HAVERÁ UMA “RESSURREIÇÃO ESPECIAL” ANTES DA VOLTA DE JESUS?

Ricardo André

Nosso Senhor Jesus Cristo quando esteve na Terra fez a acalentadora promessa de que todos que jazem na sepultura vão algum dia ressuscitar. Disse Ele: "Não fiquem admirados com isto, pois está chegando a hora em que todos os que estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão; os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem condenados” (João 5:28, 29, NVI). Nesse texto Jesus deixa claro que haverá duas ressurreições: a dos que fizeram o bem, isto é, aqueles que aceitaram a Jesus como Salvador e Senhor das suas vidas, e foram salvos pela graça de Deus. Estes receberão a vida eterna; e a ressurreição dos que praticaram o mal, ou seja, os que não tiveram fé no Cristo que salva, e são condenados por suas más obras. Estes impenitentes voltarão à vida para receberem o juízo de condenação, a segunda morte ou morte eterna num lago de fogo. Desta morte não mais haverá ressurreição. Esta é a morte definitiva (Ap 20:11-15).

Setecentos anos antes de Jesus o profeta Isaías já havia feito profecia nesse sentido, Disse ele: “Mas os teus mortos viverão; seus corpos ressuscitarão. Vocês, que voltaram ao pó, acordem e cantem de alegria. O teu orvalho é orvalho de luz; a terra dará à luz os seus mortos” (Isaías 26:19, NVI).

No entanto, nem o profeta Isaías nem Jesus disseram em que momento ocorrerão essas ressurreições. Os outros autores das Sagradas Escrituras nos informam quando acontecerão as duas ressurreições. No ano 58 AD, o apóstolo Paulo descreveu profeticamente este evento futuro:

“Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá do céu, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois disso, os que estivermos vivos seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos com o Senhor para sempre” (1 Tessalonicenses 4:16, 17, NVI).

O texto paulino diz-nos claramente que a “primeira ressurreição”, a dos salvos, acontecerá quando Jesus Cristo literalmente retornar em glória e majestade. Este estupendo acontecimento tão aguardado por todos nós se dará quando a voz de Cristo, como poderoso Arcanjo, se fazer ouvir pela redondeza da Terra, chamando os santos que dormem. “Ele olha para a sepultura dos justos e, levantando as mãos para o Céu, brada: ‘Despertai, despertai, despertai, vós os que dormis no pó, e surgi’”. Naquele momento, os mortos em Cristo são ressuscitados, e, em seguida, juntamente com os santos vivos todos eles são “arrebatados” para fora deste mundo ao encontro de Jesus no ar.

Todos os defeitos e deformidades serão deixados no túmulo. O nosso corpo, antes mortal, poluído pelo pecado, maltratado pelo sofrimento e pela dor, recebe novas formas, cheias de beleza e juventude. Quando as pessoas morrem, seu corpo se desmancha até virar pó. Como é possível um corpo que se deteriorou virando pó poderá ser reconstruído? É aí que entra a promessa da Bíblia: “Eis que eu lhes digo um mistério: nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados. Pois é necessário que aquilo que é corruptível se revista de incorruptibilidade, e aquilo que é mortal, se revista de imortalidade. Quando, porém, o que é corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal, de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: "A morte foi destruída pela vitória"(I Coríntios 15:51-54, NVI). Jesus remodelará nosso corpo e ressuscitaremos “incorruptíveis”. Nosso corpo ressuscitado será eterno e muito mais bonito do que nesta vida.

O milênio – mil anos entre a primeira e a segunda ressurreição

O que acontece depois? E aqueles que não foram “arrebatados”? Logo após Paulo descrever os crentes sendo “arrebatados”, ele declara em seguida: “Mas o dia do Senhor virá como um ladrão na noite…Quando disserem paz e segurança, em seguida, vem a destruição repentina sobre eles … e eles não escaparão” (1 Tessalonicenses 5:3). Assim, de acordo com Paulo, aqueles que não são “arrebatados” irão experimentar “repentina destruição” e “não escaparão”.

Os maus ou os ímpios de todas as eras não participam dessa ressurreição, somente os filhos de Deus redimidos por Jesus. Apocalipse 20:4-6 informa:

“Vi tronos em que se assentaram aqueles a quem havia sido dada autoridade para julgar. Vi as almas dos que foram decapitados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus. Eles não tinham adorado a besta nem a sua imagem, e não tinham recebido a sua marca na testa nem nas mãos. Eles ressuscitaram e reinaram com Cristo durante mil anos. (O restante dos mortos não voltou a viver até se completarem os mil anos). Esta é a primeira ressurreição. Felizes e santos os que participam da primeira ressurreição! A segunda morte não tem poder sobre eles; serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele durante mil anos.

Note que, segundo o texto de Apocalipse, a “primeira ressurreição”, a dos justos, marca o início dos 1000 anos. Os salvos serão levados para o Céu, onde reinarão com Cristo durante o milênio. No final dos 1000 anos, “o restante dos mortos” (isto é, aqueles que não participaram da primeira ressurreição), serão ressuscitados (20:5). Portanto, entre a primeira e segunda ressurreições haverá um lapso de tempo de mil anos, que em linguagem teológica é conhecido como “milênio.” Este terá início com a primeira ressurreição, a dos santos, e terminará com a segunda ressurreição, que é a dos ímpios.

Com a ressurreição dos ímpios, Satanás é solto (v. 7). Assim, é óbvio que a ressurreição do “restante dos mortos” é o evento que o diabo “perde”! Satanás, em seguida, vai para essas nações ressuscitadas (agora nos quatro cantos da terra), enganá-las novamente, para em seguida reuni-las para o “grande dia final” (versos 8, 9), quando serão julgados, condenados e receberão a destruição eterna pelo fogo que desce do Céu (v. 10-14). Esta Terra será renovada para se tornar o lar eterno dos salvos (2 Pe 3:13; Ap 21:1-5).

Uma ressurreição especial

As Sagradas Escrituras informam que além dessas duas ressurreições haverá uma terceira ressurreição, especial. Na quinta-feira da paixão (14 de Nisan), a noite, quando Jesus estava sendo julgado ilegalmente pelo sumo sacerdote Caifás e o Sinédrio, Caifás, faz a seguinte indagação: “Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus”. Jesus, que até então tinha permanecido calado, não pode permanecer em silêncio diante dessa exigência, porque ela dizia respeito a Sua relação com o Pai. Guardar silêncio teria insinuado uma dúvida quanto a Sua divindade e missão messiânica. Jesus respondeu: "Tu mesmo o disseste", respondeu Jesus. "Mas eu digo a todos vós: chegará o dia em que vereis o Filho do homem assentado à direita do Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu" (Mateus 26:63, 64).

Note que a resposta de Jesus indicou nitidamente que aquele grupo de pessoas que participaram da farsa do julgamento de Jesus naquela noite no Sinédrio, e que foram responsáveis pela Sua crucificação terão que ressuscitar pouco antes da Sua segunda vinda para verem “o Filho do homem assentado à direita do poderoso e vindo sobre as nuvens do Céu”. Cristo advertiu o tribunal de que um dia eles O veriam em Sua autoridade divina. Depois disso, eles nunca poderiam dizer: "Nós não sabíamos".

A primeira evidência bíblica desta ressurreição especial está no livro do profeta Daniel: “E naquele tempo Se levantará Miguel, o Grande Príncipe, que Se levanta pelos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que achar-se escrito no livro. E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno” (Daniel 12:1, 2). “Essa ressurreição acontece dentro da estrutura do tempo do fim, quando Miguel Se levanta para salvar Seu povo (Dn 12:1). Portanto, esse despertar deve ser uma ressurreição especial, porque, como é ensinado em outras partes das Escrituras, a ressurreição dos justos em geral acontecerá na segunda vinda de Jesus e a dos ímpios ocorrerá no fim do milênio. No entanto, a Bíblia apresenta evidência de uma ressurreição especial daqueles que crucificaram Jesus (Dn 12:2; Mt 26:63,64; Ap 1:7) e dos que morreram na fé das três mensagens angélicas (Ap 14:13)” (Lição da Escola Sabatina, Ed. do Professor, 1º Trim. 2020, p. 172).

Confirmando o que disse Jesus, o Apocalipse, o livro da Revelação, declara: “Eis que ele vem com as nuvens, e todo olho o verá, até mesmo aqueles que o traspassaram; e todos os povos da terra se lamentarão por causa dele. Assim será! Amém”. Observe que o texto sacro afirma, de forma clara e inequívoca, que todas as pessoas – ímpias e justas - que estiverem vivas por ocasião da volta de Jesus contemplarão o Salvador vindo em glória e majestade nas nuvens do céu. O texto também deixa evidente que “até mesmo aqueles que traspassaram” verão também Jesus voltar. “A declaração de Apocalipse 1:7 atesta que os responsáveis pela morte de Cristo ressurgirão dos mortos para testemunhar Sua vinda. Durante Seu julgamento, Jesus advertiu os líderes judeus acerca desse evento temível” (Dicionário Bíblico Adventista, v. 7, p. 809).

A irmã Ellen G. White revela quem mais fará parte da ressurreição especial. Não somente os que foram diretamente responsáveis pela morte de Jesus, mas também os que zombaram da sua agonia na cruz ressurgirão para contemplar o Cristo em glória. Diz ela: “Os mesmos que O traspassaram" (Apoc. 1:7), os que zombaram e escarneceram da agonia de Cristo, e os mais acérrimos inimigos de Sua verdade e povo, ressuscitam para contemplá-Lo em Sua glória, e ver a honra conferida aos fiéis e obedientes” (O Grande Conflito, p. 637).

Agora, note o interessante resumo que o Comentário Bíblico Adventista fala desse ensino: “Uma ressurreição especial precede o segundo advento de Cristo. “Todos os que morreram na fé da mensagem do terceiro anjo” se levantarão nessa hora. Além disso, os que contemplaram com zombaria a crucificação de Cristo e os que mais violentamente se opuseram ao povo de Deus serão levantados de seus túmulos para ver o cumprimento da promessa divina e o triunfo da verdade” (v. 4, p. 969).

Ellen G. White afirma que ao contemplar o Rei da Glória “os sacerdotes e maiorais recordarão distintamente a cena na sala de julgamento. Todas as circunstâncias aparecerão diante deles como que escritas com letras de fogo” (Maranata – O Senhor Vem! [MM 1977], p. 280). Aqueles homens hipócritas e malignos que rejeitaram e ainda deram morte injusta e afrontosa ao Salvador do mundo receberão o dano da morte por três vezes. A primeira há pouco mais de dois mil anos; a segunda, na vinda de Jesus, consumidos pela glória do Grande Deus, juntamente com todos os outros ímpios vivos, e a terceira a morte definitiva no lago de fogo, depois da ressurreição da condenação. Nessa última ocasião, mil anos depois da volta de Jesus, serão destruídos juntamente com Satanás, todos os seus anjos e todos os homens ímpios de todas as épocas e lugares, no lago de fogo que também purificará a Terra (Ap. 20:11-15; 21:1-5).

Caro amigo leitor, estaremos preparados quando Jesus voltar? Passaremos o milênio com Ele, na “casa do Pai”? Estaremos dentro da cidade de Deus, a Nova Jerusalém, que descerá do Céu com Jesus e os remidos de todos os tempos (Ap 21:1, 2)? A escolha é nossa. Agora é o único tempo que dispomos para decidir onde passaremos a eternidade. Agora é o tempo oportuno. Você e eu podemos começar agora uma vida nova e melhor, sim, a vida eterna – com Jesus como nosso Salvador, Companheiro e Amigo! Louvado seja o Senhor da vida! Jesus convida: “Vinde a Mim” (Mt 11:28-30). Atenderemos o Seu convite, dizendo: “Eu venho como estou”?