Teologia

segunda-feira, 19 de março de 2018

MOMENTO DECISIVO


Ted Wilson*

Durante as comemorações dos 500 anos da Reforma Protestante foi realizado um culto especial em Londres, na Inglaterra, que reforça a percepção de que estamos vivendo tempos proféticos. No dia 31 de outubro do ano passado, líderes de várias denominações se reuniram na Abadia de Westminster para apoiar um acordo entre as Igrejas Luterana e Católica Romana, que tentam resolver sua controvérsia histórica em torno da doutrina da Justificação pela fé.

Segundo o que a agência de notícias anglicana publicou no mesmo dia, Justin Welby, arcebispo de Canterbury, declarou que, quando a Federação Luterana Mundial e a Igreja Católica assinaram um documento em 1999, o impasse teológico de 1517 foi resolvido. De acordo com ele, isso ocorreu num momento decisivo para a construção da unidade e reconciliação das igrejas cristãs.

Desde que foi assinada a declaração conjunta tem sido adotada por outros órgãos protestantes, como o Concílio Metodista Mundial (2006), o Concílio Consultivo Anglicano (2016) e a Comunhão Mundial das Igrejas Reformadas. Os líderes desses grupos religiosos também marcaram presença na cerimônia e testemunharam a leitura da resolução anglicana em apoio à convergência doutrinária das igrejas.

Cenário Profético

A Igreja Adventista do Sétimo Dia não participou dessas iniciativas, e evidentemente não participará. Nossa igreja promove e incentiva a liberdade religiosa e de consciência para todos. Portanto, respeita o direito de outras denominações e religiões tomarem seus votos. Contudo, os adventistas têm procurado decidir com base na Bíblia e não fazer concessões doutrinárias. Fundamentado no método histórico-gramatical de estudo e interpretação das Escrituras, bem como na visão historicista das profecias bíblicas, cremos que um pouco antes do retorna de Cristo à Terra ocorrerão os eventos descritos nos livros de Daniel e Apocalipse, principalmente no capítulo 13 do último livro da Bíblia.

Nós, os adventistas do sétimo dia, reconhecemos esse evento ocorrido no aniversário da Reforma Protestante como um sinal significativo de confirmação da interpretação que temos defendido há anos, com base na Bíblia e nos escritos de Ellen G. White. A pioneira escreveu que a união entre protestantes e católicos seria o caminho para a imposição da guarda do domingo (O Grande Conflito, p. 579, 580).

Ainda segundo a profetisa, a crença comum na imortalidade da alma e na santidade do domingo possibilitaria a união do protestantismo norte-americano com o espiritismo e o catolicismo, e esse processo resultaria em intolerância religiosa. “Os protestantes dos Estados Unidos serão os primeiros a estender as mãos através do abismo para pegar a mão do espiritismo. Eles se estenderão por sobre o abismo para dar mãos ao poder romano; e, sob a influência dessa tríplice união, este país seguirá as pegadas de Roma, desprezando os direitos da consciência” (O Grande Conflito, p. 588).

Em um artigo do dia 27 de outubro no jornal The Washington Post, Stanley Hauerwas, conhecido teólogo protestante americano, observou que “o abismo entre as denominações parece cada vez menor. O mesmo ocorre entre o catolicismo e o protestantismo”.

No campo político, um fato chama a atenção, pois aponta para essa mesma direção profética. No dia 13 de novembro, Mike Pence, vice-presidente dos estados Unidos, encontrou-se com o cardeal Pietro parolin, diplomata-chefe do Vaticano, em Washington (DC). Após a reunião, Pence publicou no Twitter que se sentia honrado por ter recebido o líder religioso na Casa Branca para uma conversa produtiva de como poderiam trabalhar juntos a fim promover os direitos humanos, combater o sofrimento humano e proteger a liberdade religiosa.

Sabemos pela profecia bíblica que esses movimentos em favor do ecumenismo e de aproximação política com o Vaticano não acontecerão apenas nos Estados Unidos, mas também em muitos outros lugares do mundo. Devemos atentar para os sinais dos tempos.

Nossa Tarefa

Como adventistas, temos o privilégio de caminhar no sentido oposto desses ventos ecumênicos e continuar o trabalho que não foi concluído pelos reformadores, mas que deve prosseguir até a volta de Jesus: restaurar a verdade bíblica e proclamar essa mensagem (O Grande Conflito, p. 148).

Deus usou Martinho Lutero e muitos outros para construir o alicerce do retorno à santa Palavra de deus. Peça ao Espírito Santo que nos ajude a nunca desviar dessa clara compreensão que temos sobre a Bíblia e o relógio profético. Como Jesus disse: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” “o que diz às igrejas (Mt 11:15; Ap 2:17).

Embora não queiramos ser rotulados como alarmistas, é óbvio que estamos vivendo nos últimos dias da história da Terra. Portanto, que Deus nos guie como Seu movimento profético, ao proclamarmos as três mensagens angélica (Ap 14:6-12), cujo centro é Cristo e Sua justiça; e a advertência do quarto anjo (Ap 18:1-4), que convida as pessoas a abandonar a confusão religiosa atual e a retornar ao verdadeiro culto a Deus.

*Ted Wilson é o presidente mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia


Fonte: Revista Adventista, Fevereiro 2018, p. 32, 33.


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