Teologia

quinta-feira, 15 de junho de 2017

O NOVO ATEÍSMO: COMO VIVER SUA FÉ EM UM MUNDO HOSTIL

Raúl Esperante

Muitas vezes, o melhor testemunho em um mundo hostil, que nega a sua crença, é uma vida coerente com a fé que você professa.

Existe um Deus? “Não!”, dizem os ateus. A maioria dos ateus simplesmente nega a existência de Deus, sem interferir na vida daqueles que acreditam nEle. Este tipo de ateísmo – conhecido como o Velho Ateísmo – tem persistido por milhares de anos e ainda permeia a nossa sociedade. É um movimento passivo, constituído de pessoas que, basicamente, demonstram o seu ateísmo evitando qualquer forma de adesão religiosa ou de culto.

Nas últimas décadas, no entanto, um novo movimento que promove ativamente o ateísmo tem tomado forma. Esse movimento, conhecido como Novo Ateísmo, é muito mais ativo e agressivo. Seus líderes são professores e pesquisadores bem conceituados em universidades de prestígio. Entre os mais proeminentes estão Richard Dawkins, Daniel Dennett, Sam Harris, Christopher Hitchens, Jerry Coyne e outros, cuja especialidade acadêmica abrange uma ampla gama de disciplinas, incluindo história, filosofia, biologia e psicologia. Alguns dos novos ateus são blogueiros ativos. Apesar de suas doutrinas radicais, os novos ateus ganharam grande popularidade por meio de palestras públicas e publicações best-sellers em vários idiomas. Qual é o objetivo desse novo movimento ateísta?

Novo ateísmo: O seu alvo principal

O principal objetivo do Novo Ateísmo é convencer as pessoas de que a religião e a fé são prejudiciais para a sociedade porque envenenam a mente fazendo com que dependam de algo irreal, não verificável, anticientífico; suprimem o pensamento crítico e são responsáveis por grande parte da violência no mundo. Em oposição ao passivo e não invasivo Velho Ateísmo, o Novo Ateísmo é apaixonado em seus argumentos. Não só os novos ateus não acreditam em Deus, mas também são contra qualquer forma de religião ou crença. Por não serem apenas observa- dores neutros, eles trabalham ativamente no mundo acadêmico e nos meios públicos de comunicação tentando persuadir os estudantes e o público em geral de que crer em Deus é prejudicial para a sociedade. Na verdade, os novos ateus chegariam ao ponto de defender a ideia de que os governos devem ter um papel ativo na proibição do ensino religioso e de sua prática, até mesmo nas casas. Eles se esforçam para erradicar a religião em todas as esferas da vida. Nas palavras de Gary Wolf, “os Novos Ateus [...] não condenam apenas a crença em Deus, mas o respeito a Deus. [...] A religião não é apenas errada, ela é nociva”.1

De acordo com os novos ateus, a religião é nociva não só porque gera violência, mas também porque impede o progresso científico. A ciência deve ser resgatada das amarras da religião (especialmente do cristianismo), porque o esforço científico exige um fundamento materialista puro. Eles argumentam que a ciência pertence ao ateísmo porque tem por objetivo obter o conhecimento baseado em fatos e ideias testáveis, e não em fantasias imaginárias, espíritos e superstições.

Diante de tais afirmações do Novo Ateísmo, precisamos nos perguntar: É o pensamento religioso contrário aos métodos da ciência? Deve a ciência ser materialista a fim de ser bem-sucedida? Os cientistas cristãos cometem erros em seu trabalho científico por causa de suas crenças religiosas? Podemos dizer que o ateísmo é em si mesmo mais científico?

A resposta a estas quatro perguntas é não! A ciência pode ser altamente bem-sucedida sem um ponto de vista materialista. Muitos dos grandes cientistas do mundo ocidental eram cristãos que não só acreditavam em Jesus, mas também na criação. Galileu, Blaise Pascal, Robert Boyle, Nicolas Steno, Isaac Newton e James C. Maxwell são apenas alguns que fazem parte de centenas de nomes do passado e do presente que deram ou estão dando grandes contribuições para a investigação científica, e sem rejeitar a crença em Deus. A ideia de que a ciência só pode ser levada a cabo dentro de uma visão materialista é uma imposição dos ateus, não uma realidade histórica; e a ideia de que a investigação científica conduz inevitavelmente ao ateísmo é também contrária. O pensamento crítico é uma habilidade inerente a todos os seres humanos, e não uma exclusividade dos ateus. A ciência pertence a todos nós, religiosos ou não, e não apenas aos ateus ou pesquisadores vinculados a uma visão de mundo materialista.

O famoso ateu Richard Dawkins diz que as pessoas que leem e creem nas Escrituras “sabem que estão certas porque leram a verdade num livro sagrado e sabem, desde o início, que nada as afastará de sua crença [...]. O livro é a verdade e, se as provas parecem contradizê-lo, são as provas que devem ser rejeitadas, não o livro.”2 Dawkins está dizendo que aqueles que acreditam na verdade das Escrituras são de alguma forma cegos com relação a outras evidências, em especial à evidência científica que pode estar em contradição com “o livro”. Dawkins afirma estar em uma posição melhor para si mesmo: “Eu, como cientista, acredito [...] não por causa da leitura de um livro sagrado, mas porque estudei as evidências. Realmente, é uma questão muito diferente [...]. Como cientista, sou hostil à religião fundamentalista porque ela desvirtua o empreendimento científico. Ela nos ensina a não mudar de ideia e a não querer saber de coisas emocionantes que estão aí para serem aprendidas.”3

A alegação de Dawkins de que a religião nos impede de saber sobre coisas emocionantes que estão disponíveis para serem aprendidas é simplesmente inaceitável. Aparentemente, ele nunca se encontrou com um bioquímico ou engenheiro, um geólogo ou médico cristão entusiasmado, e ele não deseja reconhecer a maneira como a ciência se desenvolveu, ao longo de muitos séculos, impulsionada por cientistas que foram cristãos comprometidos.

O cristianismo é anticientífico?

É o cristianismo anticientífico, conforme Dawkins alega? Podemos dar três respostas a essa reivindicação. Em primeiro lugar, todos, incluindo cientistas e pessoas com convicções religiosas, trabalham dentro de um determinado padrão, definido por suas crenças. Esse padrão é conhecido como cosmovisão. Uma cosmovisão é um conjunto de pressupostos e parâmetros básicos que uma pessoa possui sobre as origens, a natureza das coisas, das pessoas e do destino. As cosmovisões moldam o nosso pensamento, as nossas decisões e a nossa moral. Ninguém age fora de uma cosmovisão. Quando falamos sobre as ideologias relacionadas ao marxismo, ateísmo, feminismo, evolucionismo, criacionismo, islamismo, hinduísmo, judaísmo, adventismo, etc., estamos nos referindo às cosmovisões que essas áreas possuem. O naturalismo (materialismo) é a cosmovisão que afirma que não há nada além da matéria e da energia; não há Deus (ou deuses) e não há ações sobrenaturais, e, se a evidência indica o contrário, ela precisa ser reavaliada ou descartada, e não a conclusão naturalista. Essa é uma escolha a priori, não uma conclusão baseada em evidências científicas. Nesse sentido, o naturalismo é mais limitante à ciência e à investigação científica porque exclui explicações que estão fora do alcance humano, por mais plausível que a explicação possa ser.

Por exemplo, nos últimos 20 anos, cada vez mais evidências da astronomia, da astrofísica e de diferentes campos da biologia sugerem fortemente que muitas estruturas complexas no universo físico e biológico devem ter sido projetadas. Mas um ateu não aceitará essa evidência como válida porque ela envolve a aceitação de um Ser sobrenatural. Não é uma opção para um ateu, pois não importa o que a evidência possa sugerir sobre a ideia de um Designer inteligente.

Outra resposta à alegação de que o cristianismo é anticientífico é que não há nenhum conflito real entre a ciência e a fé, quando ambas são praticadas de maneira que traga entendimento. Como dito anteriormente, milhares de cientistas no mundo acadêmico de hoje são cristãos praticantes, mostrando, assim, que a prática de ambas, pesquisa científica rigorosa e fé cristã, não são mutuamente exclusivas, mas de reforço. A ideia de conflito entre ciência e religião é uma invenção de pensadores do século 19, tais como Thomas H. Huxley, John W. Draper e outros que deliberadamente a promoveram com o objetivo de derrubar o domínio cultural do cristianismo no Hemisfério Ocidental.4 Mas a verdade é que a aliança, não o conflito, caracterizou o relacionamento entre a fé e a ciência na maior parte da História. Isso é assim até hoje em alguns ambientes acadêmicos. Rodney Stark, um sociólogo da religião, argumenta que, “não só não há conflito inerente entre religião e ciência, como também a teologia cristã foi fundamental para a ascensão da ciência.”5

A terceira resposta à alegação de que a religião (especialmente o cristianismo) é perigosa para a ciência é o fato de que a história da ciência mostra que a religião cristã incentiva o esforço científico. O sentimento de admiração pela criação de Deus leva os cientistas a estudarem a natureza em profundidade e a buscarem entendimento sobre o intrincado funcionamento dos planetas, organismos e moléculas. Muitos cientistas e historiadores agora acreditam que a ciência moderna não teria avançado até o seu nível atual, se não fosse o espírito de descoberta inerente ao cristianismo.6 Por quê? Porque o cristianismo apresenta um Deus racional, que está ativamente envolvido na Sua criação. A Sua criação é boa, muito boa mesmo (Gênesis 1:31) e, portanto, vale a pena estudá-la. Além disso, se “os céus declaram a glória de Deus e o firmamento proclama a obra das Suas mãos”, como canta o salmista no Salmo 19:1, então o estudo do Céu [no sentido espiritual], dos céus e da natureza, iluminará a nossa compreensão do próprio Deus, de Seu caráter, bondade e poder.

A convicção de que Deus é o Autor da criação e a crença na racionalidade de Deus levaram muitos cientistas em séculos passados – e ainda levam muitos no presente – à cuidadosa observação e experimentação, a fim de compreenderem a estrutura e o funcionamento do mundo criado. As descobertas na natureza levam os ateus a concluírem que o acaso, os longos períodos de tempo e a seleção natural são capazes de produzir qualquer coisa, ao passo que os cristãos podem concluir que a causa final de tudo é o Deus Criador. Não é que os ateus trabalham livres de qualquer contexto religioso; é somente porque eles têm um deus diferente para explicar a origem das coisas.

Lidando com ateus

Como um estudante adventista deve responder às alegações ateístas por parte dos professores e outros alunos? Aqui estão oito sugestões sobre como lidar com as perguntas e até mesmo com o desprezo demonstrado pelos ateus.

1. Não ridicularize. Simplesmente porque os ateus costumam ridicularizar o cristianismo e outras religiões, não significa que temos o direito de fazer o mesmo. Em 1 Pedro 3:15, 16, lemos: “Antes, santifiquem Cristo como Senhor em seu coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que pedir a razão da esperança que há em vocês. Contudo, façam isso com mansidão e respeito, conservando boa consciência, de forma que os que falam maldosamente contra o bom procedimento de vocês, porque estão em Cristo, fiquem envergonhados de suas calúnias” (itálico nosso).

Embora devamos estar sempre preparados para explicar o que e por que cremos, devemos fazê-lo com respeito e bondade. Portanto, discuta as questões apresentadas com respeito. Enfatize o fato de que a evolução, o ateísmo, o materialismo e outras ideologias são apenas hipóteses, modelos ou paradigmas que não foram comprovados e que outras explicações são possíveis. Em sua conversa, não seja dogmático, apologético nem ataque. Você não precisa responder com o mesmo espírito de seus atacantes.

2. Assim como o apóstolo Pedro nos exorta, devemos estar prontos para dar uma explicação bem-fundamentada de nossas crenças. Quando formos questionados sobre o que cremos, ou se a nossa fé é questionada, devemos ser capazes de responder de forma coerente, usando argumentos razoáveis para explicar as nossas crenças. Isso requer preparo e estudo cuidadoso das Escrituras. Forneça informações úteis e não apresente evidências fracas. Alguns que demonstram ser cristãos genuínos acreditam que a Bíblia possa ser provada como sendo verdadeira apontando a evidência supostamente irrefutável da alegada ocorrência de pegadas humanas, juntamente com as pegadas de dinossauros7 na região onde estaria localizada a Arca de Noé, no Monte Ararat, etc.8 A pesquisa mostrou que essas “provas” são falhas. Embora desejássemos ter tais provas de forma tangível, a realidade é que mesmo isso não iria, necessariamente, convencer as pessoas da verdade. Jesus, o Filho de Deus, andou pela Terra fazendo milagres por três anos; muito poucos acreditaram nEle e, por fim, o mataram por realizar essas coisas. Então, ter evidência “científica” não é tão importante.

3. Tenha cuidado em como usa as provas. Evite conversas em que você apresenta uma contra evidência, a menos que seu depoimento seja sólido e possa ser sustentado. A evidência é, de fato, a interpretação feita dentro de um paradigma ou pressuposição. Quando os ateístas falarem sobre fatos, tente encontrar os pressupostos implícitos em suas afirmações. Não entre em pânico quando as reivindicações dos professores ateus parecerem extremamente fortes. Muitas vezes, o que parece ser uma explicação é simplesmente uma especulação. Em suas respostas, não empregue a mesma retórica. Pense sempre logicamente quando tiver uma conversa sobre questões de fé e ciência, sobre o ateísmo, a evolução e as origens. Ao falar com ateus, peça que apresentem os seus argumentos com clareza. Muitas vezes, você vai achar que é fácil fazerem afirmações ousadas de incredulidade, mas, para eles, é difícil explicar por que não acreditam em Deus ou na Bíblia e, quando apresentam razões para a sua incredulidade, eles vão sofrer para sustentar seus argumentos dentro da lógica.

Pratique a técnica do debate utilizada por Jesus: faça perguntas significativas. David Horner, um professor de filosofia e estudos bíblicos da Universidade Biola, na Califórnia, sugere três tipos de questões que são particularmente importantes ao discutir com os ateus: O que você quer dizer? Como você sabe disso? E daí? Com a primeira pergunta, você está pedindo que esclareçam as questões em debate; com a segunda, irá testar a verdade ou a racionalidade das declarações que eles fazem; e, com a terceira, você pede que forneçam a validação e relevância dos argumentos que apresentam. Uma pergunta bastante útil que pode ser acrescentada é: Como o seu ateísmo melhoraria a sociedade (ou as famílias, ou as universidades, ou o mundo, etc.)?9 Pergunte a eles: Como o mundo poderia se tornar melhor sem a figura de um Deus soberano, que está no controle e nos mantém responsáveis por nossas ações?

4. Para se manter dentro da lógica, evite dizer que acredita em Deus porque crê na Bíblia. Esse argumento é irracional. Parece um raciocínio circular (uma tautologia) que está associado a uma fé cega. Esse não é um conceito bíblico, de maneira nenhuma. Deus não espera que acreditemos sem provas e com o uso da nossa razão. Seus amigos e professores não cristãos não serão incentivados a acompanhá-lo à igreja ou em um estudo bíblico se acham que os cristãos não usam a razão. Além disso, não mantenha a atitude de que não tem disposição para considerar outras ideias ou de que você não tem nada de novo para aprender. Deixe a porta aberta a ideias e explicações que demonstrem que você pode aprender com os outros, caso contrário, vão pensar que você passou por uma lavagem cerebral.

5. Evite ter uma discussão sobre termos emocionais. Você vai parecer irracional, e as pessoas podem concluir que você não está usando o seu intelecto ou sendo educado, e que a Bíblia seria prejudicial porque iria impedi-los de pensar. Tanto quanto possível, procure se expressar de maneira concisa e intelectual, quanto àquilo em que você acredita e por que acredita. Por exemplo, poderá dizer que a crença em um Deus criador é mais razoável, tendo em vista a complexidade biológica, que não pode ser explicada pelas forças materialistas (matéria e energia por si só, a seleção natural) ou o fino ajuste do Universo (o que torna o nosso mundo adequado para a vida) que aponta para um Designer Supremo, ou que os valores morais que regem a nossa sociedade não podem ter surgido como consequência da seleção natural aleatória, a partir da matéria e da energia. Use ilustrações. Chame a atenção para a necessidade de um Criador inteligente. Diga que, no mundo real, complexo e cercado de informações, a estrutura exige um designer, um arquiteto, um engenheiro, etc.

6. Você pode enfrentar ataques contra o cristianismo e contra a sua fé por causa de falhas das igrejas cristãs no passado ou no presente. São situações que incluem a perseguição a Galileu, as Cruzadas na Idade Média, os escândalos de abuso sexual envolvendo pastores e sacerdotes cristãos, e etc. As pessoas podem até mencionar textos bíblicos em apologia à escravidão, ao genocídio, ou ao apedrejamento de pessoas adúlteras. Esses argumentos têm como objetivo desviar a mente do ponto principal. Qual deve ser a sua resposta? Além de explicar a correta compreensão desses fatos (o que demanda preparo e estudo de sua parte), é necessário salientar que esses argumentos não têm nada a ver com a existência de Deus. Eles são exemplos de erros cometidos por cristãos, assim como há exemplos de erros cometidos dentro da prática de uma boa medicina ou na contabilidade de uma empresa. As más ações não desqualificam os princípios da fé cristã, quanto a serem verdadeiros. Além disso, você pode perguntar ainda: Como é que estes problemas dentro do Cristianismo mostram que Deus não existe? A qualquer argumento que os ateístas apresentarem, sempre peça que se aprofundem e sustentem suas afirmações; você vai ver que, na maioria das vezes, as alegações que eles apresentam são dificilmente sustentáveis e não estão fundamentadas em razões sólidas.

7. Esteja pronto a admitir que você não tem uma resposta para cada pergunta ou argumento. Não se sinta pressionado ou obrigado a dar uma resposta naquele momento. Solicite algum tempo para pensar. Depois, você pode estudar e orar para dar a melhor resposta possível. O fato de você precisar de algum tempo para pensar não necessariamente sinaliza fraqueza, mas sim, o contrário: você está indicando que leva o assunto a sério, que não é um fanático cego, que respeita suficientemente o questionador e deseja usar a razão para continuar a conversa. Busque apoio na comunidade de fé. Trabalhe junto com pessoas em quem confia e que também acreditam em Deus. Elas podem ter encontrado os mesmos problemas e, talvez, possam ter chegado a uma boa resposta. Forme um grupo de estudo para estudar a Bíblia diligentemente, a fim de poderem responder às questões controversas.

8. Ao entrar em discussões com ateus, lembre-se de que eles são pessoas, não ideias. Trate-os como Jesus os trataria. Ele veio “cheio de graça e de verdade” (João 1:14), e Sua verdade foi ensinada com graça, compaixão, “mansidão e respeito” (1 Pedro 3:15). Frequentemente, trabalho com outros pesquisadores e vários deles são ateus, agnósticos ou simplesmente não dão importância ao fato da existência ou não de Deus. Eu não tento evangelizá-los ou aponto seus erros. Realizo minha pesquisa e vivo a minha vida diária de tal maneira que vejam e saibam que podem confiar em mim como um cientista e um colega. No processo, eles veem que eu e outros de minha equipe de pesquisa somos diferentes dos demais pesquisadores porque nosso estilo de vida, linguagem e atitudes diferem dos pesquisadores seculares e ateus. A demonstração de um espírito semelhante ao de Cristo vai levá-los a se perguntarem por que somos diferentes.

O que dizem as Escrituras vem a seguir. Lembre-se das palavras de Jesus: “Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem, para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos Céus. Porque ele faz raiar o Seu Sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos” (Mateus 5:44, 45). Nesse contexto, não diga aos ateus que você vai orar por eles. A resposta deles provavelmente venha a ser o oposto do que você pretende. Poderão considerá-lo arrogante e ofensivo, e talvez esteja levantando um muro de separação que impeça um diálogo futuro. Jesus não disse a Seus seguidores que ia orar com eles, mas que ia orar por eles. Se você orar com eles ou por eles é uma decisão que você tem que tomar de acordo com as circunstâncias, mas seja sábio e não crie tensões desnecessárias.

Qual é a sua posição?

Em conclusão, qual é o seu fundamento? O seu fundamento é a ciência materialista e de raciocínio? Ou seu fundamento é um Deus amoroso, que deu a vida de Seu Filho para salvá-lo, apesar de suas imperfeições? Permita que os ateus vejam você praticar a fé que afirma professar. Muitas vezes, o melhor testemunho é a fé que não vem de palavras, mas de suas mãos ajudadoras e de seu estilo de vida saudável. Frei Agostinho declarou: “Pregue o Evangelho em todos os momentos e, quando necessário, use as palavras.”

Devemos ter a confiança de que a igreja sobreviverá aos ataques dos ateus, assim como sobreviveu a semelhantes ataques ao longo da História. Jesus disse a Pedro que as portas do inferno não prevalecerão contra a igreja (Mateus 16:18). Paulo declarou que nenhuma força, pessoa ou entidade de qualquer espécie, natural ou sobrenatural, poderia nos separar do amor de Deus (Romanos 8:38, 39). Temos o Deus onipotente do nosso lado, e Ele vai fazer as coisas acontecerem quando as considerar adequadas. Enquanto isso, devemos estar preparados para explicar aquilo em que nós acreditamos, sabendo que “ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo” (1 Coríntios 3:11 –ARA).

Raúl Esperante, PhD pela Universidade de Loma Linda, é cientista e pesquisador no Geoscience Research Institute, em Loma Linda, Califórnia, EUA. E-mail: resperante@llu.edu

REFERÊNCIAS

1. G. Wolf, The church of the non-believers (2006). www.wired.com.

2. R. Dawkins, Deus, um Delírio (Boston, Massachusetts: Houghton Mifflin, 2008), p. 290.

3. Ibid., p. 290.

4. C.A. Russel, Cross-Currents: Interactions Between Science & Faith (Grand Rapids, Michigan: W.B. Eerdmans, 1985).

5. R. Stark, For the Glory of God: How Monotheism Led to Reformations, Science, Witch-Hunts, and the End of Slavery (Princeton, New Jersey: Princeton University Press, 2004), p. 124.

6.  Ibid.

7. Referência às pegadas de dinossauros e de outros animais encontradas no leito do rio Paluxy, no Texas. Apesar das reivindicações de entusiastas criacionistas, uma investigação pormenorizada, feita por outros criacionistas, demonstrou que as alegadas pegadas humanas na área não são autênticas. Algumas das “pegadas” foram feitas pelo homem e outras foram o resultado da erosão natural por correntes de água. Para revisão, ver A.V. Chadwick, “Of dinosaurs and men”, Origins, 14(1987)1: p. 33-40. http://grisda.org/resources/origins/origins-1980-1989/.

8. Para revisão, ver W.H. Shea, “Ark-shaped formation in the Tendurek Mountains of Eastern Turkey”, Origins, 8(1981) 2: p. 77-92. http://grisda.org/resources/origins/ origins-1980-1989/.

9. Ver D.A. Horner, Mind Your Faith: A Student’s Guide to Thinking & Living Well (Downers Grove, Illinois: InterVarsity Press, 2011).


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