, por
ter sido gerado pelo Espírito Santo, Ele era filho de Maria, descendente do
patriarca Abraão e do rei Davi (Mateus 1:1, 20-23; Romanos 1:3)
·
Jesus
cresceu como ser humano. “Jesus crescia no corpo e em
sabedoria, e tanto Deus como as pessoas gostavam cada vez mais dEle”, registra
Lucas (2:52).
·
Jesus
foi identificado como “homem”. Jesus usou o título
“Filho do Homem” 77 vezes para falar de Si mesmo. João Batista, Pedro e Paulo
se referiram a Ele como homem, e o povo O via apenas como homem (João 1:30;
Atos 2:22; Romanos 5:15).
·
Jesus
tinha características humanas. Ele sentiu fome e
sede, cansou, sentiu pena, ficou triste, chorou, sofreu e morreu (Mateus 4:2;
9:36; 26:21; Marcos 1:35; 3:5).
Jesus
Cristo: uma pessoa espetacular!
A Bíblia apresenta
dezenas de nomes, títulos e descrições de Deus (Pai, Filho e Espírito Santo).
Isso é muito importante no contexto bíblico, pois, nos tempos do Antigo e Novo
Testamentos, o nome revelava o caráter de seu possuidor. Confira, a seguir, uma
lista com 55 deles. Ao mesmo tempo em que lê esses nomes, títulos e descrições,
reflita sobre o que eles significam para sua vida pessoal. [5]
Advogado (1 João 2:1)
Alfa (Apocalipse 1:8;
21:6)
Autor da Fé (Hebreus
12:2)
Bom Pastor (João 10:11)
Cabeça da Igreja
(Efésios 5:23)
Caminho (João 14:6)
Consolador (João 16:7)
Cordeiro de Deus (João
1:29)
Criador (Isaías 40:28)
Defensor das viúvas
(Salmo 68:5)
Desejado de Todas as
Nações (Ageu 2:7)
Deus da minha salvação
(Salmo 51:14; 88:1)
Deus da paz (Romanos
16:20)
Deus de toda a graça (1
Pedro 5:10)
Deu Forte (Isaías 9:6)
Emanuel, Deus conosco
(Isaías 7:14; Mateus 1:23)
Esperança de Israel
(Jeremias 14:8; 17:13)
Espírito de Sabedoria e
de entendimento (Isaías 11:2)
Espírito da verdade
(João 14:17; 15:26)
Estrela da manhã
(Apocalipse 22:16)
Eu Sou (Êxodo 3:14;
João 8:58)
Filho do Homem (Mateus
12:40; 24:27)
Grande Sacerdote
(Hebreus 4:14)
Imortal (1 Timóteo
1:17)
Juiz de toda a Terra
(Gênesis 18:25)
Legislador (Isaías
33:22; Tiago 4:12)
Lírio dos vales
(Cantares 2:1)
Luz do Mundo (João
8:12)
Maravilhoso conselheiro
(Isaías 9:6)
Mediador (1 Timóteo
2:5)
Messias (João 1:41)
Mestre (Mateus 26:18;
Lucas 5:5)
Ômega (Apocalipse 1:8;
21:6)
Pai (Mateus 6:9; 11:25)
Pai da Glória (Efésias
1:17)
Pai das luzes (Tiago
1:17)
Pai dos órfãos (Salmo
68:5)
Pão da vida (João 6:35)
Pastor (Salmo 23:1)
Pedra angular (1 Pedro
2:6)
Príncipe da paz (Isaías
9:6)
Redentor (Jó 19:25)
Refúgio e Fortaleza
(Salmo 46:1)
Rei da glória (Salmo
24:7)
Rei dos Reis
(Apocalipse 19:16)
Renovo (Isaías 4:2;
1:1)
Ressurreição e vida
(João 11:25)
Rosa de Sarom (Cantares
2:1)
Senhor dos Senhores
(Apocalipse 19:6)
Servo (Mateus 12:18)
Ungido (Salmo 2:2)
Verbo (João 1:1)
Verdade (João 14:6)
Vida (João 14:6)
Videira verdadeira
(João 15:1)
E
agora?
Sim, Jesus Cristo é o
menino que nasceu numa manjedoura, e que é celebrado no Natal; mas é mais que
isso. É o menino que nasceu para ser o Salvador de todos nós. Por isso, urge
uma posição e escolha de nossa parte. O Deus-Homem precisa ser recebido como
Salvador, assumido como Senhor, e aceito como Juiz. Desta forma, nosso presente
passará a ter sentido, e nosso futuro estará garantido.
[1] Esta seção se
fundamenta, basicamente, no clássico de Josh McDowell & Bill Wilson, Ele
andou entre nós – evidências do Jesus histórico. São Paulo: Candeia, 1998.
Alguns podem questionar a autenticidade dos documentos aqui mencionados, mas
eles permanecem como registro histórico confiável.
[2] Adaptado de artigo
disponível na Bíblia Online, CD publicado pela Sociedade Bíblica do Brasil.
[3] Adaptado de
Damsteegt, P.G. editor. Nisto Cremos – Ensinos Bíblicos dos Adventistas do
Sétimo Dia. Tatuí: CPB, 1997, p. 79-82.
[4] Adaptado de
BENEDICTO, Marcos de. Fé Inteligente – um guia para você entender e viver o
cristianismo. Tatuí: CPB, 2001, p. 17 e 18.
[5] BENEDICTO, Marcos
de. De Bem Com Jesus. Tatuí: CPB, 2000, p. 122.
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