A FÉ É CIENTÍFICA?
Por
Peter A. McGowan*
Como
argumentos do criacionismo, consolidados na Bíblia, são plausíveis de acordo
com experimentos e confirmações científicas.
Dentro da gaveta ao
lado da minha cama tenho colecionado diversos quebra-cabeças geométricos, do
tipo formado por várias peças complexas que devem ser montados com muito cuidado
a fim de criar o formato final. Tais quebra-cabeças chineses, em geral, devem
ser montados em uma ordem específica para que todas as peças se encaixem.
Agora, suponha que eu
coloque todas essas peças em uma superfície plana em uma pequena van de entrega
e dirija por estradas irregulares por algumas horas. Pergunta: Será que a
vibração e o movimento eventualmente montarão o quebra-cabeça?
Um evolucionista pode
responder: “Sim, se você continuar dirigindo o suficiente e aleatoriamente
sacudir as peças”. Contudo, há algumas objeções para essa resposta simplista.
Esses quebra-cabeças
são intencionalmente criados para que, em diferentes fases, várias peças sejam
encaixadas enquanto outras deslizam entre e ao redor delas. Essas ações
requerem uma habilidosa destreza e o uso de duas mãos. Isso faz com que a
montagem por meio de balanços aleatórios das peças seja impossível de
acreditar.
Enquanto as peças
chacoalham dentro da van, elas acabavam danificadas. Um longo período de
sacudidas vai eventualmente estragar as peças, tornando-as impossíveis de serem
montadas até mesmo por um habilidoso par de mãos.
Ninguém nunca montou um
quebra-cabeça por meio de movimentos aleatórios, nem poderia imaginar como
seria feito. Mesmo assim, o evolucionista acredita que isso pode ser feito! Ou
seja, o evolucionista ateu deve aceitar isso por meio de uma fé cega, sem o
mínimo de elementos de prova.
Acho isso fascinante.
Assim como o teísta (quem crê em Deus) aceita pela fé que Deus existe e que Ele
criou todas as coisas, o ateu (quem não crê em Deus) aceita por meio de uma fé
cega, apesar das leis da ciência em contrário, que de alguma forma o universo e
a vida simplesmente aconteceram. Deixe-me ser mais específico. A teoria moderna
da evolução está apoiada em pelo menos cinco pilares que examinaremos um de
cada vez.
O
que é científico?
O chamado método
científico essencialmente consiste em duas fases. Em uma delas, um especialista
observa alguns eventos e, então, percebe um padrão e formula uma regra sobre
esse comportamento (exemplo: as faíscas sempre voam para cima). Esse processo é
chamado de indução. Esse observador se torna um cientista quando ele/ela
procura deliberadamente por evidência para refutar a regra (ou “lei”, ou
teoria), a fim de testar seriamente a nova lei científica. Se encontrarem
exceções, a regra/lei exigirá modificação.
Mas aqui está o ponto:
a ciência é claramente baseada em evidências observáveis; isso é, a ciência não
se baseia no que não pode ser visto.
Um exemplo de uma
regra/lei que não é científica: “A manteiga fica azul no escuro”. Essa lei é
precisamente não-científica, pois ela não pode ser observada e nem testada.
Vamos voltar para os
cinco pilares da evolução.
Big
Bang e seus questionamentos
A atual teoria mais
popular da origem do cosmos afirma que nosso universo inteiro começou com uma
“singularidade” de densidade infinita. E que se expandiu até o tamanho atual do
universo. Além disso, enquanto o universo se expandia, começou a arrefecer e se
aglomerar para formar estrelas, planetas e outros corpos que de alguma forma
perfeitamente começaram a orbitar entre si. Essa expansão (e sua respectiva
“inflação”) aconteceu no ritmo certo, para permitir que as estrelas começassem
a brilhar. As flutuações quânticas estavam na medida certa para criar as
galáxias que agora observamos delicadamente equilibradas e uniformemente
distribuídas.
Existem numerosas
dificuldades com essa ideia. Isso inclui o que acendeu os fogos termonucleares
que acenderam as estrelas? A gravidade própria de uma estrela não é suficiente.
O que separou a matéria, de forma tão conveniente, em estrelas gasosas e
planetas rochosos com água? O que forneceu energia e material para começar essa
singularidade original?
Isso exige bastante fé,
pois se trata de acreditar que um evento sem uma causa teria um resultado tão
espetacular. Ele desobedece a todas as leis da física, como a primeira lei da
termodinâmica sobre a conservação de matéria e energia. As coisas simplesmente
não aparecem, a menos em uma escala atômica e por pouco tempo. Desobedece,
também, a todos os atuais entendimentos da segunda lei da termodinâmica sobre a
deterioração da ordem e da informação. A de que nenhum mecanismo foi ainda
proposto para um arranjo engenhoso de um cosmo ordenado – a ordem é sempre
observada por vir de alguma fonte externa.
Desta maneira, o Big
Bang não é reproduzível, não pode ser visto, é inconsistente com fatos e leis
conhecidas, e não pode ser testado em laboratório. Portanto, ele é não
científico.
E ainda há mais
dificuldade aqui. Qual é a origem das leis da física? O que fez os valores das
constantes fundamentais tão certos para permitir o universo e a vida possível
de alguma forma? Essas constantes incluem a de Planck, a gravitacional, a
velocidade da luz, a constante eletromagnética, o ritmo da expansão do
universo, a relação da abundância de vários elementos, entre outros aspectos.
Todos são escolhidos tão precisamente de modo a ser capaz de tornar o nosso
universo possível, sem falar da vida! Acreditar em um acidente tão fortuito
requer muita fé!
Por outro lado, as
Escrituras simplesmente afirmam (sem prova): “Eu fiz a terra e criei nela o
homem; as minhas mãos estenderam os céus, e a todos os seus exércitos dei as
minhas ordens” (Isaías 45:12).
Geogênesis
(origem da Terra)
Existem saltos
similares de fé necessários para acreditar que o universo evoluiu da maneira
certa (totalmente por acaso) para conseguir produzir nosso planeta e seu
ambiente ideal para a vida.
Suponha que temos um
grande pote de jujubas. Talvez umas 10 mil balinhas tenham sido colocadas em um
pote. Suponhamos ainda que temos uma mistura de cores, vermelho, verde, azul e
preto. Agora, imagine que as jujubas pretas são bastante raras, mas estão
distribuídas de forma uniforme (bem mexidas) entre as outras jujubas. O que
você pensaria de uma pessoa que chegasse até o pote com os olhos vendados para
pegar uma mão cheia de jujubas e retirasse apenas as pretas? Impossível, você
diria? Bem, é isso que os evolucionistas sugerem sobre a origem da Terra.
A composição do nosso
planeta é bem diferente dos outros corpos do sistema solar. Tem grande parte de
ferro, silício e níquel, o que forma um planeta com a densidade bem alta. E bem
mais alta do que todos os outros corpos no sistema solar. Esse material terrestre
é bem escasso em nossa galáxia. A maior parte da matéria, mais de 99% no
universo, é hidrogênio e hélio, com uma pequena porção dos outros elementos.
Desses outros elementos, uma pequena parte é ferro, níquel e silício. Mesmo
assim, nos pedem para acreditar que por meio de uma nuvem de gás que formou
nosso sistema solar, processos aleatórios fizeram que um dos materiais mais
raro nesta nuvem rodopiante se juntasse em um corpo para formar a nossa Terra!
Como nossas terras,
mares e atmosfera se desenvolveram? Eles deveriam ter sido evaporados durante a
evolução inicial do planeta enquanto este esfriava. Como a proporção do
oxigênio em relação ao carbono se desenvolveram exatamente na medida correta na
superfície do planeta e nos lugares corretos? Nenhuma teoria já foi proposta
para explicar isso!
No que diz respeito à
vida, os elementos de vida, oxigênio e a química orgânica (carbono e
nitrogênio) não deveriam ser capazes de coexistir, em especial nos estágios de
formação e principalmente na presença de grande quantidade de radiação perigosa
do Sol e do espaço sideral.
Novamente, essas
origens não podem ser vistas, são inconsistentes com o conhecimento atual, e
não são reproduzíveis e não podem ser testadas. Portanto, elas não são
científicas. Isso não é para sugerir que esses eventos são impossíveis, mas
apenas que são não científicos – um problema sério para os ateus que dependem
apenas do método científico.
Novamente, a Bíblia
diz, sem prova: “O Senhor fez a terra pelo seu poder; estabeleceu o mundo por
sua sabedoria e com a sua inteligência estendeu os céus” (Jeremias 10:12).
Abiogênese
(origem da vida sem vida)
Provavelmente o maior
problema ou “milagre” na história teórica da evolução é a origem da própria
vida. Como as primeiras células vivas surgiram? Antes disso, como o primeiro
DNA e aminoácidos se formaram em conjunto entre si? DNA é a sigla em inglês que
significa ácido desoxirribonucleico e está contido no núcleo de toda célula
viva. Esse DNA guarda a fórmula de cada proteína viva na célula. Cada proteína
é composta de centenas de milhares de aminoácidos, todos dispostos em uma ordem
rigorosa.
Aqui há um problema. Os
ácidos nucleicos e os aminoácidos normalmente são incompatíveis e se decompõe
um ao outro. Então, como os primeiros se juntaram (por acaso) para formar a
primeira célula? Além disso, de onde vieram as elaboradas máquinas químicas e
celulares para ler o DNA e criar as proteínas?
Uma lei fundamental da
biologia, de acordo com qualquer livro de biologia, é que todas as células devem
ter sua origem em outro organismo vivo – uma lei invariante conhecida como
biogênese. No entanto, a evolução quer afirmar que apesar da lei da biogênese,
de alguma forma a primeira célula chegou e quebrou a lei da ciência. Com base
nisso, a evolução é não científica.
Mas tem mais. Mesmo que
alguns mecanismos tenham sido propostos para a coexistência das substâncias
químicas certas, de onde veio a grande informação para a construção da célula e
das suas elaboradas proteínas? Qual foi a origem do material da reprodução
celular? De onde veio a reparação de danos e mecanismos de crescimento etc.,
todos tão engenhosamente codificados no DNA? Essa questão não é apenas difícil,
mas impossível. Além de nenhum mecanismo jamais ter sido apresentado por essa
abiogênese, nenhum bioquímico seria capaz de produzir os resultados exigidos em
condições laboratoriais controladas e artificiais!
Depois há o problema da
própria quiralidade unilateral (lateralidade) de muitos produtos químicos
orgânicos. Muitas substâncias químicas que ocorrem na matéria viva podem
existir em duas formas que são imagens espelhadas uma da outra. Por exemplo, a
simples molécula de glicose é umas dessas – ela existe tanto na forma canhota
quanto na destra. Se uma quantidade de toda (digamos) glicose destra é
dissolvida em água, em um curto espaço de tempo, metade da glicose vai se
converter para a forma canhota. Só que as proteínas são compostas apenas por
aminoácidos canhotos e o DNA e RNA têm apenas açúcares destros.
Desta forma, se
produtos químicos que acontecem naturalmente existem em proporções iguais de
forma canhota e destra na “sopa primordial”, e células vivas surgem
naturalmente (e acidentalmente), isso deveria ser refletido na química celular.
No entanto, em todas as células vivas, esses produtos químicos existem
exclusivamente como entidades canhotas ou destras, como ilustrado acima. Esse
fato sozinho (chamado de homoquiralidade dos bioquímicos) demonstra a extrema
dificuldade da abiogênese.
Novamente, a abiogênese
nunca foi vista, não pode ser reproduzida em laboratório e não pode ser
testada. É, portanto, não científica e deve ser aceita como um milagre de fé
pelos ateus.
Consciente deste
problema, a Bíblia nos relembra, “Pois tu formaste o meu interior, tu me
teceste no seio de minha mãe” (Salmos 139:13).
Complexidade
irredutível
Mesmo que admitamos
todos os milagres anteriores, incluindo o da mutação genética que levou à
especiação, ainda resta outro problema insuperável da complexidade irredutível.
É uma parte integral da
“fé” evolucionária que toda e qualquer mutação que se torne uma característica
permanente do código genético deve ser uma vantagem para o organismo, à medida
que ele se desenvolve gradualmente. Mas esse é um problema sério com alguns
órgãos complexos. Vamos usar um exemplo comum como o olho.
O olho tem vários
componentes, incluindo a pupila (com o músculo esfíncter ótico), para controlar
a intensidade da luz, músculos dos olhos para apontá-los com precisão na
direção correta, as lentes e os mecanismos de foco, humores aquosos e vítreos,
a retina para converter luz em sinais elétricos, o nervo óptico para transmitir
as informações ao cérebro, partes apropriadas e muito complexas do cérebro para
interpretar o enorme fluxo de informações, etc. Sem nenhum desses componentes
(e esta não é uma exaustiva lista), o olho não funcionaria e os outros
componentes não seriam vantajosos aos humanos ou a outras criaturas.
Agora pergunto uma
simples questão. Como poderia qualquer um dos componentes do olho ter evoluído,
por que nenhum deles confere qualquer vantagem sobre a criatura antes que todos
os outros se desenvolvam? Novamente, nenhuma explicação pode ser oferecida e o
milagre da complexidade irredutível deve ser aceita pela fé.
Se o olho foi o único
exemplo, daí, essa seria apenas a menor irritação para os evolucionistas.
Infelizmente, tais exemplos são abundantes e incluem coisas como o sangue e o
sistema circulatório, o sistema esquelético, etc. Na verdade, quase todo órgão
do corpo humano poderia ser citado como um exemplo de complexidade irredutível
impossível de ser produzido por processos evolutivos cegos.
Como mostrado acima,
provavelmente o maior exemplo de complexidade irredutível é a própria célula, a
origem que não pode ser explicada, e nem pode se quer ser prevista a origem.
Novamente, esse é um elemento importante da fé ateística.
A Bíblia constata o
mesmo fato ao observar: “Graças te dou, visto que por modo assombrosamente
maravilhoso me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe
muito bem” (Salmos 139:14).
A
escolha
Desta forma, temos uma
categórica escolha a fazer entre um Deus criador e onipotente de um lado e uma
série de milagres do outro. Isso inclui o Big Bang, a ordem do cosmos, o
ambiente ideal da Terra, abiogênese, especiação, complexidade irredutível,
sexualidade, entre outros fatores. Cada um desses milagres é inconsistente com
a observação atual e com a lei natural, o que faz do ateísmo uma filosofia
inconsistente.
Ou seja, os ateus
frequentemente alegam que o teísmo é inaceitável porque requer fé no invisível,
não visto e inexplicável. Mas o ateísmo requer exatamente a mesma fé em
miraculosos eventos que não podem ser vistos! E é exatamente porque o ateu
rejeita o milagroso em sua base “científica” que o torna tão inconsistente.
Por
que escolher?
Devemos escolher! Para
ser um ser humano é essencial escolher entre acreditar no milagre do Deus
criador ou nos numerosos milagres exigidos pelo ateísmo evolucionário. Mas
devemos escolher – a questão não pode ser evitada por humanos inteligentes.
A ideia do ateísmo é,
historicamente falando, relativamente nova. Ela surgiu durante o século 17 e
gerou a forma moderna de evolução. Por milênios antes disso, ninguém tinha sido
seriamente atraído pelo pensamento ateísta. Então, por que é tão atrativo? A
resposta é simples quando nos perguntamos sobre as consequências dessas duas
alternativas.
Ateísmo: Não há deus e
o universo é sem sentido. O Homo Sapiens é apenas outra espécie de animal; a
moral e a ética não têm significado. Não somos responsáveis perante nenhuma
autoridade superior.
Teísmo: Há um Deus
Criador que fez os seres humanos e tudo mais. Ele determina o certo e o errado,
o que nos faz responsáveis perante Ele. Por isso o ateísmo é visto como uma maneira
conveniente de evitar nossa responsabilidade para com Deus. Muitos rejeitam o
teísmo com base apenas nisso, porque eles não querem assumir um compromisso de
serviço que o teísmo exige. Pelo menos um ateu foi corajoso suficiente para
dizê-lo:
“Nós escolhemos o lado
da ciência apesar da absurda patente de algumas de suas construções, apesar de
sua falha em cumprir muitas de suas promessas extravagantes de saúde e vida,
apesar da tolerância da comunidade científica com histórias não fundamentadas,
porque temos um compromisso prévio, um compromisso com o materialismo. Não é
que os métodos e instituições da ciência nos obriguem de alguma forma a aceitar
uma explicação material do mundo fenomenal, mas, pelo contrário, somos
obrigados pela nossa adesão anterior a causas materiais para criar um aparato
de investigação e um conjunto de conceitos que produzem explicações materiais,
não importa quão contra intuitivo, não importa quão mistificador para os não
iniciados. Além disso, este materialismo é um imperativo, pois não podemos
permitir um Pé Divino na porta!” (Richard Lewontin, Billions and Billions of
Demons, The New York Review, 9 de janeiro de 1997, p. 31).
Isso não é para sugerir
que os ateus são imorais ou antiéticos – a maioria deles são bem morais e
éticos, mas escolheram ser livres da responsabilidade externa imposta que o
teísmo requer. Isso forma uma ironia fundamental no coração do ateísmo, que
continua a ser um enigma para o ateísmo.
Teísmo
Ao contrário do
ateísmo, o teísmo é bem mais consistente. Todos os teístas vão testemunhar de
que eles têm um relacionamento pessoal com seu Deus Criador, que regularmente
realiza milagres. Desta forma, Deus e Seus milagres são uma questão de
observação pessoal, o que faz o teísmo inteiramente consistente com a
observação.
Isso não sugere que o
teísmo é científico, porque Deus raramente vai permitir-Se ser objeto para
testes do tipo laboratorial. Entretanto, para aqueles que servem a Deus, Ele é
uma fonte de força e inspiração. “Os céus por sua palavra se fizeram, e, pelo
sopro de sua boca, o exército deles. […] Pois ele falou, e tudo se fez; ele
ordenou, e tudo passou a existir” (Salmos 33:6, 9). Eu escolho servir a Ele que
me criou.
*Peter
A. McGowan é engenheiro de mecânica e materiais aposentado.
Atualmente é pastor adventista em Melbourne, Austrália. Artigo originalmente
publicado em https://creationsabbath.net/is-faith-scientific
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