EM NOTA DOUTRINAL, PAPA LEÃO XIV RECONHECE QUE MARIA NÃO É REDENTORA DO MUNDO

Ricardo André

Na semana passada, o mundo cristão foi surpreendido com uma Nota do Vaticano, publicado em 4 de novembro de 2025, e aprovado pelo Papa Leão XIV, declarando que Maria, mãe de Jesus, não deve ser chamada de “corredentora”. (Vatican News)

Segundo o documento, intitulado “Mater Populi Fidelis” (A Mãe do Povo Fiel), o uso desse título “ofusca a mediação única de Cristo”, e por isso, os católicos do mundo todo são instruídos a não se referirem a Maria como redentora do mundo. Assim, embora a Igreja Católica continue a honrar Maria de modo elevado, esta instrução marca uma clarificação e limitação de como certos títulos devem (ou não) ser usados para que a centralidade de Jesus Cristo como único Redentor fique explícita.

Essa decisão, embora interna ao catolicismo, tem implicações teológicas profundas - e também abre uma porta dentro do catolicismo para a reafirmação de uma verdade central do Evangelho: Somente Jesus Cristo é o Redentor da humanidade!

Nesse artigo, portanto, quero refletir sobre esse tema, de forma clara, respeitosa e profundamente bíblica, bem como as implicações desse decreto para o catolicismo romano e para o mundo cristão.

O DECRETO E SEU SIGNIFICADO

Durante séculos, dentro do catolicismo, alguns teólogos e devotos usaram expressões como “Maria, corredentora” ou “mediadora de todas as graças”.

Esses títulos tentavam expressar a participação de Maria na história da salvação - mas muitos acabaram confundindo o papel da criatura com o papel do Criador.

O novo decreto reconhece isso e declara: “Há salvação em nenhum outro nome, senão no nome de Jesus Cristo.” (Documento “Mater Populi Fidelis”, 2025)

Assim, a Igreja Católica rejeita oficialmente o uso do título de “corredentora”, por entender que ele eclipsa a mediação única de Cristo. Em outras palavras, Roma depois de séculos reconhece: A redenção pertence somente a Cristo. Assim, embora a Igreja Católica continue a honrar Maria de modo elevado, esta instrução marca uma clarificação e limitação de como certos títulos devem (ou não) ser usados para que a centralidade de Jesus Cristo como único Redentor fique explícita.

A POSIÇÃO HISTÓRICA DO PROTESTANTISMO

Desde o século XVI, os reformadores - como Lutero, Calvino e Zwínglio - já afirmavam esta verdade fundamental: “Sola Christus” - Somente Cristo é o Redentor.

Para o protestantismo, qualquer ideia de que Maria, os santos ou a Igreja possam cooperar para a salvação compromete o sacrifício perfeito e completo de Cristo na cruz.

A Igreja Adventista do Sétimo Dia, por exemplo, sempre ensinou que a obra de Cristo na cruz é completa e exclusiva, e qualquer tentativa de atribuir à Maria ou aos santos participação equivalente seria vista como comprometimento do sacrifício único de Cristo. Eles sempre enfatizaram que Jesus é o único mediador entre Deus e os homens, conforme 1 Timóteo 2:5: “Porque há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem.” Esse entendimento da IASD é expresso claramente nas duas citações abaixo, extraídas de duas importantes obras denominacionais.

“De maneira mais decisiva, o todo-suficiente sacrifício expiatório de nosso Senhor Jesus foi oferecido e completado na cruz do Calvário. Isso foi efetuado em favor de toda a humanidade, pois “Ele é a propiciação” pelos pecados “do mundo inteiro” (1 Jo 2:2). Mas essa obra sacrifical, em realidade, só é proveitosa para o coração humano quando ele rende a vida e experimenta o milagre do novo nascimento. Nessa experiência, nosso Sumo Sacerdote, aplica a nós os benefícios de Seu sacrifício expiatório. Nosso pecados são perdoados, tornamo-nos filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus e a paz de Deus passa a habitar em nosso coração” (Questões sobre Doutrina: O clássico mais polêmico da história do adventismo [CPB, 2009], p. 256, 257).

“Quando os seres humanos caíram sob o domínio do pecado, tornaram-se sujeitos à condenação e maldição da lei de Deus (Rm 6:4; Gl 3:10-13). “Escravos do pecado” (Rm 6:16), sujeito à morte, era-lhes impossível escapar. “Ao irmão, verdadeiramente, ninguém o pode remir, nem pagar por ele a Deus o seu resgate” (Sl 49:7). Somente Deus está revestido do poder de resgatar. “Eu os remirei do poder do inferno e os resgatarei da morte” (Os 13:14). De que modo Deus os redimiu? Por intermédio de Jesus, que declarou, quanto a Si próprio, não ter vindo “para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate por muito” (Mt 20:28; ver Tm 2:6), Deus “comprou” a igreja com “Seu próprio sangue” (At 20:28). Em Cristo “temos a redenção, pelo Seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da Sua graça” (Ef 1:7; cf. Rm 3:24). Sua morte visava “remir-nos de toda iniquidade e purificar, para Si mesmo, um povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras” (Tt 2:14)” (Nisto Cremos: As 28 crenças Fundamentais da Igreja Adventista do Sétimo Dia [CPB, 2018], p. 141, 142).

Maria foi uma mulher escolhida, abençoada, fiel, mas não participou da redenção em termos de mérito.

Ela foi instrumento, não redentora. Ela foi discípula, não salvadora. E, com humildade, ela mesma declarou: “O meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador” (Lc 1:47). Se Maria chama Deus de “meu Salvador”, é porque ela também precisava ser salva pelo mesmo Cristo que gerou.

A EXCLUSIVIDADE DE CRISTO NA REDENÇÃO

Vejamos alguns textos que afirmam, de modo cristalino, a centralidade de Cristo na salvação:

1. Atos 4:12 – “Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos” (NVI). Esse texto enfatiza que a salvação só é encontrada em Jesus Cristo, pois nenhum outro nome sob o céu permite que as pessoas sejam salvas. Esse versículo destaca que Jesus é a “pedra angular” desprezada pelos construtores, mas que é a única base segura para a salvação. Nesse sentido, O cristianismo é uma fé “exclusivista” no sentido de que a salvação não é universalmente alcançada através de múltiplas fontes, mas unicamente por meio da fé em Jesus Cristo.

Portanto, o texto bíblico claramente mostra que não há espaço para corredentores, nem mediadores paralelos. A cruz não teve auxílio humano: foi obra de Deus em Cristo.

2. Hebreus 9:12 - “Não por meio de sangue de bodes e novilhos, mas pelo seu próprio sangue, ele entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, e obteve eterna redenção” (NVI). O texto sacro nitidamente revela que o sangue de Cristo, oferecido de uma vez por todas, é o sacrifício perfeito que nos concede uma redenção eterna, que não pode ser desfeita. E essa redenção não requer complemento de Maria, santos ou igrejas.

3. Hebreus 10:10 – “Pelo cumprimento dessa vontade fomos santificados, por meio do sacrifício do corpo de Jesus Cristo, oferecido uma vez por todas” (NVI). O versículo nos lembra que, Jesus ofereceu um único sacrifício perfeito e completo pelo pecado, que tem validade eterna. Ele fez a oferta uma vez por todas, e não por vários anos. Isso nos dá a certeza de que o sacrifício de Jesus é suficiente. Por isso, não precisamos mais nos preocupar com a remoção dos nossos pecados através de rituais, mas sim pela fé em Cristo. Logo, nada pode ser acrescentado ao sacrifício de Cristo.

4. João 14:6 - “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” O texto ensina a grande verdade do evangelho de que Jesus é o único caminho para chegar a Deus, a verdade que guia nossa vida e a vida eterna que Ele oferece. A passagem destaca que, sem Jesus, não há acesso ao Pai, não há vida eterna, e segui-Lo é abraçar a única verdade e a fonte da verdadeira vida. Note que Jesus não diz “por mim e por Maria” - mas por mim. Portanto, o caminho é único, o mediador é único, o Salvador é único.

5. Efésios 2:8, 9 - “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie” (NVI). A Bíblia é bem clara ao afirmar que a salvação não depende da cooperação de nenhuma criatura - é dom gratuito de Deus em Cristo. Isso significa que não podemos conquistar a salvação com nossos próprios esforços, mas devemos aceitá-la como um dom gratuito, confiando em Jesus e vivendo em gratidão por sua obra redentora.

AS IMPLICAÇÕES DESSA DECISÃO

Essa nova instrução papal tem algumas consequências importantes:

1. Internamente, no catolicismo:

·        Muitos devotos terão de rever suas orações e títulos a Maria. Publicações, devocionais poderão ter de ser revisadas para garantir consistência com a nota doutrinal.

·        A liturgia e a catequese precisarão enfatizar mais claramente que Cristo é o único Redentor. De acordo com a Nota doutrinal, o uso de títulos marianos deverá ficar mais claramente ancorado em função de “mãe dos fiéis”, “mãe na ordem da graça”, “primeira discípula” - mas sem sugerir que Maria participou da redenção como a si mesma redentora ou co-redentora.

2. No campo ecumênico:

Esse movimento de Roma sobre a centralidade de Cristo abre um porta para o diálogo entre católicos e protestantes, criando também uma ponte que aproxima esses grupos cristãos. A profecia de Apocalipse 13 prevê a união do catolicismo com as igrejas protestantes ou evangélicas e espíritas no tempo do fim. Essa união envolverá a primeira besta (do mar), a segunda besta (da terra) e o protestantismo apóstata, que se unirá a eles.  A primeira besta representa o papado, que exerceu poder político-religioso opressivo durante a Idade Média (Ap 13:5, 7) e cuja "ferida mortal" (perda de poder temporal) seria curada (Ap 13:3). A segunda besta é identificada como os Estados Unidos, que se levantariam como uma nação de liberdade religiosa, simbolizada pelos seus dois chifres semelhantes aos de cordeiro. No entanto, no tempo do fim, passará a "falar como o dragão" (Satanás), usando de coerção para impor crenças religiosas (v.11). Esse poder no tempo do fim será fundamental para induzir o mundo inteiro a adorar a primeira besta, que recebeu a ferida mortal, em 1798, durante a Revolução Francesa (v. 12-18). Isso espelha a união entre a igreja e o estado que caracterizou o poder papal histórico.

“Apocalipse 13, portanto, indica que os Estados Unidos da América (a besta da terra) terá o papel principal na cura da ferida mortal do sistema papal (a besta do mar). No tempo do fim, a besta da terra estabelecerá uma união com a besta do mar, dando origem a uma instituição semelhante àquela que caracterizou o cristianismo medieval na Europa Ocidental, com o propósito de controlar a consciência e as crenças das pessoas. O impacto da besta da terra será mundial” (Comentário Bíblico Andrews [CPB, 2025], v. 4, p. 706).

O ponto central dessa união de igrejas e do poder civil será a imposição de um decreto dominical, tornando obrigatória a guarda do domingo como dia de descanso e adoração, em oposição ao sábado bíblico (sétimo dia), que resultará em perseguição religiosa para aqueles que se mantiverem leais aos mandamentos de Deus e ao sábado bíblico (Êx 31:12-17; Ez 20:12, 20).

“Apocalipse 13:17 mostra que, no clímax do drama do tempo do fim, as sanções econômicas àqueles que se recusarem a adorar a imagem da besta desempenharão um papel fundamental. A recusa em adorar a besta será tratada como um ato de deslealdade punível com morte. [...] Todo esse cenário culminará com a vinda de Cristo em poder e glória, seguida pela derrota da coalizão triúna satânica e de suas forças (19:11-21), bem como pela libertação do povo fiel (Dn 12:1)” (Idem, p. 706).

Por mais de 160 anos, os adventistas do sétimo dia têm advertido o mundo sobre a reconciliação entre católicos e protestantes que se aproximava – mesmo quando todas as indicações políticas e religiosas faziam parecer impossível essa reconciliação.

Com base nessa profecia apocalíptica, em 1885, a escritora cristã norte-americana, Ellen G. White predisse: “Quando o protestantismo estender os braços através do abismo, a fim de dar uma das mãos ao poder romano e a outra ao espiritismo, quando por influência dessa tríplice aliança os Estados Unidos forem induzidos a repudiar todos os princípios de sua Constituição, que fizeram deles um governo protestante e republicano, e adotar medidas para a propagação dos erros e falsidades do papado, podemos saber que é chegado o tempo das operações maravilhosas de Satanás e que o fim está próximo” (Testemunhos Para a Igreja [CPB, 2007], v. 5, p. 451).

Ellen White ainda predisse: Quando as principais igrejas dos Estados Unidos, ligando-se em pontos de doutrinas que lhes são comuns, influenciarem o Estado para que imponha seus decretos e lhes apoie as instituições, a América do Norte protestante terá então formado uma imagem da hierarquia romana, e a aplicação de penas civis aos dissidentes será o resultado inevitável” (O Grande Conflito [CPB, 2006], p. 445).

Quando ela escreveu essas palavras, os protestantes e católicos viviam em “guerra” uns com os outros. Em 1885, o movimento ecumênico ainda estava longe no futuro, mas os tempos mudaram muito. Hoje, evidentemente, o impossível se tornou quase inevitável, pois vez após outra católicos e protestantes estão se unindo em toda uma infinidade de assuntos. Muito interessante ainda, e novamente seguindo o que Ellen White escreveu mais de um século atrás, são os protestantes que estão fazendo as mais incríveis concessões, tudo a fim de causar essa união com Roma.

É perceptível que o movimento ecumênico que promove a união das igrejas ou religiões cresce no mundo. Desde o alvorecer do novo milênio estamos testemunhando o maior impulso rumo à unidade ecumênica que o mundo já viu. E esse fato é, indubitavelmente, uma importante tendência que apontam para o cumprimento da profecia apocalíptica. Os fenômenos espirituais comuns aos evangélicos pentecostais, católicos carismáticos e espíritas, a exemplo das “revelações”, as curas e os êxtase, levou o espírita kardecista José Reis Chaves a fazer a surpreendente declaração: “E percebe-se que é uma questão de tempo para que os espíritas, os carismáticos católicos e os pentecostais, conhecendo "in totum" a verdade libertadora, dar-se-ão as mãos, formando um só rebanho e um só pastor!” (Portal O Tempo).

Em 29 de março de 1994, 39 líderes protestantes evangélicos e católicos romanos assinaram um documento intitulado “Evangélicos e católicos juntos: A Missão Cristã no Terceiro Milênio”.

A igreja Católica Romana está freneticamente construindo pontes para todas as denominações cristãs.  O jornal O Globo de 22/05/1995 estampou uma surpreendente manchete: “Papa quer cristãos unidos no ano 2000”.  Logo em seguida comenta: “... O porta-voz do Vaticano Joaquim Navarro-Valls afirmou que o Papa quer eliminar as distâncias cavadas nas lutas históricas para a união dos cristãos no limiar do terceiro milênio.

O mesmo jornal edição de 31/05/1995, nove dias depois, estampa a manchete: “Em nova Encíclica, Papa defende união de cristãos”, e comenta: “O Vaticano divulgou ontem a 12ª Encíclica do Papa João Paulo II, ‘Que Todos Sejam Um’, dedicada totalmente ao ecumenismo. Nas suas 114 páginas, o Papa afirma que o compromisso da Igreja Católica com a unidade de todos os cristãos é irreversível...

Observe o papa diz que é IRREVERSÍVEL esta união. De fato, com a morte do Papa João Paulo II, o Vaticano não desistiu de seu intento, prosseguiu com seu objetivo com os sucessores do extinto João Paulo II.

O jornal Folha de São Paulo de 30 de junho de 2008 traz a seguinte matéria: “Bento XVI pede unidade de todos os cristãos”. E comenta: “O papa Bento 16 pediu neste domingo a unidade de todos os cristãos durante a tradicional oração do ângelus, à qual assistiu o patriarca ecumênico Bartolomeu 1º, primaz de honra das igrejas ortodoxas. (...) No ângelus, Bento 16 lembrou que no sábado começou o Ano paulino pelo que pediu aos fiéis que rezassem por esse motivo, assim como pela unidade dos cristãos, a evangelização e a comunhão da igreja”.

Desde seu primeiro discurso na Capela Sistina, na manhã seguinte à sua eleição, Bento XVI afirmou claramente que o ecumenismo – a busca da unidade com outras denominações cristãs – é uma das maiores prioridades de seu pontificado.

O pontificado do Papa Francisco não tem ficado atrás dos últimos dois. Ele vem reforçando sua postura ecumênica, tentando aproximar-se das outras correntes do Cristianismo como os ortodoxos e os evangélicos. A Igreja Católica continua firme em seu propósito de reconquistar a supremacia política mundial e o pior de tudo é que as principais igrejas protestantes já venderam sua alma ao bispo de Roma, para desespero do mundo todo. Por trás dessa fala mansa do papa encontra-se o desejo de supremacia através da exaltação do descanso dominical. 

No sábado, 25 de janeiro de 2014 durante o encerramento da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que ocorreu na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, ele fez orações em companhia do representante do Patriarcado ecumênico de Constantinopla, Gennadios Zervos, e o representante do arcebispo de Cantuária e chefe da Comunhão Anglicana, o pastor David Moxon. 

Neste dia, o site da Rádio Vaticano postou a seguinte matéria:

 Papa: Cristo é princípio, causa e motor da unidade dos cristãos

Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco presidiu às vésperas na tarde deste sábado, na Basílica de S. Paulo Fora dos Muros, por ocasião da festa da Conversão do Apóstolo e no encerramento da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

Antes de iniciar a celebração, Francisco desceu ao túmulo do Apóstolo Paulo para rezar com o arcebispo metropolita ortodoxo e representante do Patriarcado ecumênico de Constantinopla, Gennadios Zervos, e o representante do arcebispo de Cantuária e chefe da Comunhão Anglicana em Roma, o Pastor David Moxon.

A Basílica estava repleta de fiéis e nos bancos da frente destacavam-se alguns cardeais colaboradores e ex-colaboradores da Cúria Romana, como os dois ex-Secretários de Estado, Angelo Sodano, (atual decano do Colégio Cardinalício) e Tarcisio Bertone, camerlengo da Santa Romana Igreja.

Na presença de representantes ortodoxos, anglicanos e de outras comunidades cristãs, em sua homilia o Papa comentou o tema escolhido para a edição deste ano da Semana: “Estará Cristo dividido?” (1 Cor 1, 13).

Com grande tristeza, comentou o Pontífice, o Apóstolo soube que os cristãos de Corinto estavam divididos em várias facções. Uns afirmavam: "Eu sou de Paulo"; outros diziam: "Eu sou de Apolo"; e outros: “Eu sou de Cefas”; e há ainda quem sustentasse: «Eu sou de Cristo». Até mesmo quem apelava a Cristo o fazia para se distanciar dos irmãos.

Diante desta divisão, Paulo exorta os cristãos de Corinto a serem todos unânimes, para que haja perfeita união de pensar e sentir. Mas a comunhão a que chama o Apóstolo, notou Francisco, não poderá ser fruto de estratégias humanas.

“Nesta tarde, encontrando-nos aqui reunidos em oração, sentimos que Cristo – que não pode ser dividido – quer atrair-nos a Si, aos sentimentos do seu coração, ao seu abandono total e íntimo nas mãos do Pai, ao seu esvaziar-se radicalmente por amor da humanidade. Só Ele pode ser o princípio, a causa, o motor da nossa unidade.”

As divisões na Igreja – prosseguiu o Papa – não podem ser consideradas como um fenômeno natural ou inevitável. “As nossas divisões ferem o corpo de Cristo, ferem o testemunho que somos chamados a prestar-Lhe no mundo”, acrescentou.

A seguir, o Pontífice mencionou o Decreto do Concílio Vaticano II sobre o ecumenismo, Unitatis redintegratio, em que se afirma que Cristo “fundou uma só e única Igreja” e acrescentou: “Queridos amigos, Cristo não pode estar dividido! Esta certeza deve incentivar-nos e suster-nos a continuar, com humildade e confiança, o caminho para o restabelecimento da plena unidade visível entre todos os crentes em Cristo.”

Improvisando, o Papa acrescentou que “todos fomos prejudicados pelas divisões entre os cristãos; não queremos ser um escândalo!”, frisou. “Caminhemos fraternamente juntos no caminho da unidade, na unidade ‘reconciliada’, para a qual o Senhor nos acompanha”, exortou, explicando que “a unidade não vai cair do céu como um milagre, mas será o Espírito Santo a propiciá-la, em nosso caminho. Se não caminharmos juntos, uns para os outros, e não trabalharmos juntos, a unidade não virá. É o Espírito Santo que a faz, ao ver a nossa boa-vontade”.

Francisco citou ainda seus predecessores, os Beatos João XXIII e João Paulo II e Paulo VI, para afirmar que a obra desses pontífices fez com que a dimensão do diálogo ecumênico se tornasse um aspecto “essencial do ministério do Bispo de Roma, que hoje não se compreenderia plenamente o serviço petrino sem incluir nele esta abertura ao diálogo com todos os crentes em Cristo”.

Por fim, exortou: “Amados irmãos e irmãs, peçamos ao Senhor Jesus que nos conserve profundamente unidos a Ele, nos ajude a superarmos os nossos conflitos, as nossas divisões, os nossos egoísmos e a vivermos unidos uns aos outros por uma única força, a do amor, que o Espírito Santo derrama nos nossos corações.”

O cardeal Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Kurt Koch, não pôde participar da cerimônia, devido a um resfriado, e sua saudação foi lida pelo secretário do dicastério, Dom Brian O’Farrell. (BF/CM)

Texto proveniente da página Rádio Vaticano.

Neste dia terminou a semana pela unidade dos cristãos. Os apelos pela unidade foram os mais veementes já vistos. Muitos pronunciamentos importantes. O Ecumenismo agora é mais importante que nos tempos do papa Bento XVI.

Há um século, Ellen White escreveu: “A vasta diversidade de crenças nas igrejas protestantes é por muitos considerada como prova decisiva de que jamais se poderá fazer esforço algum para se conseguir uma uniformidade obrigatória. Há anos, porém, que nas igrejas protestantes se vem manifestando poderoso e crescente sentimento em favor de uma união baseada em pontos comuns de doutrinas. Para conseguir tal união, deve-se necessariamente evitar toda discussão de assuntos em que não estejam todos de acordo, independentemente de sua importância do ponto de vista bíblico” (O Grande Conflito [CPB, 2006], p. 444).

Na eleição presidencial de 2000 dos EUA, o líder evangélico Atira Colson escreveu em um artigo no New York Times (2 de março de 2000): “Na verdade, o abismo entre evangélicos e católicos romanos, aberto pela Reforma, está sendo coberto. Hoje, estamos ombro a ombro como o bloco religioso mais significativo na América”. (Angel Manuel Rodriguez, Grandes Profecias Apocalípticas, Lição da Escola Sabatina, 2º Trim. 2002, ed. de Professor, p. 114). Provavelmente, ele nunca tenha lido as predições de Ellen G. White, mas falou da proximidade dos católicos e evangélicos como alguém que tivesse lido o livro O Grande Conflito, por exemplo.

De todos os movimentos em direção à unidade doutrinária entre católicos e protestantes, a mais dramática foi aa “Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação”, assinada em 1999 por dignatários do Vaticano e da Federação Luterana Mundial (que representa 58 milhões dos 61,5 milhões de luteranos no mundo). A declaração afirmou que, a pesar das “diferenças remanescentes”, católicos e luteranos possuem a mesma visão fundamental da justificação pela fé, e que as “diferenças existentes na sua explicação não são mais uma ocasião para condenações doutrinais”. E esse documento foi apenas um precursor de um novo, agora na “apostolicidade da igreja” (entenda-se, na autoridade do papa). (Confira clicando aqui).

No dia 22 de maio de 2008, a chanceler da Alemanha participou do Congresso da Igreja Católica do país, e afirmou: “Temos um Deus, temos Jesus, que nos mostra como podemos viver e isso é algo que a mim me dá forças”. Ela é filha de um pastor protestante e membro da Igreja Evangélica. Ainda assim, Merkel comemorou a ampla participação de protestantes durante o Congresso da Igreja Católica. Isso é algo que dá esperança ao ecumenismo.

Entre os dias 24 e 30 de maio de 2009 ocorreu em todo o mundo a Semana de Oração pela unidade dos cristãos. Para o reverendo Luís Alberto, secretário geral do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (CONIC): “As afinidades das igrejas cristãs em torno de Jesus são mais fortes do que as diferenças” (...) A Semana é fundamental para os cristãos de todo o mundo A celebração visa unir as igrejas no seguimento de Jesus Cristo como um só pastor e nós como um só rebanho”.

Na cidade de Maringá (Paraná) participaram as seguintes igrejas: Igreja Católica Romana, Igreja Episcopal Anglicana, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Igreja Presbiteriana Unida (de Marialva).

No dia 28 de julho de 2013, o site Último Segundo estampou a seguinte manchete: “Evangélicos se unem a católicos na Jornada Mundial da Juventude”. Grupos de evangélicos estiveram presentes na JMJ.

Sites evangélicos divulgaram opiniões positivas e elogiosas ao papa Francisco, a exemplo do site Gnotícias.com.br. No dia 29 de julho, o mesmo site publicou uma matéria com a seguinte manchete: “Postura do papa Francisco é elogiada por líderes evangélicos: “Passou simplicidade, enquanto ‘apóstolos’ ostentam riquezas” E comenta: “O pastor Renato Vargens, líder da Igreja Cristã da Aliança, também analisou os discursos do papa e o impacto que a postura do líder católico teve entre os fiéis evangélicos. Para Vargens, “a vinda do papa Francisco ao Brasil tem despertado não somente a atenção da população em geral, como também dos evangélicos que não se cansam de elogiar o bispo de Roma”. O pastor citou ainda as redes sociais como amostra da admiração que boa parte do rebanho evangélico tem expressado ao pontífice” (Confira o texto clicando aqui).

Recentemente o bispo anglicano Tony Palmer se une ao papa Francisco num apelo a pentecostais norte-americanos pela união das igrejas. A proposta foi recebida com entusiasmo pelos líderes protestantes. Isso mostra como o movimento ecumênico avança a passos largos. Embora ainda haja muito por acontecer, esses eventos estão levando a um cumprimento surpreendente da profecia apocalíptica.

Importante dizer que essa união da igrejas não será uma união institucional, mas espiritual, dialogal. Não é que as igrejas evangélicas deixaram de existir numa fusão com a Igreja Católica Romana, passando a existir uma única igreja cristã, mas elas estarão unidas para realizarem algumas atividades juntas, a exemplo de forçar os governos do mundo para aprovarem leis tornando a obrigatória a guarda do domingo, erguendo, desse modo, a imagem da besta do Ap 13. A própria Igreja reconhece que ecumenismo não é a fusão das igrejas ao afirmar que ecumenismo não é “misturar Igrejas ou religiões como se fosse tudo a mesma coisa” (O que é e o que não é Ecumenismo, site CNBB, Catequese do Brasil).

Qual é o significado da união das religiões? Ellen G. White diz-nos: “Quando o protestantismo estender os braços através do abismo a fim de dar uma das mãos ao poder romano e a outra ao espiritualismo (...) podemos saber que é chegado o tempo das aparições maravilhosas de Satanás é que O FIM ESTÁ PRÓXIMO” (Ellen G. White, Testemunhos Seletos, vol. 2, p. 151).

 

3. Para nós, como povo de Deus:

·        Devemos aproveitar o momento para reafirmar com clareza e amor: A salvação está em Jesus Cristo, e em ninguém mais.

·        E devemos viver essa verdade - não apenas confessá-la com os lábios, mas demonstrá-la em obediência e fé.

·        Precisamos estar atentos ao cumprimento impressionante das tendências proféticas, a fim de estarmos preparados para os eventos finais.

APLICAÇÕES ESPIRITUAIS

Caro amigo leitor, essa notícia não é apenas um tema teológico - é um convite à adoração pura e centrada em Cristo. Quando o mundo religioso se volta para imagens, mediadores ou devoções humanas, a Bíblia nos convida a olhar diretamente para o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29).

Quando muitos dividem a glória de Cristo, o Evangelho nos chama a proclamar: “A Ele seja a glória, e o poder, e o domínio para todo o sempre!” (Ap 1:6).

Maria nos ensina a fazer exatamente isso, pois suas últimas palavras registradas na Bíblia foram: “Fazei tudo o que Ele vos disser.” (Jo 2:5)

Esse é o verdadeiro conselho mariano - olhar para Jesus, ouvir Jesus, seguir Jesus.

CONCLUSÃO

Queridos amigos leitores, o decreto do Vaticano pode ser novo, mas a verdade que ele toca é antiga como o próprio Evangelho: Só Jesus redimiu a humanidade.

Maria foi abençoada, escolhida, honrada - mas Jesus é o Redentor. Os santos apóstolos foram fiéis, inspiradores - mas somente Jesus é o Salvador. A Igreja é o corpo de Cristo - mas Cristo é a cabeça (Ef 5:23).

Hoje, Ele nos chama novamente para reconhecer que nenhum mérito humano pode nos salvar. A cruz foi suficiente. O sangue de Jesus é suficiente. A graça de Deus é suficiente.

E se Maria pudesse falar conosco hoje, ela diria o mesmo que disse em Caná: “Fazei tudo o que Ele vos disser.”

Faça o que Jesus manda. Creia no que Jesus promete. E viva na esperança do que Jesus voltará para cumprir. Amém.

 

 

 

 

 

 

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