O JUÍZO FINAL ESTÁ CHEGANDO


 Ricardo André

“Mas Deus, fechou os olhos para os tempos de tal ignorância, e agora ordena a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam, porque ele tem determinado um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio do homem que ele ordenou; e disso deu certeza a todos os homens, ressuscitando-o dos mortos” (Atos 17:30, 31, BKJ Fiel 1611).

Nessas palavras do apóstolo Paulo, pronunciadas no seu inteligente discurso no Areópago, Atenas, está expressa a verdade de que Deus estabeleceu um dia de juízo, um dia em que Ele irá julgar toda a humanidade. Todos os vivos, como os mortos devem ser julgados. Estas palavras de Paulo estão em perfeita sintonia com os outros autores bíblico. O rei Davi afirmou: “[...] Ele vem a julgar a Terra (1 Cr 16:33). Salomão disse que “Deus julgará o justo e o ímpio” (Ec 3:17). Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago profetizou que Jesus viria “para fazer juízo contra todos e convencer todos os ímpios entre eles, por todos os seus atos impiedosos, que impiamente cometeram [...]” (Jd 14, 15, BKJ Fiel 1611). O próprio Paulo afirma na sua carta aos romanos que “todos nós compareceremos diante do tribunal de Cristo” (Rm 14:10, BKJ Fiel 1611). Portanto, todas as pessoas vão estar, em breve, diante de Deus. Ricos e pobres, pretos e brancos, cultos e analfabetos, cantores artistas, juízes, advogados, médicos, presidentes, políticos em geral e líderes religiosos para receber uma recompensa de acordo o seu feito, quer seja o bem, quer seja o mal. Deus vai julgar todas as obras. Até as que estão escondidas (Ec 12:14).

Na perspectiva bíblica e particularmente na visão adventista, o juízo divino ocorre em três fases distintas e sucessivas. Quais sejam: 1) Juízo Pré-Advento: 2) Juízo Milenial Pós-Advento; 3) Juízo Executivo. Cada fase tem um propósito específico dentro do plano da redenção.

I - AS TRÊS FASES DO JUIZO FINAL

1) Juízo Investigativo (Dn 7:9, 10; Ap 14:7). Todo juízo começa com uma investigação, uma pesquisa para avaliar os fatos. Assim também é o juízo de Deus. “O juízo pré-advento é tanto investigativo quanto avaliativo no que se refere a todos que fizeram profissão de ser crentes. Uma das incumbências do juízo pré-advento é determinar quem dentre o professo povo de Deus herdará o reino (Dn 7:9, 10)” (Gerhard F. Hasel, Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia [CPB, 2011], p. 935). Essa fase é também chamado de Juízo Pré-Advento, porque ocorre antes do segundo Advento de Cristo. O livro de Daniel nos ajuda a entender tanto o tempo quanto a natureza desse juízo pré-advento. No final dos 2.300 dias simbólicos, em 1844, o santuário celestial seria purificado (Dn 8:14, compare com Hb 9:23), e o juízo investigativo pré-advento começaria (Dn 7:9-14), duas formas diferentes de expressar o mesmo evento. Isso significa que o juízo está em pleno andamento agora. Começou em 1844, quando “tronos foram colocados no lugar. O tribunal estava assentado, e os livros foram abertos” (Dan. 7:9, 10). São os registros desses livros de que fala o profeta Daniel que serão abertos por Deus durante essa fase do juízo, para que todos os seres celestes possam examinar.

No livro do Apocalipse, o juízo pré-advento investigativo é mencionado na tarefa de medir “os que adoram” no templo de Deus (Ap 11:1) e no anúncio de que “é chegada a hora em que Ele vai julgar” (Ap 14:7; compare com 14:14-16). Ele ocorre no Céu e serão julgados nessa fase os fiéis de Deus.  Em I Pedro 4:17 lemos: “Porque a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada.” Hebreus 9:27, Apocalipse 11:18 e 20:12 complementam essa declaração afirmando que o juízo é após a morte. O apóstolo Paulo afirma que “todos compareceremos perante o tribunal de Deus” (Rom. 14:10), mas Apocalipse 20:12 deixa claro que este “comparecimento” não ocorrerá de forma presencial, pois estaremos mortos nessa ocasião. Desde 1844 o Livro da Vida se acha aberto, no Céu, e quando, após nossa morte, o nosso nome for considerado, estaremos “comparecendo” perante o tribunal de Deus.

Observe a expressão “mortos… postos em pé diante do trono”. Obviamente, esta é uma descrição que não pode ser interpretada literalmente. São os registros de nossa vida que comparecem diante de Deus. A última parte do versículo deixa claro este ponto: “E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros.”

Ellen White confirma este fato ao dizer: “Os justos mortos não ressuscitarão senão depois do juízo, no qual são havidos por dignos da “ressurreição da vida”. Consequentemente não estarão presentes em pessoa no tribunal em que seus registros são examinados e decidido seu caso.” (O Grande Conflito [CPB, 2006], pág. 482).

O julgamento dos mortos, portanto, é uma separação de nomes nos livros de registro do Céu.

É importante ressaltar que o juízo investigativo é realizado em duas etapas: primeiro os mortos e depois os vivos. Ambas as fases do juízo terminam ao se fechar a porta da graça. Não haverá julgamento, quer de vivos quer de mortos, após essa ocasião, pois Cristo terá encerrado Sua obra intercessória no santuário celestial: “Cada caso fora decidido para vida ou para morte. Enquanto Jesus estivera ministrando no santuário, o juízo estivera em andamento pelos justos mortos, e a seguir pelos justos vivos.” (Ellen G. White, Primeiros Escritos, p. 280). Como vimos, o juízo dos mortos começou em 1844, e “quando esta obra se completar, o juízo deve ser pronunciado sobre os vivos” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 125).

E quando os vivos serão julgados? Ellen White responde: “Breve, ninguém sabe quão breve, passará ela [a obra do juízo] aos casos dos vivos” (O Grande Conflito [CPB, 2006], p. 490). Ela acrescenta ainda que “está para começar a grande obra de julgar os vivos” (Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 130). Esta declaração foi escrita em 1900.

Talvez alguém se pergunte: “E se meu nome for julgado agora, que será do restante de minha vida?” Já explicamos que o juízo é após a morte. Portanto, nenhum vivo está sendo julgado agora. Entretanto, quando o juízo passar aos vivos, pouco antes de se encerrar o tempo de graça, todos serão levados a tomar sua decisão final em relação à verdade, como consequência do desencadeamento de fatores especiais: o derramamento do Espírito Santo, a sacudidura e os sinais evidentes da proximidade da volta de Jesus.

Deus não decidirá o caso de ninguém, para a vida ou para a morte, enquanto a pessoa ainda tiver possibilidade de mudança. Só depois que todos tiverem feito a sua opção em caráter definitivo, é que se fecha a porta da graça:

“A obra do juízo que começou em 1844, deve continuar até que os casos de todos estejam decididos, tanto dos vivos como dos mortos; disso se conclui que ela se estenderá até ao final do tempo de graça para a humanidade.” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2006], p. 436).

Assim como o julgamento dos mortos é uma separação de nomes nos registros celestiais – uns para a vida e outros para a morte - assim também deverá ser o juízo dos vivos. O joio e o trigo que cresceram juntos dentro da igreja, deverão ser separados, nessa obra de purificação da Igreja Remanescente, que é a sacudidura, a qual ocorrerá imediatamente após o Selamento: “Tão logo o povo de Deus esteja selado e preparado para a sacudidura, esta virá.”  (Ellen. G. White, Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia [CPB, 2013], v. 4, p. 1280).

Uma vez que o julgamento dos vivos é feito ao tempo do Selamento dos 144.000, isto deverá ocorrer um pouco antes de serem soltos os quatro ventos de Apocalipse 7:1-4: “As taças da ira de Deus não podem ser derramadas para destruir o ímpio e suas obras, enquanto todo o povo de Deus não tiver sido julgado, e não tiver sido decidido tanto o caso dos vivos como dos mortos.” (Ellen G. White, Testemunhos Para Ministros [CPB, 2008], p. 446).

Ao mesmo tempo que o juízo investigativo ocorre no santuário celestial, aqui na terra, segundo a profecia, Deus levantaria um movimento para restaurar verdades jogadas por terra (Isaías 58:12) e anunciar ao mundo a chegada da hora do juízo (Ap 14:6, 7). Os fatos da nossa vida estão registrados no livro da vida (Ap 20:12, 15), no livro de memórias das boas obras do santos e de registro (Ml 3:16), no livro de registro dos pecados dos homens (Dn 7:10; Is 65:6, 7; Ap 20:12). Nessa fase do juízo Deus está revisando todos esses fatos, é um período para resposta e emissão do veredito.

Este registro deve ser posto sob o olhar dos seres celestiais. Só então o juiz baixa o veredito. Vale ressaltar ainda que essa fase do juízo revela aos seres celestiais quem dentre os mortos dorme em Cristo, sendo portanto, Nele, considerado digno de ter parte na primeira ressurreição (1Ts 4:16). Também torna manifesto quem dentre os vivos, permanece em Cristo, guardando os mandamentos de Deus e a fé de Jesus, estando portanto, Nele, preparado para a trasladação ao Seu reino eterno (Ap 14:12; 1Ts 4:17). Logo, essa fase do juízo tem o objetiva de justificar o caráter de Deus diante dos seres celestiais.

Contudo, não precisamos temer o juízo. Embora o povo de Deus seja acusado e difamado por Satanás e seus seguidores aqui na Terra (Ap 12:10), diante do Universo ele será absolvido no juízo. De fato, no juízo, quem está verdadeiramente em Cristo, “não entra em condenação”, mas somente os desprovidos da justiça do Senhor (João 5:24; Mateus 22:11-14). Até porque o juízo é feito em favor do fiel povo de Deus. Tendo a Jesus como Advogado, podemos ter a certeza de que seremos defendidos amorosamente (1 Jo 2:1).

É importante entendermos que esse juízo termina com boas-novas para o povo de Deus. Em Dn 7:22, é-nos dito que Deus “pronunciou a sentença a favor dos santos do Altíssimo” (NVI); isto é, o juízo decidiu a favor dos santos, do povo de Deus.

Como nosso Mediador, Jesus está trabalhando para tornar Sua vida e morte um poder transformador em nossa existência. Tenho a grata alegria em afirmar que, pela fé que temos em Jesus e em Seu sacrifício, podemos ter os nossos registros nos livros celestiais, limpos e purificados por Sua graça.

Sobre isso Ellen G. White escreveu: “Todos os que verdadeiramente se tenham arrependido do pecado e que pela fé hajam reclamado o sangue de Cristo, como seu sacrifício expiatório, tiveram o perdão acrescentado ao seu nome, nos livros do Céu; tornando-se eles participantes da justiça de Cristo, e verificando-se estar o seu caráter em harmonia com a lei de Deus, seus pecados serão riscados e eles próprios havidos por dignos da vida eterna” (O Grande Conflito [CPB, 2006], p. 483).

Você crê que isso é verdade? Confie na Palavra de Deus, que nos assegura: “Portanto, visto que temos um grande sumo sacerdote que adentrou os Céus, Jesus, o Filho de Deus, apeguemo-nos com toda a firmeza à fé que professamos, pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim Alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado. Assim, aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade” (Hb 4:14-16, NVI).

A última mensagem de Ellen G. White, escrita em 1914, foi dirigida a uma pessoa que estava atribulada por dúvidas e temores a respeito de sua aceitação por Jesus. Ellen G. White escreveu: “É seu privilégio confiar no amor de Jesus para a salvação da maneira mais ampla, mais segura e mais nobre; e dizer: Ele me ama, Ele me recebe, nEle confiarei, pois deu Sua vida por mim” (Testemunhos Para Ministros, p. 517).

Que conforto! Que certeza! O trono celestial de Deus é um trono de graça. A graça é nossa viva esperança; a graça é nossa salvação.

O juízo de 1844 é um poderoso indicador dos tempos em que estamos vivendo. É Deus dizendo, basicamente: Confie em Mim, Eu voltarei, como disse. Não poderei demorar muito. É a promessa de que se permanecermos fieis ao Senhor, se vivermos em humilde fé, arrependimento e obediência a Ele e aos Seus mandamentos, temos um Sumo Sacerdote fiel, que ministra por nós, realmente, se ergue como nosso sumo substituto no juízo (Hb 7:25).

Ao término dessa fase do juízo, o destino de todas as pessoas estará decidido. E então virá o decreto de Ap 22:11: “Aquele que é injusto, continue sendo injusto; e aquele que é impuro, continue sendo impuro; e aquele que é justo, continue sendo justo; e aquele que é santo, continue sendo santo.” (BKJ Fiel 1611).  Esse decreto virá no fim do juízo pré-advento, exatamente antes que Cristo venha pela segunda vez. Não haverá segundo tempo de graça, a obra da salvação será concluída e Cristo retornará para finalmente resolver o problema do mal.

2) Juízo Milenial Pós-Advento (Ap 20:4; 1 Co 6:2-3). Depois de ocorrer uma investigação, deve ocorrer a comprovação dos fatos. É exatamente o que o Senhor fará. Essa segunda fase do juízo ocorrerá também no Céu durante o milênio. Quem vai comprovar os fatos levantados no juízo investigativo? Os santos que forem para o Céu. O vidente de Patmos João nos fala sobre os santos julgando durante os mil anos (Ap 20:4). Por ocasião da segunda vinda de Cristo, eles serão levados ao Céu e, ali, participarão do julgamento. Enquanto os santos estão nos céus com Jesus, participando do juízo, os ímpios estão mortos na terra. Essa é a ocasião do julgamento de satanás, seus anjos e de todos aqueles que não participaram da primeira ressurreição por ocasião da volta de Jesus, os perdidos (2 Pd 2:4, 5; Jd 6). Paulo declara que “o mundo” e os “anjos” serão julgados pelos santos (1 Co 6:2 e 3; Judas 6).  Esses são os anjos caídos, que foram lançados para a Terra com Satanás (Ap 12:9). Essa será a principal obra dos santos durante o milênio – “reinarão e serão sacerdotes com Cristo durante 1000 anos” (Apocalipse 20:4 e 6).

Como será nosso encontro com os nossos entes queridos e muitos dos quais foram ceifados pela morte? Amigos que o tempo nos afastou. Como será encontrar heróis da fé? Nesse dia, nosso coração se alegrará por vermos pessoas queridas e famílias reunidas, acontece que, infelizmente, também nosso coração ficará assustado ao perceber que outros que amamos não estarão lá. Ao vermos famílias desfalcadas, teremos perguntas sem respostas e que nos gerará angustia. Imagine os seus próprios sentimentos se, na eternidade, você se encontrar junto ao Salvador, mas sem a presença de um ou mais membros imediatos de sua família. Imagino que mães respirarão ofegantemente, desejando que Deus lhes diga que o filho ou a filha está entre os salvos, e que logo aparecerá no meio de uma multidão. Maridos sentirão tristeza pela ausência da esposa; crianças falará da falta dos pais e avós. As lágrimas não serão totalmente extintas até que se encerrem os mil anos (Ap 21:4). Por outro lado, será difícil esconder o espanto ao vermos que alguns indivíduos, que pelas nossas contas jamais deveriam estar ali, estão. Como explicar a ausência de alguns “santos” e a presença de certos “pecadores” no Céu?

Imagino que uma dessas pessoas espantadas é o profeta Isaías. Ele acaba de descobrir que o rei Manassés, filho do rei Ezequias, está entre os salvos. Manassés, como sabemos, foi um rei ímpio, que erigiu altares para praticar a idolatria, mandou sacrificar um dos seus próprios filhos, perseguiu os que eram fiéis ao verdadeiro Deus, e segundo a tradição, mandou serrar ao meio o profeta Isaías.

Isaías só poderia estar espantado com a presença de Manassés entre os salvos. Como teria acontecido isso? Não teria havido algum engano?

Estêvão, o primeiro mártir, é outro que não esconde a sua admiração. Não muito longe dali, assentado à mesa, está alguém que ele já vira antes. Com um pequeno esforço de memória ele se lembra de que pouco antes de morrer vira um jovem segurando as capas daqueles que o apedrejavam. Sim, é ele mesmo! É Saulo, o feroz perseguidor dos cristãos! “Como será que ele chegou aqui?”, pergunta-se Estêvão.

Como Isaías e Estêvão, há outros remidos que também gostariam de esclarecer algumas dúvidas. Há uma porção de pessoas ausentes, e eles gostariam de saber por que elas não estão lá, já que frequentavam regularmente as reuniões da igreja, inclusive os cultos de quarta-feira, davam o dízimo fielmente, faziam muitas obras de caridade e tinham aparência de piedade. O que aconteceu com tais pessoas?

É por causa dessas e outras perguntas que é necessário um Juízo Investigativo anterior ao advento de Cristo. Todas as dúvidas serão sanadas ao abrirmos os livros de registro durante o milênio e verificarmos que Deus foi absolutamente justo em cada caso.

Este julgamento servirá exatamente para que Deus possa responder qualquer questão que os justos possam ter em relação às causas que levaram muitos de nossos familiares e amigos a se perderem. Deus deseja que aqueles aos quais foi dada a vida eterna tenham plena confiança em Sua direção, de modo que Ele lhes revelará as operações de sua misericórdia e justiça.

Nessa tarefa, os remidos desempenharão um papel crucial na grande controvérsia entre o bem e o mal. Eles confirmarão, para sua eterna satisfação, quão sincera e pacientemente Deus se ocupou em alcançar com sua graça os pecadores perdidos. Perceberão quão negligente e obstinadamente os pecadores desprezaram e rejeitaram Seu amor. Descobrirão que mesmo pecadores aparentemente contritos acariciaram secretamente o medonho egoísmo em vez de aceitar o sistema de valores de seu Senhor e Salvador. Portanto, essa fase do juízo servirá para justificar o caráter de Deus diante dos remidos.

3) Juízo Executivo (Ap 20:11-15). Agora, depois de uma investigação e de uma comprovação, vem a execução. Essa última fase do juízo justifica o caráter de Deus diante de todos os seres criados, bons e maus. É a proclamação da sentença condenatória contra os ímpios e sua destruição. Quando todas as dúvidas tiverem sido esclarecidas, no final do milênio, Jesus voltará novamente à Terra, acompanhado dos salvos e da Cidade Santa, para ser reconhecido como justo por Satanás, seus anjos e todos os perdidos. Quando a comitiva celestial estiver quase chegando, os mortos perdidos são trazidos a vida pela voz de Jesus. Em Jo 5:28, 29, Jesus deixou claro que “todos os que se acham nos túmulos ouvirão a Sua voz”. Aqueles “que tiverem feito o bem”, segundo afirmou Cristo, se erguerão para a “ressurreição da vida”; mas os que tiverem feito praticado o mal, ao ouvirem a Sua voz, irão se erguer do pó “para a a ressurreição do juízo”. Note que os dois grupos ouvem a Sua voz, porém em momentos distintos. Os fieis ressuscitarão por ocasião da segunda vinda de Cristo (1 Ts 4:16, 17; 1 Co 15:22, 23). Os perdidos só ressuscitarão depois dos mil anos (Ap 20:5). Segundo João, os ímpios serão tantos “como a areia do mar” (Ap 20:8). Isso significa que satanás será “solto” outra vez de sua prisão circunstancial ou simbólica (Ap 20:7). Imediatamente ele se pões a convencer as multidões de que ele é o legítimo príncipe deste mundo, de que sua herança foi roubada.

Mestre do engano, o impostor dirá para os ímpios que foi ele que fê-los viver novamente. É seu salvador. Para confirmar sua mentira, ele opera algum milagres. Transforma indivíduos fracos em fortes soldados e anima seus súditos com sua energia. Promete resgatá-los da tirania do falso príncipe que está dentro da cidade. Convence-os de que, com seu poder sobrenatural, facilmente poderão tomar a cidade.

Como aconteceu com os anjos no Céu, os milhões de perdidos aceitarão sua liderança e o ajudarão. Amigos, vocês conseguem imaginar os milhões de perdidos, marchando de todas as partes e convergindo em direção à gloriosa e santa cidade? Nomeio da multidão encontra-se todo e qualquer pecador que já viveu, com exceção daqueles que se arrependeram, foram perdoados transformados e agora se encontram em segurança junto a Cristo. Lá estarão também grandes estrategistas militares, generais. Alexandre o Grande se encontra à frente de suas hostes. O mesmo correrá com Napoleão, Gengis Khan, Adolf Hitler e todos os demais imperadores e generais que nunca perderam uma batalha significativa. Lá estarão os gigantes que viveram antes do Dilúvio, bem como alguns que viveram depois, a exemplo de Golias e sua clã.

“Ali está Nero, aquele monstro de crueldade e vício, contemplando a alegria e exaltação daqueles que torturara, e em cujas aflições extremas encontrara deleite satânico. Sua mãe ali está para testemunhar o resultado de sua própria obra; para ver como os maus traços de caráter transmitidos a seu filho, as paixões incentivadas e desenvolvidas por sua influência e exemplo, produziram frutos nos crimes que fizeram o mundo estremecer” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2006], p. 667, 668).

Bilhões de homens e mulheres os seguem, fileira após fileira. Satanás e seus demônios vão à frente. O descomunal e hostil exército toma posição abaixo das muralhas de ouro transparente da cidade querida, em estado de alerta para a ordem de ataque.

Dentro da Nova Jerusalém, os remidos observam o vasto exército alinhado contra eles. Sem respirar aguardam o ataque. Mas a batalha é pausada quando Jesus, repentinamente, Se eleva acima da Cidade Santa. Que momento extraordinário será este! Na presença dos anjos e de todas as pessoas que já viveram no planeta, Ele é coroado. A cruz aparece acima de Jesus, e o céu se transforma numa grande tela, onde aparece um replay condessado do grande conflito desde o princípio até seu final. Jesus apresenta uma visão panorâmica do plano da salvação aos ímpios, tornando-os conscientes de cada pecado que cometeram sem se arrepender (O Grande Conflito [CPB, 2006], p. 666). As grandes cenas da inimizade entre Deus e Satanás são mostradas: a rebelião de Lúcifer no Céu, a queda de adão e Eva no Éden, o nascimento de Jesus em Belém, o Calvário, a ressurreição, a pregação de evangelho ao mundo, os acontecimentos finais da História. Cada cena ao longo do drama se desdobra diante da multidão extasiada, levando cada pessoa a contemplar a parte que pessoalmente desempenhou em sua vizinhança, em seu lar, e nos recônditos de seu próprio coração. Todas as pessoas de todas as gerações olham fixa e atentamente ao grande trono branco, profundamente impressionadas por sua sublime majestade, enquanto chegam a seus ouvidos os termos que recapitulam o estupendo plano da salvação elaborado por Deus – um plano de irrestrito e imensurável amor, levado a cabo em favor de uma raça que se havia perdido.

Todos aqueles que em anos anteriores se recusaram a admitir as evidências do ilimitado amor de Deus, enquanto a misericórdia ainda operava, agora reconhecem a realidade da situação, quando já é demasiado tarde para qualquer mudança. Até mesmos satanás é levado pelas evidências a reconhecer a Cristo como Rei dos reis, e a si próprio como um miserável criador de problemas. Este é o momento em que deve cumprir-se a predição de Filipenses 2:10, 11, de que “ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai” (NVI).

Por fim, os ímpios reconhecem que estão onde escolheram estar, lamentam e choram sem consolo o que perderam por rejeitarem a Deus. Percebem que será inútil atacar a Cidade Santa. Quando as últimas imagens no céu são mostradas, os livros de Deus são abertos e a sentença deles é pronunciada.

As acusações originais de Satanás contra Deus estão agora satisfatoriamente respondidas para cada ser inteligente do Universo. Deus é visto como amorável e justo por todos os seus filhos. Agora, até mesmo os perdidos concluem que o julgamento de Deus é justo. Então uma coisa incrível acontece. A multidão inumerável de perdidos se ajoelha diante de Jesus e O adora.

De repente, o espírito de rebelião explode dentro de Satanás, e ele decide não se render a Deus. Apressando sua vasta multidão de seguidores, tenta mais uma vez lidera-los numa batalha contra Deus. Mas ninguém se move em obediência a ele, pois seu poder sobre eles se foi. Os ímpios sabem que não têm chance, e estão cheios de satânico ódio. Num acesso de fúria, voltam-se contra Satanás e os que foram seus agentes no engano.

II – DESTRUIÇÃO FINAL (Ap 20:9-15)

Fogo cai do céu para exterminar a terrível cena. Satanás sofre as consequências de sua rebelião contra Deus, e dos pecados que levou o povo a cometer. Finalmente, ele e todos os ímpios são destruídos. Assim como a água do interior da Terra juntou-se com a água que caía do céu durante o dilúvio, o fogo do interior do planeta junta-se ao fogo que cai do céu para destruir a Terra uma segunda vez. Mas, exatamente como a arca foi preservada no meio do dilúvio, a Cidade Santa é conservada em segurança no meio do lago de fogo.

De dentro da cidade, os remidos observam a cena de horror e lamentam a escolha errada de pessoas queridas. Com lágrimas nos olhos, talvez se perguntem: “Por que não escolheram a vida?” Segundo Ap 21:4, Deus “enxugará dos olhos deles todas as lágrimas.” Contudo, quem enxugará as lágrimas de deus? Será que Ele esquecerá cada pessoa que existiu? Será que esquecerá os anjos que criou com carinho? Será que esquecerá Lúcifer, que uma vez foi seu amado querubim cobridor?

Vocês podem estar certos de que Deus também sentirá tristeza. “Juro pela minha vida, palavra do Soberano Senhor, que não tenho prazer na morte dos ímpios”, garantiu o profeta Ezequiel (33:11, NVI). Esse é o Seu “ato estranho”, diz o profeta Isaías 28:21. O Criador terá que destruir Suas criaturas. É o amor pelos redimidos, pelo Universo e pelos próprios ímpios que O levará a destruir pecado e pecadores. Eles preferem morrer a viver na presença de Deus que é um “fogo consumidor” para o pecado (Hb 12:29).

“Eles [os perdidos] desejariam fugir daquele lugar sagrado. Eles acolheriam a destruição, para que pudessem ser escondidos da face Daquele que morreu para redimi-los. O destino dos ímpios é fixado por sua própria escolha. Sua exclusão do céu é voluntária com eles mesmos, e justa e misericordiosa da parte de Deus.” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2006], p. 543).

Assim, a aniquilação final do pecado e dos pecadores – em contraste com a teoria antibíblica de seus sofrimentos eternos no inferno – fornece uma punição justa e proporcional para qualquer coisa que as pessoas más tenham cometido (Ml 4:1-4; Ap 20:9).

CONCLUSÃO

Com a destruição do pecado, o Universo inteiro novamente estará em paz. Nunca mais o mal se levantará (Naum 1:9). A garantia de que o mal e o pecado não surgirão uma segunda vez não se baseia na ideia de que Deus eliminará a nossa liberdade de escolha após a restauração de todas as coisas. Em vez disso, baseia-se na compreensão de que todo o Universo aprendeu, por meio da história da redenção, que a verdadeira felicidade, liberdade e amor apenas pode residir em uma relação harmoniosa com Deus.

E então Deus recriará a Terra para que seja a morada (o lar) eterna dos salvos. “E eu vi um novo céu, e uma nova terra; porque o primeiro céu e a primeira terra haviam passado (Ap 21:1). Nenhum inferno a arder eternamente conservará perante os resgatados as terríveis consequências do pecado. Apenas uma lembrança permanece: “Nosso Redentor conservará para sempre as marcas de Sua crucifixão. […] E os sinais de Sua humilhação são Sua mais elevada honra. Por toda a eternidade, os ferimentos do Calvário proclamarão o louvor e declararão o poder de Cristo” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2006], p. 674). Em Sua fronte ferida, em Seu lado, em Suas mãos e pés estão os únicos vestígios da obra cruel que o pecado efetuou. Diz o profeta, contemplando Cristo em Sua glória: “[...] Ele tinha raios saindo de Sua mão, e ali estava o esconderijo da sua força.” (Hc 3:4). Suas mãos, Seu lado ferido donde fluiu a corrente carmesim, que reconciliou o homem com Deus – ali está a glória do Salvador, ali está “o esconderijo da Sua força”.

Vislumbrando esse final glorioso do grande conflito entre o bem e o mal, Ellen G. White escreveu: “O grande conflito terminou. Pecado e pecadores não mais existem. O Universo inteiro está purificado. Uma única palpitação de harmonioso júbilo vibra por toda a vasta criação. Daquele que tudo criou emanam vida, luz e alegria por todos os domínios do espaço infinito. Desde o minúsculo átomo até ao maior dos mundos, todas as coisas, animadas e inanimadas, em sua serena beleza e perfeito gozo, declaram que Deus é amor” (O Grande Conflito [CPB, 2006], p. 678).

Na terra renovada não mais haverá lágrimas, cortejos fúnebres, manifestações de pesar.  “Não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, porque já as primeiras coisas são passadas” (Apocalipse 21:4). “E morador nenhum dirá: Enfermo estou; porque o povo que habitar nela será absolvido da sua iniquidade” (Isaías 33:24).

Caro amigo leitor, estaremos preparados quando Jesus voltar? Passaremos o milênio com Ele, na “casa” do pai? Estaremos dentro da cidade de Deus? Lembrem-se, nós e todos os membros de nossa família lá se encontrarão. Se nós estivermos no interior da cidade, quão felizes e satisfeitos nos sentiremos!

Mas o que dizer se algum dentro nós ficar fora da cidade? Quão intensamente desejaremos viver novamente a vida que não soubemos viver. Quanto nos haveremos de recriminar pelos erros que cometemos, pelos vãos pecados que praticamos, e pelo grave erro de havermos acalentado no coração o pecado. A escolha é nossa. Agora é o único tempo que dispomos para decidir onde passaremos a eternidade.

Que Deus nos ajude aqui e agora na decisão de optar por estar do lado de dentro da cidade – e de fazermos enquanto isso tudo que pudermos a fim de igualmente termos naquele dia, junto conosco, todos os nossos queridos.

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